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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

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O Cerco

21.01.14 | Manuel_AR


Cartoon modificado a partir de RLDiesslin 2002


 




Os partidos da coligação no Governo, PSD e CDS, aos quais se junta o Presidente da República, têm andado a pressionar o PS para um compromisso de salvação nacional, dizem eles. Que salvação nacional? A de oprimir e segregar financeiramente alguns setores da sociedade que têm sido cada vez mais penalizados e validar, na prática, a redução do estado social, como a saúde e a educação pública transformando-os, a médio prazo, numa prática destinada apenas aos desvalidos que vão sendo cada vez mais.


O PSD e o CDS andavam há anos a aguardar esta oportunidade que, diga-se, Sócrates lhes ofereceu de bandeja, para se grudarem ao poder e distribuírem, a seu bel-prazer, a riqueza do país de forma vantajosa pelas suas cliques financeiras, económicas e partidárias. Preparam-se agora para recolher os despojos.


Os cortes que fazem em salários e pensões não servem apenas para reduzir a despesa mas para compensar a despesa com consultorias pagas a preços exorbitantes pelos serviços prestados por escritórios de advogados que giram e vivem à custa do Estado e deste Governo.


Para o estado desta política de esbulho que nos impõem contribuíram o PCP e o BE que ajudaram à festa para a queda do Governo Sócrates e do seu PEC IV, embora com boas intenções. O tiro saiu-lhes pela culatra e acabaram por piorar ainda mais a vida dos portugueses. De boas intenções está o inferno cheio.


Os partidos do Governo, apoiados pelo Presidente da República, querem fazer uma grande coligação, à semelhança da grande coligação alemã entre o CDU-CSU-SPD, para sentar o PS à mesa do Estado tornando-o uma moleta que os apoie para atingirem os objetivos maquiavélicos que ainda se propões fazer, mas que não divulgam. Se tal fosse conseguido o PS serviria apenas para apaziguar e fazer calar o descontentamento generalizado dos portugueses.


Ao longo das dezenas de anos que tenho acompanhado a política em Portugal não me recordo de nenhum governo com um primeiro-ministro que tenha sido tão hipócrita como este e causando, em tão pouco tempo, estragos irrecuperáveis ao país e que apenas pensa na sua carreira.


Começaram já o discurso da recuperação económica em abstrato. Será que ela chegou às empresas e às famílias que o Governo prejudicou ao lançá-las no desemprego ou para a reforma antecipada? As reformas antecipadas servem agora para justificar a insustentabilidade da segurança social.


Uma das reformas estruturais que este Governo conseguiu realizar foi o aumento do desemprego estrutural. Os números do desemprego têm vindo ligeiramente a diminuir o que em si mesmo é bom. O Governo agarra-se a esta tábua de salvação. Todavia, se como dizem foram criados dezenas de milhares de postos de trabalho colocam-se as seguintes perguntas:


 


Que setores de atividade criaram esses postos de trabalho?


Que tipos de postos de trabalho foram criados?


Quantas foram as empresas que criaram esses postos de trabalho?


Quais os salários que lhes foram atribuídos?


Como foram obtidos esses postos de trabalho?


Qual o número de horas nesses postos de trabalho?


Foram postos de trabalho a tempo parcial ou integral?


Quais as qualificações dos que estão colocados?


É com a resposta a estas e a outras perguntas que se consegue verificar se, de facto, temos uma diminuição do desemprego estrutural e quais as causas que conduziram à sua diminuição. Ou será que o Governo tem uma varinha mágica que em três meses conseguiu recuperar dezenas de milhar de postos de trabalho. Têm que me explicar como se eu fosse tótó.