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O Governo, os factos e as alternativas

23.01.23 | Manuel_AR

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Esta conjugação de esforços entre a esquerda radical e a direita com o aconchego da comunicação social chegaram depois da maioria absoluta do Partido Socialista acordando as fontes e revelando o que já tinham de reserva.

Porra pá! Não acredito! E é tudo com o mesmo partido! Como é que isto é possível? Será que não poderá e deverá haver mais controlo quando se fazem convites para elementos dos governos, deputados, autarcas e outros cargos políticos? São perguntas a que os vários partidos nos dão só respostas tímidas, dúbias ou, simplesmente não dão. A solução apresentada por alguns pela direita é a de que isso tem de ser da responsabilidade do primeiro-ministro como se este tivesse a obrigação de ser investigador da vida privada de quem convida, uma espécie de vigilante de ministros. Esta situação mina a política e os políticos pelo que tem de haver outras soluções. Há que arranjar alternativas que não passem apenas por questionários.

Os casos que têm vindo a público aparentam ser uma combinação secreta de comprometimentos vários contribuindo para o descrédito dos políticos e do regime democrático e que, segundo as últimas sondagens, estão a ter efeito significativo na subida da extrema-direita (CHEGA) e pouco significativa nos partidos à esquerda do PS que recuperaram embora pouco. Estes partidos por conveniência partidária também têm contribuído para que a subida da extrema-direita populista que aproveita e escavar até à exaustão todos os casos que venham à rede. Excetua-se o LIVRE que conseguiu uma subida com algum significado. À esquerda do PS poderá ser o regresso a uma maioria de esquerda sem maioria absoluta daquele partido.

Nas últimas sondagens da Aximage de a cordo com o Público que cita o DN, JN e TSF a realidade política portuguesa está hoje muito fragmentada e não aponta para uma clara solução de Governo, caso houvesse eleições legislativas antecipadas. Quem obteve vantagem? Claro, a extrema-direita.

Sou pela transparência e contra todas as formas que contribuam para o descrédito dos políticos e consequentemente da democracia e, quando haja ilegalidades, corrupções várias e faltas de ética confirmadas que possam contribuir para perverter a política e os políticos que se divulgue, se faça a devida investigação judicial. O que acontece nos casos que se denunciam na comunicação social muitos casos servem também para se fazerem títulos estrondosos e exagerados que lançam suspeitas para a opinião pública, (quando ainda estão em curso investigações preliminares), cuja consequência é a de manchar a imagem e o bom nome de muitas pessoas.

As gerações após 25 de Abril desconheceram o regime de ditadura em que se vivia. Os simpatizantes de partidos de extrema-direita, como o CHEGA, que são das gerações mais novas desconhecem que naquele regime ditatorial   também havia compadrios e corrupção quer era desconhecida devido à ocultação pela censura por que os media estavam sob vigilância e controle permanente. 

Se estivermos atentos e observarmos as notícias que nos surgem nos media ao longo dos anos e meses e sob os vários governos, deputados e autarcas dos vários partidos, a procura de casos e as investigações ditas jornalísticas se centram sobretudo no Partido Socialista. Aconteceu agora um caso no PSD, que veio a público, porventura para dar a ideia de alguma independência, para, logo após se passar a falar com alguma timidez. Nova pergunta se coloca: será que os 230 deputados da Assembleia de República são todos sem macha e nada que se lhes aponte com exceção dos do Partido Socialista? Não me recordo de nos governos de direita tenha havido um escrutínio tão insistente e pretensamente rigoroso como o que se verifica durante o atual Governo.

Na altura o PSD e o CDS em aliança (2011-2015) estavam no Governo com uma maioria de deputados, nada se procurou, nada surgiu, nada se pesquizou, nada se divulgou, as fontes emudeceram e o que se divulgou deixou de fazer parte das “agendas setting” dos órgãos de comunicação.

Como já escrevi num outro post deste blogue parece haver uma premeditação na procura de casos e escândalos que possam afetar sobretudo o Partido Socialista que se possam vir a refletir e traduzir nas sondagens. Funciona do seguinte modo: lançam-se para a opinião pública casos polémicos, passado tempo fazem-se sondagens e obtêm-se resultados adequados ao esperado que se possam ajustar ou não ao pretendido. Desta estratégia todos os partidos na oposição poderão tirar vantagens no sentido na subida das intenções de voto.

As notícias que fazem passar a para a opinião pública sobre o envolvimento de elementos do Governo, autarcas ou ex-autarcas e deputados do PS que revelam situações de compadrios, possíveis corrupções, ligações familiares, ligações a empresas parece-me ser uma espécie de conspiração contra aquele partido cujo objetivo passa por atingir e fragilizar o Governo.

Caso curioso que é o de que só agora e após seis anos com Fernando Medina como Presidente da Câmara de Lisboa (2015 2021) surjam agora casos dúbios nesta autarquia. Pois, há o tempo da investigação, o tempo da justiça e o tempo da política. Por vezes coincidem!

