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O século XXI tem trazido à superfície líderes cujos comportamentos, atitudes e decisões parecem desafiar os princípios fundamentais da liderança democrática, da ética e da moral. Estes líderes, na sua procura por incessante poder e reconhecimento, muitas vezes procura formas de governo ditatoriais e autocráticas e exibem características narcisistas que prejudicam não apenas os indivíduos em seu redor, mas também as instituições que governam.
Procurei nos meus manuais de psicologia educacional dos meus tempos de professor, em qualquer deles se caracteriza o conceito narcisismo como sendo uma forma de transtorno de personalidade. É uma condição de saúde mental na qual as pessoas têm um senso excessivamente alto de sua própria importância. Eles precisam e buscam muita atenção e querem que as pessoas os admirem. As pessoas com esse transtorno podem não ter a capacidade de entender ou se preocupar com os sentimentos dos outros.
Os populismos e os partidos de extrema-direita vão-se instalando progressivamente gerando-se no seio das democracias liberais e aproveitando-se delas. Os políticos que as lideram parecem não dar importância ao fenómeno, considerando-o como normal, e atribuindo-lhe pouco valor, apesar do seu crescimento, sem tentarem procurar as causas que o alimentam. Algumas forças mais à esquerda têm alertado para a situação de que as democracias, mesmo as aparentemente mais consolidadas, são frágeis.
Autocracias, oligarquias, cleptocracias e ditaduras têm vindo a ser estabelecidas em países por todo o Mundo e, cujos líderes ocupam o poder e tendem a manter-se pela repressão das oposições e pelo controle da informação. São membros de redes que se encontram interligados apenas no interior das autocracias, mas com redes existentes noutros países.
Estes autocratas têm a convicção de que o mundo exterior não lhes pode tocar, que as opiniões de outras nações são irrelevantes e que nunca serão julgados pela opinião pública. Eles não pretendem defender mais nada do que o seu próprio enriquecimento e a manutenção do poder.
Várias interpretações podem alguns tirar da afirmação que foi feita por Trump durante a campanha eleitoral quando disse que “Daqui a quatro anos, não terão de votar novamente. Vamos ter tudo tão bem arranjado que não vão ter de votar”.
Atualmente, 34% da população mundial vive num país com regime autoritário. Segundo o Índice da Democracia, 52 países são classificados como autocracias, incluindo Venezuela, Rússia, China, Coreia do Norte, Síria, Irão e Arábia Saudita. Além disso, um estudo do Instituto V-Dem da Universidade de Gotemburgo mostra que cerca de 5,7 biliões de pessoas, ou 72% da população mundial, vivem em autocracias eleitorais ou autocracias fechadas. Países como a Índia, Paquistão, Bangladesh, Rússia, Filipinas e Turquia são exemplos de autocracias eleitorais.
Segundo um artigo do jornal Público o relatório do IDEA, “as ameaças abarcam desde democracias tradicionalmente fortes a outras bem mais frágeis os riscos mantêm-se concretos. Em matéria de credibilidade das eleições, liberdades civis e igualdade política, o relatório mostra que os números ainda não chegam aos anteriores a 2016, a primeira vez que Trump concorreu à presidência e ganhou as eleições a Hillary Clinton.
Os ditadores sempre estiveram contra a democracia com formas parlamentares. Aliás um dos piores ditadores da humanidade escreveu no seu único livro conhecido, referindo-se ao parlamentarismo, que “A sua participação em uma tal instituição só pode ter o objetivo de destruir o parlamento, que deve ser visto como um dos mais graves sintomas da decadência da humanidade” (Mein Kampf).
O que conheço da política dos EUA é apenas pela imprensa estrangeira e também pela nacional, mas cruzando vários artigos e opiniões, tiro as minhas ilações. Muitos artigos de opinião e artigos sobre política podem ser considerados para alguns como desfavoráveis e para outros como favoráveis conforme o que cada um pensa e nem sempre podem estar de acordo com o que pensamos. Há opiniões para todos os gostos que podem ser favoráveis ou desfavoráveis, concordantes ou discordantes consoante cada pessoa como é no caso das decisões tomadas pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump, por mais disparatadas, contraditórias, inconcebíveis e até ameaçadoras que elas sejam.
