Depois não se queixem
Sobre os milhões que andam por aí oportunamente a ser distribuídos e as mensagens positivas de otimismo sobre o sucesso da economia, estou convicto que, caso a coligação PAF venha a ganhar as eleições, serão arranjadas justificações que irão retroceder tudo o que fizeram neste período e a apologia da austeridade voltará plena de vitalidade no discurso do governo que se formar. Temos ou não provas disso no passado com Passos Coelho? Ah! já esqueceram? Fazem bem...
O pensamento que lhes está subjacente é que não importa que se prometa, omita e minta porque após a posse do Governo legitimado por uma maioria da PAF poderão sempre voltar atrás por quaisquer motivos de imprevisibilidade.
Os portugueses parecem ser atreitos a "emprenhar pelos ouvidos" especialmente pelos órgãos de comunicação social e dos comentadores afetos ao Governo com laivos de independência. .
As pessoas que "emprenham pelos ouvidos" são todas aquelas que acreditam piamente na primeira patranha que lhes contam, sem questionar a veracidade da mesma, sem fazer qualquer juízo crítico nem tentar ouvir outras versões de uma mesma história.
Isto tanto no que se refere ao caso Sócrates, sobre o qual nada se conhece de concreto nem factualmente, nem nada está confirmado, nem julgado sequer, a não ser suposições e insinuações feitas por jornais sequiosos de vendas; sobre a situação da Grécia da qual só ouvimos um lado; a propaganda do Presidente da República que vem, a propósito de tudo e de nada defender e apoiar a coligação.
O Governo e o Presidente da República têm vindo a vender aos portugueses gato por lebre falando num país em fraca recuperação baseados em indicadores estatísticos que, apesar de valerem como tendência, num trimestre seguinte podem mudar devido a váriáveis conjunturais europeias diversas.
Nas últimas sondagens de junho de 2015 a coligação liderada por Passos Coelho e Paulo Portas conseguiria, neste momento, 38% dos votos, enquanto os socialistas se ficariam pelos 37%. O PCP mantém-se nos 10%, enquanto o Bloco de Esquerda duplica o seu resultado para 8%. Os restantes partidos não conseguem resultados relevantes.
Como se pode isto explicar senão por razões de credibilidades ingénua dos portugueses do receio do reaparecimento de características que pertenciam ao passado que tinham já deixado de se manifestar e que voltam a fazer ressuscitar, devido às mensagens que lhes têm feito chegar de medos infundados e de sucesso das medidas.
Como se pode explicar que 40% considerem que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo terão um efeito positivo (40%) no seu bem-estar? Os que acham que terão um efeito negativo (43%). Uma diferença de apenas três pontos percentuais, quando há pouco mais de um ano era de 17 pontos.
Será possível que os portugueses sejam tão ingénuos que ainda acreditem nas patranhas que lhes estão a vender em campanha eleitoral? Afinal parece que tenho que concordar com todos os que dizem que os portugueses têm memória curta.
Na época de estagnação política e do jornalismo, com a interrupção do Parlamento durante os meses de verão nomeadamente em agosto, a chamada Sily Season, é a altura em que o Governo poderá vir a tomar medidas impopulares porque ninguém estará atento. Não terá sido por acaso que o Presidente da República pretendeu lançar as eleições para setembro ou outubro.
Depois não se queixem.