Está em andamento a pesca aos votos
Todos sabemos que os partidos políticos pretendem, nas circunstâncias que se proporcionem, influenciar os eleitores para recolherem o máximo de votos possíveis. Faz parte das democracias. Utilizam os meios ao dispor para atrair o voto. Para tal o Governo AD tem cedido às reivindicações da maior parte das organizações profissionais, quer do setor privado, quer do setor público seguindo a estratégia de colocar dinheiro em cima das reivindicações sociais e profissionais que se tornem incomodativos. Isto não significa que que não houvesse justeza nas reivindicações.
Quando se aproximam eleições a atividade e as estratégias desenvolvidas pelos partidos entram em efervescência com muita antecedência, quer seja para a manutenção do poder, quer seja para aumentar a sua força negocial, quer seja, ainda, para alcançar o poder.
No momento atual é o OE que serve para a manutenção do poder dado a força parlamentar que apoia o Governo ser ténue e só com negociações e alianças o conseguirá.
Mas outras eleições se aproximam, as autárquicas de 2025 que poderão decidir a continuação, ou não, do Governo AD (PSD e CDS).
Imigrantes e jovens estão na moda e os segundos são um eleitorado alvo apetecível. A maior parte dos partidos fazem entrar nos seus discursos a palavra jovens. Prometem-lhes tudo. Para ficarem e para regressarem, prometem-lhes benesses como o IRS jovem, habitação, transportes, baratos, etc.
O Governo distribui pelos mais variados rendimentos e aos mais diversos grupos de interesse, uns mais legítimos do que outros, para fingir que está a governar.
No dia 5 de outubro, dia das comemorações da Implantação da República, serviu para o Presidente da Câmara de Lisboa fazer também sua propaganda. Anuncia com pompa e circunstância a retirada do espaço da Igreja do Anjos na Av. Almirante Reis dos Sem-abrigo que há anos ali se instalaram. Estes Sem-abrigo foram retirados da zona da Igreja dos Anjos e hospedados em hostels por “tempo indeterminado” a custas dos impostos autárquicos. Este tipo de campanhas de autopromoção não resolve o problema. Tratou-se apenas duma operação cosmética muito específica no tempo e no espaço. Os que dizem que Portugal precisa ainda mais de imigrantes poderia ver nestes Sem-abrigo uma percentagem significativa de imigrantes que perderam o emprego, não conseguem trabalho ou não têm salário que lhes possibilite pagar um teto para dormir.
Para os partidos os imigrantes e os jovens estão agora no centro da política e os segundos são um eleitorado alvo apetecível. A maior parte dos partidos têm nos seus discursos a incidência da palavra jovens. Prometem-lhes tudo: habitação, transportes, baratos, e mais um manancial. O IRS jovem é uma bandeira da AD cuja eficácia é fortemente duvidosa conforme alegam vários organismos nacionais e internacionais para além de beneficiar filhos de classe mais altas que darão o nome para a compra para usufruir desta medida e depois fazerem negócios de sublocação ou de aluguer de quartos.
Segundo uma sondagem da RTP mais de metade dos jovens portugueses dos 18 aos 35 anos pensa sair do país. Não é certo que o IRS jovem conseguisse resolver o problema já que esta sondagem de opinião conclui também que os jovens querem carreiras profissionais que permitam ter tempo livre, e conciliar com a vida familiar assim como salários elevados.
Escrevi em março do ano corrente no blogue “A Propósito de Tudo” que “os pais e avós destas gerações não tiveram a vida nada facilitada. Tinham de trabalhar para pagar a habitação a alimentação e a educação dos filhos e em alguns casos até a deles próprios. Não tinham acesso à cultura nem a espetáculos porque o salário era muitas vezes contado para as despesas obrigatórias e os passeios e férias eram condicionados pela disponibilidade financeira.” “O que vemos nas últimas décadas, sobretudo na época de primavera verão é a organização de concertos por todo país cujos espaços se esgotam e onde há consumo desenfreado de álcool (diga-se que é mais de cerveja), para já não falar das discotecas, restaurantes onde jovens consumem álcool à discrição com dinheiro grande parte das vezes abonados pelos pais.”
Também Filipa Roseta, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa escreveu um artigo dito de opinião que o Público aceitou, mas que não é mais do que uma espécie de folheto propagandístico duma qualquer empresa de construção. É uma vulgar propaganda promocional do atual Presidente Carlos Moedas. Publicado como artigo de opinião, não me pareceu que tal o seja visto que, segundo os mais diversos artigos de investigação em comunicação jornalística é artigo de opinião é um texto dissertativo-argumentativo em que o autor expressa as suas perspetivas e argumentos sobre um tema específico seguido de um desenvolvimento cuja argumentação é construída, culminando numa conclusão que resume a posição do autor e, por vezes, sugere soluções ou apela à ação. Não é o caso. Este artigo é um enumerar de dados estatísticos para preparara as eleições autárquicas do próximo ano.