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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

Eleições legislativas 2025: uma leitura subjetiva e ficcional

26.05.25 | Manuel_AR

 

Eleições 2025 leitura subjetiva.png

Há várias perguntas que podemos colocar sobre os resultados das eleições. Quais as interpretações sobre os resultados das eleições? Haverá de facto uma mensagem passada pelos eleitores através do voto? Será que a mensagem coletiva é o somatório do voto individual de cada uma das preferências dos eleitores? Se a houver será mais emocional ou mais racional?

Cada eleitor carrega consigo preferências, valores e aspirações que, ao serem depositados numa urna, mas cujo somatório das opções manifestadas em cada um dos nos votos enviam uma mensagem coletiva que pode indicar o caminho que a sociedade deseja seguir. As eleições para além da escolha de candidatos são também uma forma simbólica de comunicação que pode medir o estado da opinião pública.

Em democracia essa mensagem pode ilustrar o desejo por mudança, a continuidade de políticas que funcionaram ou até a insatisfação com determinados aspetos do sistema político em vigor.

Os resultados eleitorais são assim um indicador que partidos e governantes e a sociedade podem analisar para entender as expectativas, os medos e, principalmente, os anseios de transformações mais ou menos radicais do ambiente social e político. 

O voto, na sua essência, vai muito além de uma simples escolha entre candidatos ou partidos, ele é uma forma simbólica e concreta de comunicação. Mais do que uma escolha individual, o ato de votar reflete não apenas o que cada cidadão pensa, mas também sinaliza, de forma pluri-uníssona, as exigências e as esperanças de duma comunidade.

É importante lembrar que o voto é, sobretudo, uma ferramenta de protagonismo do cidadão. Cada voto é uma afirmação do direito de participar da construção do futuro, funcionando como um meio pelo qual os eleitores expressam não apenas suas preferências imediatas, mas também sua visão sobre a direção que a sociedade deve tomar.

Algumas teorias dizem que votamos de acordo com a classe social, lealdades grupais a um partido ou por motivo de fortes crenças ideológicas. pode ser também uma visão simplista de interesse individual porque se pensa vir a estar melhor com as políticas de um partido do que com a de outro.

O voto sendo unipessoal expressa em cada eleitor uma vontade, uma ideologia, um sentimento, um ressentimento, um protesto, uma aceitação, um descontentamento, um ato de pertença, uma insatisfação, um incentivo à agressividade e um ressentimento, estes dois últimos as principais armas políticas de alguns partidos que terão levado alguns a desistir do partido que antes terá escolhido, alterando o seu voto tradicional que é trocado por um desejo inconsciente de mudança e, por isso, optando pelo desconhecido. O somatório de cada uma destas vontades apresenta-nos um leque variado de opções cuja interpretação não nos leva a concluir que houve uma “mensagem coletiva de escolha” fonte de um desejo generalizado, isto devido à concentração regional de algumas das escolhas a isso leva a concluir.

Eleições 2025 leitura subjetiva-Mapa de votos.pn

O somatório dos votos em partidos radicais populistas de extrema-direita são um protesto que resulta, afinal, de votos individuais, consequência duma multidão de descontentes que com nada mais se identificam a não ser no ódio aos partidos do regime que ouvem dizer serem “corruptos” que nada lhes deram e, acrescente-se, algum aventureirismo dos jovens que consideram que os valores da democracia estão mais do que garantidos e que essa história do “25 de Abril” e do regresso ao fascismo “já era”.

Aliás, o voto de protesto e reivindicativo, dos partidos de extrema-esquerda, plenos de palavras de ordem, parece, estar a ser substituído por partidos populistas de extrema-direita.

A influência do tipo de voto de cada um dos eleitores induzido por aconselhamento de outros, pela campanha direta dos intervenientes dos partidos, pelos órgãos de comunicação social, pelas redes sociais e pela imagem de simpatia ou de antipatia que sentem pelos líderes dos partidos. São formas e fontes muito eficazes que, em grande parte, são manifestadas nas redes sociais onde se criam mecanismos para influenciar polarizações e radicalizações que geram o tal confronto entre o “nós” e o “eles” das narrativas populistas.

