Chamar terrorista a um grupo que usa os métodos e os meios do terrorismo não é perder a objetividade. Ser independente na análise não significa ser neutro.
Não é humanamente possível, nem aceitável, não tomar um lado do conflito, pois devemos estar incondicionalmente a favor do povo palestiniano e do povo israelita, e incondicionalmente contra o Hamas ou qualquer outro grupo terrorista. Assim como, devemos exigir que Israel cumpra as regras do Direito Internacional Humanitário de distinção, proporcionalidade, necessidade militar e humanidade. Esta é a única posição internacional que fará com que este conflito diminua o número de vítimas e que permite manter a nossa humanidade. Não ter esta posição é aceitar sermos controlados pela narrativa do lado errado. De nada serve estar a favor dos palestinianos e não estar contra o Hamas, porque o Hamas não está a proteger os palestinianos. Nunca o fez. Os terroristas precisam de vítimas para continuarem a ser quem são. E os palestinianos são as suas vítimas de eleição.
Esta confirmação está patente nos quartéis em zonas urbanas civis, em armamento guardado em escolas, nas barricadas colocadas na estrada para impedir a fuga dos palestinianos depois dos avisos de Israel, no elogio público ao Egito por não abrir as fronteiras, no incitamento à permanência em Gaza, mesmo com a possibilidade de bombardeamentos e no lançamento de rockets de Gaza que caem em Gaza, culpando Israel.
O Hamas entrincheirou-se em Gaza com mais de dois milhões de reféns palestinianos que são o seu maior escudo. Se os civis saírem, a causa do Hamas fica enfraquecida e é uma enorme desvantagem neste confronto assimétrico. E tendo em conta que é um grupo terrorista, o seu grande objetivo é rentabilizar o máximo possível o número de vítimas e de mortos. Quanto mais mortos houver, mais responsabilidade pode colocar em Israel. O Hamas sabe que tem tanto mais hipóteses de ganhar força quanto mais elevado for o número de mortos palestinos, porque mais comoção causa na opinião pública e mais pressão a comunidade internacional fará sobre Israel.
Chamar terrorista a um grupo que usa os métodos e os meios do terrorismo não é perder a objetividade. Ser independente na análise não significa ser neutro. Porque ser neutro neste caso é ser a favor das atrocidades praticadas. Não é possível aceitar um grupo que tem uma filosofia de extermínio e de aniquilação de um povo, seja ele qual for.
Quem atacou primeiro é, nos dias de hoje, uma sequência irrelevante, porque quem atacou já foi atacado, e quem atacou porque foi atacado também já tinha sido atacado antes. Mas os que estão a atacar e a ser atacados não são os mesmos que estão a ser atacados no sofrimento e no desespero. E é para as vítimas civis dos dois lados que deve ir a nossa indignação e compaixão.
Sabendo que o Hamas e Israel são protagonistas de um dos conflitos mais difíceis do mundo, a imprensa internacional tem a obrigação deontológica de validar as fontes de informação e guiar-se pelo princípio da precaução quando não tem certezas. Porque não é aceitável que o jornalismo sensacionalista noticie as narrativas do Hamas como sendo a verdade dos acontecimentos. Como o que aconteceu com o ataque ao hospital em Gaza.
Quando Israel noticiou o ataque a civis e os raptos feitos pelo Hamas a 7 de outubro, toda a gente pediu provas, mas quando o Hamas noticiou o ataque ao hospital em Gaza a 17 de outubro e responsabilizou Israel, isso foi assumido como uma verdade. E o Hamas foi a única fonte de informação. No decurso da divulgação dessa notícia, as contestações contra Israel estenderam-se perigosamente a vários países e a possibilidade de líderes políticos negociarem uma solução foi mais uma vez adiada. É exatamente a reação de que os terroristas estão à espera.
Neste sentido, a imprensa internacional está a trabalhar pro bono para disseminar a propaganda que o grupo Hamas pretende. Até agora a narrativa do Hamas já venceu, e isto pode ser um enorme problema para todos nós.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico