Causas e consequências de políticas e estratégias erradas
Os resultados das clivagens sociais que o governo neoliberal do PSD de Passos Coelho causou continuam a surgir. Porquê? Eu recordo. Lembram-se que do que o líder daquele partido disse em algumas intervenções quando estava no poder quando provocou conflitos entre gerações dizendo por meias palavras que os idosos eram um empecilho? E quando para além do congelamento das pensões, 70 mil perderam o acesso ao Complemento Solidário para Idosos? E sabia que em 2012 a taxa de pobreza nesta faixa etária era de 14,7% e em 2014, a taxa passou para 17%? E quando um deputado do PSD um tal Carlos Peixoto motivado pela política do seu partido para os idosos lhes chamou a “peste grisalha”?
E a diminuição e degradação do Sistema Nacional de Saúde cujas consequências começam a gora a evidenciar-se? Muito mais havia, mas não quero ser exaustivo e muito menos maçador.
É que as consequências de tudo isto não são imediatas, vão surgindo ao longo do tempo. Em 2015 verificaram-se 997 denúncias de violências contra idosos que chegaram à Associação Portuguesa de Apoio à vítima. Não, não é notícia falsa o Tribunal condenou filho acusado de deixar pai à fome apesar de ter meios financeiros ao seu dispor.
Todas as intervenções do anterior primeiro-ministro e da sua “entourage", fosse ela do Governo, no Parlamento ou fora deles eram canalizadas no sentido de dividir os portugueses, quer fosse entre setores de atividade, entre jovens e idosos, entre jovens que não tinham emprego e os mais antigos que o mantinham, ao mesmo tempo salientava o crescimento da economia, que não se verificava, diminuição do desemprego, que era ínfima, que tudo na banca estava bem e iriamos ter uma saída limpa que se vê agora que foi mais suja do que um tição, etc..
Dizia modificar e reformar o país para melhor, prometeu prosperidade e fez tudo ao contrário daquilo que prometeu. A estratégia era dividir para reinar e captar para o seu lado certos setores da população, os descontentes que concordavam e acreditavam literalmente em tudo o que ele dizia. Fazia-o para a manutenção do poder e garanti-lo em futuras eleições. Conseguiu dividir o país e quebrar a coesão social.
Tudo isto que agora volto a recordar parece estar fora do atual contexto político, mas não, passou a estar ainda mais atual com a eleição de Donald Trump nos EUA. O que é que uma coisa tem a ver com outra? É a estratégia seguida por quem, para obter e manter o poder, faz ressaltar sentimentos primários socialmente contidos em populações que, por isso, acatam sem reflexão prévia, e sem reservas, tudo quanto um qualquer político (ou não) lança cá para fora.