Poderemos ficcionar a resposta de um certo eleitor a uma pergunta muito direta sobre a razão que o levou a votar em determinado partido sobre o conhecimento do seu programa. A resposta poderia ser: - voto nesse partido e quero lá saber do programa. Basta-me ouvir o que ele diz, ler e ver o que aparece nas redes sociais que, para mim, são mais do que suficientes e até mais “credíveis” do que os órgãos de comunicação. Para além disto as redes sociais também possibilitam que o que eu digo passe a ter um valor maior do que com os que tenho ao meu lado, no emprego, no namoro, no café, em casa e, melhor ainda, possibilita-me culpar o outro, ou os outros, pelo meu insucesso.

Se lermos com atenção e disciplina crítica os comentários publicados a artigos de opinião na imprensa descobrimos afirmações interessantes que nos apontam para as causas e nos sugerem o sentido de voto de alguns desses eventuais e potenciais votantes.  Podemos dar como exemplo jovens votantes inconsequentes que utilizam linguagens guturais e narrativas em que o substantivo “tipo” está presente a cada duas ou três palavras, e captam declarações falaciosas com sound bites, frases cativantes e altissonante que eles ouvem, apreciam e com hipóteses de votar em quem tem discursos dessa espécie.  

Se analisarmos o estudo “As bases sociais do novo sistema partidário português 2022-2025” de João Cancela e Pedro Magalhães verificamos que os votos destas últimas eleições mostram-nos o PS atrás da IL no voto jovem masculino e quase encostado ao partido Livre nas jovens mulheres ficando ainda os socialistas em quarto lugar, atrás da IL, no apoio dos jovens homens (entre os 18 e os 24 anos) e abaixo da AD e do Chega nos eleitores com o ensino secundário. Estão ainda a competir quase ao lado do Livre no voto jovem feminino (na mesma faixa etária dos 18/24) e com a AD pelo voto dos idosos menos instruídos.

Se ouvirmos as dezenas de comentários televisivos, opiniões e análises sobre os resultados das eleições e sobre o que poderá, como consequência, vir a acontecer, o que podemos apurar é que cada um defende as suas teorias, normalmente permeáveis à especulação e oráculos da imperfeição sobre o que resultará após as eleições. No entanto, até ao momento, tudo está em aberto.

Uns dizem que os recentes resultados eleitorais permitem ler um desejo dos eleitores por mudança e inovação na política. Outros defendem teses já gastas de que o eleitorado demonstrou um profundo desencanto com os partidos tradicionais, visivelmente insatisfeitos com um sistema que, para muitos, não tem respondido de forma eficaz aos desafios sociais e económicos. Outros ainda que, pelo facto de a AD - Aliança Democrática ter conquistado uma expressiva percentagem dos votos (exagero, já que, se assim fosse, não se levantaria a questão de poder haver um problema governativo para a AD se não houver acordos).

Facto é haver uma queda histórica do PS que, conforme alguns comentadores da política caseira, pode revelar que os eleitores (como no início referi, são somatórios de várias vontades) exigem alternativas capazes de romper com o padrão antigo e promover realmente uma renovação no cenário político. Isto é, pretenderam uma aposta no desconhecido.

Falar em renovação do cenário político é uma abstração porque o entendimento que a generalidade do eleitorado tem de renovação não é evidente e é multifacetada por estar dependente dos vários partidos por haver uma oferta de opções partidárias com consequente distribuição e dispersão de votos.

Será que, para grande parte do eleitorado, o motor da renovação está no partido Chega por este ter conseguido aumentar a sua percentagem de eleitores? O eleitor não militante ou simpatizante de um qualquer partido defende no seu voto uma atitude de colocar os seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente social e das demais pessoas com que se relaciona. O eleitorado é volátil. O que vota hoje num partido pode já não votar no mesmo na próxima eleição.

Podemos incluir estes eleitores num grupo central, moderado, que oscila facilmente entre os blocos ideológicos (talvez PSD e PS). Este grupo será o somatório de várias vontades individuais e compõe uma fatia significativa dos eleitores e é particularmente suscetível às variações de curto prazo, pois não se encontra fortemente ancorado em identificações ideológicas profundas. A volatilidade resulta de uma interação complexa de fatores de longo prazo e estímulos de curto prazo.

