A propaganda do diz que faz, promete, mas não faz
Após um longo interregno de verão aqui estamos novamente com uma linguagem que todos percebam embora com opiniões com que todos concordem, mas é isso que se pretende, deste vez sobre o Governo e a sua impetuosa propaganda.
O senhor primeiro-ministro Luís Montenegro julga que os portugueses são estúpidos, mas não são. No encerramento da universidade de verão do PSD disse que não ser verdade que as medidas que o Governo tem tomado são eleitoralistas, mas que não são, porque as eleições são só daqui a quatro anos. Frase de Montenegro: “As eleições são só daqui a quatro anos”. É uma tentativa de desviar as atenções da realidade pois ele sabe muito bem, e nós também, que vai haver eleições autárquicas em 2025, importantes para o PSD, e, como tal, a estratégia eleitoralista é evidente. Aliás, a propaganda do Governo em várias frentes está em marcha é a única medida do Governo que funciona.
Em abril de 2023 José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão, esses partidários e vozes do dono da SIC consideravam o Executivo do então o primeiro-ministro António Costa de ter uma “máquina de propaganda”.
O que faz agora Luís Montenegro é o mesmo, mas mais primor. O que hoje observamos é a utilização exaustiva de redes sociais com sucessivos vídeos onde se passam mensagens e discursos de Luís Montenegro e de outros ministros. Os “briefings” com a comunicação social onde se gastam exaustivas e cansativas horas de apresentação de medidas do Governo pelo cansativo e monótono Ministro da Presidência Leitão Amaro, digo, ministro da propaganda, acompanhadas com visualizações em PowerPoint.
O Governo AD não conseguindo nem sabendo lidar com manifestações e contestações sociais e profissionais a única coisa que sabe é “oferecer” dinheiro para calar quem contesta e reclama independentemente das razões justas, ou não, que lhes assistam.
Os graves incêndios verificados em setembro que destruíram bens e vitimaram pessoas têm servido, também, para dar visibilidade à propaganda com iniciativas e promessas de reconstrução dos imóveis ou sua reparação e dos bens destruídos com a rapidez necessária e desejável, mas sem o controle que se impõe, face a potenciais abusos, pois as eleições autárquicas aproximam-se rapidamente.
Outra manobra de propaganda é o anúncio do Governo do plano para os media. Vamos ver o que aí vem. Uma medida de apoio governamental destinado aos media foi tentada pelo anterior Governo socialista que foi contestada por vários órgãos de comunicação social, entre eles o Observador que rejeitou, na altura, o apoio governamental concedido ao abrigo de programa destinado aos media.
Um dos pilares em que assenta o plano para os media do Governo de Montenegro prende-se com “incentivos ao jornalismo e aos jornalistas, que é uma profissão que está em risco” e, finalmente, o outro pilar relaciona-se com o “combate à desinformação e com a literacia mediática”. Este é o que me parece ser o único que não pretende veicular os media aos interesses do Estado.
Recorde-se que na conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias Luís Montenegro afirmou, sobre o plano de ação para os media, algo que me parece ser perigoso por se antever alguma influência do Estado nos media ao admitir financiamento público para a comunicação social. Afirmou ser “possível haver algum financiamento público” para a comunicação social, argumentando que “aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam”. Não será que isso pode conduzir no futuro ao “yes man” do media aos governos em exercício?
O caso da saúde é um caso típico de precipitações e incompetência da ministra na execução do que promete e na resolução dos problemas do SNS. Até há quem esteja a pedir que Governo tem de considerar demitir a ministra da Saúde para manter o SNS.
Distribuir dinheiro por todo o lado é a forma de fazer calar protestos sobre o que está a ser mal feito e o que não está a ser feito.
O caso do IRS jovem dirigido em proveito dos mais favorecidos é um caso que tem dado que falar e de disputas partidárias. Alguns partidos como a Iniciativa Liberal considera discriminatório. Também o FMI avalia como arriscado e sem garantias de servir para travar a emigração qualificada, havendo até quem sugira que a proposta é inconstitucional.
Outros partidos argumentam ainda que se opõem a esta medida, que é injusta porque não se aplica a 75% dos jovens que recebem mil euros. Aplica-se a quem ganha muito e deixa de fora a grande maioria das pessoas que ganham salários reais em Portugal, que são 1.000, 1.500 euros.
Enfim, há um anseio deste Governo e dos seus elementos para mostrar iniciativas e fazer promessas a executar rapidamente. Em todos os sentidos há mais uma imposição para a procura de divulgar publicamente o que fazem do que em mostrar o que já fizeram com resultados positivos.