Feira de condecorações e o presidente partidário da Paff
O Presidente da República Cavaco Silva ao mesmo tempo que desprestigia uma distinção honorífica que devia ser dada apenas a quem se distingue por excelência quer por serviços prestados à sociedade, quer por trabalhos ou influência social, política ou econômica que lhes confiram esse prestígio, fica "aliviado" com a venda da TAP. Mas alívio porquê? Estaria ele aflito com algo sobre a TAP?
Cavaco Silva transformou o que devia ser a sessão solene das condecorações numa espécie de feira do relógio onde tudo se vende ao desbarato.
Condecorou o alfaiate, digo estilista, da "sua esposa" com uma comenda. E porque não a peixeira, com todo o respeito que tenho pelas peixeiras que me vendem sempre peixe fresco, e o meu talhante que me corta uns bifes de qualidade (não todos os dias, porque estou impedido disso, pelo menos diz a senhora Jonet) e poderíamos ir por ai fora.
Este absurdo é muito bem analisado por Carlos Esperança quando diz "O que surpreende não é a condecoração cair num estilista, é a distinção incidir no da mulher do PR e ser atribuído o mais alto grau de uma das maiores condecorações. Assim, estranha-se que tivessem sido ignorados o sapateiro, a manicura e o cabeleireiro e esquecida a Ordem de Mérito Empresarial, Classe de Mérito Comercial, ao vendedor de frutas e legumes para o Palácio de Belém ou a comenda do Mérito Industrial para o fabricante e fornecedor de pastéis de bacalhau."
Este PR é uma caso perdido e a sua senilidade começa a ser evidente e os seus assessores não o sabem aconselhar ou, então, não servem para nada e apenas recebem o ordenado da função pública, porque ele é que ditatorialmente impõe o que quer, e pronto.
Caprichos de um Presidente cujo perfil eu vejo sem isenção, comprometido com o Governo, partidário que complementa e reproduz as narrativas do Governo e se compraz em vingar-se dos seus adversários ou de quem se lhe oponha ou o contrarie. Basta ler com atenção o seu discurso de posse deste seu segundo mandato.
Até hoje ainda não me deu oportunidades para reconhecer as suas virtudes enquanto ator político. Sim político, porque a função dele é também política, embora seja a única coisa de que se quer distanciar. Faz de conta parecer que está acima dos políticos e da política. Não está acima dos partidos, ele está com os "seus partidos".
O senhor PR engana-se, é político e dos maus ao afirmar-se e ao demonstrar nas suas intervenções que não é Presidente de todos os portugueses.
Um verdadeiro Presidente da República, quer seja eleito por 40% ou 50% ou qualquer outro número que o colocasse em Belém deve ser o Presidente de todos, mesmo daqueles que não lhe deram o seu voto.
A visão de Cavaco Silva sobre a presidência sempre foi enviesada. E com aproximar das eleições legislativas só falta que pegue numas bandeirinhas do PSD e do CDS e se ponha a acená-las da sua varanda.