Para analisar a volatilidade eleitoral em Portugal e, para saber como conquistar eleitores considerados “voláteis”, é importante compreender que há variáveis tais como a conjuntura económica, a imagem dos líderes e os temas da campanha podem exercer forte influência sobre o voto dos eleitores voláteis. A identificação com um partido ou líder pode funcionar como uma âncora que estabiliza o voto. Quando essa identificação é fraca, característica dos eleitores voláteis há uma maior probabilidade de mudança de opinião antes ou durante as campanhas. Essa variável mostra que, mesmo em segmentos com acesso a informações, a falta de um forte vínculo emocional ou ideológico com um partido pode abrir espaço para oscilações.

Enquanto os eleitores mais entusiasmados e com maior envolvimento político têm capacidade para analisar e consolidar uma posição, os menos interessados podem ser facilmente influenciados por fatores que levam à procura de melhor. Essa capacidade para dar resposta rápida aos sinais do ambiente imediato faz com que mudanças rápidas na comunicação ou na situação nacional sejam determinantes para a mudança do voto.

Neste sentido, a volatilidade eleitoral em Portugal é moldada por uma combinação de fatores históricos, sociais e estruturais imediatos. Para perceber a volatilidade dos eleitores há que perceber a fragilidade dos vínculos tradicionais e oferecer, de maneira rápida e consistente, respostas às inquietações desses eleitores e numa personalização do discurso para transformar a oscilação numa conquista eleitoral.

Para finalizar apresento um vídeo da Rádio Comercial interpretdo por Vasco Palmeirim que é divertido, muito atual e que nos diz muito sobre a política atual. 

 

Verdade e ficção em tempo de eleições

17.05.25 | Manuel_AR

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Há políticos que raramente dizem a verdade, sobretudo em tempo de campanhas eleitorais. Preferem falar em hipotéticas promessas com narrativas próximas da ficção. Isto porque a ficção pode ser mais simples de assimilar pelos potenciais eleitores, enquanto a verdade é tendencialmente complicada porque a realidade que a representa é também complicada. É mais fácil convencerem-se os eleitores de que tudo será simples e fácil com demagogia plena de ficção do que dizerem a verdade porque esta é, por vezes, dolorosa e perturbadora e se a tornam mais reconfortante e suavizadora deixa de ser verdade. Assim, um discurso mais ficcional é mais irrealista, maleável e demagógico e sem qualquer sustentabilidade com a realidade é mais produtivo para a captação de votos. Daqui a necessidade duma análise atenta às suas intervenções.  

Os eleitores a transparência e consciência política

16.05.25 | Manuel_AR

 

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Mas há uma coisa estranha: o que levará eleitores a escolher líderes com  suspeita de pouca transparência nos seus negócios  e a votar na AD de Luís Montenegro. É um fenómeno intrigante: eleitores que, mesmo diante de suspeitas públicas sobre a falta de transparência de determinados partidos ou líderes políticos, como é o caso de Luís Montenegro que provocou instabilidade política com receio de um inquérito parlamentar, mas continua a tendência de ser apoiado nas urnas. Qual é a ética desses eleitores  Esta realidade levanta questões sobre os fatores que influenciam o comportamento eleitoral e os limites da moralidade política na prática cotidiana. Faz lembrar que o "quem não se sente não é filho de boa gente".

Não, esta não é uma apologia ao voto no CHEGA, nem pretende desviar o sentido de voto para este partido cujo programa, mesmo que bem espremido, já não deita nada.

No país das maravilhas da imigração de portas escancaradas

15.05.25 | Manuel_AR

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Escrever em Portugal a propósito da imigração excessiva está a tornar-se um tema quase proibitivo desde que não seja para elogiar o excesso de entrada de gente com o já gasto argumento das vantagens que traz para a economia e para a demografia. Quem discordar desta tese fica com o estigma de racista e de xenófobo e, na pior das hipóteses, considerado discurso de ódio.

