Dois pontos do artigo de Teresa de Sousa
In jornal Público 29 de maio de 2021
………………………………………………………………….
“A vida humana não tem prazo de validade, mas o mais indigno foram os estereótipos com que a questão foi sendo tratada, incluindo na comunicação social. Os “velhos” – quer dizer, os que têm mais de 65 ou 70 anos – foram e são olhados como equivalentes a “inúteis”. Reformados, fechados nas suas casas, tendo como única ocupação olhar para os televisores e matar o tempo que lhes sobra. Nada disto é verdadeiro. A maioria das pessoas com 65 ou mais anos tem hoje uma vida activa, que inclui, muitas vezes, um trabalho exactamente igual aos outros nos mais variados sectores. A sua vida é tão activa como a de uma pessoa de 30 ou 40 anos. Vão ao supermercado, arrumam a casa, ajudam as famílias, vão ao cinema e ao teatro, lêem livros, frequentam os restaurantes. E trabalham. Mas, nessa altura, era “prioritário” vacinar um rapaz saudável de 30 anos, professor ou bombeiro, cheio de saúde.
Como interpretar isto? Ainda tenho dificuldade em perceber, a não ser recorrendo à ironia: resolver o problema da sustentabilidade do regime de pensões.”
*****
………………………………………………………………….
“Só uma nota final ao cuidado dos responsáveis. Já toda a gente reparou que, nas ruas de Lisboa, há hoje dois tipos de pessoas: os portugueses, todos de máscara, e os estrangeiros quase todos sem máscara. Nem no rosto nem na mão. Talvez no bolso, não sei. Cruzo-me com imensos. Nunca vi um agente da PSP chamar a atenção para o facto. Percebo que os turistas nos fazem falta. Mas talvez fosse conveniente – no aeroporto, nos hotéis, nos restaurantes ou a própria PSP – informá-los delicadamente de que a máscara na rua continua a ser obrigatória. Quando os cientistas nos explicam todos os dias o significado das variantes e como o vírus se vai adaptando aos graus de imunidade que encontra pela frente, talvez não fosse má ideia.”