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O meu lugar na História e autoelogios seguidos de presunção e água benta bebida em quantidade

04.06.22 | Manuel_AR

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Os portugueses sempre foram sebastianistas não nos amidaremos, portanto, que andem sempre à procura de um qualquer salvador que um dia surgir. Mas, quando aparece, e começa a “tratar-lhes da saúde” assobiam para o lado e queixam-se para o vizinho do lado que nada teve a ver com o caso.

Após a eleição de Luis Montenegro para líder do PSD saiu outra vez do refúgio desta vez com o impacto que desejaria e daí esperarmos que aproveitará ou criará as oportunidades que surjam para poder sair mais vezes.

Desta vez, numa entrevista à CNN feita por uma espécie de múmia jornalística que olhava embevecida para o entrevistado que criticou a comunicação social que, disse, ter ajudado António Costa e o PS a obter maioria absoluta. Esperemos, que essa mesma comunicação social não se sinta atingida nem culpabilizada e não corra a fazer a contrição e lhe dê agora um protagonismo indevido, exagerado e imerecido, encurralada por uma múmia política fora do seu tempo. Portugal, de tempos a tempos, seja nos bons ou maus momentos, sobretudo nos de crise, refugia-se no elogio ao passado, numa espécie de purga para solução dos problemas.

Cavaco Silva saiu da inércia parcial a que se dedicou, salvo em aparecimentos pontuais para lançar memórias e outros escritos que a sua autoestima lhe dita e para conseguir algum protagonismo que acha lhe ser devido.

Cada vez que aparece à tona as suas mensagens são azedas, prenhes de pessimismo e despeito. É uma espécie de profeta e arauto da desgraça dirigida aos da sua fação, mesmo que os resultados demonstrem o contrário.

Não admira que ainda haja saudosistas dessa figura mais ou menos austera, salazarenta, pouco sociável, que se dedicou à observação das cagarras no final do seu lúgubre mandato presidencial. Este personagem que se transformou numa caricatura de político saiu ressabiado por António Costa ter conseguido formar uma maioria de esquerda de incidência parlamentar estável, contra a previsões da figura sinistra da presidência que, se o conseguisse, permitam-me a especulação, imporia uma democracia musculosa ao país, depois de ter dado descaradamente a mão a Passos Coelho para a manutenção de um governo minoritário saído das eleições legislativas de 2015.

Com a maioria absoluta do PS os traumatizados da direita vão aproveitar tudo quanto vier à tona para desclassificar, desgastar e corroer António Costa e o PS. Veja-se o que, uma tal Pipa, escreveu num comentário um artigo de opinião que Cavaco Silva escreveu para vermos ao que chega o disparate, a falsidade e as mentiras que se escrevem:

“Que grande lição! Com uma oposição em condições e uma comunicação social isenta nunca o Costa seria reeleito, muito menos com maioria. Estamos a ser ultrapassados por todos os países de leste, o povo está esmagado e empobrecido por impostos e um salário médio quase igual ao mínimo, sem crescimento, com dívida pública brutal, com uma inflação gigante e são negados aumentos de salários/pensões, uma gestão desastrosa da pandemia, um SNS de rastos, um sistema educativo miserável, uma emigração em massa ao nível dos tempos de Salazar... e mesmo assim este homem foi premiado com uma maioria absoluta? De fato controlar as TVs e a sua propaganda diária pró-PS faz milagres.”

Quem escreve uma tal verborreia pertence à fação dos que já se esqueceram do tempo do governo de Passos Coelho com o apoio, do na altura, do presidente Cavaco. Este comentário totalmente deturpado e de mentira intencional foi objeto de desmontagem num outro artigo de opinião da Bárbara Reis no jornal Público.  Se analisarmos o texto do dito comentário está próxima das palavras de ordem da extrema-esquerda que poderá estar a colar-se à direita para fazer oposição ao PS.

 

 

Para se presentear com algum protagonismo e sair da toca do esquecimento veio agitar divisões e prejuízos idênticos aos que provocou no tempo da troica fazendo com o seu dileto aprendiz Passos Coelho

Os regressos ao passado agravando divisionismos não têm dado bons resultados, mas eles continuam a ressurgir em Portugal e por essa Europa e Cavaco parece estar a surfar nessa onda.

Cavaco Silva foi muito claro ao dizer na entrevista que o PSD tem que falar para todos mesmo para aqueles que não gostam do PS (o sublinhado é meu).  É óbvio que está a conotar-se com o GHEGA e com a IL. O extremismo de direita está bem presente neste pensamento de Cavaco que não consegue disfarçar.

