Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.
Há coincidências prováveis e improváveis. A probabilidade pode ser um indício de que algo venha a ocorrer. Uma improbabilidade estatística refere-se a acontecimentos ou desfechos que têm uma probabilidade muito baixa de ocorrer com base em análise estatística. Há exemplos de coincidências como o de encontrar alguém que conhecemos num determinado local aleatório enquanto viajamos para fora do país que são estatisticamente improváveis, mas, mesmo assim podem acontecer.
Seria pouco provável que situações em investigação pela justiça ou que estejam a aguardar julgamento e em investigação há vários anos passem a ser lançados para a comunicação social no espaço de algumas semanas numa ocasião em que estão em curso antagonismo de ideias e projetos numa pré-campanha eleitoral.
É importante notar que, embora esses eventos sejam estatisticamente improváveis, eles não são uma impossibilidade. No campo da estatística, embora raramente, eventos com baixas probabilidades podem ocorrer. Mas à medida que aumentamos o tamanho da amostra, a média das observações tende a seguir uma distribuição normal. Isso permite fazermos inferências sobre a população com base nas médias das amostras e dos seus desvios padrão.
Coloca-se então a questão: haverá, de facto, um tempo da justiça e um tempo da política? Penso que não. Devido a muitas coincidências o tempo da justiça começa a ficar acoplado ao tempo da política. Os factos que têm vindo a público, e refiro-me aos mais recentes, contudo parecem mostrar uma propensão mais do que uma evidência. O acoplamento tem-se mostrado tendencialmente dirigido ao Partido Socialista. O que aparece quanto ao PSD parece servir apenas para despistar possíveis críticas que possam surgir da tendência das investigações apenas dirigidas a um único partido.
Quem tente descortinar uma lógica nas atuações da justiça é considerado obcecado por teorias da conspiração, mania da perseguição ou qualquer outra patologia que lhes aprouver, mas, sendo apenas coincidência elas são demais.
Esta forma de atuar da justiça pode interessar sobretudo à propaganda do partido CHEGA, é este que continuamente lança anátemas e coloca num lamaçal a política e os políticos que considera serem todos corruptos, que não eles obviamente. Aquele partido faz da palavra corrupção o seu slogan preferido. Por outro lado, sente-se desprezado porque a direita democrática não lhe avalizar a sua angústia por não colocar como opção, pelo menos por agora, fazer uma coligação ou acordo, talvez para poder usufruir de compadrios se chegar ao governo, alguma vez.
Comecemos por ordem não cronológica das movimentações que a justiça lança para a praça pública no dealbar de eleições o que acha ser oportuno para se fazer justiça e o que à comunicação social interessa.
Depois de anos e anos a arrastar calhou agora a oportunidade de lançar para os media o caso de José Sócrates com o tema “Tribunal da Relação de Lisboa inverteu decisão de juiz Ivo Rosa e confirmou quase na íntegra a acusação do Ministério Público.” Assim, “José Sócrates vai ser julgado por 22 crimes, três deles de corrupção. Existem indícios suficientes para o ex-primeiro-ministro José Sócrates e 21 outros arguidos da Operação Marquês serem julgados de que foram acusados, incluindo corrupção, decidiu esta quinta-feira o Tribunal da Relação de Lisboa. Fica assim sem efeito grande parte da decisão do juiz de instrução Ivo Rosa, que, em abril de 2021, arquivou 171 crimes da acusação. Recorde-se que este processo se iniciou em 2014 (reveja o que esta data significou: foi antes das eleições de outubro de 2015). As notícias da altura pareciam exultar que tinha sido detido na noite de 21 de novembro de 2014 no aeroporto de Lisboa o antigo líder socialista ficou depois em prisão preventiva, até 4 de setembro tendo acabado por ser libertado a 16 de outubro de 2015.
Outro caso que agora também saiu das amarras temporárias da justiça foi o das golas antifumo: “O Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) enviou para julgamento todos os arguidos do caso das golas antifumo, ao validar na íntegra a acusação do Ministério Público.” O caso das golas antifumo levou em 2019 a demissões no Governo, num processo no qual estão em causa alegados crimes de fraude na obtenção de subsídio, participação económica em negócio e abuso de poder. Só agora, em momento de política viva e de crítica, é que surge o envio para julgamento este caso o que valida a acusação do Ministério Público e claro, como lhe compete a comunicação social faz notícia.
