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O último Relatório Mundial da Felicidade mostra que os jovens em todo o mundo relatam níveis de felicidade mais baixos do que os mais velhos. Desde 2006 que os níveis relatados de felicidade dos jovens diminuíram na América do Norte, América do Sul, Europa, Sul da Ásia, Oriente Médio e Norte da África.
O que mostram os relatórios que tenha contribuído para os baixos níveis de felicidade dos jovens? Vejamos alguns a para do que me tem mostrado a minha observação não sistematizada e a perceção sobre essa realidade. Em primeiro lugar os relatórios mostram que os jovens enfrentam um maior esforço para atingirem a prosperidade do que as gerações anteriores. Não me parece ser de todo exato, depende do que eles entendem por prosperidade. Para muitos jovens, a prosperidade envolve atingir padrões de vida que garantam uma sensação contínua de contentamento e estabilidade emocional é uma ambição de todos quando são jovens.
As gerações anteriores, os que os geraram não tinham à sua disposição nem salários elevados, nem acesso fácil a atividades culturais, nem capacidade económica para viajarem com frequência, tiveram de pagar a habitação de empréstimos durante dezenas de anos, tiveram que pagar os estudos aos seus descendentes, por vezes com grandes sacrifícios, a férias muitas vezes não eram as que desejavam ficando-se a maior parte das vezes no local de residência habitual. As famílias cortavam nas despesas para conseguirem economizar para um futuro incerto e para darem uma mesada aos filhos. O desemprego era, como agora ainda é, uma ameaça.
A habitação, educação e a saúde não eram acessíveis e a segurança financeira e o bem-estar geral não estavam facilmente acessíveis. Por princípio as dívidas de empréstimos para manter os estudos dos filhos associados aos baixos salários apertavam as suas finanças, atrasando marcos para a obtenção de casa própria. Aqui residia o princípio da poupança em lugar do consumo desenfreado da atualidade e não se punha à frente o ter em lugar do ser.
O aumento dos custos de habitação sempre foi uma grande preocupação para as gerações anteriores, mas estava na poupança em lugar do consumo e considerando a inflação os preços também não eram muitas das vezes acessíveis.
É certo que os jovens se defrontam com arranjos de trabalho precários que têm menos segurança e benefícios em comparação com as carreiras tradicionais. Se a instabilidade de emprego dificulta um planeamento e cria uma ansiedade em relação ao futuro, o espetro do desemprego também era uma sombra sobre a cabeça das gerações anteriores excluídos aqui as funções no serviço público.
O liberalismo económico e descontrolado (como a IL propõe, por exemplo) leva a que as taxas de desemprego dos jovens permanecem teimosamente altas em todas as economias desenvolvidas por ser uma mão de obra barata devida à inexperiência dos novos contratados o que leva a que a contratação laboral não passe a emprego efetivo.
Apesar de haver alguns estudos sobre a falta de relacionamento fortes e presenciais devido a fatores como diminuição do tempo de lazer, mobilidade geográfica ou ansiedades sociais basta observarmos a realidade nos grandes centros urbanos onde a oferta de atividades lúdicas como concertos, discotecas, restaurantes onde se encontram sobretudo aos fins de semana. Ainda com isto relacionado verifica-se que têm, acesso a finanças auferidas pelo trabalho, quando o têm, ou as famílias mais ou menos abastadas que proporcionam aos filhos rendimentos através da compra de andares que depois alugam como AL ou como quartos.
Os jovens passam mais tempo nas redes sociais do que tempo dedicado ao estudo ou à leitura e muitos queixam-se da solidão e de casos de depressão, mas há um estudo de 2022 que encontrou uma forte correlação entre o aumento do uso das redes sociais e sintomas de depressão e solidão em jovens adultos que é, provavelmente, uma tendência global.
Há teses que apontam para que na Europa os jovens têm sido seduzidos para o voto nos partidos populistas da extrema-direita. Um artigo de Albena Azmanova publicado no diário The Guardian defende essa tese e explica os motivos para tal.
