Terrorismo incendiário
Assim como temos a época do natal, a época da páscoa, a época de férias passou a haver também a época dos incêndios, nome pomposo com que, desde maio, os noticiários anunciam pomposa e anualmente o flagelo antecipado.
É uma espécie de publicidade de aviso aos incendiários e aos pirómanos que alguns insistem ser os maluquinhos das aldeias, e aos outros, os que, inadvertidamente e sem querer, fizeram queimadas, lá no alto dos montes circundantes, em locais afastados das suas terras donde retiraram os entulhos secos.
Desde os incêndios na zona de Papilhosa e Pedrógão Grande no distrito de Leiria em 2017 que na “época dos incêndios” as ignições se iniciam estrategicamente em pontos para que, auxiliados pelo tipo de tempo, se encaminhem para locais onde possam por em perigo povoações e pessoas.
Sempre tive uma teoria sobre os incêndios em Portugal. Na sua maioria os incêndios, talvez mais de 90%, são estrategicamente colocados e obedecem a regras e orientações muito bem delineadas no espaço, no tempo, na estratégia e cujo móbil é a desestabilização e a insegurança com intenções pró-política.
Segundo o jornal Público o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, registou este domingo a “estranheza” das autoridades e dos autarcas face à ignição de cinco incêndios “separados por poucos minutos”.
Para os casos em Portugal deve haver uma rede criminosa com objetivos delineados. Terrorismo é, para mim, o termo adequado. Terrorismo não é apenas executado pelos que disparam indiscriminadamente ou os que se fazem explodir com um engenho junto a locais públicos movimentados. Este tipo de terrorismo é uma espécie de guerra de guerrilha que raramente é ganha por quem a combate devido à rapidez dos ataques e da mobilidade dos atacantes.
Podemos considerar o tipo de terrorismo incendiário e em termos mais amplos como um ato de violência com o objetivo de produzir reações emocionais desproporcionais generalizadas, como o medo e ansiedade, que provavelmente influenciam atitudes e comportamentos. Tem uma violência sistémica e bastante imprevisível e geralmente é dirigida contra alvos simbólicos. É uma a violência destinada a transmitir mensagens e ameaças como forma de comunicação para poder ganhar controle social. Estes não são pirómanos, são terroristas incendiários.
Acho que, quer à esquerda, quer à direita do espetro político se sabe que assim é, mas ninguém na política teve ainda a coragem para o denunciar. Será que não seria a altura de colocar alguns incêndios fora do âmbito da negligencia e passar a considerar estes como crime organizado contra a segurança do Estado e da Nação?