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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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O despesismo de uns será a alegria de outros

10.06.23 | Manuel_AR

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A seguinte afirmação foi escrita no semanário Nascer do Sol num artigo de opinião.

“O que também percebemos é que Pedro Nuno Santos estará para ficar e para disputar o bolso dos contribuintes com políticas despesistas, mantendo a trajetória política dos seus antecessores.”.

A expressão “sol da terra” foi utilizada no título e alude à caracterização da URSS feita por Álvaro Cunhal durante o XXIII Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que decorreu entre 29 de março e 08 de abril de 1966, em Moscovo.

No Portugal de hoje há um semanário que utiliza o nome do astro “Sol” como título antecedido de “Nascer”. É o “Nascer do Sol”, um jornal de direita. Este foi apenas um momento de humor mordaz, as minhas desculpas. Cada órgão de comunicação tem o direito de escolher o nome que melhor entender.

Se queremos andar informados sobre vários ângulos da política não devemos ouvir e ler somente o que gostamos, mas também pontos de vista contrários aos nossos com o distanciamento necessário para não nos deixarmos influenciar, levados por vezes por argumentações falaciosas e até sedutoras.

Naquele semanário do dia 9 de junho li um artigo de opinião com o título “PSN de volta à slot de partida” de Raquel Faustino, identificada como sendo “Jurista e Porta-voz do CDS-PP”.

Analisado o conteúdo do artigo nada revelou sobre o que a sigla PSN significava. A aproximação era pelas iniciais de Pedro Nunes Santo. Será?

Feito o “descasque” do artigo só uma frase da autora me pareceu importante no meio do blá-blá-blá: “Mas o que também percebemos é que Pedro Nuno Santos estará para ficar e para disputar o bolso dos contribuintes com políticas despesistas, mantendo a trajetória política dos seus antecessores.”

A senhora Jurista, por um lado, critica o Governo por apresentar contas certas quando escreve que “é fácil a um Governo que não cumpre a orçamentação apresentar contas certas”, mas, por outro lado, faz adivinhação afirmando que Pedro Nunes terá a mesma trajetória despesista dos seus antecessores. Ora, Pedro Nunes Santos não pertencendo já ao Governo a autora diz terá. Mas quando? Em que futuro? A sua capacidade de previsão do futuro é assombrosa. Analisa o que dizem transformando numa espécie de oráculo ao seu modo. Escava depois interpretações sobre os lucros da TAP e da CP numa tentativa de depreciar o que a incomoda.

Não é novidade que os partidos da oposição da extrema-esquerda e da direita, na mesma trajetória contra o Governo, tenham discursos idênticos no sentido de pressionar o Governo a reduzir a receita e a fazer mais despesa. Não estando no poder as contas certas não lhes interessam, antes pelo contrário. Se o Governo entrasse em incumprimento, lá vinha a direita em uníssono a esbracejar contra o governo socialista despesista.

Hoje no discurso do 10 de junho Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que devemos criar "mais riqueza, mais igualdade, mais coesão, distribuindo essa riqueza com mais justiça, porque só isso nos permitirá ter projeção no mundo”. O senhor Presidente da República tem toda a razão, mas como acha ele o quê e como se poderá fazer. Poderá não, deverá. É isso que a oposição à esquerda e à direita do PS não dizem.  Apenas exigem que se faça e, mais, prometem fazê-lo. Quando um Presidente da República faz apelos e dá avisos, por mais demagógicos que sejam, sabe que pode fazê-lo por que não será responsável pela boa ou má execução do que diz ser necessário fazer. Estará neste caso sempre a salvo de críticas. A responsabilidade será sempre do executivo em funções.

 Não podemos ter sol na eira e chuva no nabal. Ou se mantêm os objetivos de contas certas, redução do défice e redução da dívida ou, então, aumenta-se a despesa e a dívida com as implicações negativas que tal terá. Assim, a direita viria, a público, diligente gritar contra os governos socialistas despesistas. Desconstruído este mito desde 2015 em que o PS está no poder o que resta à direita?