De facto, escrever nesta altura eleitoral sobre imigração de portas escancaradas pode influenciar indeciso ou eleitores ainda pouco esclarecido sobre alguns partidos radicais como o CHEGA ou ainda pior. Não é essa a minha intenção. Contudo, é um tema que mereceria ser discutido sem preconceitos e com verdade objetiva pelos partidos democráticos e o modo como deverá ser feito o controle para bem dos que cá estão e dos que cá entram para trabalhar, repito, para trabalhar, de modo a desmitificar os Andrés Venturas que por aí andam.

Mas, continuemos, em fevereiro de 2024 uma reportagem numa revista escrevia que “Setores como o turismo, a agricultura ou as pescas não sobrevivem sem mão de obra estrangeira, à falta de alternativas nacionais.”, e que “Os imigrantes são já 7,5% da população, ajudam a equilibrar as contas da Segurança Social e são economicamente produtivos, trazendo um contributo positivo para a riqueza do País.”.

Portugal é o melhor dos mundos para a imigração, sem esquecer o turismo de massas que invade Portugal, mas este será para outra ocasião.

Dizem nessa reportagem que vêm à procura do seu pedaço de sol e que sem a mão de obra do Nepal, Índia e Tailândia, quase não haveria agricultura; sem a da Indonésia, a nossa capacidade de pesca ficaria muito reduzida e, sem a do Brasil, a maioria da restauração fecharia. Enfim ao logo de cinquenta anos de governações de esquerda e de direita foi o que se conseguiu tornamo-nos dependentes de pessoas do antigamente designado terceiro mundo, ou melhor, países em desenvolvimento ou economias emergentes como designação que procura refletir de forma mais precisa as singularidades e os processos de fraco crescimento económico e social vividos por essas nações onde governantes corruptos e exploradores do povo dominam.

Fala-se muito da perceção que a população tem da imigração, mas a perceção é uma coisa e a observação é outra. A perceção é o modo como interpretamos as informações captadas pelos nossos sentidos e é um processo subjetivo que está influenciado por crenças, valores, experiências e emoções individuais de cada um de nós e pode ser moldada por preconceitos e estereótipos levando a conclusões nem sempre baseadas na realidade objetiva.

Noutra perspetiva pela observação os dados são recolhidos de maneira objetiva e sistemática. Envolve prestar atenção aos detalhes e registar informações de maneira imparcial, deixando de fora apreciações e opiniões pessoais que possa interferir no processo. Procura factos verificáveis e mensuráveis o que permite uma análise mais precisa e fundamentada da realidade. É sobretudo nesta última que me baseio para os comentários que pronuncio sobre o tema.

Deslocando-me por algumas artérias da cidade de Lisboa o meu olhar centra-se nas suas características pessoais exteriores da população que as frequenta. A observação diz-me que, em muitos locais de Lisboa, as características europeias incluindo Portugal começam a ser raras e que a dominância pertence subcontinente indiano, do Sul da Ásia onde se situam a Índia, Paquistão, Bangladesh, Nepal e Butão. Para além destes, mas em menor número observamos africanos.

Antes de continuar preciso esclarecer que não sou racista nem xenófobo tento apenas observar a realidade que nos quiseram impor, especialmente a partir do Governo de António Costa.

Tentando tirar fotografias captadas pela memória quem diz que todas estas pessoas estão em Portugal, neste caso em Lisboa, para trabalhar podem estra equivocadas.

Fora das horas de intervalo do trabalho quem percorre alguns locais de Lisboa vê esplanadas ocupadas com asiáticos, grupos sentados em muros, passeando pelas ruas, aparentemente desocupados, ocupando bancos dos jardins e praças pública. Dizem-nos as notícias que se encontram a trabalhar e que Portugal precisa deles.

Deslocam-se de chinelas, sem as regras mínimas de higiene, os locais por ondem passam encontram-se cheios de lixo espalhado e as ruas emporcalhadas. Cadeiras à beira das casas onde se sentam tardes inteiras falando ao telemóvel. O que fazem estas pessoas em Lisboa e talvez noutros locais de Portugal? De que rendimentos vivem? Onde e como moram e quem lhes paga o aluguer? E as lojas e lojinhas que proliferam por todo o lado umas ao lado das outras onde no espaço interior se encontram camaratas de alojamentos destas pessoas que vivem sem dignidade.? Quem lhe possibilita a entrada sem controle quem os leva a esta situação? Os governantes falam, falam, mas nada fazem para evitar e reduzir estas situações desumanas autorizadas complacentemente.

