Discurso de Vance em Munique: Críticas à Democracia Europeia
Ontem na Conferência de Segurança de Munique é um evento anual onde líderes mundiais, ministros e outros decisores políticos se reúnem para debater os principais desafios globais. Este ano de 2025 teve como objetivo abordar questões urgentes de segurança global, incluindo a guerra em curso na Ucrânia, a crise em Gaza e a dinâmica de mudança das alianças internacionais. Serviu de plataforma para o diálogo e a cooperação de alto nível entre líderes mundiais, decisores políticos e peritos.
O discurso de JD Vance em Munique parece ter revelado o colapso da aliança transatlântica. Para o The Guardian, o discurso foi “cheio de hipocrisia risível, retratos distorcidos da democracia europeia e insensibilidade em relação ao trauma da Europa com o fascismo”.
JD Vance, o vice-presidente dos EUA, fez um discurso na conferência onde criticou a abordagem dos governos europeus à democracia. Vance criticou a abordagem dos governos europeus à democracia e disse temer que a liberdade de expressão no continente esteja a “recuar” criticou os líderes europeus e a democracia da U.E. porque não alinharem com as extremas-direitas e radicais em vez de se focar que estava em discussão que eram para a paz na Ucrânia.
Ele expressou preocupações sobre a liberdade de expressão na Europa, afirmando que muitos americanos veem na Europa “interesses entrincheirados” que se escondem atrás de termos como desinformação para suprimir pontos de vista alternativos. Fez críticas à abordagem dos países europeus à democracia e à liberdade de expressão e manifestou preocupação com o recuo da liberdade de expressão na Europa e criticou os governos europeus por lidarem com a imigração e os valores democráticos
Vance também mencionou que a maior ameaça à Europa não é externa, como a Rússia ou a China, mas sim interna, com a Europa se afastando de alguns de seus valores fundamentais compartilhados com os Estados Unidos.
Está mais do que provado que o que ele denomina pontos de vista alternativos, isto é, verdades não evidenciadas por factos, muito ao gosto de Donald Trump, como se verificou do seu anterior mandato. dar algum sentido à distopia desorientadora da pós-verdade que parece ter envolvido os Estados Unidos desde o primeiro mandato mantendo-se, agora novamente com Donald Trump na presidência americana.
A propósito do que eles chamam “pontos de vista alternativos” ou “factos alternativos” como em 2017 os seus conselheiros de Donlad Trump (ou acólitos)?) contestavam a realidade como já escrevi noutro texto. Um deles, “Kellyanne Conway, diretora de campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e conselheira do presidente até agosto de 2020, alegava, na altura, a existência de haver “factos alternativos” para ajudar Sean Spicer, assessor político e Secretário de Imprensa e Diretor de Comunicações interino do presidente Donald Trump que, no mesmo ano, usou seu primeiro encontro na Casa Branca para protestar contra os jornalistas devido ao que ele incorretamente chamou “reportagem deliberadamente falsa” sobre a posse de Trump na altura”.
Ainda sobre a liberdade de expressão em perigo cito as palavras de
Mas regressemos ao discurso de Vance, uma hipócrita “lição” de democracia como escreveu hoje no Público Andreia Sanches, mas, para mim, foi claramente desagregador duma aliança e, ao mesmo tempo, da democracia europeia.
Andreia Sanches escreveu ainda “Vance disse que a Europa está a suprimir a liberdade de expressão e a ignorar quem pensa diferente. Estamos a falar do vice de um país onde universidades e variadíssimas organizações financiadas pelo Estado estão, de há semanas a esta parte, a expurgar dos seus documentos oficiais palavras que se tornaram proibidas com a Administração Trump, como "diversidade", "desinformação", "activismo", "racismo" ou "género"”.
Vance afirmou que “enquanto o governo Trump está muito preocupado com a segurança europeia e acredita que podemos chegar a um acordo razoável entre a Rússia e a Ucrânia – e também acreditamos que é importante nos próximos anos que a Europa se esforce em grande escala para fornecer sua própria defesa – a ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é nenhum outro ator externo. O que me preocupa é a ameaça interna. O recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais: valores partilhados com os Estados Unidos da América.”
Que ameaça interna na Europa preocupa Vance? Penso ser a democracia. O descaramento deste senhor é tal que afirmou que “Fiquei impressionado com o facto de um antigo comissário europeu ter ido recentemente à televisão e parecer satisfeito com o facto de o Governo romeno ter acabado de anular uma eleição inteira. Ele alertou que, se as coisas não saírem conforme o planejado, a mesma coisa pode acontecer na Alemanha também.” Tem memória curta porque apagou a cena que o seu líder Trump fez quando perdeu as eleições nos EUA e promoveu indiretamente o assalto ao Capitólio.
Sobre os principais partidos democratas não trabalharem com a extrema-direita, referindo-se à Alemanha, Vance defendeu que “não há espaço” (aplicou o termo firewalls-aplicar uma política de segurança a um determinado ponto, geralmente associados a redes) para cordões sanitários seja a quem for. Atente-se a isto: “But what no democracy, American, German or European will survive, is telling millions of voters that their thoughts and concerns, their aspirations, their pleas for relief, are invalid or unworthy of even being considered.
Democracy rests on the sacred principle that the voice of the people matters. There is no room for firewalls. You either uphold the principle or you don’t. Europeans, the people have a voice. European leaders have a choice. And my strong belief is that we do not need to be afraid of the future”.
Foi um discurso demagógico, de falsos valores, sobre o que ele(s) e o que entende(m) por liberdade de expressão (que, para ele e para o seu chefe Trump) deve servir para tudo inclusivamente para motivar o ódio, a promoção de fascismos, nazismos, autocracias, e outras ditaduras. Vance sabe que isso lhes interessa. Isto é, “autocratas e ditadores de todo o Mundo uni-vos”.