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EUA empresa unipessoal com autocracia no poder

12.11.24 | Manuel_AR

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Início este texto com uma notícia que todos os jornais do EUA e também na Europa divulgaram em maio de 2024. O jornal inglês The Guardian notava que “Donald Trump compartilhou um vídeo na sua conta Truth Social fazendo referência a um ‘reich unificado’ se Trump vencer a eleição presidenciais em novembro”. Depois de ser criticado por isso em alguns setores por mais de meio-dia foi removido. Várias justificações foram dadas para tal pelos elementos da campanha.

O vídeo colocado na segunda-feira 22 de maio permaneceu no ar por 15 horas na manhã de terça-feira, apesar da referência ter sido apontada pelos meios de comunicação. Foi removido da conta do ex-presidente por volta das 10h do Leste EU na terça-feira.

Há quem critique os que não veem na vitória de Trump bons prenúncios para os EUA e para parte do resto do Mundo. Um deles é Jaime Nogueira Pinto que numa entrevista ao jornal SOL em modo de crítica escreveu: “Tive de ter paciência para ouvir teorias espantosas sobre o mal que vem ao Mundo com Trump”. Hoje mesmo (8/11) o Diário de Notícias publicou um artigo de opinião (ainda bem que é apenas uma opinião) onde ele defende o que para a maioria dos comentadores é mau porque na sua perspetiva não vai ser assim tão mau.

A culpa é da esquerda, diz ele, porque a “Esquerda conseguiu que Hitler e do Holocausto ficassem eternamente colados à “Direita”. Logo, parece que o mau apenas o é porque a esquerda assim o disse. Claro que, também classificou como muito mau, e bem, que são maus “os horrores do comunismo, ou os absolvesse como parte dos danos colaterais do Bem e da Virtude – das Fomes da Ucrânia ao Arquipélago de Goulag, dos massacres de Budapeste ao Grande Salto em Frente da China”. E conclui: “todo o líder que começa a ensombrar o domínio da Esquerda passa automaticamente a “fascista” e a “novo Hitler”. A culpa é da esquerda que assim os denomina, porque se não fosse isso não eram maus seriam até bons! E, pondo de lado a esquerda ou a direita, face à objetividade dos factos para Nogueira Pinto a maldade dos fascistas e autocratas é tudo invenção dos media?

Para Nogueira Pinto as ideias e os pensamentos expressos que conduzem a ilações de fascista ou de “novo Hitler” ditas pelos interlocutores, neste caso Trump, é a Esquerda que fica perturbada pela sua perda de influência, logo os classifica daquele modo.

Para ele os media são facciosos porque os media de referência nos impõem “ad nauseam” como única referência, como única causa moralmente superior, verdadeira, democrática, virtuosa... um dos lados.”. Jaime Nogueira Pinto só tem um olho, porque o outro está obscurecido, se assim não fosse teria visto o que os media laçam cá para fora sobre as atrocidades discursivas “trumpianas”. Nogueira Pinto passa ao lado do que Trump disse durante a campanha o que parece não ter apreciado.

Vamos agora analisar possíveis consequências e receios da vitória de Donald Trump. Uma primeira vantagem para Trump segundo o Euronews foi a fortuna pessoal de Trump ter aumentado com a subida das ações da sua empresa de comunicação social após terem saído os resultados.

Por outro lado, Trump parece ter lido o compêndio resumido do “Mein Kampf” já que muitas das suas afirmações durante a campanha assim o mostram como se verá adiante.

O que de facto preocupa a maior parte do Mundo é a resposta à questão:  o que espera o Mundo de Donald Trump? Ao analisarmos as palavras que Trump disse nos comícios e se avaliarmos o que isso sugere e pode significar perceber-se-á sem esforço.

Recordemos e comparemos alguma palavras que ditadores do passado e do presente utilizaram e utilizam para atrair os sem escrúpulos, os plenos de egoísmo que vêm naquele tipo de linguagem a salvação dos problemas que os afligem e ao povo.

