O patrocínio da palavra Paz no comício do PCP na Festa do Avante
Ontem foi o encerramento da 47ª Festa do Avante organizada pelo Partido Comunista Português continuando ensombrada pela invasão da Ucrânia pela Rússia de Putin e que o Partido Comunista da Federação Russa aplaudiu e aplaude.
O novo secretário-geral do PCP Paulo Raimundo, muito contido no que se refere à invasão da Ucrânia, nada avançou de novo sobre a questão da invasão do território ucraniano pela Rússia. Sobre o tema centrou-se e refugiou-se apenas na palavra ‘paz’ que na voz do PCP e no contexto em quem é abordada é muito vaga e generalista.
Se analisarmos as suas declarações no comício de encerramento nada de novo é dito. «O povo quer a paz, não quer a guerra», lança o dirigente do PCP o que não é mais do que a afirmação do óbvio. Avança, no entanto, que «para ter a paz tem de forçar que os órgãos de soberania invistam na paz e não na guerra». Aparentemente, por aqui nada poderemos apontar à sua retórica que é apenas para povo adepto escutar, mas que adiante desenvolvo.
Sobre a ida do Presidente da República à Ucrânia o secretário-geral assumiu que não lhe viu utilidade a não ser se fosse usada para procurar a paz, e lamentou que «O Presidente fez uma opção de reafirmar todos os caminhos que têm instigado a guerra» e que não deixou à Ucrânia «nem uma palavra da paz».
Mais uma vez uma avaliação sobre a atitude do PCP em relação aquele conflito confirma o seu ponto de vista demagógico com o intuito de se afastar da questão de fundo sobre a causa da invasão e da defesa da Ucrânia face ao agressor.
A questão de fundo é a de sabermos são os caminhos possíveis que o PCP considera para um potencial o estabelecimento de uma paz duradoura. Até ao momento nenhuns, são apenas palavras vãs não sustentadas por qualquer opção concreta.
Todos queremos a paz, não é apenas o PCP. A dúvida que nos persegue é a de saber como é que PCP acha que deva ser conseguida. Aparentemente a resposta é dada quando afirma que (o povo) «para ter a paz tem de forçar que os órgãos de soberania invistam na paz e não na guerra.» Não sabemos que órgãos de soberania se devem forçar a investir na paz. Os de Portugal? Os da Federação Russa? Os da União Europeia? Os dos EUA? Todos? São apenas afirmações para comicieiros ouvirem.
Perguntas a que o PCP claramente não responde e que já foram formuladas noutros posts e que continuam a fica no ar:
- a) Será que, para o PCP, os órgãos de soberania da Ucrânia deveriam abdicar do seu território, sem condições, a favor da Rússia de Putin?
- b) Que condições para a Ucrânia e para a Federação Russa seriam aceitáveis para o estabelecimento da paz do ponto de vista do PCP?
- c) Será que para o PCP Putin está aberto a negociações de paz e espera para tal, mas a Ucrânia e o ocidente não querem?
- d) Acha o PCP que o ocidente está a investir no prolongamento da guerra em vez da paz porque está a enviar armamento para a Ucrânia se defender?
- e) Acha o PCP que se a Ucrânia não tivesses ajuda do ocidente a Rússia do autocrata Putin parava a invasão a que chama “operação militar especial”?
- f) Qual a posição do PCP face aos pontos de vista do Presidente Vladimir Putin para justificar a invasão da Ucrânia?
- g) O PCP acha que um país invadido tem que se conformar com uma invasão que não provocou?
Não venham com a gasta questão de que não querem interferir nas questões internas de outros países, porque o PCP sempre o fez em relação a Portugal e no início da revolução de abril também se pronunciou bastas vezes. Quem professa uma ideologia pode e deve orientar linhas de pensamento e ao PCP ideologia não lhe falta.
Aquela são apenas algumas das questões a que o PCP e a sua direção deveriam responde sem se refugiar em palavras de ordem e de ocasião que todos querem ouvir, como a do alcançar a paz, palavra cujos valor é muito fortes.
A paz é um compromisso com as normas e instituições jurídicas internacionais, tais como a dos tribunais penais internacionais. Quem pretende abordar o objetivo da paz de forma realista deve encarar este problema com bastante sobriedade e de acordo a ordem internacional, mas não é isto o que o Presidente da Federação Russa fez e tem vindo a fazer e que parece o PCP está a acompanhar.
Aliás, parece ser manifesta a simpatia do PCP pelo PCFR – Partido Comunista da Federação Russa apoia na Duma o regime de Vladimir Putin.