A autora refere que nas eleições europeias do dia 9 de junho as ansiedades dos jovens não têm sido ouvidas pelos partidos moderados tradicionais.
Sobre os jovens escrevi dois artigos neste blogue que podem ler e também aqui onde apresentava a minha opinião sobre a perceção sobre os jovens e os partidos que andam em busca do seu voto, e não apenas os da extrema-direita.
A atual geração de jovens que alguns partidos consideram ser até aos 35 anos de idade estão tendencialmente a votar na extrema-direita. Estes jovens europeus que sempre conheceram a paz e a democracia e sem vivências em políticas doutro tipo que não fossem estas, podem estar a enterrar o seu futuro.
O que sabem das ditaduras e das guerras apenas o conhecem pela história e por estórias que leituras revisionistas lhes são contadas com deturpação que lhes chegam via redes sociais e sites da internet que absorvem sem espírito crítico. São narrativas e teorias contadas, recontadas e revertidas de forma aliciante, mas enganadoras.
Nas últimas décadas através de eleições democráticas a direita populista tem estado em ascensão na Europa, e, como se verificou na votação de 2024 é o culminar natural de uma longa tendência, mas, apesar da subida, ainda não conseguiu ter uma maioria no Parlamento Europeu mesmo apesar de ficar a par do maior grupo, o Partido Popular Europeu de centro-direita.
Baixar a idade de voto para os 16 ou 17 anos como aconteceu na Áustria, Bélgica, Alemanha e Malta e para 17 anos na Grécia parece não ser a melhor ideia. A redução da idade de voto para 16 anos só está a aumentar a tendência para o voto nos populistas radicais de direita. Parece haver sinais duma rebeldia dos jovens com menos de 30 anos em prol dos populismos da extrema-direita. Nas eleições europeias e nacionais, os eleitores com menos de 30 anos deram o seu apoio a partidos de extrema-direita como a Alternativa para a Alemanha (AfD) na Alemanha, o Rassemblement National (RN) em França, o Vox em Espanha, os Irmãos de Itália, o Chega em Portugal, o Vlaams Belang (Interesse Flamengo) na Bélgica e o partido finlandês na Finlândia pode vir a aumentar essa tendência.
A mudança, que ajudou a AfD-Alternativa para a Alemanha, partido de extrema-direita, a alcançar um segundo lugar histórico em todo o país, foi notável porque a decisão da Alemanha de permitir que jovens de 16 a 18 anos votassem pela primeira vez era era na expectativa de favorecer partidos de esquerda. O partido populista de extrema-direita alemão AfD tem um forte foco anti-imigração e está classificada como uma organização extremista de direita. Antes das eleições europeias, o partido enfrentou um escrutínio sobre os seus laços expostos com financeiros russos e espiões chineses.
Um artigo que a Reuters publicou em 13 de junho mostra “Como a extrema-direita ganhou força com a juventude europeia”. Os líderes desses movimento e partidos extremistas de direita estão a utilizar os novos media e as redes sociais para promover falsos prestígios desses seus líderes dominar e aliciar os mais jovens com o objetivo de promoverem uma contracultura subversiva entre alguns jovens.
Também por cá, em novembro de 2022, um projeto do PSD defendia baixar a idade do voto como medida de “equidade intergeracional” e de “combate à sub-representação dos jovens”, medida que, como seria de espera, foi também defendida pelo Bloco de Esquerda, Livre e PAN com forte apoio da Iniciativa Liberal. Não percebi porquê o Chega votou contra esta medida juntamente com o PS e o PCP. Que o PSD e o BE pretendem angaria votos venham eles donde vierem.
