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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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Regressados do recato da política

06.05.25 | Manuel_AR

PSD almoço com o passado.png

Aqueles que, ao longo dos anos, estavam preocupados com o estado do país e que há um ano prometiam medidas para resolver problemas antigos, não só não os resolveram, a não ser continuar com o que o anterior Governo deixou preparado, agravando tais problemas. A política foi lançar dinheiro que encontraram nos cofres do Estado para cima dos problemas.

Por mais que se deseje, os problemas que se arrastam há anos que perpassaram por diferentes Governo os quais, sucessivamente prometiam resolver, têm mostrado a evidencia que (o tal reformismo) não se faz facilmente sem desestruturar o nosso modelo económico e social o que geraria instabilidade social e, mesmo assim, tais reformas não se conseguiriam resolver nem a curto, nem a médio prazo.

É recorrente que Luís Montenegro quando é confrontado com os problemas que ele não quer esclarecer lança demagogicamente mão às emoções dos portugueses e das portuguesas, como ele diz, vitimizando-se pelo que diz lhe estão a fazer injustamente, evitando  responder às questões que lhe são colocadas.

Escrevia eu estas linhas quando me assaltou a memória, mais uma vez, a política e alguns políticos que se movimentam nas democracias e o conceito de demagogia cujo significado tem várias entradas na maior parte dos dicionários. Um deles define-a como sendo um “discurso ou ação política em que se procura conquistar apoio através da manipulação das emoções populares, em detrimento do uso de argumentos lógicos ou racionais” e noutro “discurso ou ação que visa manipular as paixões e os sentimentos do eleitorado para conquista fácil de poder político”.

Para Aristóteles a demagogia é o de arrastar o povo e descreve-a como uma forma de governar em que os argumentos são substituídos por apelos aos medos, preconceitos, amores e ódios dos cidadãos. É a abordagem dos debates através da linguagem dos sentimentos e impedir uma discussão, sem exaltação, sobre a ação política. Surgem em momentos ad crise e revelam-se como salvadores e ao conquistarem o povo, podem mudar o rumo dum regime político fazendo-o derivar para regimes autoritários. Veja-se a possibilidade do que se está a passar nos EUA com Trump no poder. O que naquele país seria uma impossibilidade pode estar a seguir para uma possibilidade.

Em momentos de campanha eleitoral surgem, especialmente da direita mais retrógrada e conservadora, ressurgindo da escuridão política ou partidária a que os votaram, ou a que eles próprios se conferiram, para se pronunciarem com as suas palavras sábias e irrepreensíveis para induzirem potenciais eleitores saudosistas de tempos passados.

Como é óbvio, cada um elogiando o líder concorrente às eleições do seu partido favorito, ainda que esse líder, novamente candidato a primeiro-ministro, tenha sido um fiasco em algumas das políticas, nomeadamente nas da saúde, e na falta de clareza das suas ligações a empresas privadas, tirando oportunisticamente proveito político das políticas implementadas pelo Governo seu antecessor.

Uma destas sumidades chega a afirmar sobre o concorrente a Primeiro-Ministro que “A minha escolha de Primeiro-Ministro fundamenta-se em três critérios: a capacidade política e técnica, a dimensão ética na vida política e a proposta de política geral do Governo”. E mais afirma que a “campanha de suspeições e insinuações movida por partidos da oposição e por alguma comunicação social contra a pessoa do primeiro-ministro” e que era “mais confusa e desinformativa do que esclarecedora”. Claro que se refere a Luís Montenegro, e, mesmo que algumas afirmações não sejam na íntegra verdadeiras elas pretendem enaltecê-lo e, sem hesitação, oferece-lhe o seu beneplácito.

O que temos observado da parte de Luís Montenegro ainda ele respondia perante o Parlamento é as suas capacidades de mimetismo serenidade de impoluto e a sua capacidade para a vitimização escondendo-se atrás dum rosto de ingenuidade manifesta.

Mas, espantemo-nos porque a coisa não fica por aqui porque com grande descaramento tal apoiante de Montenegro afirma que “…tendo procurado avaliar objetivamente os comportamentos e atitudes dos diferentes líderes partidários da oposição, não encontrei em nenhum deles qualquer superioridade em relação ao atual Primeiro-Ministro na dimensão ética e moral na vida política.” Este estilo panfletário é risível para não dizer lamentável!

A defesa de Montenegro perpetrada pela douta personagem  cai como catarata escamoteando a verdadeira razão estratégica da “coisa” que provocou uma crise fazendo cair o Governo declara-se nestes termos: “Como afirmei noutra ocasião, a campanha de suspeições e insinuações foi o pretexto de partidos da oposição para criarem um clima político de tal forma inflamado e paralisante da ação do Governo que não lhe deixou alternativa que não fosse a de confrontar a Assembleia da República com uma moção de confiança”. Risível mais uma vez, não é!

Para este douto conhecedor o facciosismo é o motor, pois que, para ele, “o atual Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, revelou ser possuidor de boas qualidades nas principais questões técnicas dos diferentes ministérios, na liderança do Governo… qualidades que não vislumbro nem antecipo nos outros líderes partidários”. Desafio os leitores deste texto a tentar adivinhar quem é esta excelência, cujo nome não devemos pronunciar em vão, dada a sua divindade política, sabedor isento que, quando regressado do recato político surge a falar do alto da sua cátedra escreve as tábuas da sua lei e da arte de cavalgar toda a política.

Enfim, há que contribuir com distorção dos factos mostrados na comunicação social, reorganizando a verdade ao seu modo, a qual passou a ser a dele, mesmo que não no seu todo.

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Não ficamos por aqui, no almoço de celebração dos 51 anos do partido PSD juntaram-se também à mesa outros regressados do sossego da política, recordados não pelos melhores motivos, para darem uma ajudinha a Montenegro.  E lá vem Passos com a sua experiência do passado que ninguém esquece, (o tal do temos de ir para além da troika), dizer a Montenegro que “…é preciso que exista verdadeiramente um espírito reformista que possa estar ao serviço dessa estabilidade”. Enche o peito com o espírito reformista. Resta-nos saber o que entenderá ele por isso no atual contexto.

Será que pega?