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Professores no que diz respeito ao respeito

06.02.23 | Manuel_AR

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Os professores precisam de respeito e apoio para se manterem na profissão, mas, com greves e instabilidade permanente, eles e os seus sindicatos estão claramente a prejudicar e a tornar nocivo o ensino público levando a desigualdades várias e de aprendizagens em favor do ensino privado.

 

Do meu ponto de vista, para além da confusão reivindicativa explicita o que estará implicitamente a decorrer é uma greve política. Este tipo de greves são feitos com o objetivo de provocação ao Governo ou de influenciar a sua política.  São greves de protesto em larga escala com a finalidade de poderem para influenciar o processo legislativo.

Os professores precisam de respeito e apoio para se manterem na profissão, mas, com greves e instabilidade permanente, eles e os seus sindicatos estão claramente a prejudicar e a tornar nocivo o ensino público levando a desigualdades várias e de aprendizagens em favor do ensino privado.

Nas manifestações, concentrações e greves reivindicativas, convocadas pelos vários sindicatos, podemos ver professores empunhando cartazes que se multiplicam e onde se lê a palavra “RESPEITO” isolada, e sem qualquer contexto explícito. As pessoas menos avisadas não percebem o que pretendem os manifestantes grevistas devido à polissemia da palavra.  

Genericamente podemos definir respeito como uma maneira de observar e tratar as outras pessoas com cortesia, dar especial atenção ou consideração a outro(s), valorizar os seus pontos de vista, estabelecer as bases para interações respeitosas.

Do ponto de vista filosófico não vou tecer considerações por não ser a minha área, ou seja, não é minha praia. O conceito “respeito” também pode ser analisado dos pontos de vista sociológicos e psicológicos, como tal, limitar-me-ei a defini-lo numa perspetiva social e pessoal.

Quando crianças somos ensinados a respeitar os nossos pais e professores, as regras da escola, as regras sociais e de trânsito, o ambiente, as tradições familiares e culturais de outras pessoas, os sentimentos e direitos e as opiniões divergentes das pessoas ainda que não concordemos com elas. Isto seria o esperado, mas, na realidade, surgem distorções de vária ordem de causa.

O senso comum considera que o respeito e o autorrespeito estão ligados por ser difícil respeitar os outros se nós não nos respeitarmos a nós mesmos e se os outros não nos respeitarem. Há uma distinção geral que diz respeito simplesmente ao comportamento e respeito como atitude ou sentimento que pode, ou não, ser expresso num comportamento, por exemplo quando se fala dos motoristas que respeitam o limite de velocidade, ou forças hostis contra um país que não respeitem um acordo de cessar-fogo. Nestes casos estamos estou a referir-me a um comportamento que evita a violação ou a interferência de limites ou regras que nada têm a ver com atitudes, sentimentos ou intenções.

O discurso habitual sobre o respeito responde e identifica vários elementos-chave que incluem (dar)atenção, deferência, juízos, valorização e comportamento. Parece-me ser por aqui que se deve olhar para a reivindicação de “Respeito” pelos professores.

Parece-me que ao reivindicarem uma atitude de respeito, não sabemos por parte de quem, as pessoas que os observam não entendem ao que, objetivamente, se referem. Poderão estar a referir-se aos alunos que não respeitam os professores e que sentem que os não respeitam a eles. Tal poderá ser devido à falta de construção de relacionamentos com os alunos, o que leva tempo e que não encontram tempo dentro da sala de aula para fazer inter-relações com eles.

Os professores precisam de respeito e apoio para se manterem na profissão, mas exige-se também que devem mostrar respeito pelas instituições onde exercem a profissão. Se houve períodos no processo político-governativo que contribuiu para o desrespeito dos professores e para a sua desvalorização esta não passou por questões salariais, mas por formas de pressão ao nível do seu exercício profissional provenientes do ministério da tutela desde o tempo do Governo PSD-CDS.

Tem-se verificado nas últimas décadas o desrespeito aos professores por alunos e até por encarregados de educação proporcionados pela intervenção dos sindicatos que propagandeiam a participação das comunidades junto das escolas sem uma prévia formação dessas mesmas comunidades para a sua intervenção nas escolas. Em resumo, o poder dos encarregados da educação nas escolas e no seu projeto educativo e, não raras vezes, a interferência no processo educativo nas escolas e por críticas ao modo como os professores dão as suas aulas.

A democracia ao possibilitar aquelas intervenções das comunidades no campo da educação por participação dos encarregados de educação veio desencadear novos desafios de comunicação com os intervenientes no processo causando um novo tipo de stress para além das aulas e do contacto com os alunos. É passível, portanto, que os professores se confrontem com atitudes menos respeitosas.

Os professores podem exigir atitude de respeito às instituições políticas, ao Governo, e, especificamente, ao Ministério da Educação, porque não os ouvem ou porque não lhes satisfazem as reivindicações imediatas levadas até ao exagero.

Face à opinião pública os sindicatos parece levarem os professores ao desrespeito pela norma mais básica que lhes foi confiada quando optaram pela profissão professor/educador. Com efeito, um sindicato tem por objeto a regulamentação das relações entre empregadores e empregados e o estudo, defesa e desenvolvimento dos interesses económicos, sociais e morais dos seus membros, com respeito pela lei e autoridade. Portanto, um sindicato não é um organismo político. Seu objeto é o estudo, defesa e desenvolvimento de interesses profissionais. Contudo, devido à ocasião em que estas greves surgem parece-me que estas greves terão uma natureza política e até partidárias. Estas greves podem ser tomadas com o objetivo explícito de desafiar o governo ou influenciar sua política educacional em favor de ideologias professadas pelos sindicatos de várias tendências. As greves políticas possibilitam aos sindicatos a utilização de greves de protesto em larga escala para influenciar o processo legislativo num determinado sentido. Assim, enquanto negoceiam com o Governo empregam estratégias de pressão e várias outras para impulsionarem as suas agendas, quase nunca aceitando as propostas do Governo nem dando nada em troca.

Por mais que os sindicatos se designem como apartidários não são apolíticos. São por demais conhecidas as estratégias políticas utilizadas pelos sindicatos tais como associações pontuais com posições de partidos políticos, e a utilização/aproveitamento dos meios de comunicação.

Quando sindicatos de professores alinham com políticas de partidos, e reciprocamente, ganham mais credibilidade e empatia dos associados e das pessoas o que contribui para exercer pressão para o Governo ceda às reivindicações. Por outro lado, partidos políticos, eventualmente envolvidos e apoiantes das reivindicações, podem captar futuros potenciais eleitores, caso os sindicatos sejam bem-sucedidos com espécie de simbiose.

Com os alunos em casa e os professores nas ruas a população não pode ficar apática em relação a esta falta de respeito pelos educandos que estão a ser prejudicados. Mais uma vez podemos levantar o problema do respeito que os professores exigem seja qual for o âmbito como interpretam esse conceito, mas são eles que faltam ao respeito aos seus alunos e aos encarregados de educação que também lho podem exigir pela falta de consideração que estão a ter com aqueles que os devem atender enquanto educadores, desrespeitando o impacto que estão a ter na educação das crianças que dizem estar também a defender.