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Trump e o controle sobre a liberdade de imprensa

20.03.25 | Manuel_AR

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Em todo o mundo extremas-direita, direitas radicais, autocracias ou outros modelos ditatoriais rejubilam com Trump no poder nos EUA. Há uma reciprocidade neste jubilo estes vêm-no como exemplo a seguir e Trump pretende pertencer a esse grupo.  Quanto aos plutocratas não precisam estar necessariamente dentro do governo para exercer o poder. Praticam-no por meio de grupos de pressão, garantindo leis favoráveis aos seus negócios e prejudiciais a outras pessoas tais como concentração de poder, leis que não protegem o trabalhador, violência ou leis coercivas para garantir o uso do território para determinadas empresas.

O que Trump tem vindo a fazer com as suas ordens executivas é colocar em causa a democracia dos EUA que era vista como um exemplo da democracia para o mundo e contra países com regimes ditatoriais, autocratas, sem esquecermos que, no passado, tiveram um contributo para o derrube de governos que não tivessem assentimento pelo regime americano.

As medidas executivas de Trump, para além de colocarem em causa o regime democrático americano, aproximam-se de pontos de vista ideológico e de atuação das ditaduras, autocracias, plutocracias e, algumas delas, próximo nazismo.

Um artigo publicado hoje no jornal Público relata que tem havido ameaças a juízes. Escreve que: “Confrontado com um número crescente de reveses e entraves à sua Administração nos tribunais, o Presidente norte-americano, Donald Trump, subiu esta semana o tom das suas críticas ao poder judicial, apelando ao Congresso para depor o juiz que decretou a suspensão da deportação de cidadãos estrangeiros à luz de uma lei do século XVIII, o Alien Enemies Act”. Não sei os que pensam disto os senhores apoiantes de Trump e também o partido CHEGA.

Se visitarmos a imprensa online dos EUA, alguns até próximos do Partido Republicano, verificamos que têm vindo a crescer críticas à atuação da presidência Trump conhecida como versão 2.0.

Donald Trump tem uma visão enraizada de que a comunicação social nos EUA é “verdadeiramente inimiga do povo” e que, por isso, deve ser substituída por fontes de informação alinhadas com as suas opiniões pessoais e sob o seu controle dos seus aliados. Disse-o em novembro de 2022, já depois de terminado o seu primeiro mandato.

A censura aos media tem sido um dos seus objetivos. No início de janeiro, por exemplo, a cartunista vencedora do Prémio Pulitzer Ann Telnaes renunciou ao seu cargo de longa data no Washington Post depois que o seu cartum de Bezos, (Jeff Bezos é o empresário fundador da Amazon e dono do The Washington Post), e de outros multimilionários da tecnologia subservientes a Trump foi retirado pelo jornal antes da publicação (ver imagem abaixo).

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Um colaborador freelance do jornal LA Times disse que um seu artigo foi alterado minutos antes da publicação para deturpar as suas opiniões sobre o perigo de Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento de Saúde.

É possível que nenhuma dessas decisões reflita a censura do governo, contudo, a censura direta não é a única maneira de minar a imprensa livre. Criar um ambiente no qual os órgãos de comunicação social comecem a fazer autocensura a opiniões sobre os que detêm o poder é uma maneira menos complicada de alcançar o mesmo resultado.

Têm sido significativas as críticas nos meios de comunicação social norte-americanos às ações da atual Presidência dos EUA sobre a liberdade de expressão e o excesso da atuação governamental. Uma preocupação recorrente é a suposta pressão do governo sobre as plataformas das redes sociais para suprimir conteúdo rotulado considerado como desinformação. Os críticos argumentam que esta abordagem infringe os direitos constitucionais visto que esbate a linha que separa o combate aos conteúdos nocivos e a restrição da liberdade de expressão.

Alguns meios de comunicação têm destacado os esforços do governo para regular o discurso online. Sugerem que essas medidas poderão estabelecer um precedente perigoso para o envolvimento do governo nas plataformas privadas. Isto tem gerado debates sobre a questão da garantia da segurança pública como justificação e a preservação das liberdades individuais.

Tudo isto reflete preocupações sobre o papel do governo na formação do discurso público e as potenciais implicações para os princípios democráticos. Além disso, críticos apontam para a intromissão em decisões privadas e apontam para haver um debate sobre o equilíbrio entre a justificação para o combate à desinformação como pretexto e a proteção da liberdade de expressão.

Críticas dos meios de comunicação norte-americanos às ações da atual presidência em matéria de palavras proibidas e remoção de documentos têm sido várias. Relatórios sugerem que agências federais estão a ser orientadas para eliminar dos documentos e sites oficiais certos termos considerados “woke”[i], como “diversidade”, “equidade” e até “mulheres”. O argumento parte do pressuposto de que este tipo de decisões mina a inclusão e a transparência, com alguns rotulando-o como uma tentativa de remodelar o discurso público para se alinhar com visões ideológicas específicas de Trump, e sugerem que são próximas das ditaduras. Estas medidas têm sido descritas como contraditórias entre o compromisso declarado sobre a liberdade de expressão e o equilíbrio que deve existir entre a aplicação de políticas e os princípios democráticos, o que tem originado discussão sobre o tema em vários artigos.

Os EUA que se afirmavam como os grandes defensores da liberdade, criticados pelos extremistas de esquerda, e se apresentavam como sendo o braço das democracias liberais do ocidente estão a caminhar e a aproximarem-se de ditaduras que parece estar a proliferar pelo mundo.

 

[i] «Sinónimo de políticas liberais ou de esquerda, que defendem temas como igualdade racial e social, feminismo, o movimento LGBTQIA+, o uso de pronomes de género neutro, o multiculturalismo, a vacinação, o ativismo ecológico e o direito ao aborto.