Geronto-nazismo
A intolerância, a perseguição e a discriminação de quaisquer grupos específicos seja por motivos rácicos, políticos ou outros entram no campo da ideologia neonazi. A estes movimentos neonazis são atribuídos crimes que, em certos casos, se podem classificar como genocídios. Apenas como curiosidade veja-se apenas um pequenino extrato da doutrina nazi: “… algumas culturas… eram vistas como parasitária ( Subhumans ), principalmente judeus, mas também ciganos, homossexuais, deficientes e os chamados antissociais, os quais foram considerados lebensunwertes Leben (indignos da Vida), devido à sua deficiência percebida e inferioridade.” A isto faltaria, talvez, acrescentar os idosos.
Há um aumento generalizado da extrema-direita na Europa ao qual as notícias em Portugal não têm dado muita relevância a não ser por altura de eleições ou quando há sondagens em alguns países europeus como, por exemplo, em França com o crescimento do partido Frente Nacional da extrema-direita. Nem sempre alguma direita radical estará conotada com os movimentos neonazismo mas, na sua maior parte, muitos destes grupos formados essencialmente por jovens têm vindo a infiltrar-se naqueles partidos mais à direita.
Uma eurodeputada holandesa do grupo dos Socialistas e Democratas afirmou à Euronews que “Estes grupos antigamente marginais estão a crescer cada vez mais. O que é assustador é o facto de os partidos de direita se apropriam desse discurso e o colocam em prática”.
Em Portugal, nos últimos meses, o Governos e os seus apoiantes têm fomentado uma animosidade relativamente ao vasto grupo de idosos reformados e pensionistas. As abordagens neonazis podem começar, por exemplo, com afirmações como as do deputado do PSD, Carlos Peixoto, (para quem não o conhecer basta clicar no nome), ao dizer ou escrever que: “A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País.". É este o pensamento de um deputado do PSD. Digam-me se isto tem ou não contornos de um neonazismo que, com mais propriedade, qualifico com um novo léxico: geronto-nazismo.
A exaustão pela asfixia financeira dos idosos, obrigados a descontar, enquanto no ativo, durante dezenas de anos para terem direito a uma reforma proporcional aos seus rendimentos, não se verifica somente pela obrigação de descontos para o IRS (coisa nunca vista em nenhum país), taxas especiais de solidariedade (inversão dos fatores!), cortes nas reformas e outras que seguirão, levando ao empobrecimento progressivo. Acresce a tudo isto o aumento do IMI, das rendas de casa, da eletricidade, do gás, da água, dos transportes, dos bens de primeira necessidade que, para quem defende tudo isto, acham que são supérfluos, mesmo a alimentação. Até parece que se pretende que este grupo social já não precise de se alimentar convenientemente para morrem mais rápido. É este o pensamento de quem nos está a governar e que, por lapso, muitos colocaram no poder porque fizeram crer que iriam salvar os portugueses, sabe-se lá de quê, e cada vez mais os afundam sem retorno.
Pretendem os que nos governaram e governam, assim como certo capital financeiro, colocar a culpa do infortúnio da situação portuguesa sobre os reformados, isentando-se das causas que nos conduziram a esta situação.
São jovens (pelos quais tenho e sempre tive muita estima visto que também sou pai e professor) são agora a classe suprema e especial que se deve sobrepor a tudo e que se incentivam a culpabilizar os mais velhos por serem os causadores do desemprego dos jovens, entre outro disparates, como em tempo disse um senhor que, bem-vinda a hora, já saiu do Governo, para provocar divisões e rutura na coesão social.
Os senhores que defendem aquele tipo de ideias, não vão com certeza encontrar a fonte da eterna juventude, mas saberão na altura, quando chegar a vez deles, tomar medidas para se protegerem.
A tudo isto resta apenas acrescentar o que alguns poderão estar a pensar: Temos que arranjar para os velhos uma solução final, natural e subtil, através da exaustão por asfixia financeira até à morte, porque não polui o ambiente.