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Razões e não razões do Presidente

07.02.18 | Manuel_AR

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O Presidente da República tem razão quando pede que todas as boas notícias sobre o crescimento e o défice deixem de ser conjunturais e passem a ter um nível sustentável, o que pode ser entendido como um pedido ao Governo e, ao mesmo tempo, um aconselhamento. Para isso pede “tempo e trabalho” para se garantir que o crescimento e as contas públicas passem do conjuntural para o estrutural.


O Presidente da República tem razão quando diz serem necessários ir mais longe nos incentivos à iniciativa privada.


O Presidente da República tem razão quando salienta e faz lembrar que o Governo herdou em 2015 um “trilho aberto com inquestionável mérito” e tem “oportunidade única” para reformar o país", mas…


… O Presidente da República não tem razão quando omite o que estava previsto pelo anterior governo foi substituído em 2015. Promessas na campanha eleitoral da direita, então no poder, de um país melhor e as pessoas pior, esperando-se mais cortes, mais privatizações indiscriminadas, mais cortes na saúde, mais austeridade e tudo o que mais viesse.


O Presidente da República, com certeza não desconhece que, nas mesmas circunstâncias, num país com finanças exauridas e com endividamento extremo, qualquer outro governo teria feito melhor com outras políticas já que, as que foram adotadas não foram as mais saudáveis, nem para a economia, nem para as finanças. Sendo muito hábil na diplomacia interna sabe qual a oportunidade e o que dizer para agradar ao Governo e à oposição de direita fazendo a ambos ofertas de rebuçados verbalizados.


O Presidente da República tem razão quando elogia o Governo por ter mostrado que estavam enganados aqueles que, no início, o “condenaram ao fracasso”.


O Presidente tem razão quando diz que há que garantir que fenómenos de contestação inorgânica[i] não desestabilizam o ambiente social.


O Presidente da República tem razão quando lembra que “Portugal pode dispor de uma oportunidade única para se afirmar, virando definitivamente a página das crises endémicas, dos adiamentos, dos conjunturalismos, das soluções para o imediato se o contexto favorável na Europa e no mundo se mantiver “.


O Presidente da República está certo quando faz um aviso e implicitamente uma crítica aos partidos que têm dado apoio parlamentar ao governo para não prejudicarem o que sido conseguido.


O Presidente da República tenta agradar à oposição de direita ao mesmo tempo que atribui mérito ao atual Governo, evitando assim que a comunicação social pudesse aproveitar-se para insinuar confrontos de caráter institucional entre Presidência e Governo. Mas, por outro lado, a mesma comunicação social o que relevou como título foi que o Presidente elogiou o governo de Passos o que seria de esperar.


São comentários a algumas das declarações do Presidente da República proferidas na Banking Summit, uma conferência organizada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) e pela SIBS, em Lisboa. Falando para banqueiros e outros afins, faze todo o sentido a lógica adotada no seu discurso.


É bom não esquecermos, como já afirmei neste mesmo espaço na altura da campanha para as eleições presidenciais, que Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de moderado, é de direita e, como tal, tenderá a chegar a brasa à sua sardinha.  


Palavras dos Presidente da República:


“Aqui chegados, numa situação inversa àquela que no início muitos consideraram infalivelmente condenados ao fracasso”, Marcelo fala dos desafios para o futuro, desde os mais “simples aos mais complexos”:


Os mais simples: “manter o rumo financeiro percorrido, reforçar a sua interiorização pelos portugueses, continuar a reciclar a dívida pública, reduzindo-a, tirar proveito da possibilidade acrescida de investimento público, permitir a concretização de investimentos privados já projetados, manter e acentuar a abertura ao digital, ao turismo e às exportações e sua diversificação”.


Os mais complexos: garantir que fenómenos de contestação inorgânica não desestabilizam o ambiente social; ir mais longe nos incentivos à iniciativa privada, muito timidamente tratada no orçamento do Estado para 2018″


Em síntese: “Preparar para o futuro condições estruturais mais sólidas de competitividade e produtividade, para converter o conjuntural em sustentável, assegurando que o crescimento veio para ficar e de forma mais intensa, tudo evitando bolhas no consumo que possam fugir a uma sólida prevenção de desregramentos, depois, dificilmente controláveis”.


 


[i] Movimentos inorgânicos são movimentos de contestação e “indignação”, nos quais participam camadas e sectores variados que, apresentados como espontâneos e informais, se caracterizam essencialmente pela sua grande heterogeneidade social e política, por expressões, graus de consciência e organização muito diversos e por objetivos difusos, parcelares e mesmo contraditórios que se têm vindo a desenvolver em vários países, nomeadamente na Europa.


 


 


 

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