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A estupidez que os pariu

23.06.21 | Manuel_AR

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Quem não tem cão caça com gato. Embora o cão seja o ajudante do caçador, quem não o tem, porque um cão de caça é caro e custa a manter, recorre ao gato para o mesmo efeito. A caça é que não vai deixar de se fazer. Transferindo este ditado popular para a política os caçadores são os partidos, como o PSD, por exemplo, conduzido por Rui Rio e os outros à sua direita como as iniciativas e partidos extremistas que surgiram das últimas eleições. Estão neste role a Iniciativa Liberal e o Chega. Porque não têm ideias, nem um projeto, nem uma visão para o país nem para a cidade de Lisboa enredam-se em questões menores e casuais para fazer oposição. Sem alternativas e projetos credíveis dedicam-se à calhandrice política pegando em casos que em nada contribuem para a melhoria do país e das pessoas. É a caça ao poder para substituir umas clientelas por outras. O que muda é o partido.

A tábua de salvação de Rui Rio e do PSD para subir na sua credibilidade é o ato eleitoral para as autarquias que se aproxima a passos largos. Ou o PSD alcança bons resultados, especialmente em Lisboa, nem que, se não obtiver maioria, tenha de fazer umas alianças com as direitas CDS+PPM+MPT+ALIANÇA, mesmo chegando-se às mais radicais como o CHEGA. Uma miscelânea de direita, muito pior que a geringonça.

Rui Rio e o PSD necessitam de mostrar serviço nem que seja através de fazer oposição do vale tudo, ainda que Rio tenha que retirar do seu léxico a frase “a bem do país”, isto é, como já em tempo afirmou "eu opto pelo interesse nacional e não pelo interesse tático do partido". Segundo Rui Rio, as próximas eleições autárquicas são "absolutamente decisivas", porque "o que determina em primeira linha a força de um partido na sociedade não é número de deputados, é o número de autarcas".

Nesta sequência avança com Carlos Moedas para a autarquia de Lisboa. O chavão “Novos Tempos” na candidatura de Carlos Moedas faz todo o sentido porque nos recorda, não apenas os velhos tempos em que foi ministro de Passos Coelho, mas também a pretensão de iludir os eleitores com o jargão ”novos tempos” para os conduzir ao pensamento dos “velhos tempos”.

Carlos Moedas integrou o XIX Governo Constitucional e fez parte do Executivo durante a maior parte do seu período de vigência. Foi considerado o braço-direito do primeiro-ministro Passos Coelho, facto que o colocou em destaque nas relações entre o governo português e os responsáveis da troika que acompanhavam os progressos do programa de assistência financeira do FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia em Portugal.

 Recordemos que Sampaio da Nóvoa, nas eleições presidenciais de 2016, disse que queria vencer as eleições em nome de um “tempo novo” que teria começado no país. Carlos Moedas transformou aquele slogan em “novos tempos” numa espécie de anástrofe ou inversão.  

Carlos Moedas na apresentação da sua candidatura disse que a sua maneira de fazer política seria diferente, mas, rapidamente passou por uma metamorfose transformando-se numa espécie de André Ventura com um populismo em versão light.  

Se eu quiser votar em Moedas, desconheço qual o seu projeto objetivo para a cidade de Lisboa. A sua oposição a Medina baseia-se em aproveitamentos de oportunidades que lhe vão caindo nos braços baseadas em tricas que nada têm a ver com o projeto lisboeta nem com o que critica ficando-se sem saber o que está mal, o que faria melhor, ou o que alteraria na cidade de Lisboa. Anda ao sabor da corrente e das marés que, ora sobem, ora descem. Anda a surfar nas ondas do oceano escuro das suas propostas e alternativa equilibrando-se com críticas descabidas e desproporcionadas dirigidas para olhos menos atentos que apreciam este tipo de discurso.

Considero Carlos Moedas uma pessoas inteligente, mas, a inteligência não é incompatível com incompetência e com impreparação para certas áreas e para determinadas funções. A experiência tem o seu peso em áreas muito específicas. É por isso que muitos autarcas falham por serem apenas nomeações políticas. Carlos Moedas é o caso. Não enxerga o que é ser presidente de uma câmara como a de Lisboa.

Faltar-lhe-á a força política suficiente para se libertar do figurino do passado que o prende às medidas para além da troika de Passos Coelho pensando que é possível redesenhá-lo numa autarquia como Lisboa, com roupas mais atuais, daí os “tempos novos” o equivalente aos amanhãs que brilham e às auroras resplandecentes. Tudo quanto possa fazer em Lisboa terá o peso do neoliberalismo “passadista” de Passos que pretende aplicar à gestão da cidade, daí a sua miopia política que não o deixará enxergar mais longe com os seus raciocínios eleitoralistas de vistas curtas, à medida dos acontecimentos ocasionais que lhe vão parar ás mãos não raras vezes por proporcionadas pelos próprios adversários políticos.

Ao fazer oposição o seu pensamento é quadrado, tudo é preto ou branco, sem matizes. Daí a conferência de imprensa sobre o caso da informação às embaixadas pela Câmara de Lisboa onde faz associações que qualquer um considera serem estupidez de principiante. Tem-se mostrado um candidato obtuso e com argumentos descabidos dos propósitos que não acrescentaram valor a uma candidatura para uma autarquia como a de Lisboa. Mostrou existir uma relação entre uma tolice, isto é, um fraco nível intelectual e a maldade entendidos como o desprezo de outrem.

Carlos Moedas passou a entrar em delírio quando, sobre o caso das informações sobre os promotores das manifestações que foram comunicadas pela Câmara de Lisboa às embaixadas ao acusar Fernando Medina de ser “cúmplice” do Presidente russo Vladimir Putin. É um tipo de ataque que se insere nas margens cinzentas da política método que também está a ser acolhida em opiniões com máscara de respeitáveis, estilo que Moedas passou a perfilhar. Deixou de ser o Carlos Moedas de opiniões por vezes aceites por serem consensuais e com prestígio intelectual. Passou a entrar no jogo eleitoral da pobreza populista que é seguida pela extrema-direita.

Como é possível sem se ser doente, demente, senil, “maluquinho”, lunático, sem se ter as faculdades mentais diminuídas, se não se for próximo da direita radical, acusar alguém na sua essência democrática como tendo relações políticas perversas com Putin. Os que, assim, sem mais, fazem acusações deste tipo são os que, em suma, se colocam ao lado dos que defendem a essência corrupta da democracia e contra o absoluto do sistema corrupto.

A campanha para as eleições autárquicas ainda vai no início, mas o candidato Carlos Moedas já entrou em delírio.

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