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A propaganda do diz que faz, promete, mas não faz

27.09.24 | Manuel_AR

Propaganda governo AD.png

Após um longo interregno de verão aqui estamos novamente com uma linguagem que todos percebam embora com opiniões com que todos concordem, mas é isso que se pretende, deste vez sobre o Governo e a sua impetuosa propaganda.

O senhor primeiro-ministro Luís Montenegro julga que os portugueses são estúpidos, mas não são. No encerramento da universidade de verão do PSD disse que não ser verdade que as medidas que o Governo tem tomado são eleitoralistas, mas que não são, porque as eleições são só daqui a quatro anos. Frase de Montenegro: “As eleições são só daqui a quatro anos”. É uma tentativa de desviar as atenções da realidade pois ele sabe muito bem, e nós também, que vai haver eleições autárquicas em 2025, importantes para o PSD, e, como tal, a estratégia eleitoralista é evidente. Aliás, a propaganda do Governo em várias frentes está em marcha é a única medida do Governo que funciona.

Em abril de 2023    José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão, esses partidários e vozes do dono da SIC consideravam o Executivo do então o primeiro-ministro António Costa de ter uma “máquina de propaganda”.

O que faz agora Luís Montenegro é o mesmo, mas mais primor. O que hoje observamos é a utilização exaustiva de redes sociais com sucessivos vídeos onde se passam mensagens e discursos de Luís Montenegro e de outros ministros. Os “briefings” com a comunicação social onde se gastam exaustivas e cansativas horas de apresentação de medidas do Governo pelo cansativo e monótono Ministro da Presidência Leitão Amaro, digo, ministro da propaganda, acompanhadas com visualizações em PowerPoint.

O Governo AD não conseguindo nem sabendo lidar com manifestações e contestações sociais e profissionais a única coisa que sabe é “oferecer” dinheiro para calar quem contesta e reclama independentemente das razões justas, ou não, que lhes assistam.

Os graves incêndios verificados em setembro que destruíram bens e vitimaram pessoas têm servido, também, para dar visibilidade à propaganda com iniciativas e promessas de reconstrução dos imóveis ou sua reparação e dos bens destruídos com a rapidez necessária e desejável, mas sem o controle que se impõe, face a potenciais abusos, pois as eleições autárquicas aproximam-se rapidamente.

Outra manobra de propaganda é o anúncio do Governo do plano para os media. Vamos ver o que aí vem. Uma medida de apoio governamental destinado aos media foi tentada pelo anterior Governo socialista que foi contestada por vários órgãos de comunicação social, entre eles o Observador que rejeitou, na altura, o apoio governamental concedido ao abrigo de programa destinado aos media.

 Um dos pilares em que assenta o plano para os media do Governo de Montenegro prende-se com “incentivos ao jornalismo e aos jornalistas, que é uma profissão que está em risco” e, finalmente, o outro pilar relaciona-se com o “combate à desinformação e com a literacia mediática”. Este é o que me parece ser o único que não pretende veicular os media aos interesses do Estado.

Recorde-se que na conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias Luís Montenegro afirmou, sobre o plano de ação para os media, algo que me parece ser perigoso por se antever alguma influência do Estado nos media ao admitir financiamento público para a comunicação social. Afirmou ser “possível haver algum financiamento público” para a comunicação social, argumentando que “aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam”. Não será que isso pode conduzir no futuro ao “yes man” do media aos governos em exercício?

O caso da saúde é um caso típico de precipitações e incompetência da ministra na execução do que promete e na resolução dos problemas do SNS. Até há quem esteja a pedir que Governo tem de considerar demitir a ministra da Saúde para manter o SNS.

Distribuir dinheiro por todo o lado é a forma de fazer calar protestos sobre o que está a ser mal feito e o que não está a ser feito.

O caso do IRS jovem dirigido em proveito dos mais favorecidos é um caso que tem dado que falar e de disputas partidárias. Alguns partidos como a Iniciativa Liberal considera discriminatório. Também o FMI avalia como arriscado e sem garantias de servir para travar a emigração qualificada, havendo até quem sugira que a proposta é inconstitucional.

Outros partidos argumentam ainda que se opõem a esta medida, que é injusta porque não se aplica a 75% dos jovens que recebem mil euros. Aplica-se a quem ganha muito e deixa de fora a grande maioria das pessoas que ganham salários reais em Portugal, que são 1.000, 1.500 euros.

Enfim, há um anseio deste Governo e dos seus elementos para mostrar iniciativas e fazer promessas a executar rapidamente. Em todos os sentidos há mais uma imposição para a procura de divulgar publicamente o que fazem do que em mostrar o que já fizeram com resultados positivos.