Quanto mais jovens mais fáceis de aliciar devido à falta de perceção, da cultura e de literacia política e à falta de leituras que lhes poderiam proporcionar. É nas redes sociais que bebem a informação, a maior parte das vezes deturpada, onde proliferam a tal contracultura que extremistas aproveitam para atrair, com falsas promessas e argumentos falaciosos, os jovens. O resultado daqueles países da redução da idade para o voto ficou evidente nas últimas eleições onde foi um facto o aumento da extrema-direita.
Em Portugal numa sondagem à boca das urnas do ICS/ISCTE mostravam uma clara viragem à direita dos jovens entre os 18 e os 34 anos, que representaram quase um quarto do total de votantes nas eleições legislativas de março passado. “Partidos como (IL, Livre, Chega e recente, o BE) atraem os mais jovens muito mais que os partidos tradicionais (PS, CDU, AD)”.
O radicalismo dos jovens varia de acordo com vários fatores e com as várias circunstâncias. Uma delas será a rejeição de compromissos ou soluções moderadas porque os radicais acreditam que qualquer forma de compromisso ou meio-termo é ineficaz e não trará as mudanças necessárias. Do meu ponto de vista as redes sociais desempenham um papel significativo para a disseminação de ideias radicais entre os jovens porque são plataformas onde os jovens são expostos a vários pontos de vista muitas vezes enganadores para os quais podem não ter literacia política nem conhecimentos suficientes para poderem refletir sobre eles.
Devido à falta de estímulos socioeconómicos, a falta de integração social e cultural, a falta de oportunidades económicas e a falta dum futuro promissor clamados pelos partidos de direita e de esquerda, os jovens podem ser facilmente aliciados para causas radicais ao que se junta a marginalização social que pode levar ao radicalismo dos jovens.
Há uma preocupação nos jovens devido à incerteza económica manifesta e a insegurança de subsistência. Os mais velhos vivem também com o receio de perda de emprego, os mais jovens temem não conseguir emprego, mas também não estão dispostos aceitar qualquer emprego que lhe propunham refugiando-se nos quantos mestrados ou doutoramentos possuem. Criou-se o temor de não conseguir prosperidade no futuro (seja lá o que eles entendem por isso) e que, por isso, pode impulsionar uma mudança para a extrema-direita. Se o receio da pobreza pode fomentar um desejo de mudança radical e de apoio à esquerda política, o medo da perda de estatuto social alimenta instintos conservadores que o populismo da extrema-direita lhes diz oferecer, como sejam a estabilidade e a segurança.
A observação direta sobre comportamento no dia a dia destes jovens, feita na presença em alguns locais, mostram a ocorrência de situações é contraditória com as suas preocupações. Eles são a geração que mais viaja comparativamente com os seus ascendentes. São o que mais frequentam concertos de música pop, são os que também frequentam discotecas, bares e restaurantes aos fins de semana. Arrisco-me a dizer que atualmente os jovens pretendem muito divertimento, bons empregos, bem pagos e com pouco trabalho, habitação em locais centrais das grandes cidades como muita oferta a que chamam cultural, acesso a carro privado, etc..
Albena Azmanova escreveu que “A redução da idade de voto para 16 anos na Áustria, Bélgica, Alemanha e Malta e para 17 anos na Grécia” está a aumentar a tendência para voto na extrema-direita. “Na Alemanha, a ultradireita AfD goza de popularidade incomparável entre os jovens, ganhando o apoio de 17% dos jovens de 16 a 24 anos que votaram. Os estudantes franceses não têm gritado, como fizeram durante as eleições presidenciais de 2017: “Nem Le Pen nem Macron, nem o Patriota nem o Chefe: merecemos melhor do que isso”. Desta vez, 32% dos jovens franceses, independentemente do género, apoiaram o Rassemblement Nacional. Os ganhos foram tão substanciais que levaram o presidente Emmanuel Macron a convocar eleições antecipadas”.