Os centros de saúde sobrecarregados, sobretudo pelas suas mulheres, que, diria, talvez suas escravas, a quem fazem filhos para receberem subsídios.  

Podem aparecer comentadores ou quem quer que seja perorar sobre os imigrantes bem-vindos salientando os seus benefícios que não apagam os argumentos contra a imigração que não podem ser ignorados.

Um dos principais argumentos é a pressão sobre os serviços públicos e infraestruturas. O aumento da população pode levar a uma maior procura por saúde, educação e habitação, o que pode resultar em sobrecarga dos serviços existentes e deterioração da qualidade.

O impacto no mercado de trabalho da imigração pode levar à saturação aumentando a concorrência por empregos e pressionando os salários para baixo, especialmente em setores onde os imigrantes predominam.
Ora aqui encontramos outro ponto que é o de imigrantes a ultrapassarem o número de portugueses sem abrigo e a viver nas ruas conforme relata uma reportagem publicada da revista Visão. Meia dúzia serão portugueses o resto são nepaleses, indianos e ainda muitos marroquinos, não sabemos quantos serão os do Bangladesh.

A visibilidade de imigrantes em espaços públicos, a maior parte deste país pode ser influenciada por hábitos culturais e necessidades económicas. Assim, se os imigrantes do Bangladesh tendem a reunir-se em espaços públicos ou a gerir pequenas empresas que exigem que sejam visíveis, pode parecer que estão mais presentes nessas áreas.

Há uma diferença entre os tipos de imigrantes consoante os países de origem. Enquanto muitos imigrantes africanos podem estar envolvidos em trabalho manual como o de construção ou em fábricas, por exemplo, os imigrantes do Bangladesh ou do Paquistão podem encontrar oportunidades em pequenas empresas por eles criadas, o que não vem resolver o problemas de mão de obra que escasseia em alguns setores.

A chegada de grandes grupos de imigrantes tem alterado o tecido social da comunidade, sobretudo em Lisboa, levando a choques culturais e possíveis tensões entre os residentes locais e os recém-chegados que não se compadece com a convivência pacífica entre diferentes culturas que se torna num desafio constante.

É uma evidência que nem todos vêm ocupar postos de trabalho com dificuldades de mão de obra, mas sim estabelecerem-se por conta própria com negócios que à observação podem ser claros, mas que poderão esconder outros menos claros. Quantas lojinhas abertas ao público não esconderão no seu interior uma exploração de pessoas que pagam rendas para poderem pernoitar?

Não menos importante é a soberania e o controle das fronteiras que se relaciona com a capacidade de um país para controlar quem entra e sai do seu território que é vista como um elemento essencial da soberania nacional, se tal não for feito a imigração incontrolada pode levar à perceção, aqui sim, de uma ameaça a soberania.

Posto isto, é importante abordar o tema da imigração com uma visão equilibrada e humanitária. Não basta reconhecer as contribuições dos imigrantes e necessário encontrar soluções para os desafios que surgem, mesmo que daí resulta o repatriamento dos indesejados e dos não necessários para o país.

Se os imigrantes garantem mão-de-obra e atenuam o envelhecimento do país, e se isto parece ser importante, por outro lado estamos a seguir e a ajudar a demonstrar a tese dos que defendem estar a haver uma lei da substituição e uma islamização de Portugal como já acontece na Europa em que os seus “naturais” podem estar em risco de extinção sendo substituídos por outras gentes de outras culturas, hábitos e religiões.

Leitura complementar:

https://www.publico.pt/2025/04/09/sociedade/noticia/imigrantes-ajudam-desacelerar-falta-maodeobra-envelhecimento-pais-preciso-integralos-2129176

Perdoai-lhes Senhor porque sabem o que fazem

11.05.25 | Manuel_AR

Religião Montenegro e Ventura.png

O título deste texto foi inspirado nos evangelhos, mais propriamente em Lucas (23;34), quando Jesus disse: «Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!».

