A emoção criada pela informação e pelas imagens que nos invadem
As emoções induzidas pelas imagens televisivas, assim como pelas opiniões que lemos, e pelos comentários que ouvimos sobre a guerra contra o Hamas após o ataque surpresa em modo terrorista no dia 7 de outubro condicionam a capacidade de análise sobre o tema.
O problema da guerra Israel-Hamas nos noticiários passou, nestes últimos dias, para segundo ou terceiro plano devido à crise política que, entretanto, se abriu no país. Todavia, não podemos esquecer que nada se alterou lá fora. Assim, publico na mesma o artigo apesar da controvérsia que se abriu no país, felizmente não de guerra com armas, mas com palavras o que, apesar dos inconvenientes, sempre é preferível. Mas a esse lá chegarei.
As emoções induzidas pelas imagens televisivas, assim como pelas opiniões que lemos, e pelos comentários que ouvimos sobre a guerra contra o Hamas após o ataque surpresa em modo terrorista no dia 7 de outubro condicionam a capacidade de análise sobre o tema.
A evidência dos factos que nos chegam pelos vários media mostram as evidências dos acontecimentos e, por isso não vale a pena afirmar-se que todos os media do mundo ocidental de direita e capitalistas mentem descaradamente. O Hamas acelerou um processo que lhe convinha porque mantinha a expectativa e sabia qual seria a resposta de Israel.
Há quem faça afirmações sem fundamento e confirmação, difunda informações e notícias falsas sobre o que se está a passar em Gaza. Dizem ser enganadoras e dadas por jornalistas da corrente dominante comprometidos com o ocidente que vão no sentido de favorecer Israel. Este tipo de informações e notícias têm o intuito de propaganda e muitas delas são falsas produzidas por sites, por bloggers controlados por apoiantes e simpatizantes do Hamas e pelas redes sociais.
Grita-se pelo fim da agressão a Gaza e pela paz. Temos de concordar, e muito bem! Referindo-me às circunstâncias históricas, mas às atuais, quem iniciou e atiçou comportamentos para a agressão? Se há motivos para que se defendam os palestinianos em relação a Israel, a defesa do povo de Israel também deve ser aceite. Há razões para que, arrastados pela emoção, ao apoiar-se o povo palestiniano como contraponto de posições extremistas contra Israel, estarmos também, face circunstâncias que deram origem ao conflito, estar a dar-se explicitamente apoio ao Hamas. Só não vê quem não quer! Parece estar a tornar-se um lugar-comum defender o atacante em detrimento do atacado, tal como tem acontecido com a guerra na Ucrânia.
Parece haver uma confusão entre o apoio que deve ser dado ao genuíno povo palestiniano e o apoio que se está a dar ao povo palestiniano assente na atividade do Hamas. O embaixador da palestina em Lisboa que representa o Estado palestiniano não é o mesmo que o Hamas.
Dizer aos palestinianos ou aos seus representantes legais que foram eles que começaram associando-os à atividade do Hamas é um erro. Se é certo que a atividade de Israel tem sido de agressão aos palestinianos e que esta tem causas remotas, e outras mais ou menos recentes, o caso é que, de facto, o Hamas foi a causa próxima que provocou as hostilidades agressivas de Israel. É inegável. Coloca-se uma pergunta do tipo La Palice: teria Israel regido como está a regir se o Hamas não tivesse desencadeado o macabro ataque terrorista de 7 de outubro? Seria interessante obter possíveis respostas sem se recorrer ao já tantas vezes gasto argumento histórico recorrente sobre o passado e do que Israel fez, ou não, para justificação deste tipo de ataque do Hamas.
As extremas-esquerda do ocidente alinham com os radicais palestinianos e não com o setor moderado da Palestina, que reconheceu o Estado de Israel, e que o Hamas vê como traidor e inimigo. Este grupo militar defensor do terrorismo apropria-se do povo palestiniano de toda a faixa de Gaza e toma-o como sendo “seu” apelando ao extremismo que passa pelo extermínio de todos os judeus/israelitas com os aplausos das extremas-esquerdas em todo o mundo aliados ao extremismo islâmico.