Mas, se os jovens não votam à esquerda e está a aumentar o apoio à extrema-direita parece ser uma contradição já que há sondagens que apontam os temas de justiça social e económica, que são característicos da esquerda, são mais importantes para os eleitores do que a questão emblemática da extrema-direita que é a da imigração. Embora os programas da esquerda possam dar respostas às preocupações de muitos jovens, contudo, a juventude europeia está a abandonar os partidos de esquerda. O mesmo se passa nos Estados Unidos onde se verifica uma tendência dos jovens que apoiam o Partido Democrata para apoiar Donald Trump.
1. Relativamente aos resultados das eleições europeias há os que dizem que não deve haver leituras internas, e há os que acham, ou defendem que essa leitura deve ter consequências. Claro que cada uma das opiniões se manifesta consoante as conveniências.
2. A ministra da saúde é um especialista em provocar demissões e substituições no sistema sem que nada daí tenham resultado melhorias para as pessoas nos serviços de saúde. Pelo menos até hoje!
3. O poder, quando exercido por alguém que tenha incompetência para um cargo muito específico e sente dificuldade na resolução no curto prazo de problemas complexos que se lhe deparam, tornam-se prepotentes e acusam os que estão sob a sua alçada de serem os causadores dessas dificuldades que, afinal, são derivadas da sua própria incompetência. Tal parece ser o caso da atual ministra da saúde do Governo AD. De formação farmacêutica, área onde se produzem e combinam químicos, alguns que curam, mas em que outros podem trazer efeitos secundários graves.
4. O que se verificou no caso da França e da Alemanha são a prova que dão razão aos que defendem a segunda opinião. Macron perde a eleições europeias e convoca eleições antecipadas. Macron vai assim dissolver o Parlamento francês após derrota esmagadora da extrema-direita. As forças nacionais conservadoras e de extrema-direita da Europa obtiveram grandes ganhos, terminando com pouco menos de um quarto dos eurodeputados na assembleia de 720 assentos que foi o maior ganho até hoje, contudo não se saíram uniformemente bem e, em alguns casos saíram pior do que o previsto.
5. Na Alemanha apesar dos escândalos da AfD sobre a “lavagem” do regime nazi a Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve uma percentagem mais elevada de votos nacionais (16%) do que qualquer um dos três partidos que compõem a coligação liderada pelo chanceler, Olaf Scholz. O escândalo está relacionado com a circunstância do principal candidato da (AfD) para as eleições parlamentares europeias ter renunciado à liderança do partido de extrema-direita alemão. Maximilian Krah, que disse ao jornal italiano La Repubblica que as SS, a principal força paramilitar dos nazis, “não eram todas criminosas” e afirmou ainda que os seus comentários “estavam a ser usados indevidamente como pretexto para prejudicar nosso partido”. Krah, está a ser investigado por supostas ligações com a Rússia e a China, o que ele nega.
6. Era suposto que os populistas da extrema-direita tivessem uma grande ascensão no Parlamento Europeu, mas Cas Mudde, especialista em populismo e direita radical da Universidade da Geórgia, diz que “Mais do que tudo, estas eleições refletem os desenvolvimentos a nível nacional”, e acrescentou que a extrema-direita está agora “sub-representada em nível europeu”.
7. A IL pela voz de Cotrim diz que não apoia António Costa para a presidência do Conselho Europeu e alinha com André Ventura com o mesmo diapasão. Porque será apenas porque é socialista, será porque não gostam pessoalmente dele, será porque há um ressabiamento, talvez inveja do percurso ou será por último uma questão racista bem disfarçada?
8. Cotrim da IL esta pessoa altamente qualificada e experiente em governação e em assuntos europeus explica que é por que, António Costa não fez nada em Portugal em oito anos e que, por isso, também não vai fazer nada no Conselho Europeu. Não fez porque não fez como ele acha que devia fazer? Veja-se a lógica desta rara avis que diz defender Portugal, mas que, qual Ventura, infama os portugueses apenas por motivos ideológicos.
9. Sebastião Bugalho com Montenegro a coadjuvar disseram que a vitória do PS foi por “Poucochinho”. E a vitória da AD nas eleições legislativas foi uma grande vitória certo?
