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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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Política do sofisma ou a direita enganadora

09.06.17 | Manuel_AR

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A ação política faz-se pela palavra, pelo discurso. O discurso, mormente o discurso político, passa necessariamente pelos media, particularmente a televisão.


A linguagem dos políticos, todos, e dos comentadores da política, também, é sempre baseado na retórica. Tenho ao longo dos textos neste blog utilizado algumas vezes o conceito de retórica que atribuo aos discursos de alguns políticos, mais a uns do que a outros, embora tente distanciar-me, por vezes, sem sucesso. Vejam-se os comentadores da política que não de distanciam nem um milímetro da sua área ideológica, mesmo que a evidência da verdade lhes caia em cima da mesa do debate, o que é válido quer para os de direita, quer para os de esquerda.


Mas afinal o que se entende por retórica? Sem querer entrar na filosofia, ramo que não é do meu domínio, retórica é uma técnica de construção do discurso, cultivada pelos sofistas, que visa a criação de um texto fortemente persuasivo, através de um uso correto da linguagem e a que Platão opôs a dialética que é verdadeiro ou filosófico.


O filósofo belga Michel Meyer define retórica como “o encontro entre os homens e a linguagem na exposição das suas diferenças e das suas identidades. Sempre e em todos os casos, a relação retórica consagra uma distância social, psicológica e intelectual, que é contingente e de ocasião, e que é estrutural ao manifestar-se, entre outras formas, através de argumentos ou da sedução.”. Vemos que esta definição se encaixa perfeitamente na atitude política.


Quem tem paciência para assistir a debates políticos apercebe-se facilmente que há uma técnica já interiorizada pelos intervenientes cujo objetivo é o de levar aos que os escutam mudar sua opinião sobre determinada matéria ou questão, ou a reafirmá-la, se for o caso em que o emissor da mensagem se mostra convincente pelos gestos, pela voz, pela postura, pelo estilo, pela construção de silogismos retóricos através de vários estratagemas discursivos.


É isto que políticos e comentadores fazem, mesmo que contrariando evidências factuais reformulando todo o discurso desviando uma evidência para outro facto favorável a sua tese. Um exemplo evidente é o caso do PSD quando pretender transformar um sucesso do governo no seu próprio sucesso através de sofismas utilizando, para tal, argumentos deliberadamente falsos para tentar induzir em erro quem os escuta.


Sobretudo para a direita a verdade, como algo que à parte de e em possível conflito com as conveniências políticas e partidárias, deixou de fazer parte do seu universo de retóricas. Podemos, então, distinguir dois tipos de uso do discurso retórico: o pedagógico e esclarecedor e aquele que é demagógico e manipulador. Este último é o preferido pelos adeptos dos partidos, especialmente dos da direita, (embora à esquerda também se verifique, mas em menor escala), porque gostam de o ouvir não se apercebendo de que também estão a ser manipulados.


Assim, e para concluir, como se processa esta retórica dos inimigos do povo, como lhes chamam alguns radicais de esquerda?


Destruir e economia portuguesa fazendo crer que tudo o que fazem é a bem da economia e da competitividade com o sacrifício de muitos e, ao mesmo tempo, dizendo que é para bem de todos num futuro de amanhãs que cantam.  


Demonstrar que o que eles fazem ou dizem é a verdade absoluta e para os seus antagónico a verdade é sempre relativa.


Fazer constar que os indicadores sociais e da economia quando se encontram no poder são sempre positivos mesmo que o não sejam.


Mostrar que os mesmos indicadores quando favoráveis a quem está no poder são enganadores e que, se são positivos, é devido à ação da direita quando está no governo.


Demonstrar que qualquer decisão tomada que não seja pela direita conduzirá à chegada do diabo e ao cataclismo.


Retirar (cortar) o máximo de direitos básicos e ou constitucionais se possível que lhes possa dar mais margem de manobra.


Eliminar paulatinamente a classe média.


Fazer a apologia da austeridade drástica e intransigente com a título de reformas profundas na organização social sem explicitar o que por isso entende.


Mandar os jovens para o estrangeiro e os idosos (a peste grisalha) para o cemitério através de mecanismos que dificultem o acesso á saúde e propondo o corte nas reformas segundo o princípio demagógico de que não há alternativa.


Ampliar e maximizar o poder e os lucros dos seus fiéis para que lhes possam propiciar a sua permanência no poder.