Tem de haver uma intervenção da “comunidade internacional”, (boas intenções, visto a realidade mostrar ser diferente), para evitar futuros massacres macabros e antissemitas como os de 7 de outubro de 2023. Não podemos também deixar de mencionar os massacres contrários à ordem humanitária internacional como a intervenção de Israel em Gaza para se evitar uma escalada internacional caminhar para uma solução, o que do meu ponto de visita será improvável.
Como em qualquer guerra, devido a necessidades militares, mostra-se o desprezo pela vida dos outros, a maior parte das vezes dos inocentes. Apenas neste ponto a disponibilidade para matar intencionalmente pode aparece mais evidente no terrorismo do Hamas porque não foi por acidente foi intencional. Desconhecemos se os israelitas têm a intencionalidade de ir para além das necessidades militares. Pensemos que não. Não será que o Hamas, do modo como agiu e está a agir e sem que haja qualquer ação que o pare, não servirá de estímulo ao terrorismo para continuar sem limite sem haja ninguém que o trave.
As opiniões em confronto encontram-se extremadas, de um lado a defesa de incondicional de Israel, do outro a defesa incondicional do Hamas, envolto no nevoeiro por onde mostra estar em defesa do povo palestiniano. Ambos são uma ilusão porque nos dois povos há os que não são flor que se cheire. Ambos têm responsabilidades. Talvez até a maior quota de responsabilidade possa ter vindo de Israel ao longo do tempo.
É o Hamas que iniciou o conflito e é sobre ele que deve estar o centro das atenções porque não atacou militares, atacou e massacrou civis e este procedimento não tem qualquer como sendo para a libertação do povo palestiniano. Tal como a Rússia (Putin) iniciou a invasão da Ucrânia com argumentos comprovadamente forjados, também os que se dizem ser os representantes do povo palestiniano ao cometerem aquele ato indigno abriram a Caixa de Pandora que, provavelmente, Israel há muito estava desejoso para iniciar e amplificar um conflito há muito suspenso.
A extremas-esquerdas em conjunto com as extremas-direitas de índole nazi encontraram um pretexto para o que há muito procuravam, atacar diretamente Israel com o pretexto de defesa do povo palestiniano, e, indiretamente, atacar os EUA e os seus aliados do ocidente misturando o slogan anticapitalista.
Podemos perguntar onde estavam as extremas-esquerdas quando se viram imagens da cidade de Mariupol, na Ucrânia, arrasada pelas tropas de Putin a ser transformada num monte de escombros. Como a distinguir dos bairros de Gaza arrasados pelas bombas israelitas? Dois pesos e duas medidas?
O que se está a passar na maior parte dos países aproxima-se do que se passou nos anos 30 do século passado na fase inicial da atividade do Partido Nazi da Alemanha. A perseguição aos judeus pelo partido nazi também começou de forma gradual e intensificou-se ao longo do tempo com a marginalização social dos judeus que atingiu o auge com a implementação das “Leis de Nuremberg” em 1935 que impôs uma série de restrições severas aos judeus. Acresce ainda a chamada Noite dos Cristais em 9 e 10 de novembro de 1938 quando uma onda de violência em massa contra judeus na Alemanha e na Áustria marcou o início da escalada da perseguição nazi em que quase 100 judeus foram mortos durante atos de violência que abriu a porta para o Holocausto. Estas ocorrências representam alguns dos momentos mais sombrios da história humana.
As democracias começam a ficar em perigo. A proliferação do neonazismo que embora de forma tímida, estava em curso gruda-se agora às manifestações promovidas pelas extremas-esquerdas e começa a promover a sua visibilidade apoiando e lançando slogans antissemitas. Podemos perguntar se os que agora atacam Israel serão os mesmos, ou se serão os descendentes dos que antes se colocaram contra o nazismo, o fascismo e o Holocausto dos judeus?