10. Poucachinho, mas ficou bem claro é que não foram validadas nem valorizadas os anúncios das medidas que o Governo diz tomar. Apesar do desgaste dos socialistas após 8 anos de governo, a AD ganhou as legislativas por uma unha negra, isto é também por poucachinho. Agora, com um governo ainda fresquinho, com pacotes para todos, desde os professores aos polícias, passando pelos reformados e jovens e levado ao colo pela comunicação social e com mais uma ajudinha do Ministério Público (recorde-se os casos que se levantaram pelo MP dias antes das eleições), com um comentador oficial aos domingos na SIC e sem contraditório perde as eleições. Para onde foram os votos que o Chega perdeu? Terá a AD conseguido captar algum? Naturalmente não, a ver pela IL que subiu.
11. O PCP, como de costume, fez da derrota uma vitória porque com grande sorte conseguiu eleger um deputado tendo perdido 1 desde 2109. O BE seguiu-lhe os passos. Ambos dizem estar em boa forma. Estes dois partidos ainda não viram que cassetes e repetições dos discursos não resultam!
12. O que trama o PCP é a sua insistência no apoio encoberto à Rússia, a Putin e à invasão da Ucrânia. Falam e reptem sucessivamente que são a favor da paz. Quem, não é? Eles, o partido, deve explicitar claramente em que moldes devem ser feitos esses acordos. Será com a capitulação da Ucrânia? Ao PCP estar a favor da paz não basta, é preciso mostrar também claramente de que lado está.
13. Quando Paulo Raimundo foi eleito para a posição de secretário-geral em novembro de 2022 alterou-se de algum modo a posição do partido. Passou a falar da condenação da “intervenção e invasão russa no território ucraniano” dizendo que não menosprezavam nem relativizavam. Sentiu indispensável ter que de vir afirmar que o PCP “não tem nada a ver com o governo russo” nem que “não há nada que nos relacione com o Governo russo, nem de longe, nem de perto” e acrescentava que “não temos nada a ver com as opções de classe do Governo russo” e que “estamos no dia-a-dia no combate a essas opções”. Mas a sua oposição clássica à UE e o sentimento de rancor para com os EUA e a NATO leva-os a afirmar que a Rússia não é o único responsável pela guerra, que “o confronto político entre vários intervenientes NATO, Rússia, EUA e UE teve como ponto alto uma invasão russa”.
14. Para o PCP os grandes causadores da invasão foram a NATO, a UE e os EUA. Ao fim destes anos todos (desde 2014 com os protestos começados em novembro de 2013 e com o Governo ucraniano do Presidente pró-russo Viktor Yanukovych decidiu suspender um acordo de associação com a União Europeia porque defendia uma maior aproximação com a Rússia para se juntar à União Aduaneira Eurasiática e acusaram os EUA de ter feito um golpe. Putin lembrou-se disso só em fevereiro de 2022?!
15. As esquerdas radicais e os sindicatos a eles afetos tanto lutaram pelos professores que seria de esperar que houvesse alguns votos que lhe calhassem. Parece que não.
16. O BE e o PCP mantêm-se numa linha ideológica que pouco ou nada evoluiu ao longo do tempo não se reajustando às novas realidades. O PCP continua na inspiração marxista-leninista a da nacionalização da economia e a contradição entre trabalho e capital é central na visão de mundo que o PCP sustenta.
17. O ímpeto propagandista deste Governo liderado por Montenegro continua após as eleições para a UE. Nos tempos de antena que lhe são dedicados nas televisões mostra o que está a fazer, o que vai fazer, o que diz que faria e vai fazer, mas pouco o que já fez, concretizou ou executou, a não ser pequenos arranjos aqui e ali sem um plano, alguns até com problemas. O que nós vemos executar são demissões, saneamentos políticos, sem que daí resultem melhorias visíveis para a população. A grande batalha que se dizia ia ser feita para melhor o SNS está tão coxo como estava. Isto é, melhor do que estava não está, mas, se está, continua defeituoso. Quem precisa de alguma coisa da saúde e pode tem de pagar rios de dinheiro aos privados.
