O engenho e arte dos comentadores
A falsa isenção dos comentadores do PSD sobre a política nacional descobre-se sempre que há eleições e agora está à vista. O tríptico de comentadores da televisão que ocupam no final do ano centenas de horas de tempo de antena está em campanha eleitoral pelo PSD para as eleições autárquicas.
Claro que, em democracia, qualquer cidadão pode apoiar o partido em que milita ou o que muito bem entender e que acha que deve apoiar. Absolutamente nada contra.
No que respeita a comentadores a situação parece ser mais discutível. E porquê? Porque há duas formas de ver o problema:
a) O comentário político associado a debate de pontos de vista ideológicos e partidários o que, consequentemente, faz todo o sentido situar-se na defesa das sua posições face a determinado tema.
b) O comentário político, isento, imparcial e distanciado da governação e das posições individuais do comentador.
O trio Manuel Ferreira Leite, a obediente discípula de Cavaco, Marcelo Rebelo de Sousa, com as suas pantominices, e Marques Mendes, o estafeta das novidades que dominam as televisões para comentarem a política nacional, a coberto de uma capa virtual de isenção, lá vão, de vez em quando, criticando medidas menos positivas do governo apenas para português enganar.
Veja-se o caso de Manuela Ferreira Leite, comentadora da TVI24, que tece algumas críticas a medidas tomadas por Passos Coelho e seu governo e, ao mesmo tempo, apoia o partido na campanha eleitoral. Por outro lado não discute as posições do seu guru Cavaco Silva, por mais discutíveis que sejam, defendendo-as com o mais dedicado e afincado empenho.
As eleições autárquicas deveriam obedecer a uma campanha de cariz de interesse regional e local, mas o certo é que isso não acontece. Na campanha para as eleições autárquicas os candidatos e seus apoiantes do governo e dos partidos dirigem com maior frequência as suas intervenções mais no sentido da política nacional do que local. E aí estão a defender o contrário do que muitas das vezes disseram frente às camaras.
A decisão do Tribunal Constitucional sobre a pseudo requalificação da função pública e o novo resgate (que o governo já sabe que poderá vir a acontecer devido às sua incompetência e falhas constantes nas falsas reformas) vai ser e já é o tema da campanha para as eleições autárquicas.
Então os senhores conselheiros do governo, pagos a preços de ouro pelo erário público, não deveriam saber da mais que provável inconstitucionalidade das leis que são enviadas para promulgação?
Digam lá, digam lá,
digam lá os senhores contentes como vai este país!