As táticas dos potenciais ditadores são convergentes, pregam valores liberais nos seus países recorrendo a slogans da democracia enquanto sorrateiramente edificam regimes iliberais como Putin fez na Rússia. O regime político atual da Rússia é amplamente considerado uma autocracia. Embora o presidente Vladimir Putin tenha feito declarações sobre a importância da democracia e dos direitos humanos, as suas ações e políticas, como a implementação de leis restritivas e repressão à dissidência, indicam uma prática que não se alinha com esses princípios democráticos.
Leia-se um dos discursos de Vladimir Putin em que disse que “Só um Estado democrático pode assegurar um equilíbrio entre os interesses da personalidade e da sociedade, e conjugar a iniciativa privada com as tarefas nacionais.” (julho de 2000).
Em 2002, Vladimir Putin fez declarações salientando que um Estado democrático deve centrar-se no “primado do direito, eleições livres e a prioridade aos direitos humanos”, isto é, a importância do Estado de Direito, eleições livres e direitos humanos. No entanto, as suas ações e políticas têm sido frequentemente criticadas por não se alinharem com esses princípios. Por exemplo, houve posteriormente inúmeros relatos de leis restritivas e repressão à dissidência na Rússia. A situação levantou preocupações sobre o estado da democracia e dos direitos humanos no país.
A eleição de Trump em 2016 foi um marco significativo na política americana e suscitou debates acalorados sobre a direção que os Estados Unidos poderiam tomar sob a sua administração, e trouxe à discussão várias questões controversas.
A reeleição de Trump em 2024 reacendeu o debate sobre a zona cinzenta das autocracias. A jornalista Anne Applebaum, (Anne Applebaum, Autocracia, Inc, - “Os ditadores que querem governar o mundo”), destacou que muitos países vivem na zona cinzenta entre democracias e ditaduras, e a vitória de Trump define onde os Estados Unidos ficam nesse espectro.
Anne Applebaum escreveu “Quem não conseguir entender o que se passa no mundo que o rodeia não se vai juntar a grandes movimentos pró-democracia, nem seguir um líder que diga a verdade, nem prestar atenção quando alguém lhe falar de mudanças políticas positivas. Em vez disso, vai-se afastar da vida política. A propagação deste cinismo e desânimo é do maior interesse para autocratas, não só nos seus países, mas também no resto do mundo.”.
Agora, novamente, a ascensão ao poder de Donald Trump é um tema que tem gerado e continuará a gerar muitos debates e análises. A administração de Trump já provocou controvérsia e preocupação significativas. Alguns dos aspetos mais controversos e potencialmente perigosos incluem: políticas de imigração em que Trump tem uma atitude agressiva incluindo deportações em massa e militarização da fronteira que levantam preocupações humanitárias; o negacionismo e a sua ignorância aceite subservientemente pelos seus acólitos escolhidos à medida, por medo, ou também por ignorância, em vários pontos nomeadamente quanto às mudanças climáticas leva-o aos seus planos de se retirar do Acordo Climático de Paris e a reverter as regulamentações climáticas que podem vir a agravar os impactos ambientais; iniciativas como a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) que Trump reverteu e que atraiu críticas por minar a diversidade no local de trabalho e as oportunidades económicas. O DEI foi criado porque as comunidades marginalizadas nem sempre tiveram oportunidades iguais de emprego ou sentiram um sentimento de pertencimento em ambientes corporativos de maioria branca; intervenções económicas radicais, como a imposição de altas tarifas e a deportação de milhões de imigrantes que podem desestabilizar a economia; a política externa segundo a abordagem “America First” de Trump, inclui a retirada de acordos internacionais e a reformulação de alianças, pode vir a ter implicações globais significativas.