A juventude pode significar muitas das vezes um pensamento conservador e antiquado embora com pretensões de mostrar uma grande abertura de pensamento. Há um exercício mental que se pode fazer: imaginar, por exemplo, Sebastião Bugalho como primeiro-ministro no lugar de Luís Montenegro. A juventude em certos cargos, que não seja a mera emissão de opiniões e comentários que por serem por vezes polémicos podem demonstrar um pensamento desarticulado com a realidade e, tanto pode ser um pensamento antiquado ou, então demasiado atrevido e progressista em alguns pontos fraturantes.
Por várias vezes tenho escrito aqui sobre a influência dos media televisivos na política partidária com a proliferação de opiniões e comentadores na política portuguesa e como tentam tomar posições ideológico-partidárias de favorecimento a partidos especialmente de direita. Conhece-se a promiscuidade entre a política e o sector privado assim como entre a política partidária e o comentário político. Chegou-se agora a uma dimensão inédita: a transição do jornalismo de comentário para o estrelato da política.
O caso da escolha de Sebastião Bugalho para cabeça de lista às eleições europeias é, no mínimo, intrigante e parece ser um destes casos. Sebastião Bugalho, parece ser um pecado original de caso da promiscuidade político-mediática.
Quem se dedica a ver e a ouvir comentários políticos nas televisões apercebe-se do aumento significativo do número crescente de comentadores, tendencialmente favoráveis à representação da direita, embora ligeira, no período em que houve uma maioria de esquerda no governo. Foi exceção o ano de 2016 em que o equilíbrio se encontrou favorável à esquerda e o ano 2023 que registou um maior desequilíbrio, com 37 comentadores identificados como de direita face de 25 como de esquerda.
No entanto, há dificuldade em identificar o posicionamento ideológico de alguns comentadores e opiniões devido ao acréscimo da categoria daqueles a quem é possível atribuir uma orientação política que se deve ao alargamento do número de comentadores e também ao destaque dado aos jornalistas nos espaços de opinião.
O estudo efetuado considerou a exclusão da análise programas que, sendo semanais e regulares, apresentam convidados pontuais de acordo com a temática da semana são exemplos “É Ou Não É?”, “Expresso da Meia-Noite” ou “Negócios da Semana”, assim como os segmentos de opinião dentro dos noticiários ou outros programas que são protagonizados por comentadores convidados.
Em março de 2024 foi publicado um estudo do ISCTE sobre aquela temática intitulado “Comentário político nos media 2023 Análise ao comentário político em Televisão, Rádio e Meios online em Portugal”. Nesse estudo foram excluídos os que, apesar de incidirem sobre temas da atualidade política que, quer pelo formato, quer pelo conteúdo, se afastavam do comentário político estruturado em torno da opinião pessoal do comentador.
O estudo mostra várias asserções que fazem uma análise sobre os espaços semanais de comentário político em televisão concluindo que tem aumentado de forma acelerada nos últimos anos, passando de 53 em 2016 e em 2019 para 78 em 2023.
Esta evolução reflete uma aposta crescente neste registando um aumento de 47,2% em relação a 2016.
O Relatório MediaLab do ISCTE refe ainda que “ao longo de 8 anos de maioria à esquerda no governo o comentário político em televisão tem sido marcado por uma ligeira vantagem da representação da direita, com mais comentadores desse espectro político, com exceção do ano de 2016 em que o equilíbrio era favorável à esquerda”.