Segundo o The Washington Post em 2 de novembro podia ler-se: «na Universidade de Washington, em Seattle, dezenas de estudantes gritaram "Só há uma solução!". Na Cooper Union, em Manhattan, um grupo de estudantes judeus foi trancado na biblioteca enquanto manifestantes pró-Hamas batiam nas portas a gritar "globalize-se a intifada de Nova York a Gaza!". Na Universidade George Washington estudantes escreveram mensagens antissemitas na parede duma biblioteca escolar que tem o nome de benfeitores judeus. Um professor da Universidade Cornell declarou num comício que estava "entusiasmado" com a matança do Hamas. Um professor da Universidade de Columbia chamou aos ataques do Hamas de "impressionantes" e "surpreendentes". Em Harvard, onde houve várias manifestações, um orador declarou a cerca de mil manifestantes que os autores do massacre "não eram terroristas", mas "libertadores". Noutra marcha de Harvard, estudantes pró-Hamas empurraram e assediaram fisicamente um estudante judeu - ecoando o recente assédio a um jovem refém israelense em Gaza».
O radicalismo está a surgir da sombra em que encontrava e passou a vir para descoberto estando a arrastar pessoas e jovens com formação a usar a linguagem dos movimentos populares de violência, do tipo holocausto, organizados contra grupos étnicos ou religiosos e outros. Aproveitando o motivo a sua alegada defesa do povo palestiniano manifestam este ódio absoluto a judeus, só por serem judeus.
São poucos os movimentos contra o extremismo religioso muçulmano. O radicalismo e extremismo religioso muçulmano estão há muito presentes sendo estimulados por países dominados por teocracias antidemocráticas como é, por exemplo, o Irão.
As manifestações contra o regime iraniano opressor de mulheres quando da morte de Mahsa Aminida e de outra estudante iraniana, Armita Geravand, “agredida por não usar véu islâmico” foram escassas ou inexistentes, mesmo os apoiantes incondicionais no ocidente aos palestinianos. Será por o regime de Teerão ser xiita? A maior parte grande maioria da população da Palestina (93%) é muçulmana sunita. Embora exista uma forte minoria cristã (6% da população), a liberdade religiosa, especialmente em Gaza, sob o domínio do Hamas, é limitada.
O Hamas, sendo predominantemente sunita, é uma organização política e militar que defende uma série de princípios, conforme descrito na sua Carta de Princípios de 1988 que estabelecem a destruição de Israel, a oposição à existência de um Estado de Israel, a defesa da luta armada como único meio para libertar a Palestina e rejeitam qualquer negociação com Israel. É a guerra, e não a paz, assim como a rejeição de negociação pacífica que defende quem está do lado do Hamas. Quem está desse lado defende a Sharia, a chamada Lei Islâmica, defende o controle da forma como as mulheres se vestem e impõe a segregação de género em público.
As extremas-esquerda ao defenderem com unhas-e-dentes a política palestiniana (mas qual delas?) estão, implicitamente, a defender o terrorismo praticado pelos seus braços armados do Hamas que usa a população civil como proteção para se defenderem quando atacados e para os seus atos de ataque e de terror.
Este tipo de radicalismo islâmico defendido pelo Hamas está associado ideologicamente em alguns pontos a grupos como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda que procuram estabelecer um Estado islâmico através da jihad, a chamada “guerra santa” transformando a suas ações como “banalidade do mal” de Arendt. No entanto, é de salientar que a grande maioria dos muçulmanos em todo o mundo condena o terrorismo e a violência cometida por esses grupos radicais.
Após o conflito Israel-Hamas tem sido convocada em todo o mundo manifestações de apoio ao povo palestiniano, mas esquecendo-se que este conflito é contra o Hamas, apesar de Israel ao longo de décadas ter mostrado uma política expansionista empurrando o povo palestiniano. Mas isso é outra conversa. O que me surpreende é que esquerda que é super progressista sobre tudo quanto sejam direitos das mulheres, defesa das liberdades, apoios a LGBTI+ e todos esses movimentos não convoca manifestações nem se solidariza em defesa dos direitos humanos e das mulheres nem contra as perseguições do regime iraniano ao povo, nem contra a polícia dos costumes nesses países.