Estes são apenas alguns exemplos das controvérsias em torno da administração de Trump que têm sido noticiados. Os impactos totais dessas políticas só se vislumbrarão ao longo do tempo.
Nunca na história dos EUA se viu um presidente malcriado e narcisista patológico como Donald Trump o que é demasiado perigoso para todos, para o mundo, e muitos colocam-se descaradamente ao seu lado por medo ou por subserviência.
Trump emergiu da política vindo do mundo dos negócios e dos reality shows televisivos e a sua ascensão à política, e depois à presidência, desafiou todos os pressupostos da sabedoria convencional e da opinião pública.
Algumas personalidades do media, sobretudo da Fox como Tucker Carlson tem uma relação significativa e influente com Donald Trump. Carlson, ex-apresentador da Fox News, continua a ser uma figura-chave nos bastidores da política republicana, mesmo após a sua saída da emissora. Ele tem o ouvido de Trump e a capacidade de influenciar posições-chave, como a escolha de JD Vance que tomou posse como vice-presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira como amigo próximo de Trump.
Carlson também desempenhou um papel importante na exclusão de Mike Pompeo e Nikki Haley de cargos no governo de Trump, mostrando sua influência nas decisões de pessoal. Além disso, ele tem se envolvido em uma espécie de diplomacia paralela, entrevistando figuras proeminentes da direita em todo o mundo e mantendo uma linha direta com Trump.
O que se conhece sobre Trump e o que a sua prática tem demonstrado tem sido frequentemente criticado pelas suas relações e simpatias com regimes autoritários, autocracias e oligarquias. É do conhecimento público que durante seu mandato anterior, ele expressou admiração por líderes como Vladimir Putin, da Rússia, e Kim Jong-un, da Coreia do Norte e foi também acusado de tentar transformar os Estados Unidos em uma oligarquia, especialmente com as suas políticas e nomeações que favorecem os ricos e poderosos, aliás como se tem constatado logo após ter ganho as eleições em 2024 e aos a tomada de posse.
Durante a sua anterior presidência, Trump foi também frequentemente criticado pela suas atitudes e declarações que pareciam apoiar líderes autoritários e regimes não democráticos. Tem demonstrado simpatia por ditaduras e apoio a líderes autoritários como Vladimir Putin entre outros.
Para além disso Trump tem sido criticado por estar associado a práticas autocráticas, como a tentativa de minar a confiança nas eleições e a promoção de teorias da conspiração através das redes sociais, pela sua retórica de divisão e por tentar consolidar o poder de maneira que alguns consideram antidemocrática.
“Acho que vamos fazer coisas que deixariam as pessoas chocadas”, declarou o presidente Donald Trump no seu segundo dia no cargo. Foi uma das poucas coisas verdadeiras que ele disse durante toda a semana, escreveu The Washington Post.
Trump tem um projeto de poder ilimitado que se alimenta do ressentimento e da vingança. O movimento de Trump MAGA - Make America Great Again poderá vir a ser o projeto MAGA - Make Authoritarianism Great Again.
Desconheço por que são classificados racistas, xenófobos e no mínimo fascistas todos quantos discordem da imigração desproporcionada, se oponham imigração desregrada e discordem de manifestações contra a ação policial nomeadamente em bairros ou locais conhecidos como potencialmente perigosos onde a proliferação de imigrantes é mais evidente.
Quando a segurança exige prevenção ou a intervenção policial atua devido a atos mais ou menos violentos, em locais problemáticos a atuação é logo considerada por alguns setores, ditos defensores dos direitos humanos e dos valores cívicos, como sendo ações racistas sem olharem às causas sobrevalorizando, como por vezes acontece, o exagero nas intervenções das forças de segurança.
Num artigo de opinião que Amílcar Correia publicou no Público onde salienta frases controversas em que se salienta que o bem está de um lado e o mal do outro. Escreveu, referindo-se ao primeiro-ministro Montenegro que este “colocou ao mesmo nível quem defende a dignidade humana e a cidadania e quem a nega.”
