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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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Pluma caprichosa ou harpia desconcertante

18.12.23 | Manuel_AR

Clara Ferreira Alves-Harpia.png

Falemos primeiro sobre as harpias na mitologia grega mito que tem várias descrições e interpretações. A que apresento pareceu-me a mais adequada à minha pretensão. No mundo da mitologia grega as harpias eram génios maus, monstros alados com corpo de pássaro e cabeça de mulher com garras afiadas que atormentavam as almas com perversidades incessantes. Representavam a inquietação e as provocações da maldade. Eram vistas como má sorte, pois podiam fazer estragos na vida das pessoas. Se uma pessoa ou objeto desaparecesse repentinamente no ar, a conclusão comum seria que uma harpia os levou nas suas garras afiadas.

Falemos então sobre a relação que faço com as harpias. Às quintas-feiras, no Eixo do Mal, um programa de comentário da SIC Notícias, há um elemento que, na maior parte das vezes, consegue ser detestável de tão arrogante. É senhora de si e convicta das suas indiscutíveis certezas.  

Do ponto de vista da psicologia convicção é a forte crença de que um comportamento é correto, moral e consistente com os valores de cada um. Consiste numa espécie de certeza sobre si e sobre o seu próprio comportamento. É o sentimento de certeza sobre alguma coisa que, quando se acredita, ou pensa que se acredita, pode fazer agir por ressentimento ou arrogância com base nas próprias certezas. Quando a convicção é de ressentimento ou arrogância pode levar no sentido da desvalorização de alguém.

Clara Ferreira Alves tem convicções que, por vezes, demonstram um cinismo irritante e talvez seja essa a sua intenção. O modo como se expressa e o sorriso desdenhoso possuído de absoluta certeza revela o tamanho do seu ego na mesma medida com que ataca as pessoas que critica porque detesta.

Luís Osório, jornalista e escritor, afirmou em abril deste ano que “A sua agenda é a dela própria, das suas obsessões, preconceitos e valores – como se ela fosse a única pessoa do mundo e todos fossemos personagens do seu próprio filme. Uma arrogância que na escrita a transporta para uma dimensão de excelência. E nós com ela”. Subscrevo esta afirmação de Luís Osório sobre a escrita de Ferreira Alves. No entanto, para mim, é uma espécie de harpia que ataca segundo os seus caprichos e convicções que para ela são transformados em certezas e predições definitivas.

A superficialidade de algumas das suas afirmações oralizadas não são prova de facto, são prova de ódios estimados. As suas afirmações no último “Eixo de Mal” são, este sim, factos da aversão que tem a António Costa. Clara Ferreira Alves pretende ser uma comentadora que sai fora da caixa, que quer pensar diferente da corrente dos seus colegas. Talvez para conseguir audiências dos que se encontram na gama partidária e simpatizante da Iniciativa Liberal e do Chega que agridem António Costa que não se resumem apenas na discordância com as políticas do Governo, mas também por sentimentos da já tradicional inveja portuguesa da capacidade política de Costa e da sua aceitação em contexto europeu. Clara Ferreira Alves parece envolver-se também neste sentimento dando folego aos líderes daqueles dois partidos.

Também sinto alguma invejazita da Clara quando leio algumas das suas crónicas apenas por que não sei, nem consigo, escrever como ela. Não é por isto que deixa de fazer parte do mundo das harpias modernas (que não são como as da mitologia grega), que estão sempre à espreita para atacar os seus oponentes e de quem não gostam, como são alguns políticos e jornalistas que podemos descrever como sendo de natureza agressiva e predatória.