Saudosistas e admiradores acríticos da personagem prestam-lhe vénia com elogios à mistura sobre a sua “vasta obra de escritos” ou, no dizer de João Miguel Tavares, “vários textos marcantes ao longo da carreira”. Para alguns, felizmente poucos fiéis adeptos, Cavaco será uma figura sábia, portanto, digna de qual Prémio Nobel da literatura, da economia, da política, da democracia, isto digo eu. Isto tudo porquê? Apenas e por causa de um artigo critico que ele escreveu sobre António Costa. É que, não sei se se recordam, a memória do povo é fraca, mas a ira e a fria vingança estão instaladas nesta mesquinha personagem da política que não consegue esquecer e distanciar-se dos constrangimentos, ressentimento e revolta que António Costa lhe causou no final do seu mandato ao ter que aceitar a negociação parlamentar com o PCP e o BE que veio a ser a causa do derrube do governo de Passos Coelho e à maioria de esquerda encontrada no âmbito da Assembleia da República, a tal “geringonça”.

Cavaco não consegue ver a três dimensões, vê a política a uma dimensão, a dele.

Atualmente, por coincidência, ou não, depois de Luís Montenegro ter ganho as eleições para a liderança do PSD Cavaco, mais uma vez, saiu da sua letargia e os seus admiradores incondicionais apressaram-se a elogiar os mandatos de primeiro-ministro marcados pelo betão e pelas obras megalómanas para que ficasse na história. Momentos de reconstrução com fundos europeus que Cavaco não fez mais do que a sua obrigação, utilizá-los para desenvolver as infraestruturas de Portugal.

E, claro, Montenegro irá ser um fiel seguidor “offline” dos doutos conselhos cavaquistas. Não é por acaso que surge neste momento o artigo de opinião crítico a António Costa. Atrevo-me a dizer que irão surgir aparições e convites mais frequentes nas televisões desse santo padroeiro por parte do PSD. Aliás, não tardou e a CNN já iniciou o périplo dando-lhe voz onde começou a atirar a todos os alvos numa simbiose de ira e vingança onde teceu duras críticas à liderança de Rui Rio e elogios a Luís Montenegro.

Não terá sido por acaso que que Cavaco surge logo após a vitória de Montenegro, este sabe que sabe terá nele um precioso auxiliar na oposição ao PS que já iniciou ao sair da toca dos políticos escondidos. Cavaco sabe que é o momento para voltar ao protagonismo.

Estamos a ver que as previsões/especulações sobre Montenegro que tracei num blogue anterior começam a verificar-se. Montenegro não só é seguidor de Passos Coelho, como também vê em Cavaco o seu inspirador político.    

Cavaco Silva pretende mostrar-se como um visionário da política por antecipação e procura teorias da conspiração. Veja-se esta com base numa afirmação de Rui Rio proferida em abril de 2019 quando disse que “Nós não somos de direita. Nós somos do centro, somos moderados”. Afirmara ainda Rui Rio, líder dos sociais-democratas que “votar no PSD dá garantia de moderação”. E, claro, a douta personagem infere que “Foi um erro o PSD deixar-se enlear numa dicotomia direita esquerda”. E acrescenta que “era uma armadilha montada pelo PS e alguns órgãos de comunicação social para desqualificar o PSD e impedir alguns votantes de saírem do PS para votarem no PSD”.

Altas conspirações e conluios entre um partido e órgãos e comunicação. Mostra também a sua ira contra” alguns” órgãos de comunicação social, talvez, a SIC porque não lhe dará a papa que ele gostaria.  Num processo de avaliação não sei se não ficaria bem classificado numa escala de senilidade.  

Duvido que este político “sagaz” não consiga discernir que muitos do que não votaram PSD saíram para a IL e para o CHEGA. Mas, ao elogiar Montenegro, vem reforçar a ideia de que é um péssimo líder e vai matar o PSD. Problemático será se, como prevejo, novas lideranças venham a cheirar tanto a bafio como estes "antiquíssimos".

Em resposta ao artigo de opinião de Cavaco Silva publicado na passada quarta-feira, em que disse desafiar António Costa a “fazer mais e melhor” do que ele próprio fez nos seus governos maioritários. O atual líder do executivo afirmou na sexta-feira seguinte que está “preocupado com o futuro dos portugueses”, ao contrário de Cavaco Silva, que diz estar preocupado “com o seu lugar na história”.

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