Ora vejamos, não sou da mesma área do primeiro-ministro, sou da área da oposição moderada, mas não é por isso que vou discordar com tudo quanto ele diga ou o que o seu Governo faça, mesmo que bem.
Sabemos quais são os pretextos que movem partidos, movimentos e outros tais como organizações não-governamentais, os que (defendem a dignidade humana e a cidadania) e se coloquem à frente de contestações sempre que há algo que possam aproveitar para a sua promoção e em prol da defesa dos direitos dos seus associados e auxílio às comunidades que meritoriamente apoiam juntando-se às manifestações da extrema-esquerda.
Sempre que surge um pretexto que sirva para contestação ao poder instituído todos se juntam e estão de acordo, ainda que os motivos por vezes não sejam importantes ou relevantes. Neste seguimento, não há distinção entre os objetivos de algumas personalidades dos partidos radicais de esquerda aos quais se juntam com a sua presença outras de partidos menos radicais, embora com objetivos diferentes, mas alinhados com o mesmo motivo do protesto. A diferença está em que, ao contrário das organizações várias que marcam presença, os partidos pretendem obter dividendos traduzidos em potenciais votos.
O autor do artigo de opinião acusa o primeiro-ministro de “dizer que os ‘extremos saíram à rua’. Do meu ponto de vista, de facto, assim foi.
Há os que pretendem que haja um relaxamento da imigração e os que, pelo contrário, pretendem eliminar a imigração, são duas correntes opostas e extremistas. A extrema-direita tem vindo a querer passar o sentimento geral de insegurança no país. As pessoas várias vão-se apercebendo com algum conhecimento de causa da presença desse perigo e, por isso, entendem que a ordem pública como um bem essencial. Sondagens têm demonstrado que a maioria dos portugueses parece concordar com a atuação da polícia, e acha que ela não é racista.
Caso curioso que há elementos do PS que tem estado do lado dos que pensam que não há insegurança no país, mas o seu líder Pedro Nuno Santos escreveu em 14 de janeiro na rede social ‘X’ que “Num momento em que a cidade de Lisboa enfrenta graves problemas de… e de segurança…, agravados pela incapacidade de Carlos Moedas em apresentar soluções eficazes para a cidade é essencial ter uma liderança com uma verdadeira capacidade de concretização. Alexandra Leitão reúne as qualidades, a experiência e capacidade de concretização de que Lisboa tanto precisa neste momento.” Afinal a que segurança se refere Pedro Nuno?
Quem se encontrava de facto nas duas manifestações? Dum lado os que defendem uma visão de democracia como os da extrema-esquerda e alguns outros moderados, talvez a título pessoal como Alexandra Leitão, do outro lado os da extrema-direita, embora noutro local, que defendem pontos de vista radicais que se aproveitam da democracia para construção duma retórica de populismo fácil.
Sim, os dois extremos saíram á rua, mas o autor do artigo deduz que o primeiro-ministro igualou uma manifestação destinada a defender a democracia e o Estado de direito atribuindo o mesmo valor a outra manifestação em que se propõe o contrário e se grita que “Portugal é nosso e continuará a ser nosso”.
O que o primeiro-ministro afirmou é um facto, foram os extremos à esquerda e à direita. Ambos promoveram as manifestações conforme os seus interesses partidário e ideológicos, mas unidos no aproveitamento para fazer oposição e criticar o primeiro-ministro e o Governo cada um à sua maneira. Não, esta não foi uma manifestação destinada a defender a democracia e o Estado de direito, esse foi o pretexto. Como disse Alexandra Leitão, do PS, e citando o Público, o protesto não é “contra ninguém”, mas sim pela “defesa dos valores da democracia e do Estado de Direito”. “Liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana, não-discriminação e também segurança. O Partido Socialista não está aqui contra ninguém, está aqui a defender estes valores”. Mas, então, a ordem pública não é também um bem essencial para defesa da democracia e que a polícia pode ajudar a preservar?