Em 7 de novembro face a contestações promovidas por sindicatos esquerdistas de vários setores aos quais a direita e extrema-direita se associam em defesa dos trabalhadores por mero oportunismo, dá-se o que pode designar-se por um golpe judicial do 7 de novembro quando o primeiro-ministro António Costa referiu que foi surpreendido pela informação avançada pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o processo-crime que "já foi ou irá ser instaurado". Passados dias a Procuradora-Geral da República declara que afasta responsabilidade pela demissão de António Costa. Daqui a crise política que se gerou e é conhecida. Mais uma vez uma coincidência entre o tempo da política e o tempo da justiça.
Recorde-se o caso ridículo que se passou com Rui Rio quando o ex-presidente do PSD e outros dirigentes e funcionários social-democratas foram alvos de buscas, por suspeitas de crimes de peculato e abuso de poder. Afirmava-se então que era uma investigação à utilização de fundos de natureza pública em contexto político partidário coisa que, na altura, se afirmava ser comum a todos os partidos. Pelo que se sabe, foi um processo que nasceu em 2020, a partir de denúncias internas, mas por coincidência só em julho de 2023 é que a comunicação social trouxe a público, dizem estar em segredo de justiça.
O caso da casa de Luís Montenegro em Espinho que veio a público, para mim numa espécie de mostra de imparcialidade, não é apenas a um partido é em todos.
É o tempo da justiça a contaminar o tempo da política. Coube agora a vez de atingir, por coincidência!?, Miguel Albuquerque e o PSD da Madeira, caso que o envolve e que está sob investigação desde março de 2021.
A justiça parece ter a tentação para se juntar à política, tanto mais quanto sabem o espaço que os media lhe dedicam. Vejam-se os casos não raros em que os jornalistas e as TV´s chegam primeiro aos locais onde se vão dar as buscas ou prender alguém. Estão a par das investigações ditas em segredo de justiça e por vezes até se antecipam à própria justiça. Mas. problema maior, é a atração que a Justiça sente pelos media e ao espaço que estes lhe dão.
“A política-espetáculo é ótima para os populistas, mas é hora de refletir também sobre quem é beneficiado pela justiça-espetáculo”, escreveu no final do seu artigo no Público.
Os meus pontos de vista sobre assuntos da atualidade política não se ajustam completamente às opiniões e comentários que leio nos jornais e sintonizo nas televisões, venham eles da direita, ou da esquerda. Por vezes há alguns pontos com que poderei estar de acordo tomando atenção à subjetividade inerente a cada um.
Hoje, ao ler um artigo de opinião de Pacheco Pereira no jornal Público, tive uma surpresa. Pacheco Pereira escolheu um tema sobre o qual tenho vindo a refletir e fê-lo de uma forma que eu não conseguiria, isto com alguma pena minha. Assim, resta-me tecer alguns comentários ao meu modo, de forma corriqueira, correndo o risco da possibilidade de alguma interpretação menos cuidada da minha parte.
Os media, nomeadamente nos noticiários das televisões, podem fazer com que, por exemplo, o agressor pareça o oprimido e o oprimido pareça o agressor, o que pode aumentar ou diminuir a gravidade duma circunstância, mensagem ou facto conforme os interesse ou conveniências.
Uma coisa que sempre pensei é a forma como as notícias são dadas e que são uma das manifestações do contínuo político-mediático que Pacheco Pereira, num outro artigo de opinião, descreve como sendo “um dos fatores que penso estar na origem da crise das democracias, o domínio da política democrática pela sua transformação num contínuo político-mediático, que diminui a autonomia da decisão política e a torna cada vez mais dependente dos mecanismos da comunicação social e da sua evolução.” E a “colocação da racionalidade como uma coisa do passado e de velhos, sem capacidade de competir com o glamour da superficialidade, tudo puxando para baixo, a política foi pelo mesmo caminho de vulgaridade e comodismo.”
Do artigo depreende-se que “a crise da democracia está a ser afetada entre outras coisas por um jornalismo a ser dominado pelo “jornalismo de baixo” que prejudica o “jornalismo de cima” e em que o “jornalismo de baixo”, é sobrevalorizado e que não é jornalismo, mas é muitas vezes citado como produtor de notícias sem qualquer cumprimento de regras da profissão.” “Um jornalista que usa as redes sociais como fonte está a suicidar-se como jornalista como se frases sem edição ou contexto, pseudofactos ou fake news pudessem ser consideradas fontes noticiosas”.
Uma outra consequência para crise da democracia está na “crescente politização do ´jornalismo, assim como “a subordinação do discurso jornalístico a lugares-comuns, modas, superficialidade, incompetências, estereótipos, que faz com que a politização seja muitas vezes involuntária, pela dificuldade de se sair do rebanho, e ter autonomia de julgamento.”
