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Números da imigração consciência e sentimento das premissas da realidade

13.01.25 | Manuel_AR

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Quer se queira, ou não, percebe-se que há, em Portugal, um “abuso excessivo” ao acolhimento de imigrantes, tornando-se mais evidente, sem incluir os brasileiros, na população originária do subcontinente indiano sobretudo do Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão.

Muitos poderão qualificar este texto como sendo escrito por alguém racista ou xenófobo. Não. Não é!

No dia 11 de janeiro de 2025 foi o dia da denominada manifestação “Não nos encostem à parede” na qual participaram partidos de esquerda e da extrema-esquerda. Os radicais de esquerda estão sempre metidos por princípio em tudo seja constestação, seja por bem, seja por mal. No caso da imigração falam porque afastados da realidade, porque, provavelmente, não vivem em bairros onde proliferam imigrantes. Para muitos que sejam da esquerda liberal moderada esta manifestação parece ser inconsequente e parece mais para captar os votos daqueles que potencialmente possam vir a ter direito a ele.

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No entanto, não se percebe como é que imigrantes se manifestem contra o país que os acolhe juntando-se a partidos de extrema-esquerda que esteve contra a ação policial mesmo quando esta zela pela sua segurança, talvez com algum excesso, mas com a missão de proteger as populações imigrantes ou não.

Nada disto tem a ver com fascismo nem com liberdade, que são as palavras de ordem da nossa democracia que foram apropriadas pelas extremas-esquerdas. É preciso notar que, numa população independentemente da sua origem social ou étnica, há os que fomentam a insegurança e a desordem sem olharem a meios e dos quais qualquer comunidade deve ser protegida e, como tal terá de existir prevenção. É, portanto, essencial prevenção quando não existem políticas públicas e iniciativas comunitárias que garantam que todos os residentes, incluindo os imigrantes, vivam em segurança.

Nem de propósito veja-se o caso da rixa na Rua do Benformoso onde sete pessoas ficaram feridas no passado domingo depois de “vários indivíduos de nacionalidade estrangeira” se terem envolvido em confrontos na Rua do Benformoso, o mesmo local onde a PSP realizou uma operação de fiscalização. Segundo informação publicada que pode ler aqui e aqui, e segundo a polícia, uma “altercação entre dois grupos, por motivos não apurados”, levou ao transporte de três dos feridos para o Hospital de São José. Os outros quatro feridos foram assistidos na sede da 1.ª Divisão, “para onde se deslocaram por meios próprios” e onde receberam cuidados médicos de técnicos do INEM.

Portugal, como a U.E., ao escutarem o debate público, alguém mais desatento poderia pensar que estamos a ser “invadidos” por vagas descontroladas de imigrantes, vindos de toda a parte, dependendo perspetiva. A nível local, por exemplo, no que se refere à cidade de Lisboa, há vagas de imigrantes que chegam e de turismo em excesso, sem querer associar os dois fenómenos.

O que está em causa (no caso do Martim Moniz e Anjos e Arroios e noutros locais) não é apenas um certo preconceito, uma discriminação preconceituosa como alguns dizem, eventualmente subjacente em relação ao que é desconhecido sobretudo destes que vêm do subcontinente indiano por desconhecimento geral da nossa sociedade face a quem está a chegar.

A população agrega-os todos ao subcontinente indiano, talvez porque tenham maior dimensão em número em certos locais de Lisboa, não percebendo muito bem as diferenças intrínsecas entre essa população variada e muito diferentes que vêm do Nepal, do Bangladesh, do Paquistão ou da Índia. Mas, por outro lado, se nós contrastarmos os estímulos sensorialmente recebidos pelas populações que possibilita identificar certos objetos e acontecimentos, normalmente designada por perceção, os que os portugueses retêm deste grupo é bastante mais acentuada se o compararmos, por exemplo, com os dos chineses. São populações que vêm para Lisboa, que têm uma cultura comercial e que raramente vêm para trabalhar na construção civil e noutras atividades mais pesadas onde se veem mais imigrantes provenientes de África, nomeadamente os PALOP.