Para o presidente da IL “a PSP deve fazer o seu trabalho sem que os ‘atores políticos’ estejam sempre a comentar ou a falar sobre as operações policiais”. Do meu ponto de vista o primeiro-ministro deve evitar é cair na tentação de fazer comentários sempre que se realizam operações deste tipo.
Não se ficando por aqui o autor do artigo de opinião escreveu ainda: “Estamos entendidos. Ficamos a saber que o primeiro-ministro deste país não vislumbra qualquer distinção cívica entre o SOS Racismo e o Habeas Corpus, que não encontra diferenças entre as organizações não-governamentais e os partidos democráticos de esquerda que percorreram a Avenida Almirante Reis e o Chega e o Ergue-te”.
Não, não estamos entendidos porque algumas organizações embora tenham uma função meritória deixam a sua independência e respondem aos apelos da extremas esquerda cujo objetivos são estritamente político e partidários.
Agora podem chamar-me o que quiserem, mas não, não sou nada disso!
Quer se queira, ou não, percebe-se que há, em Portugal, um “abuso excessivo” ao acolhimento de imigrantes, tornando-se mais evidente, sem incluir os brasileiros, na população originária do subcontinente indiano sobretudo do Bangladesh, Índia, Nepal e Paquistão.
Muitos poderão qualificar este texto como sendo escrito por alguém racista ou xenófobo. Não. Não é!
No dia 11 de janeiro de 2025 foi o dia da denominada manifestação “Não nos encostem à parede” na qual participaram partidos de esquerda e da extrema-esquerda. Os radicais de esquerda estão sempre metidos por princípio em tudo seja constestação, seja por bem, seja por mal. No caso da imigração falam porque afastados da realidade, porque, provavelmente, não vivem em bairros onde proliferam imigrantes. Para muitos que sejam da esquerda liberal moderada esta manifestação parece ser inconsequente e parece mais para captar os votos daqueles que potencialmente possam vir a ter direito a ele.
No entanto, não se percebe como é que imigrantes se manifestem contra o país que os acolhe juntando-se a partidos de extrema-esquerda que esteve contra a ação policial mesmo quando esta zela pela sua segurança, talvez com algum excesso, mas com a missão de proteger as populações imigrantes ou não.
Nada disto tem a ver com fascismo nem com liberdade, que são as palavras de ordem da nossa democracia que foram apropriadas pelas extremas-esquerdas. É preciso notar que, numa população independentemente da sua origem social ou étnica, há os que fomentam a insegurança e a desordem sem olharem a meios e dos quais qualquer comunidade deve ser protegida e, como tal terá de existir prevenção. É, portanto, essencial prevenção quando não existem políticas públicas e iniciativas comunitárias que garantam que todos os residentes, incluindo os imigrantes, vivam em segurança.
Nem de propósito veja-se o caso da rixa na Rua do Benformoso onde sete pessoas ficaram feridas no passado domingo depois de “vários indivíduos de nacionalidade estrangeira” se terem envolvido em confrontos na Rua do Benformoso, o mesmo local onde a PSP realizou uma operação de fiscalização. Segundo informação publicada que pode ler aqui e aqui, e segundo a polícia, uma “altercação entre dois grupos, por motivos não apurados”, levou ao transporte de três dos feridos para o Hospital de São José. Os outros quatro feridos foram assistidos na sede da 1.ª Divisão, “para onde se deslocaram por meios próprios” e onde receberam cuidados médicos de técnicos do INEM.
Portugal, como a U.E., ao escutarem o debate público, alguém mais desatento poderia pensar que estamos a ser “invadidos” por vagas descontroladas de imigrantes, vindos de toda a parte, dependendo perspetiva. A nível local, por exemplo, no que se refere à cidade de Lisboa, há vagas de imigrantes que chegam e de turismo em excesso, sem querer associar os dois fenómenos.
