Greve ou não greve? Eis a questão!
Há quem não saiba, como eu, o que é fazer greve porque nunca participei em nenhuma, apesar de reconhecer que algumas foram e são justas.
A questão sobre a greve dos professores é uma discussão inútil que se centra, a maior parte das vezes, sobre o prejuízo causados aos exames dos alunos e às famílias. Todavia, reconhecem os críticos que os professores têm, como qualquer outro trabalhador, direito a fazer greve.
Em qualquer greve que os professores façam, quer seja às aulas, às avaliações, aos exames, quer seja a qualquer outra forma relacionada com a atividade pedagógica e de docência, existe sempre o argumento de que prejudica os alunos e as famílias.
Assim sendo, parece existir um paradoxo porque os professores têm direito à greve, mas não devem, para não dizer não podem, exercê-lo desde que prejudique os alunos. Então quando é que os professores podem exercer o direito à greve para lutarem pela defesa de direitos ou contra qualquer decisão que lhes cause dano? Visto desta forma nunca. Não há qualquer momento na atividade docente que não prejudique os alunos a não ser nas férias e, mesmo assim, há sempre algo que pode colidir com os direitos dos alunos. Fará isto sentido? Claro que fica em aberto a possibilidade causal do menor dano possível. Mas, o objetivo das greves é o de criarem o maior impacto possível, sem o que se perderia o efeito desejado. A não ser assim não valeria a pena proclamar greves.
É neste sentido que talvez o primeiro-ministro tenha admitido no Parlamento a possibilidade de mudar a lei da greve porque, segundo ele, “Há desproporção entre o direito à greve e o interesse público. Assumo aqui publicamente o compromisso de mudar lei impedindo que as famílias e os estudantes sejam afetados.” Ora, mudando a lei esta fica limitada porque, como anteriormente foi afirmado, qualquer greve afetará sempre as famílias e os alunos. A lei ao ser mudada é previsível que não o seja apenas para os professores, mas também para toda e qualquer outra atividade profissional, visto que uma greve afetará sempre os utentes dos serviços sobre os quais ela for declarada e poderá ser sempre considerada desproporcional.