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As esquerdas radicais e as narrativas de inversão do contexto

20.10.23 | Manuel_AR

Inversão do contexto e esquerdas.png

"Manifestações pró-Hamas em toda a Europa são horripilantes". "As manifestações pró-Hamas em massa nos Estados Unidos e na Europa são horríveis porque significam que há apoio positivo ao Hamas mesmo nas sociedades ocidentais". Irina Tsukerman

"Israel não está a tentar punir os civis de Gaza, está a tentar derrotar o Hamas e um exército que luta contra outra força pode privá-los de comida". Professor Eugene K..

A dialética do avesso é a dialética dos radicais de esquerda, (auto negação do negativo e negar que o ataque do Hamas não foi terrorista foi ato de libertação), ativando a intencionalidade de propagação do negativo para que se torne positivo. É a culpabilização da vítima e com apologia do agressor.

É a inversão de papéis. É o ato de virar do avesso algo que estava na posição certa. Isto é, “colocar do avesso” os factos é deixar que o que antes estava certo seja colocado de forma contrária. É criar um sentido que é contrário aos dos factos É virar do avesso as posições de cada um dos atores em presença na tentativa de modificar a aparência e a essência enquanto ideia principal da realidade.

Relatar histórias e divulgar factos que se desviam das convenções e expectativas típicas de um determinado acontecimento, sobretudo em situações de guerras ou agressões terroristas são uma forma de narrativa política verificada em contextos de confronto político e ideológico. São narrativas de inversão que visam, frequentemente, desafiar normas estabelecidas, provocar reflexão por mudança de sentido e oferecer perspetivas contrárias ao tema ou facto que se desenrolam.

Uma das formas mais comum de manifestação duma narrativa de inversão por parte da informação por organizações, movimentos ou partidos políticos é a da inversão de papéis. Esta inversão verifica-se sempre que duas fações, uma nação ou povo estão em confronto, sobretudo em situação de guerra, e também quando há uma beligerância que depende dum grupo de rebeldes dotados duma organização que controla parte de um território assim como a sua população e colocam em causa a legitimidade dum governo ou dum povo.

De acordo com os elementos duma narrativa tradicional, escrita ou verbalizada, o protagonista é normalmente o personagem com quem o público simpatiza e apoia, enquanto o antagonista se opõe aos objetivos do protagonista. Estes “atores” em cena, conforme os ângulos e perspetivas político-ideológicas, podem trocar de posições segundo os vários pontos de vista. Considerando o atual contexto de guerra de Israel contra a organização terrorista Hamas esta situação está a verificar-se.

Assim, em política desenvolvida sobretudo em ocasião de guerra, criam-se narrativas de inversão em que os papéis dos “atores” são invertidos. O antagonista (o mau) pode tornar-se o protagonista (o bom) e o protagonista (o bom) pode tornar-se no antagonista (o mau). Isso pode levar a uma mudança na perceção do público orientando-o a reconsiderar as suas noções preconcebidas e a ter empatia pelos personagens que inicialmente consideravam vilões.

É com tentativas de inversão que as esquerdas radicais em todo o Mundo, em Portugal representados pelo PCP, pelo BE e outros esquerdistas, pretendem instigar o público a colocar-se em situação crítica para com os israelitas  

Veja-se o caso da guerra da Ucrânia em que a Rússia pela voz do seu presidente Vladimir Putin e dos seus porta-vozes quando atribuem a causa da invasão daquele país ao Ocidente (EU, EUA e NATO) associada à pretensão destes pretenderem invadir e bloquear a Rússia.

As narrativas de inversão desafiam os papéis tradicionais, as normas e as dinâmicas de poder num determinado contexto e ainda subverter as expectativas sociais. Ao fazê-lo, promovem o pensamento crítico e a reflexão sobre estas normas no sentido de incentivarem o público a questionar e, potencialmente, a mudar as suas próprias perspetivas.

As narrativas de inversão podem empregar outras técnicas, como reviravoltas na enredo de opiniões e no desenvolvimentos inesperados de atitudes para desafiar as expectativas e criar surpresa ou tensão.

Os dispositivos para a inversão e adulteração de factos ocorre sob a forma de comentários, opiniões, documentários, peças jornalísticas e manifestações com narrativas que ajudam a envolver o público e a mantê-lo na dúvida sobre a ocorrência. Podem provocar reflexão, encorajar a empatia e promover uma compreensão oposta sobre questões complexas.

No geral, as narrativas de inversão em caso de guerras de agressão pretendem fornecer a visão contrária à veracidade do facto comprovado (inversão) atribuindo aos agredidos a responsabilidade de atos por eles não praticados transformando as vítimas em culpados, subvertendo as expectativas em favor de um dos lados, desafiando as abordagens convencionais. São as guerras paralelas de informação e contra informação no sentido de confundir o público.

Caso típico da inversão da narrativa é o caso do PCP que, sem condenar explicitamente o Hamas pelo ataque terrorista, tenta responsabilizar o ocidente pelo acontecido e reforçando a narrativa dos «crimes de guerra em curso na ação de massacre de Israel à Faixa de Gaza».