O que está em causa (no caso do Martim Moniz e Anjos e Arroios e noutros locais) não é apenas um certo preconceito, uma discriminação preconceituosa como alguns dizem, eventualmente subjacente em relação ao que é desconhecido sobretudo destes que vêm do subcontinente indiano por desconhecimento geral da nossa sociedade face a quem está a chegar.
A população agrega-os todos ao subcontinente indiano, talvez porque tenham maior dimensão em número em certos locais de Lisboa, não percebendo muito bem as diferenças intrínsecas entre essa população variada e muito diferentes que vêm do Nepal, do Bangladesh, do Paquistão ou da Índia. Mas, por outro lado, se nós contrastarmos os estímulos sensorialmente recebidos pelas populações que possibilita identificar certos objetos e acontecimentos, normalmente designada por perceção, os que os portugueses retêm deste grupo é bastante mais acentuada se o compararmos, por exemplo, com os dos chineses. São populações que vêm para Lisboa, que têm uma cultura comercial e que raramente vêm para trabalhar na construção civil e noutras atividades mais pesadas onde se veem mais imigrantes provenientes de África, nomeadamente os PALOP.
O partido Chega, de extrema-direita, tem utilizado indiscriminadamente a questão da imigração como recurso para os seus desígnios populistas de combate e propaganda, criando na opinião pública uma apreciação negativa, que tem como real evidência o excesso de imigrantes que alguns, contrariam dizendo ser errada. Será de facto errada? Só quem não frequenta algumas das freguesias da cidade de Lisboa é que não se apercebe dessa realidade de gente cuja maioria são provenientes do subcontinente indiano
Para combater os excessivos alarmes sobre imigração vindos daquele partido e de outras opiniões de comentadores e de artigos na comunicação social difunde repetidamente estatísticas sobre a entrada de imigrantes por origem de modo a sustentar argumentos de que não há imigração excessiva. Todavia, afastam-se da realidade com que as pessoas são confrontadas diariamente nas ruas, nas praças, nas avenidas, nos jardins das suas freguesias e nos seus bairros que parecem desmentir os números das estatísticas que lhes mostram. É o facto percebido pelas pessoas que as leva ao estado emocional que as arrasta. É a disparidade entre o que lhes dizem e o que elas veem.
Parece haver um falso humanismo proveniente dos apologistas da imigração livre, desenfreada e sem controle que os leva a defender através das várias modalidades de media a que têm acesso que são os partidos da extrema-direita ou direita radical e até da direita moderada que, com a sua propaganda, fazem criar na opinião pública uma perceção errada sobre a imigração e centram a tónica na imigração ilegal, mas que é afinal uma realidade muito mais normal. Assim é se lermos apenas os números das estatísticas selecionadas que nos mostram. A realidade não é bem a que nos pretendem mostrar. As pessoas adquirem essa perceção pelo que observam e sentem perto de si e não apenas pelo que lhes dizem. É pela perceção analítica que recebemos informações, as analisamos e compreendemos determinados contextos e tiramos conclusões que nos permite compreender o ambiente social que nos cerca.
A perceção dos portugueses sobre a “incursão” de imigrantes não está ligada aos barcos com lotação acima dos limites da ocupação de gente que as televisões nos mostram que pretendem atingir a Europa e que se afundam ou são resgatados na travessia do Mediterrâneo. Os que nos chegam aqui ao nosso país entrando como turistas pelos aeroportos ou pelas fronteiras abertas e grande parte por cá fica ilegalmente.
Um dos argumentos dos que defendem no nosso país quantos mais imigrantes melhor é a demografia dizendo que a população portuguesa só cresce devido ao influxo migratório. Somos um país envelhecido com uma taxa de fertilidade baixa. Há um desequilíbrio entre a população mais velha e reformada e a população ativa e é de facto uma população envelhecida. Tudo isto está certo e pode ser comprovado. Mas como se verá adiante é que há um resultado desfavorável desta situação.