O ano 2023 é aquele que regista um maior desequilíbrio, com 37 comentadores de direita face a 25 de esquerda. O mesmo relatório mostra “O alargamento do número de comentadores tem aumentado a dificuldade em identificar o seu posicionamento político, crescendo a categoria daqueles a quem não foi possível atribuir uma orientação política seguindo os critérios definidos na metodologia. Este crescimento dos casos considerados “não identificável” politicamente nos últimos dois anos resulta sobretudo do maior protagonismo conferido aos jornalistas em espaços de opinião.”
Fica demonstrado que a relação entre comentadores políticos, jornalistas e partidos políticos pode ter implicações significativas para a integridade dos meios de comunicação social, a perceção pública e os processos democráticos.
O caso de Sebastião Bugalho, lançado como cabeça de lista às eleições europeias pela AD, pode ser encaixado nestas tipologias. Bugalho destacou-se no cenário jornalístico e político de Portugal devido ao seu olhar crítico e detalhado sobre os acontecimentos contemporâneos. Formado em Comunicação Social, Bugalho começou a sua carreira em diversos meios de comunicação, incluindo jornais, canais de televisão e plataformas digitais.
A independência e objetividade dos meios de comunicação social ficam em causa quando comentadores políticos ou jornalistas participam ativamente em campanhas partidárias levantando questões sobre a sua independência e objetividade e os seus artigos podem ser tendenciosos ou carecer de análise crítica. Assim, comentadores políticos que alternam entre funções de campanha e funções mediáticas podem, inadvertidamente, contribuir para esta perceção.
Quando se foi ou é jornalista e se participa em campanhas de políticas partidárias cria-se uma perceção de conflito de interesses porque quando se é, ou foi, comentador pode dar-se prioridade às filiações pessoais ou partidárias próprias.
Interromper o seu processo de comentador para se candidatar a um cargo político e ao mesmo tempo partidário o seu retorno ao comentário fica comprometido na sua independência e objetividade. Quando os jornalistas são vistos como partidários, isso pode corroer a confiança nos meios de comunicação e o público pode questionar se os meios de comunicação são realmente imparciais. De qualquer modo não parece ser o que irá suceder a Sebastião Bugalho porque terá grandes hipóteses se vir a ser eleito como deputado europeu, mas doravante a sua independência enquanto jornalista passará a ficar comprometida. Tenha-se, contudo, em atenção que Sebastião Bugalho integrou as listas do CDS, como independente. Apesar de não ter aceitado assumir o cargo de deputado em 2021, coloca mesmo assim em causa a sua independência enquanto jornalista, ficando na posição do comentador partidário.
Ventura muda Portugal em sete dias assim como Deus criou o Mundo em sete dias
A par de Deus, só o povo português me embala e me protege. Nele está a minha inspiração e, por isso, resistirei a todos os obstáculos, ataques ou insinuações. Nada me fará parar ou retroceder!
Por isso sendo cristão bate no peito, vai à missa e faz peregrinação a Fátima, tem a força anímica que lhe é dada por Deus. Movido por esta força André Ventura o Chega mudará Portugal em sete dias, tantos quanto Deus levou a criar o Mundo.
Ao primeiro dia acabará com todos os subsídios sociais em primeiro lugar o dos ciganos.
Ao segundo dia acabará com a corrupção.
Ao terceiro dia baixará todos os impostos e eliminará taxas e taxinhas. E, sobrando-lhe tempo, proibirá a entrada a imigrantes e deportará imigrantes, legais e ilegais.
Ao quarto dia acabará com os direitos de quem não faça parte e não defenda a família tradicional.
Ao quinto dia criará a castração química e a prisão perpétua para homicídios e pedófilos e restringirá direitos a criminosos e condenados.
Ao sexto dia aumentará as forças policiais e lhe dará mais autonomia e autoridade.
Ao sétimo dia reformulará todo o ensino e fará o ser humano à sua imagem e semelhança para que domine sobre Portugal e depois descansará.
E assim, concluída toda a sua obra deu graças a este sétimo dia e à obra por ele realizado.
Pode ver aqui mais sobre este personagem que se diz mandatado por Deus.