Má governação, maioria absoluta ou os professores em greve
A pergunta coloca-se com algum espanto: será que tudo acontece após a maioria absoluta do Partido Socialista é meramente coincidente ou advém da má governação?
A resposta não a tenho e duvido que alguém, fora dos corredores da política, por vezes obscuros, a tenha. Quem vê o que é fornecido pelos noticiários das televisões e os bebe voluptuosamente sem acesso a outra fonte de informação, perceciona a política do país como caótica, como estando restringida aos casos diários pessoalizados sobre elementos do governo, autarcas e suas ligações a empresas e por aqui fora, diariamente os mesmos numa constante repetição.
Os cães pisteiros chamadas fontes direcionam-se para tipos de busca muito específicos e bem definidos, num sentido único, rebuscando, à falta de melhor, processos há muito não falados, alguns deles, ainda em investigação que fazem regressar pela mão dos noticiários como se fosse novos factos. Também, por coincidência, as greves oportunistas mobilizadas por sindicatos dos professores que aproveitam a onda induzida pela direita unida à esquerda, única coisa que têm para fazer oposição e desviar as atenções do que realmente o Governo está a fazer e que mereça de facto oposição.
No portal do PSD, pode ler-se numa espécie de propaganda para captar votos, a posição de Luís Montenegro a considerar que “a política de educação do Governo merece a reprovação, o chumbo”, numa semana em que os professores prosseguem com a contestação e iniciaram uma greve nas escolas de todo o país. Defendendo implicitamente uma greve que prejudica os alunos e as suas famílias, mas que, durante anos da sua governação, em nada contribuiu para o que agora defende.
A acrescentar trazem para controvérsia um novo agora emergente devido à Jornada Mundial da Juventude e os orçamentos exorbitantes para a construção dos altar e bancadas para o evento onde o Papa Francisco irá celebrar a missa final. Visto a tendência ser de ataques sistemáticos sobre casos vários para atingirem o PS e o Governo, este poderá vir a ser, se o conseguirem, mais uma acha para a fogueira, daí se dedicaram só agora o valor exorbitante.
O esquema poderá ser furado porque se poderá virar o feitiço contra o feiticeiro. Recordemos onde assenta a base orçamental para a tal construção por ajuste direto e cuja notícia tem sido divulgada com uma narrativa confusa nas explicações e pouca clara eventualmente com o intuito de confundir o espectador que absorve tudo sem reserva o que a televisão diz. Até ao momento temos ouvido apenas as justificações do Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. O Presidente da República Marcelo e o bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude, D. Américo Aguiar confessou sentir-se “magoado” com os cerca de 5 milhões de euros destinados ao altar-palco do Parque Tejo e o Presidente diz ser muito, ambos tentam colocar-se fora do enredo dos cinco milhões.
Vejamos alguns antecedentes. Quando foi votado na especialidade o Orçamento do Estado para 2022, no ponto que dizia respeito à formação de contratos no âmbito da já referida Jornada Mundial da Juventude, o PS e o PSD foram os únicos a aprovar. O PCP, BE e PAN abstiveram-se e o IL e o Chega votaram contra.
Na votação do mesmo Orçamento para 2023, o partido Iniciativa Liberal alterou a sua posição e votou favoravelmente o artigo que visava a formação dos tais contratos.
O BE responsabilizou na passada quinta feira responsabilizou o PSD, PS e IL pela "decisão política" de terem votado favoravelmente no orçamento o aumento dos limites dos ajustes diretos para a Jornada Mundial da Juventude, que tem agora como consequência um "altar vergonhoso". O BE, que se tinha abstido em 2022, Mortágua defendia que os ajustes diretos tivessem limites maiores. PCP e PAN mantiveram a abstenção, enquanto o BE votou contra, assim como o Chega. Por seu lado, os deputados do PS, PSD e IL votaram a favor.
O Chega votou contra, ao lado de um partido da extrema-esquerda. Será que a sua postura contra um evento que envolve altos custos, mas é importante para a Igreja Católica em Portugal o poderá favorecer face ao eleitorado profundamente católico? A Igreja Católica, o Patriarcado, o presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude e o Presidente Marcelo estão implicitamente envolvidos e com os mesmos pontos de vista em relação à verba.
O Presidente distancia-se e coloca-se dum ponto de vista austero no que se refere às despesas orçamentadas e pede altar adequado aos tempos de crise e à “visão simples” do Papa e envia recado a autarquias, Estado e Igreja Católica, mas segundo o DN o “Patriarcado diz que Marcelo sabia dos custos do palco. PR nega ter sido informado.” O jornal Observador apresenta uma versão idêntica ao escrever que o “Presidente diz que soube "informalmente", através de jornalistas, dos custos do altar-palco e que não recebeu qualquer informação”. Foi muito evidente na altura que o Presidente foi um dos que mais entusiasmo mostrou pela vinda deste evento.
Não há almoços grátis e a segurança e a dignidade da mais alta individualidade da instituição Igreja Católica no evento deviam saber teriam de ser asseguradas.
Pois bem. Agora temos declarações, atrás de declarações, pedidos de assinaturas contra os gastos, espera-se que seja só do lado das esquerdas cujo argumento é que estas despesas não devem ter o contributo num Estado que é laico.
Como na aprovação do Orçamento do Estado para 2023 a verba para o evento também teve aprovação da direita talvez o ataque ao PS não siga por aí, mas como o projeto foi entregue à Mota-Engil, vamos ver o que virá por aqui!