Se tivermos atenção as intervenções de Trump nos comícios perceberemos como palavras sensíveis e carregadas de “História” como “deportação”, “países de merda”, “vermes” ou “miseráveis” foram pronunciadas sem escrúpulo. Isto encontra-se em alinhamento com o pensamento de que “Se deseja a simpatia das grandes massas, deve dizer-lhes as coisas mais grosseiras e estúpidas.”(Adolfo Hitler)

Isto leva-nos a refletir sobre as semelhanças de pensamento de Trump com muitas das afirmações escritas no livro anteriormente referido,“Mein Kampf”. Repare-se numa das frases do discurso de vitória de Trump: “Muitos dizem que Deus me poupou a vida por um motivo”. Compare-se com o que Hitler terá escrito ou dito: “Quem disse que não estou sob a proteção especial de Deus?”.

Sobre a imprensa Trump expressou também a sua opinião sem embaraço sobre os media que não o apoiavam. Afirmou que os media davam notícias falsas e ameaçou destruir a imprensa e ameaçou jornalistas. Durante aa campanha e em entrevistas, Trump sugeriu que, se recuperar a Casa Branca, se vingará dos meios de comunicação que o irritam. Mais especificamente, Trump prometeu colocar repórteres na cadeia e retirar as principais redes de televisão de suas licenças de transmissão como retribuição pela cobertura de que não gostou.

Veja-se o que Hitler escreveu sobre a imprensa à época quando cumpria pena de prisão (1924): “Comecei também a examinar debaixo do mesmo ponto de vista a grande imprensa de minha predileção. À proporção que o meu exame se aprofundava diminuía o motivo de minha antiga admiração por essa imprensa. O estilo desses jornais era insuportável, as ideias eu repelia-as por superficiais e banais e as afirmações pareciam aos meus olhos conter mais mentiras do que verdades honestas.” (Mein Kampf, p. 58, tradução).

Assim, a reeleição de Trump pressagia um novo período de hostilidade com os principais meios de comunicação que buscam a imparcialidade, bem como com os meios de comunicação partidários que se lhe opõem. Isso leva-nos ainda a outro tipo de questões. O governo Trump transformará as suas palavras contra a imprensa em ações? Irá revogar as licenças das emissoras de televisão, como sugeriu várias vezes?

Porque há a promessa de Trump de limitar o acesso da imprensa à Casa Branca, impedindo repórteres de que não gosta. De facto, em 2023, horas antes dos seus comentários terem sido divulgados, segundo a AP (Associated Press), um aliado de longa data que deve ocupar um cargo de alto escalão na segurança nacional se Trump voltar à Casa Branca prometeu atacar jornalistas num segundo mandato de Trump.

Assim, os eleitores americanos votaram em alguém como Donald Trump que sobreviveu a uma condenação criminal, a acusações, a um atentado (?), a acusações de autoritarismo e a uma mudança sem precedentes de seu oponente. E, mesmo assim, numa surpreendente reviravolta política, será o próximo presidente dos Estados Unidos.

Parece que os potenciais planos desafiadores de Trump para derrubar o sistema político do país atraíram dezenas de milhões de eleitores. Conseguiu conquistar apoio entre os eleitores latinos e afro-americanos da classe trabalhadora, que deu ao Partido Republicano esperança de uma nova maneira de vencer em uma nação polarizada.

Os especialistas em política dos EUA apontam para que alguns eleitores viam Trump como a sua única opção para combater o que percecionavam como imigração descontrolada e para impulsionar a economia. Outros apontam para que alguns eleitores foram compelidos pelo poder de sua campanha. Mas muitos americanos acharam-no desagradável, e sua vitória pode dizer mais sobre a insatisfação do país os candidatos do Partido Democrata.

No New York Times num artigo de opinião do correspondente da Casa Branca escrevia que “Com sua vitória de regresso para recuperar a presidência, Trump estabeleceu-se agora como uma força transformacional remodelando os Estados Unidos à sua própria imagem.”.

Veremos como será, mas algo de bom não se espera para a América e para o Mundo.

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