Moção de confiança já!
Se moções de censura apresentadas em situações de maioria parlamentar poderão ter um significado simbólico de descontentamento perante as atuações de um governo não deixam, por isso, de ser caricatas porque se conhece à partida o resultado que é o de serem rejeitadas pela maioria, salvo casos excecionais em que alguns deputados resolvam “morder a corda”.
O mesmo se poderá dizer das moções de confiança apresentadas por maiorias parlamentares. Neste caso, o caricato da situação é por demais evidente. Por aqui podemos ver como a política em Portugal está toda inquinada onde até o Presidente da República anuncia a apresentação de um moção de confiança que é depois confirmada pelo grupo parlamentar que apoia o governo durante o curto espaço de tempo de uma remodelação ministerial. Isto é, um governo remodelado sem ainda ter tomado qualquer iniciativa visível e merecedora é sujeito a uma moção de confiança. Parece-me ridículo, para não dizer lamentável.
Quem ouvir agora a cavaquista Manuela Ferreira Leite na TVI24 se aperceberá a cautela que tem quando se refere ao Presidente da República e como ela agora rodeia algumas questões que anteriormente criticava com mais convicção. Agora este governo passou a ser o do seu mentor.
Cavaco Silva, o mentor de tudo isto, tem um objetivo que não é Portugal nem dos portugueses, é dele próprio e dos seus interesses a manutenção deste governo. Pode haver justificações insondáveis nisto tudo. Tudo se passa como se alguém dissesse: se não fazes isto já sabes o que pode acontecer!
Vendo que, neste momento, eleições trariam perdas significativas para o partido que ele tem vindo a apoiar resolveu meter um pauzinho na engrenagem para emperrar, mesmo conhecendo os riscos que se verificariam relativamente aos mercados, como acabou por acontecer. Claro que juntou o útil ao agradável ao ter a consciência de que, eleições neste momento também poderiam ser prejudiciais para o país.
Sabendo nós que todos eles, os políticos que nos governam, sempre dizem, em qualquer circunstância, que é tudo a bem dos portugueses e de Portugal podemos sempre desconfiar do que nos pretendem “vender”, a desconfiança. Foi isto que Passos Coelho e o Presidente da República conseguiram ao fim dos dois anos que levaram à derrocada do país. E falam eles agora de crescimento e recuperação! Cá estaremos para ver.