Atualmente verificamos que não existe uma distinção entre os comentadores que fazem comentários dos comentários dos jornalistas, isto é, “hoje o comentário não separa os jornalistas que o fazem dos restantes comentadores de direita ou esquerda conforme as conveniências dos autores de mensagens nas redes sociais”.
Vejamos agora o caso das aberturas dos noticiários durante as primeiras semanas de janeiro, altura de grande afluência fora do normal às urgências hospitalares devido à gripe que pululava. Diariamente, à mesma hora, os dois jornais televisivos dos principais canais generalistas passavam uma parte significativa das notícias de abertura com imagens captadas nas urgências com as “voz off” a insistirem nos problemas a que se acrescentavam outro do internamento. Faziam-se entrevistas a utentes que, devido à ansiedade das esperas, não teriam nada de animador a dizer, antes pelo contrário, esquecendo tudo o que antes teriam considerado ter sido bom. Interessava politicamente que tudo quanto fosse alimentar a oposição contra o governo já demitido, mas que até se esgotar a última gota do governo mesmo que em gestão corrente.
Passaram depois, mais recentemente, a sintonizar o tema sobre as mortes em excesso como nunca dantes verificadas, e escolhem umas datas de anos anteriores para fazerem comparação. Esquecem as causas recentes e tentam associar ao que antes anunciaram sobre as urgências sem apontar as possíveis causas para tal.
A questão sobre o jornalismo é a de saber como se colocam as questões para se obter uma resposta desejada. Colocar os problemas do aumento da mortalidade como sendo devida aos problemas do SNS é tentar salientar um facto escondendo outro ou outros mais graves. Porque não associa esse aumento de mortalidade à greve dos médicos? É certo que um dos problemas do SNS tem sido o da greve dos médicos, mas a forma como a causalidade da mortalidade não é associada também não está isenta de culpas, mas não aparece como uma possível causa.
Sobre este assunto escreveu Pacheco Pereira no referido artigo que passo a transcrever:
“Vejamos alguns exemplos actuais. Por exemplo, quando se está a discutir o aumento significativo de mortalidade nos últimos meses a pergunta que ouvi feita a um especialista que estava a falar de vários factores explicativos foi a seguinte: “Não se deverá esse aumento de mortalidade aos problemas do SNS?” Essa pergunta tem sentido em abstracto, mas imaginemos que ela era formulada de outra maneira: “Não se deverá esse aumento de mortalidade à greve dos médicos?” Na verdade, a greve dos médicos é um “problema do SNS”, mas a forma como é apresentada a causalidade da mortalidade não é inocente. Aliás, a greve dos médicos nunca aparece como causa, ao contrário da greve dos ferroviários para as paragens de comboios. No entanto, nunca houve tantos simpatizantes das greves e de movimentos como o dos polícias desde que contribuam para atacar o Governo. Imagino que, se a “Aliança Democrática” governar, as greves e movimentos reivindicativos de trabalhadores tornar-se-ão de novo malditos e outras greves como a dos médicos não existirão.
Mais adiante acrescenta Pacheco Pereira fazendo uma comparação com os hospitais privados:
Aliás quase todas as peças sobre os “problemas do SNS” que abrem noticiários, muitas vezes de formas casuística para ter um feito cumulativo, não têm qualquer paralelo com a informação comparativa com o sector privado. Os tempos de espera nos hospitais privados raramente são citados, nem referido como é feita a triagem de doentes não rentáveis devolvidos aos hospitais públicos, e o que aconteceu durante a pandemia.
Não foi raro o anterior bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, aparecer frequentemente na hora dos noticiários a tecer críticas ao Governo no que respeitava ao SNS e à saúde sempre numa espécie de oposição crítica. A crítica é, em democracia, normal e necessária, mas a atitude e as narrativas do bastonário funcionavam aos olhos dos espectadores mais atentos como se fosse um político a fazer oposição que mais o aproximava ser um militante do PSD.
A minha suspeita sobre o tipo de intervenções veio a confirmar-se no dia 7 de janeiro quando o Expresso noticia que o antigo bastonário da Ordem dos Médicos discursaria nessa tarde, ao lado de Montenegro, Melo e Câmara Pereira e que seria um dos nomes apontados para as listas de deputados do PSD, hipótese para a qual já se mostraria “disponível”.
Diariamente somos confrontados com dualidade de critérios nos noticiários numa variedade de casos o que contribui para a crise da democracia com a polarização e radicalização e por factos intencionalmente evidenciados em ponto conforma as conveniências do memento ou das agendas partidárias, tal como se fossem trabalhados nas redes sociais e não da forma jornalística. Sobre este tema da independência dos jornalistas já escrevi neste mesmo blogue.
