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A presidência do sobressalto ou o perigoso mandato do narcisismo?

29.01.25 | Manuel_AR

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O século XXI tem trazido à superfície líderes cujos comportamentos, atitudes e decisões parecem desafiar os princípios fundamentais da liderança democrática, da ética e da moral. Estes líderes, na sua procura por incessante poder e reconhecimento, muitas vezes procura formas de governo ditatoriais e autocráticas e exibem características narcisistas que prejudicam não apenas os indivíduos em seu redor, mas também as instituições que governam.

Procurei nos meus manuais de psicologia educacional dos meus tempos de professor, em qualquer deles se caracteriza o conceito narcisismo como sendo uma forma de transtorno de personalidade. É uma condição de saúde mental na qual as pessoas têm um senso excessivamente alto de sua própria importância. Eles precisam e buscam muita atenção e querem que as pessoas os admirem. As pessoas com esse transtorno podem não ter a capacidade de entender ou se preocupar com os sentimentos dos outros.

Os populismos e os partidos de extrema-direita vão-se instalando progressivamente gerando-se no seio das democracias liberais e aproveitando-se delas. Os políticos que as lideram parecem não dar importância ao fenómeno, considerando-o como normal, e atribuindo-lhe pouco valor, apesar do seu crescimento, sem tentarem procurar as causas que o alimentam. Algumas forças mais à esquerda têm alertado para a situação de que as democracias, mesmo as aparentemente mais consolidadas, são frágeis.

Autocracias, oligarquias, cleptocracias e ditaduras têm vindo a ser estabelecidas em países por todo o Mundo e, cujos líderes ocupam o poder e tendem a manter-se pela repressão das oposições e pelo controle da informação. São membros de redes que se encontram interligados apenas no interior das autocracias, mas com redes existentes noutros países.

Estes autocratas têm a convicção de que o mundo exterior não lhes pode tocar, que as opiniões de outras nações são irrelevantes e que nunca serão julgados pela opinião pública. Eles não pretendem defender mais nada do que o seu próprio enriquecimento e a manutenção do poder.

Várias interpretações podem alguns tirar da afirmação que foi feita por Trump durante a campanha eleitoral quando disse que “Daqui a quatro anos, não terão de votar novamente. Vamos ter tudo tão bem arranjado que não vão ter de votar”.

Atualmente, 34% da população mundial vive num país com regime autoritário. Segundo o Índice da Democracia, 52 países são classificados como autocracias, incluindo Venezuela, Rússia, China, Coreia do Norte, Síria, Irão e Arábia Saudita. Além disso, um estudo do Instituto V-Dem da Universidade de Gotemburgo mostra que cerca de 5,7 biliões de pessoas, ou 72% da população mundial, vivem em autocracias eleitorais ou autocracias fechadas. Países como a Índia, Paquistão, Bangladesh, Rússia, Filipinas e Turquia são exemplos de autocracias eleitorais.

Segundo um artigo do jornal Público o relatório do IDEA, “as ameaças abarcam desde democracias tradicionalmente fortes a outras bem mais frágeis os riscos mantêm-se concretos. Em matéria de credibilidade das eleições, liberdades civis e igualdade política, o relatório mostra que os números ainda não chegam aos anteriores a 2016, a primeira vez que Trump concorreu à presidência e ganhou as eleições a Hillary Clinton.

Os ditadores sempre estiveram contra a democracia com formas parlamentares. Aliás um dos piores ditadores da humanidade escreveu no seu único livro conhecido, referindo-se ao parlamentarismo, que “A sua participação em uma tal instituição só pode ter o objetivo de destruir o parlamento, que deve ser visto como um dos mais graves sintomas da decadência da humanidade” (Mein Kampf).

O que conheço da política dos EUA é apenas pela imprensa estrangeira e também pela nacional, mas cruzando vários artigos e opiniões, tiro as minhas ilações. Muitos artigos de opinião e artigos sobre política podem ser considerados para alguns como desfavoráveis e para outros como favoráveis conforme o que cada um pensa e nem sempre podem estar de acordo com o que pensamos. Há opiniões para todos os gostos que podem ser favoráveis ou desfavoráveis, concordantes ou discordantes consoante cada pessoa como é no caso das decisões tomadas pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump, por mais disparatadas, contraditórias, inconcebíveis e até ameaçadoras que elas sejam.

As táticas dos potenciais ditadores são convergentes, pregam valores liberais nos seus países recorrendo a slogans da democracia enquanto sorrateiramente edificam regimes iliberais como Putin fez na Rússia. O regime político atual da Rússia é amplamente considerado uma autocracia. Embora o presidente Vladimir Putin tenha feito declarações sobre a importância da democracia e dos direitos humanos, as suas ações e políticas, como a implementação de leis restritivas e repressão à dissidência, indicam uma prática que não se alinha com esses princípios democráticos.

 Leia-se um dos discursos de Vladimir Putin em que disse que “Só um Estado democrático pode assegurar um equilíbrio entre os interesses da personalidade e da sociedade, e conjugar a iniciativa privada com as tarefas nacionais.” (julho de 2000).

Em 2002, Vladimir Putin fez declarações salientando que um Estado democrático deve centrar-se no “primado do direito, eleições livres e a prioridade aos direitos humanos”, isto é, a importância do Estado de Direito, eleições livres e direitos humanos. No entanto, as suas ações e políticas têm sido frequentemente criticadas por não se alinharem com esses princípios. Por exemplo, houve posteriormente inúmeros relatos de leis restritivas e repressão à dissidência na Rússia. A situação levantou preocupações sobre o estado da democracia e dos direitos humanos no país.