Assim, no entremeio das eleições para as legislativas de 18 de maio, cinco dias antes do 13 de maio dia de peregrinação ao Santuário de Fátima surge a oportunidade de aproveitamento da religiosidade da população devota daquele dia e Luís Montenegro não poderia deixar perder a oportunidade deste dia e lança a sua esposa para a comunicação social (fica o benefício da dúvida). Montenegro encontra-se com a mulher, em peregrinação a Fátima e, para tal, televisões foram convocadas.

O líder do PSD deixou um almoço de forma discreta e decidiu ir cumprimentar a mulher, que se encontrava algures na zona de Mira negando aproveitamento político. Recordemo-nos quando foi ameaçada uma CPI por causa da SPINUMVIVA Montenegro lamentava que a família fosse envolvida no caso. Enfim são pontos de vista!

Temos um novo Papa e sobre a sua atuação fazem-se prognósticos sobre se seguirá o caminho do seu antecessor ou se irá manter uma postura mais conservadora. Há opiniões sobre o novo Papa conforme as várias visões sobre o Mundo conturbado que estamos todos a viver.

É interessante conhecermos como reagem alguns políticos ou próximos sobre como foi a atuação do Papa Francisco e de como será a do Papa Leão XIV, mas antes recordemos o que alguns deles disseram no rescaldo do falecimento do Papa Francisco.

Começo por uma atriz ressabiada (talvez por ter sido votada ao esquecimento), apoiante do partido Chega, de seu nome Maria Vieira que reagiu numa rede social à morte do Papa Francisco escrevendo “Eu sou cristã, mas nunca simpatizei com este Papa socialista e «wokista» que falseou e atacou os valores ancestrais do cristianismo. Agora é tempo de a Igreja Católica encontrar um Papa conservador e verdadeiramente cristão que recupere a Palavra de Deus e que ponha ordem na Igreja”. É esta uma visão caridosa que de cristã não tem nada.

Esta falsa cristã apenas demonstra a sua ignorância porque um dos valores e pilar do cristianismo é o amor ao próximo desconhecendo que esses ensinamentos são encontrados em várias passagens dos Evangelhos, como o do Sermão da Montanha e nas parábolas de Jesus Cristo que formam a base da ética cristã que se encontra nos Evangelhos.

Deixemos para trás esta senhora e vamos ao que afirmou o seu grande líder André Ventura quando se pronunciou sobre a morte do Papa Francisco. Ventura, que diz ter frequentado o seminário, mostra pelas suas afirmações que também parece desconhecer o fundamento da essência da mensagem pregada por Jesus Cristo.

As primeiras declarações de Ventura sobre o Papa Francisco remontam a outubro de 2020 quando, numa entrevista ao Diário de Notícias, afirmou sobre o Papa Francisco que “Eu acho que este Papa tem prestado um mau serviço ao cristianismo. Acho. Acho que tem mostrado a esquerda revolucionária quase como heroica e a esquerda europeia marxista como a normalidade. Acho que este Papa tem contribuído para destruir as bases do que é a Igreja Católica na Europa e acho que em breve vamos todos pagar um bocadinho por isso.”. André Ventura, nos últimos anos foi repetidamente crítico do Papa Francisco.

O tempo passou, já lá vão cinco anos, e, para Ventura, o Papa Francisco foi um “exemplo para todos os que querem servir a causa pública”. Face ao que antes tinha afirmado ficamos sem perceber qual é o verdadeiro pensamento de Ventura sobre o Papa Francisco, mas, fica confrontado com declarações passadas sobre o líder da Igreja Católica.

André Ventura sempre recusou acolher a mensagem do líder da Igreja Católica porque dizia ele, o Papa Francisco só queria que a Igreja ficasse “bem na fotografia” e acusava o Papa de estar a transformar a Igreja num “partido político de esquerda”.

Na celebração das Jornadas Mundiais da Juventude em 2023, aquando da visita do Papa Francisco a Lisboa, André Ventura foi um dos poucos ausentes. Afirmou então que “Confesso que podia ter estado no CCB (Centro Cultural de Belém) com Sua Santidade e não desejei esse encontro. “Peço a Deus que me perdoe por isso e tenho tido todas as dificuldades com a minha própria consciência” disse. Os hipócritas batem com as mãos no peito quando isso lhes convém. Ventura escreveria depois, numa carta reproduzida no Correio da Manhã que, embora dirigida ao Papa Francisco, que não terá sido enviada ao Vaticano.

