Bancos e a infoexclusão bancária
Sendo este um blogue que escreve a propósito de tudo vai intervala-se a política com um assunto que parece ser de interesse geral, pelo menos para os que têm menos literacia tecnológica e são mais desprotegidos no seu acesso.
Assim, o tema relaciona-se com o acesso balcões e agências bancárias que, cada vez mais, rareiam dificultando o acesso a muitos cidadãos que têm que se dirigir a balcões presenciais.
A Deco Proteste no seu suplemento Dinheiro & Direitos de novembro/dezembro de 2022 publicou um artigo sobre o assunto e cujo editorial parece ser oportuno e de importância para o publico. Daí o fazer-se a sua inclusão.
DISCURSO DIRETO
Travar a exclusão bancária
In Dinheiro & Direitos, Deco Proteste
Filipa Rendo, jornalista e coordenadora editorial
Novembro/dezembro 2022
Consultar o saldo da conta, transferir dinheiro ou pagar compras através de uma referência Multibanco não levam a muitos portugueses mais do que uns parcos minutos no conforto do sofá. A conveniência do homebanking, assim como os seus custos mais reduzidos, juntaram o útil ao agradável. É este o meu caso. Será também o de muitos leitores. Na pior das hipóteses, para boa parte de nós, a “chatice” resume-se a calçar os sapatos e a percorrer um quarteirão ou dois para chegar à caixa automática mais próxima. Mas não é a realidade de quem, por razões de iliteracia tecnológica, área de residência ou limitações financeiras, não faz uso dos meios digitais. A esses cidadãos – muitos deles idosos, imigrantes que não falam a língua ou indivíduos com menos posses – resta o atendimento presencial. Quando existir, se existir. O fecho de balcões, fruto das políticas de contenção de custos dos bancos, bem como a transição digital, apressada pela pandemia, exacerbaram a exclusão bancária. Não só em Portugal, na Europa também. Vários países estão, por isso, a tomar medidas para a mitigar. É o caso da vizinha Espanha, onde, por intervenção estatal, o fecho das sucursais não pode necessariamente levar à remoção das caixas automáticas, ou onde há horários mínimos de atendimento nos balcões, por exemplo. Por cá, num país tão pequeno, não pode ser razoável que haja quem faça dezenas de quilómetros para ir à agência mais próxima e seja ainda penalizado com a cobrança de comissões caríssimas. Precisamente quem menos deve ser. Pior: quem menos pode.
O artigo referido nesta edição pode ser consultado no artigo da D&D/Exclusão Bancária “140 Km para ir ao banco”.