A eleição de Trump em 2016 foi um marco significativo na política americana e suscitou debates acalorados sobre a direção que os Estados Unidos poderiam tomar sob a sua administração, e trouxe à discussão várias questões controversas.

A reeleição de Trump em 2024 reacendeu o debate sobre a zona cinzenta das autocracias. A jornalista Anne Applebaum, (Anne Applebaum, Autocracia, Inc, - “Os ditadores que querem governar o mundo”), destacou que muitos países vivem na zona cinzenta entre democracias e ditaduras, e a vitória de Trump define onde os Estados Unidos ficam nesse espectro.

Anne Applebaum escreveu “Quem não conseguir entender o que se passa no mundo que o rodeia não se vai juntar a grandes movimentos pró-democracia, nem seguir um líder que diga a verdade, nem prestar atenção quando alguém lhe falar de mudanças políticas positivas. Em vez disso, vai-se afastar da vida política. A propagação deste cinismo e desânimo é do maior interesse para autocratas, não só nos seus países, mas também no resto do mundo.”.

Agora, novamente, a ascensão ao poder de Donald Trump é um tema que tem gerado e continuará a gerar muitos debates e análises. A administração de Trump já provocou controvérsia e preocupação significativas. Alguns dos aspetos mais controversos e potencialmente perigosos incluem: políticas de imigração em que Trump tem uma atitude agressiva incluindo deportações em massa e militarização da fronteira que levantam preocupações humanitárias; o negacionismo e a sua ignorância aceite subservientemente pelos seus acólitos escolhidos à medida, por medo, ou também por ignorância, em vários pontos nomeadamente quanto às mudanças climáticas leva-o aos seus planos de se retirar do Acordo Climático de Paris e a reverter as regulamentações climáticas que podem vir a agravar os impactos ambientais; iniciativas como a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) que Trump reverteu e que atraiu críticas por minar a diversidade no local de trabalho e as oportunidades económicas. O DEI foi criado porque as comunidades marginalizadas nem sempre tiveram oportunidades iguais de emprego ou sentiram um sentimento de pertencimento em ambientes corporativos de maioria branca; intervenções económicas radicais, como a imposição de altas tarifas e a deportação de milhões de imigrantes que podem desestabilizar a economia; a política externa segundo a abordagem “America First” de Trump, inclui a retirada de acordos internacionais e a reformulação de alianças, pode vir a ter implicações globais significativas.

Estes são apenas alguns exemplos das controvérsias em torno da administração de Trump que têm sido noticiados. Os impactos totais dessas políticas só se vislumbrarão ao longo do tempo.

Nunca na história dos EUA se viu um presidente malcriado e narcisista patológico como Donald Trump o que é demasiado perigoso para todos, para o mundo, e muitos colocam-se descaradamente ao seu lado por medo ou por subserviência.

Trump emergiu da política vindo do mundo dos negócios e dos reality shows televisivos e a sua ascensão à política, e depois à presidência, desafiou todos os pressupostos da sabedoria convencional e da opinião pública.

Algumas personalidades do media, sobretudo da Fox como Tucker Carlson tem uma relação significativa e influente com Donald Trump. Carlson, ex-apresentador da Fox News, continua a ser uma figura-chave nos bastidores da política republicana, mesmo após a sua saída da emissora. Ele tem o ouvido de Trump e a capacidade de influenciar posições-chave, como a escolha de JD Vance que tomou posse como vice-presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira como amigo próximo de Trump.

Carlson também desempenhou um papel importante na exclusão de Mike Pompeo e Nikki Haley de cargos no governo de Trump, mostrando sua influência nas decisões de pessoal. Além disso, ele tem se envolvido em uma espécie de diplomacia paralela, entrevistando figuras proeminentes da direita em todo o mundo e mantendo uma linha direta com Trump.

O que se conhece sobre Trump e o que a sua prática tem demonstrado tem sido frequentemente criticado pelas suas relações e simpatias com regimes autoritários, autocracias e oligarquias. É do conhecimento público que durante seu mandato anterior, ele expressou admiração por líderes como Vladimir Putin, da Rússia, e Kim Jong-un, da Coreia do Norte e foi também acusado de tentar transformar os Estados Unidos em uma oligarquia, especialmente com as suas políticas e nomeações que favorecem os ricos e poderosos, aliás como se tem constatado logo após ter ganho as eleições em 2024 e aos a tomada de posse.

Durante a sua anterior presidência, Trump foi também frequentemente criticado pela suas atitudes e declarações que pareciam apoiar líderes autoritários e regimes não democráticos. Tem demonstrado simpatia por ditaduras e apoio a líderes autoritários como Vladimir Putin entre outros.

Durante seu mandato, Trump elogiou Putin em várias ocasiões, chamando-o de “inteligente” e “pragmático”. As táticas dos potenciais ditadores são convergentes, pregando valores liberais enquanto edificam o que poderá vir a ser uma ditadura, como Putin fez na Rússia.

Para além disso Trump tem sido criticado por estar associado a práticas autocráticas, como a tentativa de minar a confiança nas eleições e a promoção de teorias da conspiração através das redes sociais, pela sua retórica de divisão e por tentar consolidar o poder de maneira que alguns consideram antidemocrática.

“Acho que vamos fazer coisas que deixariam as pessoas chocadas”, declarou o presidente Donald Trump no seu segundo dia no cargo. Foi uma das poucas coisas verdadeiras que ele disse durante toda a semana, escreveu The Washington Post.

Trump tem um projeto de poder ilimitado que se alimenta do ressentimento e da vingança. O movimento de Trump MAGA - Make America Great Again poderá vir a ser o projeto MAGA - Make Authoritarianism Great Again.

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