Cómicos da política
O candidato à Presidência da República Marcelo é um cómico que anda pelo país a fazer o quê? Segundo São Marcelo disse, durante uma das suas digressões, que a proximidade com as pessoas "é muito importante mas que em rigor não caça votos nenhuns, isto é, as pessoas já têm na cabeça o voto ou não voto, à distância de dez, nove, oito dias já ninguém muda de voto". Mas então para que gasta ele tempo e dinheiro? Será para aproveitar e fazer turismo? Veja-se a arrogância do senhor que viveu mais de dez anos a autopromover-se e a fazer a cabeça a muitos portugueses. Só não percebe isto quem não quer.
Marcelo é um candidato da história de certa direita portuguesa. Quando intervém regressa ao seu passado político e professoral, (vejam só, 25 mil alunos, importante para ser bom Presidente) sem clarificar o que pensa sobre o futuro e nisso compete com Maria de Belém.
Num futuro mais ou menos próximo o mais provável é apostar na conivência com as propostas da oposição geridas pelo anterior Governo. Está-lhe no gene político-partidário. O objetivo pode ser tentar jogadas para empossar, através de eleições antecipadas, um novo Governo de direita, e a direita apostou nisso quando perdeu a esperança com Cavaco Silva. Será que Marcelo vai dizer que as decisões que tomar são apenas de forma e não de conteúdo como ele várias vezes disse enquanto comentador político para com nada se comprometer ou descomprometer.
Defende aqui e ali que o seu projeto é unir os portugueses que estão divididos mas não esclarece o conceito. Em democracia há consensos mas também há divisões maiores ou menores, é normal. Só existe união em regimes de partido único em condições de obrigação.
Consideremos que o pretende fazer, não diz é como, a menos que algum produtor de cola-tudo o ajude com matéria-prima (ironia). Será que a estratégia, se chegar a Presidente, é obrigar o Partido Socialista e a atual direita neoliberal que controla o PSD a aliarem-se contra "potenciais inimigo"? Cavaco Silva também tentou ou quase exigiu isso mesmo. Se assim for, Marcelo está contaminado pelo vírus do pensamento cavaquista. Marcelo é um cómico da política. Parece que a sua candidatura serve também para preparar o fim da sua carreira para obter mais uma série de regalias vitalícias que o cargo lhe irá proporcionar.