Não havia necessidade bastavam esclarecimentos aceitáveis
A propósito da comissão parlamentar de inquérito, Castro Almeida, ministro da Coesão Territorial, admitiu hoje que o Governo pode retirar moção de confiança se PS recuar na CPI. Parece que alguém, o primeiro-ministro, tem problemas em ser ouvido na CPI!
A propósito da crise política no início tinha confiança na honestidade de Montenegro, apesar de discordar com ele politicamente. Mas não havia necessidade se Luís Montenegro, empresário e ao mesmo tempo primeiro-ministro quase empresário, tivesse optado por outra atitude mais esclarecedora seguida de arrependimento público por falhas de esclarecimentos em altura devida.
No caso ético-político que envolveu o primeiro-ministro Luís Montenegro em vez de pegar o touro pelos cornos corria um risco menor do que tourear o dito touro apenas com uma capa furada. Luís Montenegro poderia ter sido mais hábil. A menos que haja forças no seu partido que aconselham mal e o queiram substituir e, para isso, interessa-lhes que seja ferido de morte.
Como nem tudo tem corrido bem ao seu Governo Montenegro precisava duma confirmação do seu mandato, para tal, aproveitou a crise que se bateu sobre si para aproveitar uma saída por cima com uma moção de confiança. Terá sido um risco calculado?
Pelo que se tem escrito e comentado na comunicação social algumas medidas tomadas pelo seu Governo têm corrido mal como a Lei dos solos e a saúde com a ministra da Saúde, por exemplo. Quanto à ministra da Saúde ela mais parece uma rolha de cortiça que vai flutuando apesar de mergulhada nos dramas que têm surgido na pasta que gere como pode confirmar aqui.
Quanto aos relacionados com a Lei dos solos levou à substituição de seis secretários de Estado, um deles Hernâni Dias, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território. A polémica teve início porque Hernâni Dias criou duas empresas no setor imobiliário, da construção civil e da gestão de património, que poderão ser beneficiadas pela nova Lei dos solos. Uma das sociedades foi constituída em conjunto com a sua mulher e filhos, enquanto a segunda empresa tem como sócia uma menor de idade.
“No caso de Luís Montenegro uma empresa nascida em 2021 para fornecer um conjunto de serviços de natureza pouco clara. Para mais, ao optar por não esclarecer cabalmente a atividade da empresa, alimentou a convicção de ser ele o principal serviço vendido pela empresa poderia ser a sua influência”. Aconselho leitura de artigo de opinião aqui.
Podemos ver alguma semelhança entre os procedimentos de criação desta empresa e a de Montenegro?
Os negócios da empresa familiar de Luís Montenegro atiraram o primeiro-ministro para a maior crise política do seu governo, devido às dúvidas que se levantam entre a atividade desta empresa e a possível influência na ação governativa daí decorrente.
Desde que o Governo tomou posse, a 4 de abril de 2024, a chamada “Lei dos solos” provocou polémica. Mas onde está então a polémica gerada pelo decreto? É que ela tem como objetivo permitir que as câmaras municipais possam mediante aprovação da Assembleia Municipal reclassificar um terreno rústico para um terreno urbano para possibilitar a construção de habitação se os imóveis aí edificados sejam a custos controlados surge então o caso Spinumviva que também levantou polémica, ache que não é daí que vem o problema.
Para sair por cima da crise e minimizar custos há elemntos do Governo que já pede a maioria absoluta: é um delírio ou é possível? No nevoeiro da atual crise política começou o delírio da preparação para a possível campanha eleitoral que se vislumbra do horizonte político. Ministros de Montenegro sucedem-se nas televisões para segurarem o primeiro-ministro passando a bola da “instabilidade” para o PS. Nada melhor do que o Governo, pela voz de Paulo Rangel, pedir uma maioria absoluta. “Claro que gostávamos de ter maioria absoluta, e acho que a merecemos” disse Paulo Rangel, em entrevista à Rádio Observador. Não sei se Rangel será, ou não, candidato a primeiro-ministro, mas, para este candidato a PM é um delírio.
Para o cidadão comum que não seja defensor da causa AD e de Montenegro o seu Governo tem gerido uma campanha de propaganda que não é correspondente a um primado de governação de qualidade. Agradou a uma parte da função pública ao colocar dinheiro em cima dos problemas para limitar e apaziguar as contestações de vários setores profissionais. Desde março do ano passado que foram distribuídos aumentos e outras regalias reivindicadas, nomeadamente à classe dos professores, como se não houvesse amanhã.
O alegado “sucesso da governação” que Montenegro referiu na sua comunicação é um engano. Se podemos fazer um balanço positivo da pasta da Justiça, por exemplo, é merecido, mas na Saúde é um desastre indesmentível.
A estratégia do PS e de Pedro Nuno não serão as mais corretas sabido que é que nas sondagens não são claras quanto a intenções de voto daque decorre que, para o PS poderia eleições poderia vir a ser um desastre visto que a AD iria aproveitar para se vitimizar e inverter o ónus da crise causada acusando o PS e Pedro Nuno de terem sido os responsáveis por tal. Mas quem vai ficar com vantagens é o Chega com as manobras de Luís Montenegro para tentar responsabilizar os partidos da oposição pelas explicações que o próprio primeiro-ministro deve ao país. Teve resposta dos partidos ao bluff que fez.