Nas redes sociais radicais de esquerda, sectários, antissemitas, falsos apoiantes e defensores dos palestinianos debitam frases hediondas, convocam manifestações anti Israel e clamam morte aos judeus, quais nazis do tempo de Hitler. Nas televisões são emitidos vídeos amadores captados por telemóveis em que se fazem proclamações de vingança e ódio contra Israel e o seu povo, acusando-o de barbárie ao mesmo tempo que esquecem a barbárie terrorista perpetrada pelo Hamas e o ataque ao Hospital Al-Ahli Arabi, na cidade de Gaza, que, supõe-se, terá sido efetuado pela Jihad Islâmica da Palestina, apesar de não haver a certeza de como este último facto aconteceu. A política de inversão de causas é diariamente arquitetada pelas forças hostis a Israel e emitida pelos mais diversos canais.

No dia 16 de outubro o jornal Público noticiou que Paulo Raimundo do PCP «acusa a UE de ‘hipocrisia e cinismo’ no conflito entre Israel e Hamas quando apresentou as conclusões da reunião do comité central. Paulo Raimundo criticou a ‘clamorosa hipocrisia e cinismo’ em torno do conflito entre Israel e o Hamas, considerando que aqueles que ‘estiveram calados anos sucessivos’ sobre a ocupação da Palestina por Israel ‘também se calaram’ agora perante os ‘crimes de guerra em curso na ação de massacre de Israel à Faixa de Gaza’». A pergunta que podemos fazer ao PCP é a de saber e resolver o problema que avançam e tendo a Palestina sido ocupada por Israel e ao mesmo tempo se quer devolver o território às populações originais, o que fazer ao povo de Israel?

Não venham as esquerdas radicais criticar opiniões e comentários que se fazem sobre o conflito israelo-palestiniano e que condenam o atentado terrorista do Hamas apenas porque são feitos por orientações de direita e capitalistas e que apoiam os EUA e o ocidente.  

Maria João Marques, com quem nem sempre estou de acordo escreveu no Público que «A hipocrisia da extrema-esquerda (por cá representada pelos setores ligados ao PCP e ao BE) ficou totalmente exposta. Não é possível passar a vida a gritar com estrépito supostamente em prol dos direitos humanos de minorias cada vez mais exíguas e, logo a seguir, aplaudir e defender todos os regimes onde são terraplanados os mais básicos direitos das mulheres, dos gays e lésbicas e das minorias étnicas ou religiosas. Podem dar as voltas retóricas que entenderem, que a hipocrisia fica com rabo de fora.»

Maria João continua escrevendo que a «Extrema-esquerda, manancial de ódio (e de perigo). É este o padrão da esquerda dita progressista olhando para o resto do mundo fora da Europa e Estados Unidos. Já estamos habituados. Porém, nas reações ao absolutamente desumano e absurdamente cruel ataque terrorista do Hamas a Israel, este viés hiperbolizou-se na esquerda radical para o mais acirrado ódio ao Ocidente, ao nosso modo de vida e aos nossos valores. Incluindo a democracia.»

E acrescenta que «Também percebemos: o que move esta esquerda radical não é a defesa de algo positivo (concorde-se ou não). É o ódio ao Ocidente por aquilo que é: capitalista, iluminista e rico por ser capitalista. E livre. Já dizia Orwell, no mesmo prólogo (traduzo): “A russomania corrente é só um sintoma do enfraquecimento da tradição liberal ocidental.” Não se é liberal nem democrata quando se defende regimes totalitários ou iliberais.», e que: «Em Stanford, um professor chamou aos alunos judeus “colonizadores”​ e menosprezou o Holocausto. Quanto antissemitismo. Associações de alunos de Harvard, em comunicado, culparam Israel pelos assassinatos, violações e raptos do Hamas. Manifestações antissemitas, celebrando até a “criatividade”​ do Hamas, foram avistadas em vários campus».

E termina afirmando «Que somos fracos, claro, e tão imbecis que cantamos louvores a qualquer violência não-branca. Que celebramos e nos aliamos a terroristas. Aplaudimos violência sobre quem tem modo de vida igual ao nosso — quem vai para um festival dançar, ouvir música, divertir-se, namorar, procurar parceiro para umas noites e criar boas memórias. No fundo, que merecemos a mesma violência».

Lendo os comentários ao artigo que criticam a autora ficamos a perceber da parte de onde vêm e que são absolutamente sectários. Esclareço, contudo, que não estou absolutamente do lado da política colonialista e expansionista de Israel, mas tenho em conta que atos de violência terrorista apenas agudizam os problemas. Até podemos considerar que este ato hediondo do Hamas tenha tido outras causas próximas que não tenham somente a ver com a questão israelo-palestiniana, mas que terceiros terão utlizado para gerar outros conflitos regionais para conseguirem os seus objetivos noutras áreas. Esta última parte é apenas uma hipótese, ou, se quiserem, uma espécie de teoria da conspiração que tem o valor que tem.

 

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