Leio com agrado os artigos de opinião que Francisco Mendes da Silva escreve no Público e que algumas vezes já os publiquei aqui neste mesmo blogue o que não significa estar sempre de acordo com ele.
Desta feita, a tese de Mendes da Silva que cita um artigo de Vasco Pulido Valente no Expresso em fevereiro de 1978 parece-me ter uma lógica que algumas já manifestei, isto é, não basta dizer mal do Governo anterior, mas ainda em gestão, “o velho”, nas palavras de Medes da Silva e nele depositar culpas, é preciso mostrar propostas e soluções que modifiquem o que criticam no “velho governo”, tal como escreve: “Para se ter uma “teoria” sobre a indispensabilidade da troca de governo, não basta a demonstração de que as coisas estão mal e os incumbentes são péssimos. É necessário, em primeiro lugar, explicar que o que está mal é culpa do governo velho e, em segundo lugar, que o que futuramente possa vir a estar melhor só será produto de um governo novo”.
Sugere que “não basta a demonstração de que as coisas estão mal e os incumbentes são péssimos”, pressupõe-se que os incumbentes serão do Governo que está em faze terminal, o governo velho. Insiste que “não basta”, dizer que “as coisas estão mal e os incumbentes são péssimos”, mas que deve insistir-se na continuação das culpas do que é velho, o anterior governo, mas que se deve falar do que fará o governo novo.
Moreira tem alguma razão pois que o PSD, transformado em trio AD, pela voz do seu líder apenas fala sobre o “governo velho” sem dizer o que pretende fazer e melhorar com um “governo novo”, se ganhar as eleições.
Mais ainda, Moreira sustenta que as propostas devem ser mastigadas numa mensagem focada, condensada e repetitiva, que sintetize uma “narrativa” de algibeira, pronta a usar, oposta à do poder instalado.” Quererá dizer de prestidigitação, truques de algibeira, ilusão? Assim sendo, a campanha eleitoral passará então a ser um circo político com o qual não “se tenta cativar o eleitorado através da concisão e simplicidade das mensagens”. Ora este truque é o usado pelos partidos da extrema-direita pela demagogia e pelo populismo, e nós, os eleitores, não queremos isso.
Será que o “governo novo”, se for a AD ou qualquer outro, irá responder a tudo o que dizem estar mal no “velho governo”?
É verdade que muitos, eu incluído, dizemos mal de jornalistas e dos media, mas sem eles não há democracia real. Que os media não devem estar dependentes de foças partidárias, empresas com interesses que não a informação e de ajudas estatais está muito enraizado entre muito, se não na maioria onde também me incluo.
A liberdade de imprensa é um pilar fundamental das sociedades democráticas que permite aos jornalistas informar o público sobre questões políticas, sociais e económicas, sem medo de represálias nem de censura.
O caso da Global Media detentora da TSF, Diário de Notícias e Jornal de Notícias e Jogo é o manifesto da crise em que se encontra a comunicação social em Portugal sobretudo a imprensa.
Numa democracia onde se pretende que prevaleça a liberdade de imprensa será difícil tomar decisões, mesmo que temporárias, para salvar os postos de trabalho e evitar a rarefação de órgãos de comunicação. Qualquer decisão de compra ou inclusão por outra empresa pode conduzir a uma maior concentração de media nas mãos dos que olham com ganância, e finalidades mais ou menos de cariz político e ideológico. Mas que decisões se podem tomar em casos desta natureza numa economia que pretendemos que seja democrática e liberal?
A concorrência entre empresas detentoras de órgãos de comunicação, imprensa, radio e televisão é feroz pela captação de audiências para atrair publicidade, especialmente nos casos dos canais de televisão e de rádio. Na imprensa é a competição por assinaturas, sejam elas em papel ou online.
Li dois artigos de opinião escritos por pessoas que respeito pelo seu perfil sobre o caso da Global Media. O primeiro foi o de Pedro Norton que fez parte do grupo Impresa em 1992, como assessor do presidente do conselho de administração da Controljornal e, a 1 de outubro de 2012, substituiu Francisco Pinto Balsemão como presidente executivo, cargo no qual se manteve até 2016. O segundo foi o de Ana Sá Lopes que em 2018 foi diretora-adjunta do PÚBLICO. Com a remodelação da direção editorial do mesmo jornal passou a redatora principal em setembro deste ano. Se do primeiro é da área do centro, talvez, PSD, da segunda desconheço a sua orientação ideológica ou partidária, mas para o caso o que interessa são as suas opiniões sobre os problemas gerados pela Global Média que está a causar danos ao jornalismo e aos jornalistas.
