A ditadura centralista dos professores
Estamos fartos da ditadura dos professores
Em 2018 escrevi um texto neste blogue sobre os professores também num contexto grevista a que atribuí o título "A ditadura dos professores". Penso ser oportuno inserir novamente o texto com algumas alterações que achei adequadas ao momento com o título "A ditadura dos professores".
Portugal depara-se, mais uma vez, com as reivindicações duma classe, dita de professores da função pública, manipulados já não apenas pelo que era o seu grande educador e líder sindical Mário Nogueira, que já nem se recorda do que é dar aulas, mas que passou a ter um novo competidor ainda mais radical, o S.T.O.P. com o seu líder extremista André Pestana que agem numa espécie de simulacro de união. São exemplos de líderes que conduzem os professores a ser uma espécie de mercenários da educação. Os sindicatos de professores passaram a ser um monstro de três cabeças que lutam pela manutenção de alguns dos seus privilégios e que têm, aos poucos, vindo a roubar à profissão o prestígio, a autoridade e a simpatia que ela deveria ter junto da comunidade que é suposto servir.
Temos ainda tantos setores sociais, como o da saúde, educação (salários dos professores não incluídos) carenciados que necessitam de verbas e exigem-se agora verbas astronómicas para manutenção de privilégios que poderia ser feita gradualmente.
O monstro de três cabeças
Quantas famílias vivem neste país que trabalham com um ordenado mínimo e fazem os possíveis por manter o seu emprego trabalhando horas a fio observam, atónitos, aqueles que deveriam estar mais preocupados e centrados nas aprendizagens e nas avaliações dos alunos do que em reivindicações inexequíveis imediatas como pretendem. O fito é a obtenção de mais dinheiro com a contagem integral do tempo de serviço desde há nove anos, que até poder ser de justiça, mas, esquecem-se estes professores que ainda há muitos outros trabalhadores, não apenas os professores do ensino público que também são sacrificados. Reconheço o valor do trabalho dos professores, os que merecem esse epíteto que são, felizmente, a grande maioria e cujo trabalho não é muitas vezes devidamente reconhecido por alunos e encarregados de educação.
Estávamos em 2007 no governo encontrava-se José Sócrates como primeiro-ministro, que continuou até 2011. De 2011 a 2015 esteve no poder o governo de coligação de direita PSD-CDS chefiado por Passos Coelho e Paulo Portas. Na altura era apenas o senhor Nogueira, (o senhor Pestana ainda andava oculto), tirando uma escaramuça aqui e ali durante todo aquele tempo, não abriu a boca sobre o tempo de serviço que lhes foi retirado, mas apenas agora os professores reclamam. Porque só agora esta luta desenfreada, com greves que nos prejudicam a todos prejuízo da abertura do próximo ano letivo que apenas prejudica alunos, encarregados de educação e famílias?
A classe dos professores é aquela que, quer em regalias, quer em remuneração média, é das mais elevadas na função pública e até no setor privado. O manipulador sindical Mário Nogueira e agora também André Pestana fazem mover os professores acenando-lhe com a possibilidade de mais euros para os seus bolsos e tentam manipular outros pela sua luta de prestígio pessoal e sindical numa espécie de culto da personalidade que os ditos professores ululantes lhe prestam.
A classe sabe que tem um patrão, o Estado, que não os pode despedir por mais que prejudiquem a educação. Os outros patrões, os da política, são o Nogueira e o Pestana, é a eles que prestam vassalagem para os levarem a obter o possível e o impossível. É uma espécie de ditadura de classe que não tem quem lhe faça frente. Quem poderá vir no futuro tirar vantagens com este tipo de movimentações?
Só alunos, pais e encarregados de educação poderão barrar esta ditadura dos professores colocando de lado divergências políticas e partidárias e unindo-se contra o boicote que Mário Nogueira em André Pestana estão a fazer às aprendizagens dos seus filhos e educandos levando atrás de si uma classe que deveria ser um prestígio para o país. Pais e encarregados de educação são os únicos que poderão travar este boicote e acabar de vez com atitudes ditatoriais de líderes sindicais que desprestigiam uma classe.
Embora esteja sempre, ou quase sempre, em desacordo com os pontos de vista e as ideias políticas de João Miguel Tavares vejo que, mais uma vez, estou de acordo com o que escreveu no jornal Público em 2018 e que podem ler aqui.