Em política não se pode ter memória curta
Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta
John Galbraith
Dois anos após da tomada de posse deste Governo é bom que nos lembremos que os partidos que agora estão no poder estiveram, não ainda há muito tempo, na oposição. Nessa altura, em que o desvario de José Sócrates, falava na construção de um TGVs, num novo aeroporto, na reconversão da escolas, em que gastou dinheiro em acabamentos luxuosos. Falava-se ainda na construção de uma nova ponte sobre o Tejo, tudo para estimular a economia.
Na mesma altura, o PSD e o CDS então na oposição criticavam, e com razão, todos aqueles investimentos que achavam desnecessários e despesistas. Indignados criticavam tudo o que fosse estímulo à economia via investimentos do Estado. Não foram contudo tão perentórios a criticarem na mesma altura as PPP.
O que se começa a delinear agora é que os partidos do Governo, PSD e CDS, estão a pegar no que antes criticavam para, segundo eles, se começar a impulsionar a economia, como se antes não fosse também um dos motivos que justificassem os referidos projetos no tempo de José Sócrates. Abre-se novamente o balão de oxigénio do governo. Retomam-se então, embora com outros nomes, projetos como o de relançar a construção e o imobiliário (lembram-se da requalificação escolar?), o do comboio de mercadorias para alta velocidade para ligar a Espanha (caso do TGV mas agora com nome mais “rasca” para não levantar dúvidas), a retoma do novo aeroporto de Alcochete do qual se volta a falar nos gabinetes, o novo porto da Trafaria na margem sul do Tejo, com impactos ambientais negativos e que, para distribuir mercadorias para norte, vai ser necessário arranjar novas vias de comunicação ferroviárias e rodoviárias (nova ponte sobre o Tejo ou qualquer outra coisa). Tudo obras públicas que este Governo combatia a pés juntos.
Cabe perguntar quem irá ganhar com os estudos caríssimos destes projetos que se irão encomendar a gabinetes privados. Com certeza alguns que estão à espera de arrecadar dinheiro (de todos nós) que o Estado irá pagar para, no final, se chegar à conclusão de que não temos dinheiro suficiente para os tais projetos Mas têm sempre a hipótese de constituir mais PPP´s gravosas como o foram no passado e continuam a ser, justificando que sai mais barato e é mais eficaz. Então para o seu cumprimento virá mais austeridade e aumento de impostos e taxas. Foi assim no passado e irá ser assim no presente e no futuro!
Não podemos esperar sentados para ver. Temos que estar alerta para tudo e participarmos nos movimentos cívicos que se organizem para que a mesma receita não se repita, e não nos enganem novamente, desta vez, com outros que tais…