O aquecimento global não é só climatérico é também político
A necessidade de protagonismo é uma praga que, cada vez mais, atinge e se estende a vários grupos sociais e a pessoas da política e fora dela. Utilizam todos os meios convencionais que têm ao dispor para alcançar esse objetivo e, falhado esses, são as redes sociais o seu meio preferencial.
A política não tem sido parca a esse fenómeno, nomeadamente os populistas de extrema-direita e também, em menor escala, a extrema-esquerda, cada um à sua maneira, que têm começado a ter cada vez mais protagonismo. Será este um dos males trazido pela exigência com que os mentores da mais e melhor democracia nos têm invadido como se a que temos já não chegasse? Os resultados, mascarados com a mais democracia, começam a ser visíveis na Europa e no resto do mundo.
A temperatura das manifestações sociais espontâneas ou manipuladas por vários grupos extremistas tem subido em vários locais do mundo prevendo-se temperaturas muito mais extremas provindas de fenómenos políticos atípicos.
Justificadas por várias causas, quer remotas, quer próximas, com diferentes virulências e motivações específicas, estão a verificar-se conturbações e crispações sociais em várias nações. No Líbano, no Iraque, em Hong Kong, em Paris, Londres Barcelona entre outras. A estas vieram acrescentar-se recentemente e agora com mais vigor as lutas em prol do ambiente.
Todos parecem estar empenhados, negros, brancos, várias etnias e religiões, árabes, asiáticos, homens, mulheres ou crianças. Nesses países as palavras de ordem são semelhantes. Seja em castelhano, inglês, árabe ou qualquer outra língua, é surpreendente a semelhança dos cartazes e das palavras de ordem.
Nenhum dos protestos pode ser reduzido a uma só questão nomeadamente a económica. Muitos dos protestos desencadeados por indivíduos ou grupos que se distinguem pela violência e pelo alimentar do medo nas populações a forma de serem ouvidos e colocados nas primeiras páginas do jornais e aberturas da informação televisiva. E os noticiários televisivos dão-lhes cobertura e relevância porque o medo e a violência compram audiências.
As consequências destes movimentos inorgânicos ou organizados, alguns pouco democráticos demonstrado pelas suas atuações violentas, são a satisfação das exigências e a cedências às suas reivindicações feitas pelos governos. Mas, mesmo com a satisfação das exigências esses movimentos continuam com os protestos.
O que aparentemente desencadeia as manifestações com consequente violência desenfreada nas ruas é normalmente a pretexto de alguma coisa de concreto, como por exemplo a lei da extradição num território (p.e. Hong Kong), o aumento de preços dos combustíveis num lado, o custo de vida no outro, as prisões ditas políticas aqui, as desigualdades ali. São algo de concreto, mas são motivos que apenas servem para disfarçar outras realidades ainda ocultas, disseminadas, mas em estado mais do que embrionário prontas a emergir em qualquer momento. Os geradores destes embriões, os que os alimentam, não se conhecem exatamente quem são, mas andam por aí dispersos.
Todas estas manifestações já são mais do que isso, são insurreições, são o caldo de cultura virulenta que pode conduzir aos populismos e totalitarismos, soluções que muitos acham que poderão resolver o objeto do descontentamento.
Coincidência, ou não, o crescendo da turbulência que já tinha sido semeada agravou-se com a política de desorientação, desvario e confusão resultante da eleição de Donald Trump nos EUA.
A direita, e sobretudo a extrema-direita, mais do que a esquerda, têm nas redes sociais uma rede de gente cuja missão é a desinformação, a difusão de propaganda e notícias falsas de forma a descredibilizarem, as instituições democráticas e os políticos. Utilizam as liberdades democráticas para promover a erosão da confiança nas autoridades, encorajar a militância que nutra a raiva contra o sistema político através de publicações sobre assuntos como a raça, imigração, género, convocações de manifestações inorgânicas, etc. São uma espécie de departamentos idênticos aos que engendravam desinformação e conspirações no tempo do estalinismo soviético e do nazismo, mas que utilizam agora as redes sociais e a Internet como veículos de difusão.