O partido Chega, de extrema-direita, tem utilizado indiscriminadamente a questão da imigração como recurso para os seus desígnios populistas de combate e propaganda, criando na opinião pública uma apreciação negativa, que tem como real evidência o excesso de imigrantes que alguns, contrariam dizendo ser errada. Será de facto errada? Só quem não frequenta algumas das freguesias da cidade de Lisboa é que não se apercebe dessa realidade de gente cuja maioria são provenientes do subcontinente indiano

Para combater os excessivos alarmes sobre imigração vindos daquele partido e de outras opiniões de comentadores e de artigos na comunicação social difunde repetidamente estatísticas sobre a entrada de imigrantes por origem de modo a sustentar argumentos de que não há imigração excessiva. Todavia, afastam-se da realidade com que as pessoas são confrontadas diariamente nas ruas, nas praças, nas avenidas, nos jardins das suas freguesias e nos seus bairros que parecem desmentir os números das estatísticas que lhes mostram. É o facto percebido pelas pessoas que as leva ao estado emocional que as arrasta. É a disparidade entre o que lhes dizem e o que elas veem.

Parece haver um falso humanismo proveniente dos apologistas da imigração livre, desenfreada e sem controle que os leva a defender através das várias modalidades de media a que têm acesso que são os partidos da extrema-direita ou direita radical e até da direita moderada que, com a sua propaganda, fazem criar na opinião pública uma perceção errada sobre a imigração e centram a tónica na imigração ilegal, mas que é afinal uma realidade muito mais normal. Assim é se lermos apenas os números das estatísticas selecionadas que nos mostram. A realidade não é bem a que nos pretendem mostrar. As pessoas adquirem essa perceção pelo que observam e sentem perto de si e não apenas pelo que lhes dizem. É pela perceção analítica que recebemos informações, as analisamos e compreendemos determinados contextos e tiramos conclusões que nos permite compreender o ambiente social que nos cerca.

A perceção dos portugueses sobre a “incursão” de imigrantes não está ligada aos barcos com lotação acima dos limites da ocupação de gente que as televisões nos mostram que pretendem atingir a Europa e que se afundam ou são resgatados na travessia do Mediterrâneo. Os que nos chegam aqui ao nosso país entrando como turistas pelos aeroportos ou pelas fronteiras abertas e grande parte por cá fica ilegalmente.

Um dos argumentos dos que defendem no nosso país quantos mais imigrantes melhor é a demografia dizendo que a população portuguesa só cresce devido ao influxo migratório. Somos um país envelhecido com uma taxa de fertilidade baixa. Há um desequilíbrio entre a população mais velha e reformada e a população ativa e é de facto uma população envelhecida. Tudo isto está certo e pode ser comprovado. Mas como se verá adiante é que há um resultado desfavorável desta situação.

O que pretendo afirmar é que uma coisa é o discurso oficial e o dos comentadores pró-imigração e outras opiniões, mas, muito diferente, é a realidade visível. É sobre esta realidade da imigração que a extrema-direita tomou conta do discurso.

Claro que aos empresários, se é que se podem designar como tal os que vivem na exploração da mão-de-obra imigrante, não lhes interessa ouvir falar de travões à entrada de imigrantes que é uma mão-de-obra barata que, dizem, com vontade de trabalhar sem se referirem aos baixíssimos salários que os levam a viver em condições opor vezes indignas. Viver em espaços superlotados pode levar a condições de vida precárias, com falta de privacidade e conforto

Se a observação incidir nos bairros de Lisboa os cidadãos começam a sentir-se sufocados pelos imigrantes porque sentem estar a perder a sua identidade cultural e social que abrange várias áreas sobre a qual a sociedade assenta motivando o aumento do preço da habitação, também pressionado pelo turismo excessivo também desregrado, ao qual se acrescenta os jovens, mesmo estrangeiros, que procuram a “grande cidade” onde há divertimentos sempre em marcha, a “alimentação é barata e o povo é simpático”.

