Os saldos, as promoções e as ofertas da AD e de Montenegro
O que é que os saldos e as promoções têm a ver com a política e com o Governo do país. Feita esta pergunta a alguém e até mesmo a especialistas a resposta seria óbvia: - Nada!
No entanto, agora que os partidos estão em campanha eleitoral talvez tenha. Comecemos por definir conceitos. Saldos são mercadorias ou até serviços que são postos à venda a um preço inferior ao normal. Quanto a promoções já podemos dar-lhe uma outra nuance. Uma promoção de vendas é uma estratégia de marketing em que uma empresa, neste caso um partido, usará campanhas de curto prazo para despertar o interesse dos clientes, os eleitores, e criar procura, os votos.
Sendo o marketing o processo de levar um produto a determinado público o que envolve analisar as necessidades dos consumidores, neste caso os eleitores, com os produtos dos concorrentes. Assim, há estratégias e técnicas que ajudam a comunicar um produto ao público, neste caso um partido político, com o objetivo de o apresentar, aumentar a procura e a diferenciá-lo de outro.
Ora, é isso que o Governo e a AD têm feito e continuam a fazer, a propaganda mais descarada, para tornar o seu “produto” mais competitivo com o do seu opositor mais concorrencial. Aliás a AD utiliza o Governo em gestão para a promover. Montenegro nos debates não apresenta o que pretende fazer ou melhorar o que já fez, apenas faz propaganda do que diz já fez, mas que afinal era o que tinha prometido, mas não fez.
O PS apresentou no início da semana passada o seu programa eleitoral, esta semana foi a vez da AD apresentar o seu. Vejam-se os pontos essências segundo a comunicação social.
“AD quer salário mínimo de 1100 euros, CSI nos 870; e já só baixa IRC para 17%. “IRS com bandeira de corte de 2000 milhões. Promessas de aumento de salários e pensões são muito parecidas com as do PS. Montenegro suaviza redução do IRC e quer contratualizar 12 mil vagas nas creches”, escreve o Público. É uma campanha promocional e uma aposta forte no bolso onde os eleitores sentem mais.
É o ver quem dá mais ofertas para ganhar votos. Já lá vai o tempo em que a cidade de Gondomar foi capa de vários jornais pelo facto de Valentim Loureiro ganhar votos para a presidência da câmara oferecendo eletrodomésticos aos habitantes. Agora arem-se os cordões à bolsa custo o que custar depois se verá. Montenegro terá sempre um escudo se tudo falhar, é a crise internacional que o obrigará a uma austeridade.
O programa eleitoral da AD tem uma falha uma espécie de “bug” informático. Especialistas de todo o mundo alertam que o cenário macroeconómico é marcado por uma “forte incerteza” e especifiquem que uma delas resulta da “possibilidade de medidas protecionistas, com impacto no comércio internacional, na inflação e na atividade económica", a AD parece não assumir potenciais consequências.
Escreveu Marta Oliveira no jornal Público que “A previsão para o PIB não revela incorporar qualquer impacto da guerra comercial e é mais optimista que outras. Se a economia mundial encolher, qual das medidas incluídas no programa cai? O alívio do IRS, avaliado numa perda de receita de 500 milhões de euros, segue, aconteça o que acontecer? A dúvida é tanto maior quanto a garantia de que com Montenegro não haverá défices.” E acrescenta que, “No entanto, também não se lê que medidas dos socialistas ficariam pelo caminho se o cenário passar a ser real. O IVA zero para um cabaz de produtos mantém-se, aconteça o que acontecer?”. Questiona Marta Oliveira.