Recentemente surgiu mais um caso que envolve Jamila Madeira, deputada do Partido Socialista que o jornal Público divulgou como estando registada como lobista ativa junto da União Europeia entre 2012 e 2013, note-se que era o período do Governo do PSD-CDS.  Segundo o mesmo jornal “a REN assume que até há três semanas a deputada “trabalhava no âmbito da Agenda Europeia da Energia, participando na ligação da REN com agências europeias do sector que se dedicam a temas relacionados com a transição elétrica e a sustentabilidade e assegurando contactos com a Comissão [Europeia], diversos comités do Parlamento Europeu e várias outras organizações”. Mais uma dúvida de coloca por que só agora veio para o domínio da opinião pública se naquela altura já era deputada pelo Partido Socialista? 

Carmo Afonso, colunista do jornal Público, pessoa que não é das minhas simpatias nem da área político-ideológica que defende, escreveu num artigo de opinião naquele diário um ponto de vista com que concordo e sobre o qual tenho refletido. A direita, quando está no Governo, segue a sua ação governativa assente em lógicas e princípios que há muito defende e pratica, mas que lhe foram retiradas desde que o PS está no poder e também durante o período ao qual se chamou “geringonça”.

O Governo do PS, agora em maioria absoluta tem privilegiado contas certas e de consolidação orçamental mesmo agora quando há perda de poder de compra para a generalidade dos portugueses. Assim, fazer oposição a estas políticas que a direita PSD ou outra que se estivesse no Governo também faria, e se acrescentarmos que o líder do PSD tem a desvantagem, de ter mostrado não estar preparado. Para a direita tradicional como é o PSD não é fácil ser alternativa.

Luís Montenegro nas suas intervenções tenta fazer um discurso de esquerda, prometendo timidamente oferecer se for Governo mais do aquilo que sabe não poder oferecer. Se recordarmos o tempo do último governo quando José Sócrates como primeiro-ministro e o seu ministro das finanças desbarataram os dinheiros públicos e endividaram o país para próximo da bancarrota causando a vinda da troica.

Fica-nos a pergunta sobre a qual se espera uma resposta do PSD:  que pontos e objetivos e sob que forma vai fazer oposição ao Governo? Que alternativa terá um futuro governo que quer mudança apenas pela mudança.

Os otimistas da oposição, quer de direita, quer de esquerda, afirmam que podem fazer melhor dizendo que são alternativas, mas não dizem objetivamente quais e apresentam soluções pouco credíveis das quais se desconhecem os possíveis resultados e o mais grave é que se sabe podem executar o que prometem. À direita faltam propostas concretas e alternativas para se apresentar como governo. A extrema-esquerda porque sabe que não o será vai fazendo propostas demagógicas inexequíveis a curto prazo.

A direita apenas tem para fazer oposição os casos apresentados pela comunicação social que têm sido graves devido à displicência e à falta de controle e coordenação que grassa no Partido Socialista e no seu Governo a que os media vão dando uma ajuda. Mas isto não pode servir apenas para fazer oposição. Faltam propostas para uma alternativa consistente.

Um escândalo que envolva políticos deve sempre ser denunciado e a comunicação social deve acompanhar o processo de investigação e informar dos respetivos desenvolvimentos. Mas não podemos é conformar-nos com a atual situação e não descararmos o que queremos como alternativa ao Governo e não nos contentarmos apenas com a denúncia de irregularidades por parte de políticos no exercício de funções que passou a ser o epicentro do debate político no país. Confunde-se o escrutínio político, que deveria visar a transparência nos processos políticos de decisão, com o mero escrutínio da transparência dos próprios políticos - que a comunicação social vê como potenciais e apetecíveis objetos de escândalo.

Como não há alternativas ao atual Governo nem as sondagens indicam que em novas eleições alguma coisa se altere esquerdas e direitas, unidas em prol do desgaste do Governo, fomentam instabilidade com greves, manifestações reivindicando as mais diversas exigências com efeito imediato, a maior parte irrealistas, o que, para os que têm impressões vividas e mais despertas parece ser uma forma de pressão para que o partido que está no Governo cometa os mesmos erros de outro tempo.  

Penso não existirem dúvidas sobre a conjugação de esforços por parte de diversas organizações tais como a Ordem dos Médicos, os sindicatos da mesma profissão juntamente com os dos enfermeiros, mostra diária de casos nos hospitais e maternidades, que sempre existiram, mas sobre os quais a comunicação social esteve muda, o acordar dos professores vociferantes com uma amálgama de reivindicações que ninguém chega a entender, sobretudo o dito STOP que junta os auxiliares no mesmo saco sem qualquer critério e que mais parece a verborreia debitada pelo partido CHEGA. Esta conjugação de esforços entre a esquerda radical e a direita com o aconchego da comunicação social chegaram depois da maioria absoluta do Partido Socialista acordando as fontes e revelando o que já tinham de reserva.

Há aqui um fator que não pode ser ignorado: a direita não consegue afirmar-se a fazer oposição ao Governo. É certo que o Governo lhe dificulta muito a vida como já referi anteriormente e não está aqui contido um elogio à governação.

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