Mas, é sobre a imigração em excesso em bairros e freguesias de Lisboa que se centra o descontentamento da população contra imigrantes vindos das mais diversas origens, sobretudo como já várias vezes referi do subcontinente indiano que passaram a ver as ruas onde habitam povoadas por gentes, outras, a que não estavam habituadas e que desarranjam a organização do geográfica do espaço físico e social onde habitam há anos.

Por outro lado, outro contributo para a descaracterização dos bairros tem a ver com a presença e ocupação por aqueles imigrantes em bairros tradicionais de Lisboa que tem sido notável, especialmente no que diz respeito a lojas dedicadas a pequenos negócios apagando o anterior comércio, nomeadamente a restauração tradicional dando lugar a áreas de “kebabs” que pode ser culturalmente muito interessante, mas a que a população não adere. São lojas venda alimentar dedicadas a essa nova população. Por vezes até colocando mesas e cadeiras no exterior das lojas que pomos em dúvidas se estarão autorizadas.

Se, por um lado, muitos desses imigrantes têm contribuído para a revitalização de áreas comerciais, trazendo novas ofertas e serviços que enriquecem a diversidade cultural e económica da cidade, por outro, não se compreende a proliferação desses tais pequenos negócios lado a lado com outros na mesma rua dedicados ao mesmo tipo de ofertas.  

Estes imigrantes pagam rendas exorbitantes aos proprietários dos imóveis ou dessas lojas que aproveitam a elevada procura por espaços comerciais para aumentar os preços levando a uma pressão financeira sobre os imigrantes que desejam estabelecer os seus negócios. Alguns destes negócios, podemos verificar por observação, que não terão clientela suficiente para suportar tais custos de estabelecimento, nomeadamente no que se refere a minimercados e a lojas de telemóveis, no entanto proliferam. Estas lojas, com umas divisórias no interior servem também de alojamento ilegal pois sabem que a fiscalização não existe, é escassa ou tolerante.

A competição por espaços comerciais pode criar tensões entre os novos imigrantes e os comerciantes locais, que também enfrentam desafios económicos. Agora são os pequenos empresários que necessitam de apoio e integração para garantirem que têm oportunidade de prosperar, passaram a competir com os imigrantes no seu próprio país, cidade ou bairro, muitas vezes desistindo do seu negócio.

Referindo-me apenas à cidade de Lisboa há ainda outros aspetos negativos sobre a imigração excessiva em algumas freguesias da cidade. A prática de arrendar quartos onde vários imigrantes vivem e ocupam os espaços em regime rotativo para dormir é uma realidade na cidade de Lisboa. Em alguns casos, os imigrantes podem ser explorados por proprietários que cobram aluguéis exorbitantes por condições de habitação inadequadas.

A situação referida, da presença de habitações superlotadas gera tensões na comunidade local, especialmente se houver a convicção de que os imigrantes estão a sobrecarregar os serviços públicos ou estão a competir por recursos limitados, tais como a habitação com disponibilidade de locais para habitar acessíveis levando a problemas de superlotação e aumento dos preços dos imóveis. Numa cidade onde prolifera a imigração a ocupação de espaços verdes começam a ser escassos pois é neles que imigrantes se juntam a determinadas horas para conviver ocupando a maior parte dos lugares em horas de ponta de saída do trabalho ou à hora de almoço.

Outro recurso sujeito a pressão são a infraestruturas de transporte, como estradas, transporte público e ciclovias, que passam a ser insuficientes para atender à procura crescente.

A saúde é um dos mais problemáticos como hospitais, clínicas e outros serviços de saúde que já enfrentam dificuldades para atender a procura crescente por parte população local que também passou a ser pressionada pelos imigrantes.

Escolas e instituições de ensino são também pressionadas por virem a ter capacidade limitada para acomodar todos os estudantes devido ao número excessivo de filhos de imigrantes.

Por fim, sem finalizar os inconvenientes do excesso de imigração, não se sabe até que ponto o orçamento municipal pode ser suficiente para atender a todas as necessidades e procura da população acrescida pela imigração.