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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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O Papão

07.04.13 | Manuel_AR



Ó papão vai-te daí


De cima desse telhado!…



 


Ontem após ter sido conhecida a decisão do Tribunal Constitucional sobre a inconstitucionalidade de algumas medida do orçamento de 2013 dispus-me a ouvir o que diziam alguns comentadores políticos e jornalistas, muitos deles conhecidos pelas suas posições próximas do governo. Fui fazendo “Zapping” por vários canais e, com grande espanto meu, todos eles começaram a tecer considerações negativas sobre a decisão do TC.


Então o argumento mais usado foi o do amedrontar a população sobre as piores consequências devido ao “chumbo” de apenas três das normas, sujeitas a avaliação, que os juízes declararam serem inconstitucionais. Todavia os juízes deixaram passar outras que também deveriam ser consideradas com tal. Foi então que me recordei de uma canção popular alentejana de embalar que passo a transcrever:




Ó papão vai-te daí


De cima desse telhado


Deixa dormir o menino


Um soninho descansado.


 


Estes senhores tratam os portugueses como crianças ameaçando-os com vários papões, para que  durmam e estejam caladas num soninho e serem mal comportados.


Mas, o que considerei mais despropositado, foi uma jornalista, diretora adjunta do Jornal de Negócios, no meio da sua intervenção sobre a decisão do TC no que se refere à reposição dos subsídios aos trabalhadores da função pública. Colocan-se de fora uma isenção que deve ser apanágio de um jornalista, descai-se e diz explicitamente que agora, nós os privados, é que podemos vir a ser penalizados se aumentarem os impostos. Por aqui está uma pequena amostragem de como os comentadores zelam, através dos seus comentários, pelos seus interesses. Nunca trabalhei na função pública e, por isso, estou à vontade para dizer que o divisionismo que o governo de Passos Coelho tem feito ao lançar trabalhadores do privado contra o público, tem produzido os seus frutos, que agora o estão a fazer pagar a fatura de estar isolado e de não ter conseguido apoio da grande maioria da população que, na situação como esta em que vivemos, era imprescindível.


O bode expiatório para responsabilização da política irresponsável deste governo passou agora a ser o TC, como se a nossa Constituição da República devesse ser rasgada ou omitida pelos governos, quaisquer eles sejam e a seu belo prazer, escudando-se nos superiores interesses do país.


Se estivermos atentos veremos surgir de novos papões, um deles o de novo resgate, desta vez escudados na decisão do TC, como se aquele não tivesse já estado como uma hipótese pelos irresponsáveis que nos governam. Basta recordar as recentes posições de alguns elementos das bancadas parlamentares que apoiam o Governo, ao lançarem o tal papão de novo resgate que adviria da moção de censura ao Governo que, como era sabido de antemão, seria rejeitada e, como tal, inofensiva e ineficaz. Não se percebe portanto como isso poderia provocar um novo resgate. Se o houver será da responsabilidade exclusiva de Passos Coelho e do seu Governo.


Veremos hoje dia 7 de abril se o que cabei de dizer será, ou não, confirmado pelas palavras que Passos Coelho vai dizer ao país.


 


Ó papão vai-te daí


De cima desse telhado!…