Porque não te calas? Não somos todos totós!
O que escrevo na parte final do texto sobre as contas certas mostra que o Prof. Cavaco sabe muito bem não ser verdade o que diz , mas serve para fazer de nós tótós.
Os ex-presidentes-Presidentes Cavaco Silva e Luís Montenegro talvez não tenham percebido que estão a prejudicar o PSD devido aos ímpetos do guru Prof. Cavaco.
Com ressentimentos em relação ao passado e ao situar-se nas trevas da “sua” economia e nos espaços bolorentos do seu entendimento do que é a moderna governação, tenta também enganar-nos. Curioso é que o Prof. Cavaco teça afirmações absurdas, urdidas durante os seus intervalos de letargia política. Senão vejamos. Esclareço desde já que, o que escrevo adaptar-se-ia a qualquer governo, fosse de que partido fosse em função se ao mesmo fossem dirigidas absurdas acusações opinativas.
Afirma aquele douto e ex-professor de economia que as “contas certas” foram uma armadilha montada pelo Governo socialista para “com sucesso, desviar a atenção dos órgãos de comunicação social…”. Parece ser uma afirmação sectária com alguma pinta de senilidade.
A primeira questão que Cavaco Silva não explica é se deve, ou não, qualquer governo defender contas orçamentais certas. Parece que do ponto de vista de Cavaco Silva, ao defender-se o primeiro pressuposto é uma armadilha distrativa para desviar a atenção dos governados e quem não defende o segundo pressuposto cai no despesismo e é criticado na mesma.
Segunda questão: ficamos sem saber se, conforme o ponto de vista do especialista Cavaco Silva, o Governo socialista deveria deixar, ou não, derrapar as contas públicas.
Terceira questão: caso as contas públicas tivessem derrapado o que diria Cavaco Silva, nas circunstâncias atuais, sobre as contas do Governo?
Quarta questão: é a dúvida que nos levanta a afirmação de Cavaco Silva quando escreveu que “Nos capítulos sobre política orçamental dos tratados de Finanças Públicas, “contas certas” é um conceito que não existe”, e acrescenta “o que estará subjacente à expressão vaga e nebulosa “contas certas” inventada pelo poder socialista?” O conceito pode não existir, mas o que de certeza existe é o equilíbrio das contas públicas, o que vai dar no mesmo que sempre é recomendado. Então, e a redução da dívida pública que também foi diminuída também não interessa?
Expliquem-me por favor para ver se eu entendo: então ele e os seus seguidores da oposição de direita PSD andaram anos a criticar os governos socialistas pelo despesismo do Estado com alertas sobre a bancarrota por que o Estado, por falta de recursos financeiros, pudesse vir a não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras. Agora o acerto das contas, as ditas contas certas são coisa que não existe?
Veja-se o que disse o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva em maio de 2023 durante o discurso no Encontro Nacional do PSD: “os dados ‘vergonhosos’ movidos pelo PS foram salvos pelo antigo primeiro-ministro Pedro Passo Coelho que “Tirou o país da bancarrota”. Mas, então o país estava na bancarrota porque tinha contas certas ou foi por que menosprezou o problema das contas certas?
Afirmou ainda que “o governo do PS liderado por José Sócrates “deixou o país na bancarrota” e o governo de António Costa, apesar dos apoios europeus, “vai deixar ao próximo Governo uma herança extremamente pesada”. Mas, então, mais uma vez em que ficamos? Como diz o povo é preso por ter cão e preso por não ter? Não sou economista, mas o meu conhecimento penso ser suficiente para contra-argumentar escritos que facilmente caem no populismo.
Há vantagens e desvantagens do que ao equilíbrio orçamental diz respeito, assim, os déficits públicos referem-se à diferença entre as receitas e os gastos do governo em um determinado período. Existem vantagens e desvantagens associadas em função do contexto económico e político quando se analisam esses aspetos em função dos tempos de recessão ou desaceleração económica. Os déficits podem ser usados para financiar gastos públicos que estimulem a atividade económica e podem incluir investimentos em infraestrutura, programas de emprego e outros estímulos à economia como financiar investimentos em projetos de infraestrutura, educação e investigação, o que pode contribuir para o crescimento económico a longo prazo e para melhorar a competitividade do país.
Por outro lado, alguma flexibilidade orçamental permite ao governo responder a situações imprevistas, como desastres naturais, crises económicas ou emergências em saúde pública.
Em períodos de baixas receitas fiscais devido a recessões os déficits podem ser usados para manter a prestação de serviços públicos essenciais, evitando cortes severos que poderiam prejudicar a qualidade de vida.
No outro prato da balança encontramos as desvantagens dos déficits:
Endividamento, isto é, déficits frequentes podem levar a um aumento da dívida pública cujo pagamento de juros sobre essa dívida pode consumir parte significativa do orçamento do governo a longo prazo, limitando a capacidade de investir em outras áreas.
Inflação, quando circula muito dinheiro e o aumento nos níveis de preços pode prejudicar o poder de compra dos consumidores e afetar negativamente a economia.
Custos futuros quando o aumento contínuo de déficits pode resultar em custos significativos para o governo e o pagamento da dívida pode tornar-se pesado e levar os governos a ter que implementar medidas impopulares, como aumentos de impostos ou cortes de gastos. Veja-se no tempo de Passos Coelho resultado das políticas atribuídas a José Sócrates.
Necessidade de depender de crédito de empréstimos para financiar déficits e dependência de credores o que pode limitar a autonomia política e económica. Isto o Prof. Cavaco sabe muito bem, mas quer fazer de nós totós.
Por outro lado, é de salientar que a avaliação dos déficits públicos deve ser feita considerando o contexto específico de cada circunstância do país e internacionais. O equilíbrio entre vantagens e desvantagens muitas vezes depende da forma como os déficits são utilizados e da capacidade do governo em gerir suas finanças de maneira sustentável.
Mais ainda, Cavaco Silva recorre a outros economistas para defender a sua tese das ‘contas certas serem um bluff’, (palavra minhas). Um deles que já participou em eventos do BE e PCP, o que não traz mal nenhum, mas que o define como um economista de esquerda, apesar de se auto intitular como social-democrata radical.
Em agosto de 2018 o economista Ricardo Paes Mamede numa entrevista disse: “Sou economista social-democrata radical”. Na mesma entrevista afirmou que “Cavaco teve uma sorte enorme. Ele não é responsável por esse boom, e a parte em que é responsável mais-valia que não o fosse. É um momento verdadeiramente extraordinário na economia internacional, há uma quebra substancial do preço do petróleo, uma desvalorização forte do escudo face ao dólar, taxas de juro baixas e isso em simultâneo com a entrada de Portugal na então CEE, que significa um afluxo enorme de investimento direto estrangeiro ao país, de fundos europeus de coesão, para não falar do facto de que em 83 e 85 se esteve numa crise financeira profunda para haver o ajustamento externo, quando se sai da crise a tendência é para que haja crescimento. Cavaco Silva foi basicamente um sortudo dos diabos”.
Aqui está o que pensa da política cavaquista que enganou o povo durante os seus governos, mas que pretende agora enganá-lo com os seus argumentos falaciosos.
Sobre as contas certas o Prof. Cavaco sabe muito bem não ser verdade o que diz, mas serve para fazer de nós totós. É pena que alguns ainda acreditem