O que pretendo afirmar é que uma coisa é o discurso oficial e o dos comentadores pró-imigração e outras opiniões, mas, muito diferente, é a realidade visível. É sobre esta realidade da imigração que a extrema-direita tomou conta do discurso.
Claro que aos empresários, se é que se podem designar como tal os que vivem na exploração da mão-de-obra imigrante, não lhes interessa ouvir falar de travões à entrada de imigrantes que é uma mão-de-obra barata que, dizem, com vontade de trabalhar sem se referirem aos baixíssimos salários que os levam a viver em condições opor vezes indignas. Viver em espaços superlotados pode levar a condições de vida precárias, com falta de privacidade e conforto
Se a observação incidir nos bairros de Lisboa os cidadãos começam a sentir-se sufocados pelos imigrantes porque sentem estar a perder a sua identidade cultural e social que abrange várias áreas sobre a qual a sociedade assenta motivando o aumento do preço da habitação, também pressionado pelo turismo excessivo também desregrado, ao qual se acrescenta os jovens, mesmo estrangeiros, que procuram a “grande cidade” onde há divertimentos sempre em marcha, a “alimentação é barata e o povo é simpático”.
Mas, é sobre a imigração em excesso em bairros e freguesias de Lisboa que se centra o descontentamento da população contra imigrantes vindos das mais diversas origens, sobretudo como já várias vezes referi do subcontinente indiano que passaram a ver as ruas onde habitam povoadas por gentes, outras, a que não estavam habituadas e que desarranjam a organização do geográfica do espaço físico e social onde habitam há anos.
Por outro lado, outro contributo para a descaracterização dos bairros tem a ver com a presença e ocupação por aqueles imigrantes em bairros tradicionais de Lisboa que tem sido notável, especialmente no que diz respeito a lojas dedicadas a pequenos negócios apagando o anterior comércio, nomeadamente a restauração tradicional dando lugar a áreas de “kebabs” que pode ser culturalmente muito interessante, mas a que a população não adere. São lojas venda alimentar dedicadas a essa nova população. Por vezes até colocando mesas e cadeiras no exterior das lojas que pomos em dúvidas se estarão autorizadas.
Se, por um lado, muitos desses imigrantes têm contribuído para a revitalização de áreas comerciais, trazendo novas ofertas e serviços que enriquecem a diversidade cultural e económica da cidade, por outro, não se compreende a proliferação desses tais pequenos negócios lado a lado com outros na mesma rua dedicados ao mesmo tipo de ofertas.
Estes imigrantes pagam rendas exorbitantes aos proprietários dos imóveis ou dessas lojas que aproveitam a elevada procura por espaços comerciais para aumentar os preços levando a uma pressão financeira sobre os imigrantes que desejam estabelecer os seus negócios. Alguns destes negócios, podemos verificar por observação, que não terão clientela suficiente para suportar tais custos de estabelecimento, nomeadamente no que se refere a minimercados e a lojas de telemóveis, no entanto proliferam. Estas lojas, com umas divisórias no interior servem também de alojamento ilegal pois sabem que a fiscalização não existe, é escassa ou tolerante.
A competição por espaços comerciais pode criar tensões entre os novos imigrantes e os comerciantes locais, que também enfrentam desafios económicos. Agora são os pequenos empresários que necessitam de apoio e integração para garantirem que têm oportunidade de prosperar, passaram a competir com os imigrantes no seu próprio país, cidade ou bairro, muitas vezes desistindo do seu negócio.
Referindo-me apenas à cidade de Lisboa há ainda outros aspetos negativos sobre a imigração excessiva em algumas freguesias da cidade. A prática de arrendar quartos onde vários imigrantes vivem e ocupam os espaços em regime rotativo para dormir é uma realidade na cidade de Lisboa. Em alguns casos, os imigrantes podem ser explorados por proprietários que cobram aluguéis exorbitantes por condições de habitação inadequadas.
