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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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Os extremos saíram à rua?

19.01.25 | Manuel_AR

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Desconheço por que são classificados racistas, xenófobos e no mínimo fascistas todos quantos discordem da imigração desproporcionada, se oponham imigração desregrada e discordem de manifestações contra a ação policial nomeadamente em bairros ou locais conhecidos como potencialmente perigosos onde a proliferação de imigrantes é mais evidente.

Quando a segurança exige prevenção ou a intervenção policial atua devido a atos mais ou menos violentos, em locais problemáticos a atuação é logo considerada por alguns setores, ditos defensores dos direitos humanos e dos valores cívicos, como sendo ações racistas sem olharem às causas sobrevalorizando, como por vezes acontece, o exagero nas intervenções das forças de segurança.

Num artigo de opinião que Amílcar Correia publicou no Público onde salienta frases controversas em que se salienta que o bem está de um lado e o mal do outro. Escreveu, referindo-se ao primeiro-ministro Montenegro que este “colocou ao mesmo nível quem defende a dignidade humana e a cidadania e quem a nega.”

Ora vejamos, não sou da mesma área do primeiro-ministro, sou da área da oposição moderada, mas não é por isso que vou discordar com tudo quanto ele diga ou o que o seu Governo faça, mesmo que bem.

Sabemos quais são os pretextos que movem partidos, movimentos e outros tais como organizações não-governamentais, os que (defendem a dignidade humana e a cidadania) e se coloquem à frente de contestações sempre que há algo que possam aproveitar para a sua promoção e em prol da defesa dos direitos dos seus associados e auxílio às comunidades que meritoriamente apoiam juntando-se às manifestações da extrema-esquerda.

Sempre que surge um pretexto que sirva para contestação ao poder instituído todos se juntam e estão de acordo, ainda que os motivos por vezes não sejam importantes ou relevantes. Neste seguimento, não há distinção entre os objetivos de algumas personalidades dos partidos radicais de esquerda aos quais se juntam com a sua presença outras de partidos menos radicais, embora com objetivos diferentes, mas alinhados com o mesmo motivo do protesto. A diferença está em que, ao contrário das organizações várias que marcam presença, os partidos pretendem obter dividendos traduzidos em potenciais votos.

O autor do artigo de opinião acusa o primeiro-ministro de “dizer que os ‘extremos saíram à rua’. Do meu ponto de vista, de facto, assim foi.

Há os que pretendem que haja um relaxamento da imigração e os que, pelo contrário, pretendem eliminar a imigração, são duas correntes opostas e extremistas. A extrema-direita tem vindo a querer passar o sentimento geral de insegurança no país. As pessoas várias vão-se apercebendo com algum conhecimento de causa da presença desse perigo e, por isso, entendem que a ordem pública como um bem essencial. Sondagens têm demonstrado que a maioria dos portugueses parece concordar com a atuação da polícia, e acha que ela não é racista.

Caso curioso que há elementos do PS que tem estado do lado dos que pensam que não há insegurança no país, mas o seu líder Pedro Nuno Santos escreveu em 14 de janeiro na rede social ‘X’ que “Num momento em que a cidade de Lisboa enfrenta graves problemas de… e de segurança…, agravados pela incapacidade de Carlos Moedas em apresentar soluções eficazes para a cidade é essencial ter uma liderança com uma verdadeira capacidade de concretização. Alexandra Leitão reúne as qualidades, a experiência e capacidade de concretização de que Lisboa tanto precisa neste momento.” Afinal a que segurança se refere Pedro Nuno?

Quem se encontrava de facto nas duas manifestações? Dum lado os que defendem uma visão de democracia como os da extrema-esquerda e alguns outros moderados, talvez a título pessoal como Alexandra Leitão, do outro lado os da extrema-direita, embora noutro local, que defendem pontos de vista radicais que se aproveitam da democracia para construção duma retórica de populismo fácil.

Sim, os dois extremos saíram á rua, mas o autor do artigo deduz que o primeiro-ministro igualou uma manifestação destinada a defender a democracia e o Estado de direito atribuindo o mesmo valor a outra manifestação em que se propõe o contrário e se grita que “Portugal é nosso e continuará a ser nosso”.

O que o primeiro-ministro afirmou é um facto, foram os extremos à esquerda e à direita. Ambos promoveram as manifestações conforme os seus interesses partidário e ideológicos, mas unidos no aproveitamento para fazer oposição e criticar o primeiro-ministro e o Governo cada um à sua maneira. Não, esta não foi uma manifestação destinada a defender a democracia e o Estado de direito, esse foi o pretexto. Como disse Alexandra Leitão, do PS, e citando o Público, o protesto não é “contra ninguém”, mas sim pela “defesa dos valores da democracia e do Estado de Direito”. “Liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana, não-discriminação e também segurança. O Partido Socialista não está aqui contra ninguém, está aqui a defender estes valores”. Mas, então, a ordem pública não é também um bem essencial para defesa da democracia e que a polícia pode ajudar a preservar?  

Para o presidente da IL “a PSP deve fazer o seu trabalho sem que os ‘atores políticos’ estejam sempre a comentar ou a falar sobre as operações policiais”. Do meu ponto de vista o primeiro-ministro deve evitar é cair na tentação de fazer comentários sempre que se realizam operações deste tipo.

Não se ficando por aqui o autor do artigo de opinião escreveu ainda: “Estamos entendidos. Ficamos a saber que o primeiro-ministro deste país não vislumbra qualquer distinção cívica entre o SOS Racismo e o Habeas Corpus, que não encontra diferenças entre as organizações não-governamentais e os partidos democráticos de esquerda que percorreram a Avenida Almirante Reis e o Chega e o Ergue-te”.

Não, não estamos entendidos porque algumas organizações embora tenham uma função meritória deixam a sua independência e respondem aos apelos da extremas esquerda cujo objetivos são estritamente político e partidários.

Agora podem chamar-me o que quiserem, mas não, não sou nada disso!