Conforme a Agência Lusa, em 21 de abril de 2025, André Ventura citou João Paulo II: “Dizia um outro Papa, João Paulo II, a Europa é cristã, a sua matriz é cristã e não a devemos perder em nenhuma circunstância”. Segundo o DN o líder do partido disse que Francisco deixou a Igreja «diferente», mas não especificou se a Igreja melhorou ou piorou, contudo, afirmou que esta “tem de começar a ter mais posição de firmeza nas grandes lutas", nomeadamente “contra a cultura 'woke' e contra a sexualização das crianças”.

Regressemos agora à eleição do Papa Leão XIV e atentemos no que disse André Ventura aos jornalistas no concelho de Guimarães em declarações em que saudou a escolha do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como novo Papa, manifestando esperança, e achando que “é um nome que nos dá esperança de que no futuro possamos ter uma Igreja interventiva em áreas importantes”, e onde defendeu que é preciso uma “Igreja firme, forte em matéria de convicções, em todas as áreas, desde a espiritualidade, à imigração, ao acolhimento, ao combate à pobreza”, mas acrescenta que  espera que o novo Papa “seja um sinal de reforma para a Igreja” e «de doutrina»”. Será que para Ventura o combate à pobreza deve passar por acabar com o RSI-Rendimento Social de Inserção!

Referindo-se à imigração disse que há coisas que poderiam ser “poderia ser diferente”, como na “questão da imigração na Europa”.

Ao longo da história a religião serviu de alimento às almas e muitos políticos recorreram e ainda recorrem à retórica religiosa para construir pontes de identificação com os eleitores, criando uma sensação de esperança, pertencimento e reafirmação de valores compartilhados. Eles sabem que é um terreno poderoso e convincente para eleitores cuja fé os salva e se políticos estiverem desse lado então a convicção produz os efeitos desejados.  

Regressados do recato da política

06.05.25 | Manuel_AR

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Aqueles que, ao longo dos anos, estavam preocupados com o estado do país e que há um ano prometiam medidas para resolver problemas antigos, não só não os resolveram, a não ser continuar com o que o anterior Governo deixou preparado, agravando tais problemas. A política foi lançar dinheiro que encontraram nos cofres do Estado para cima dos problemas.

Por mais que se deseje, os problemas que se arrastam há anos que perpassaram por diferentes Governo os quais, sucessivamente prometiam resolver, têm mostrado a evidencia que (o tal reformismo) não se faz facilmente sem desestruturar o nosso modelo económico e social o que geraria instabilidade social e, mesmo assim, tais reformas não se conseguiriam resolver nem a curto, nem a médio prazo.

É recorrente que Luís Montenegro quando é confrontado com os problemas que ele não quer esclarecer lança demagogicamente mão às emoções dos portugueses e das portuguesas, como ele diz, vitimizando-se pelo que diz lhe estão a fazer injustamente, evitando  responder às questões que lhe são colocadas.

Escrevia eu estas linhas quando me assaltou a memória, mais uma vez, a política e alguns políticos que se movimentam nas democracias e o conceito de demagogia cujo significado tem várias entradas na maior parte dos dicionários. Um deles define-a como sendo um “discurso ou ação política em que se procura conquistar apoio através da manipulação das emoções populares, em detrimento do uso de argumentos lógicos ou racionais” e noutro “discurso ou ação que visa manipular as paixões e os sentimentos do eleitorado para conquista fácil de poder político”.

Para Aristóteles a demagogia é o de arrastar o povo e descreve-a como uma forma de governar em que os argumentos são substituídos por apelos aos medos, preconceitos, amores e ódios dos cidadãos. É a abordagem dos debates através da linguagem dos sentimentos e impedir uma discussão, sem exaltação, sobre a ação política. Surgem em momentos ad crise e revelam-se como salvadores e ao conquistarem o povo, podem mudar o rumo dum regime político fazendo-o derivar para regimes autoritários. Veja-se a possibilidade do que se está a passar nos EUA com Trump no poder. O que naquele país seria uma impossibilidade pode estar a seguir para uma possibilidade.

