A zona de conforto de Passos Coelho e do seu Governo
Em tempo Passos Coelho mandou os portugueses sair da sua zona de conforto.
Esta frase foi, de certo, aprendida numa qualquer sessão deformação sobre liderança, mas não deve ter apreendido os verdadeiros sentidos nela contidos.
O que tem acontecido é que ele e o seu Governo mantêm-se há quatro anos na sua zona de conforto. Como?
Para ele a zona de conforto tem sido sempre a de seguir o caminho mais fácil sem necessidade de análises, por vezes morosas e difíceis e até incapazes de ser feitas por quem se encontra no Governo. Pensar sobre os problemas e impactos das medidas que se tomam é difícil, dá muito trabalho e precisa de competência dada pela experiência.
Assim, é mais confortável lançar medidas para a praça pública e contra a constituição e contra as pessoas, tomando a opção de facilitismo de aumentar impostos sem contrapartidas e cortar a eito apenas tendo como base números. Há que acertar contas mesmo que se tenha que somar laranjas com batatas ou subtrair cebolas de abóboras .
Agora, em pré-campanha eleitoral e com a apresentação do programa económico do Partido Socialista, Passos Coelho, o PSD e o CDS vêm muito preocupados ameaçar e amedrontar com o regresso ao passado, com o despesismo, com a troika que, diga-se, ainda não saiu de vez, etc.. Em vez de saírem da sua zona de conforto governativo, político e técnico para analisar e debater o modelo económico apresentado vêm tecer considerações carecentes de competência técnica e política.
Passos Coelho com uma atitude confortável de quem está no poder, vem dizer que o documento que o Partido Socialista é eleitoralista e pede que "disponibilize dados num formato que permita fazer contas". Este pedido demonstra apenas a necessidade de manutenção da sua zona de conforto, já que são desconhecidos os dados do documento que o Governo e a ministra das finanças apresentaram na passada semana. Basta recordar o caso dos 600 milhões de euros a cortar. Onde está o detalhe? São 600 milhões e não 500 ou 700 porquê? E a descida da TSU para as empresas? Onde estão detalhe do valor percentual e os impactos sociais, económicos e financeiros? Estes são apenas dois casos.
É tão bom estar na zona de conforto não é?
A coerência de Passos que por aí agora dizem ter não é mais do que a obstinação em seguir certas medidas. A aparente coerência não e mais do que uma tentativa de mostrar de que agora não mente, que não liga às eleições e mostrar, aos ainda não crentes, que a sua coerência é a razão das medidas que pretende tomar. Isto é, manter-se na sua zona de conforto.
A mentira também se faz por omissão. Está agora nessa fase, propor medidas sem que diga o que está por detrás. Isto é, sem revelar os dados em que se baseia para tais medidas. Eleitoralismo pela falsa coerência?