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A ira da perda do poder

11.11.15 | Manuel_AR

Fúria da direita.pngO PSD partido da social-democracia em Portugal morreu a partir de 2011. Embora se intitule de centro o PSD, com Passos Coelho, passou a ser um partido da direita radical, perdeu a sua identidade própria, deixou de representar aquela parte significativa da população que contribuiu naquele ano para que obtivesse 38,66% dos votos que lhe deu 108 deputados (ver quadro abaixo).


O PSD na altura conseguiu mais deputados do que o Partido Socialista do que o conjunto dos partidos à sua esquerda, 108 contra 98. A coligação feita com o CDS-PP que não teria sido necessária para haver uma maioria confortável do PSD foi um trunfo dado ao CDS-PP poder fazer parte do Governo. Foi o entendimento à direita coisa que a esquerda nunca tinha conseguido. Agora conseguiu e a direita radical espanta-se, manifesta perplexidade, indigna-se e admira-se e insurge-se.


A ira que move a direita deve-se a não conseguir o que desejava: que o Partido Socialista os ajudasse a governar passando-lhe uma espécie de cheque em branco para continuar a fazer regressar Portugal ao que era há 30 anos atrás. Queria ajuda do PS para manter os sacrifícios que tanto dizem ter custado aos portugueses. É a política do medo a arma desta direita sem classe, sem personalidade, que à primeira perda do poder se descontrola, ofende e ameaça.    


O PSD capturado pelos neoliberais já nada tem a ver com o partido que foi. O CDS-PP confrontado com a hipótese da perda do poder e de voltar ao que sempre foi, um partidinho de direita cuja única força lhe era dada por Paulo Portas. Sem argumentos difamam, insultam, agridem, manifestam e demonstram, muitas vezes através das redes sociais. Foi nisto o que passou a ser o PSD com Passos Coelho. Sem Passos Coelho talvez o PSD volte a ser um partido do centro e da social-democracia.


Comparem-se os resultados dos dois últimos atos eleitorais e verificar-se-á as perdas e ganhos dos respetivos partidos. Basta fazer as contas.


À direita não basta reivindicar a vitória que, em si mesmo, é um facto inquestionável. A questão que se coloca é que estabilidade governabilidade consistente poderia oferecer a Portugal um governo de direita com a configuração parlamentar como a que se apresenta hoje.


Paulo Portas ameaçou ontem na Assembleia da República o PS de lhe ser negada ajuda se, "aflito e não conseguir gerir a demagogia explosiva do Bloco de Esquerda e os compromissos de Bruxelas, não venha depois pedir socorro". Podemos perguntar quem, para se manter no poder, precisava de ajuda para governar e até ofereceu lugares no Governo ao Partido Socialista depois de o ter posto de parte durante quatro anos?  


 



 


2011


 


 



 


2015


 


 



Partidos



Nº de votos



%



Deputados



Nº de votos



%



Deputados



PPD/PSD



2159181



38,66



108



 



 



 



PS



1566347



28,05



74



1747685



32,31



85



CDS-PP



653888



11,71



24



 



 



 



PCP-PEV



441147



7,9



16



445980



8,25



17



B.E.



288923



5,17



8



550892



10,19



19



Coligação PSD+CDS-PP



 



 



 



1993921



36,86



104



PPD/PSD+CDS-PP



2813069



50,37



132



 



 



 



PS+PCP-PEV+BE



2296417



41,12



98



2744557



50,75



121



 


 


 


 


 

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