Em momentos de campanha eleitoral surgem, especialmente da direita mais retrógrada e conservadora, ressurgindo da escuridão política ou partidária a que os votaram, ou a que eles próprios se conferiram, para se pronunciarem com as suas palavras sábias e irrepreensíveis para induzirem potenciais eleitores saudosistas de tempos passados.

Como é óbvio, cada um elogiando o líder concorrente às eleições do seu partido favorito, ainda que esse líder, novamente candidato a primeiro-ministro, tenha sido um fiasco em algumas das políticas, nomeadamente nas da saúde, e na falta de clareza das suas ligações a empresas privadas, tirando oportunisticamente proveito político das políticas implementadas pelo Governo seu antecessor.

Uma destas sumidades chega a afirmar sobre o concorrente a Primeiro-Ministro que “A minha escolha de Primeiro-Ministro fundamenta-se em três critérios: a capacidade política e técnica, a dimensão ética na vida política e a proposta de política geral do Governo”. E mais afirma que a “campanha de suspeições e insinuações movida por partidos da oposição e por alguma comunicação social contra a pessoa do primeiro-ministro” e que era “mais confusa e desinformativa do que esclarecedora”. Claro que se refere a Luís Montenegro, e, mesmo que algumas afirmações não sejam na íntegra verdadeiras elas pretendem enaltecê-lo e, sem hesitação, oferece-lhe o seu beneplácito.

O que temos observado da parte de Luís Montenegro ainda ele respondia perante o Parlamento é as suas capacidades de mimetismo serenidade de impoluto e a sua capacidade para a vitimização escondendo-se atrás dum rosto de ingenuidade manifesta.

Mas, espantemo-nos porque a coisa não fica por aqui porque com grande descaramento tal apoiante de Montenegro afirma que “…tendo procurado avaliar objetivamente os comportamentos e atitudes dos diferentes líderes partidários da oposição, não encontrei em nenhum deles qualquer superioridade em relação ao atual Primeiro-Ministro na dimensão ética e moral na vida política.” Este estilo panfletário é risível para não dizer lamentável!

A defesa de Montenegro perpetrada pela douta personagem  cai como catarata escamoteando a verdadeira razão estratégica da “coisa” que provocou uma crise fazendo cair o Governo declara-se nestes termos: “Como afirmei noutra ocasião, a campanha de suspeições e insinuações foi o pretexto de partidos da oposição para criarem um clima político de tal forma inflamado e paralisante da ação do Governo que não lhe deixou alternativa que não fosse a de confrontar a Assembleia da República com uma moção de confiança”. Risível mais uma vez, não é!

Para este douto conhecedor o facciosismo é o motor, pois que, para ele, “o atual Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, revelou ser possuidor de boas qualidades nas principais questões técnicas dos diferentes ministérios, na liderança do Governo… qualidades que não vislumbro nem antecipo nos outros líderes partidários”. Desafio os leitores deste texto a tentar adivinhar quem é esta excelência, cujo nome não devemos pronunciar em vão, dada a sua divindade política, sabedor isento que, quando regressado do recato político surge a falar do alto da sua cátedra escreve as tábuas da sua lei e da arte de cavalgar toda a política.

Enfim, há que contribuir com distorção dos factos mostrados na comunicação social, reorganizando a verdade ao seu modo, a qual passou a ser a dele, mesmo que não no seu todo.

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Não ficamos por aqui, no almoço de celebração dos 51 anos do partido PSD juntaram-se também à mesa outros regressados do sossego da política, recordados não pelos melhores motivos, para darem uma ajudinha a Montenegro.  E lá vem Passos com a sua experiência do passado que ninguém esquece, (o tal do temos de ir para além da troika), dizer a Montenegro que “…é preciso que exista verdadeiramente um espírito reformista que possa estar ao serviço dessa estabilidade”. Enche o peito com o espírito reformista. Resta-nos saber o que entenderá ele por isso no atual contexto.

Será que pega?