A situação referida, da presença de habitações superlotadas gera tensões na comunidade local, especialmente se houver a convicção de que os imigrantes estão a sobrecarregar os serviços públicos ou estão a competir por recursos limitados, tais como a habitação com disponibilidade de locais para habitar acessíveis levando a problemas de superlotação e aumento dos preços dos imóveis. Numa cidade onde prolifera a imigração a ocupação de espaços verdes começam a ser escassos pois é neles que imigrantes se juntam a determinadas horas para conviver ocupando a maior parte dos lugares em horas de ponta de saída do trabalho ou à hora de almoço.
Outro recurso sujeito a pressão são a infraestruturas de transporte, como estradas, transporte público e ciclovias, que passam a ser insuficientes para atender à procura crescente.
A saúde é um dos mais problemáticos como hospitais, clínicas e outros serviços de saúde que já enfrentam dificuldades para atender a procura crescente por parte população local que também passou a ser pressionada pelos imigrantes.
Escolas e instituições de ensino são também pressionadas por virem a ter capacidade limitada para acomodar todos os estudantes devido ao número excessivo de filhos de imigrantes.
Por fim, sem finalizar os inconvenientes do excesso de imigração, não se sabe até que ponto o orçamento municipal pode ser suficiente para atender a todas as necessidades e procura da população acrescida pela imigração.
No dia 7 deste novo ano de 2025, a autora Ana Silva Coelho apresentou o seu livro intitulado “Jogos Sociais do Estado: Uma Análise jus-Internacionalista e Comunitária”. O evento foi realizado numa sala da Casa Ásia, repleta de público onde se incluíam familiares, amigos e outro público desejosos de conhecer a obra da autora. Infelizmente não pude assistir desde o início, pois que, por motivos pessoais, foi-me impossível. A data do lançamento e da apresentação do livro foi oportuna pois coincidiu com a publicação de artigos em alguma comunicação social nomeadamente um artigo sobre “Apostas online” no jornal Público. chegar a horas.
Chegado à sala Ana Silva, amiga de família que, em criança, brincava com as nossas filhas, ainda se encontrava na mesa. Eram evidentes no seu rosto o entusiasmo e o contentamento pelo seu trabalho. Com um sorriso acolhedor e uma presença cativante, compartilhava a experiência da jornada que a levou a escrever “Jogos Sociais do Estado: Uma Análise jus-Internacionalista e Comunitária”. Estavam presentes a emoção e o entusiamo de toda numerosa assistência.
Na sessão de autógrafos cada pessoa teve a oportunidade de trocar algumas palavras com a autora e levar para casa um exemplar do livro “Jogos Sociais do Estado: Uma Análise jus-Internacionalista e Comunitária”.
O autor do prefácio, Pedro Caridade de Freitas, Professor Associado da Universidade de Lisboa, salienta que o estudo que a Autora desenvolveu “permite aos aplicadores do direito e aos seus cultores um conhecimento atual do enquadramento jurídico do jogo, em especial aos jogos on line, bem como da relação entre direito nacional e o direito da união europeia”, tema também tratado no artigo do jornal anteriormente referido.
O livro de Ana Silva Coelho é um livro com muito interesse não apenas para os especialistas jurídicos, mas também para os que se interessam pelo significado, origem e enquadramento dos Jogos Sociais do Estado desde o tempo do analógico, até ao mundo do digital sem omitir, obviamente, os aspetos jurídicos e a importância da Jurisprudência e dos acórdãos relevantes do TJUE (Tribunal de Justiça da União Europeia).
Enfim, um livro para especialistas e para um público mais vasto que se interessa pela problemática da investigação delineada e a perspetiva histórica e sucessivas dinâmicas bem enquadradas no livro de Ana Silva Coelho.
Do meu ponto de vista o livro foi concebido duma maneira única; é uma experiência mágica, que vai permitir ao público em geral poder perceber o interior dos mecanismos jurídicos, e não só, dos Jogos Sociais do Estado.