Com o que Pedro Norton escreve no seu artigo em parte coincide com o meu ponto de vista. Escreveu ele que “O jornalismo deixou de ser um negócio e isso é uma péssima notícia, o jornalismo deixou de ser um negócio sustentável. E sem modelo de negócio não é possível garantir a existência de uma multiplicidade de órgãos de comunicação social capazes de, no seu conjunto, na diversidade das suas saudáveis diferenças editoriais e ideológicas, prover o bem público que é uma Ágora plenamente funcional nas nossas democracias”.
Aqui reside um ponto importante que merecer alguma reflexão visto vivermos numa democracia liberal que alguns das esquerdas mais radicais preferem designar por capitalista.
Nas democracias liberais quando há investimento estes ficam enquadrado no princípio da livre iniciativa e como em qualquer outro negócio o objetivo e o de gerar lucro. Quanto a isso nada há de mal desde que enquadradas nas regras da concorrência, mesmo no que se refere a empresas de comunicação social ditas da área do jornalismo. No caso deste tipo de empresas jornalismo, rádio, televisão, imprensa, há sempre o risco de que a informação produzida, tal como a difusão dela decorrente, poderão tender para um controle da substância ideológica e editorial por parte dos seus investidores e administrações. Contudo, estas estruturas são encaradas como pluralidade dos media, mas face à falta de literacia por parte de grande número do público sobre os media e às agendas políticas das redações podem gerar distorções na informação produzida.
Parece-me que Pedro Norton também é deste ponto de vista pois defende que (sublinhados da minha autoria) “Quem trabalha no mundo dos media sabe bem que não existem fontes de financiamento (públicas ou privadas) que não criem relações de dependência perversa. Sabe também que essas relações são tanto mais perigosas quanto mais dominantes são. E sabe também, por fim, que a mais perversa de todas as dependências, para o efeito do tema que aqui nos ocupa, é o próprio Estado. Não porque seja, ele próprio, inerentemente perverso ou mais maléfico do que os atores privados, mas porque, como é evidente, é muito mais difícil pedir ao ecossistema jornalístico que cumpra a função de escrutinar o poder político se o próprio poder político se transformar no decisor único ou maior sobre o seu financiamento e sobrevivência.”
Para Pedro Norton os media “só conseguem cumprir a sua missão se conseguirem ser independentes e, em particular, se conseguirem ser independentes do Estado”. Este ponto é delicado porque a tutela excessiva do Estado pode levar à censura e à falta de liberdade de imprensa como está a acontecer na Federação Russa com Putin a controlar e a interferir com os media. Mas, a questão que podemos colocar é a de saber se serão também verdadeiramente independentes se forem privados.
O ponto de vista oposto é o de Ana Sá Lopes no seu artigo de opinião que escreveu no Público. Achei estranho o seu ponto de vista sobre a situação da Global Media que, de facto, apesar de estar a prejudicar centenas de jornalistas defende um ponto de vista muito corporativista. Exige ela no seu artigo, se exigir será o verbo adequando, a nacionalização pura e simples de órgãos de comunicação social, tal como o PCP defende a nacionalização dos jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias. Será que o ponto de vista de Ana Sá é apenas sugestão temporária para resolução do problema?
Há quem critica impetuosamente contra “meter dinheiro dos contribuintes (porque não há ouvintes e leitores suficientes) para assim simplesmente se salvarem empregos de jornalistas que, durante anos, contribuíram para a degradação do seu ‘produto jornalístico’ a ponto de hoje ser já um ‘produto comercial’ sem interesse nem préstimo”.
A 3 de maio de 2022 na página do sítio oficial de informação da Presidência da República Portuguesa o presidente recordou que as “grandes dificuldades que os órgãos de comunicação social, sejam eles locais ou nacionais vivem, como seja, na sua capacidade económico-financeira, na precaridade muitas vezes associada à profissão. Acrescentou ainda que as dificuldades pelas quais passam os órgãos de comunicação ao nível financeiro e também no literário é "um dos problemas a que temos vindo a assistir é a substituição da leitura de notícias pelo consumo de conteúdos nas redes sociais". E termina dizendo que "Estes são conteúdos, rápidos, simplistas e condicionados, muitas vezes com informação desvirtuada, sem contraditório ou mesmo falsa".
Propostas com soluções que se esperam dos especialistas nesta área para o problema são escassas ou incompletas e qualquer delas não estarão afastadas de possíveis distorções, mesmo as que Pedro Norton sugere ao escrever que “A alternativa, que precisará sempre de ser amplamente consensualizada, terá assim de passar por formas muito indiretas de apoios, seja removendo obstáculos e custos de contexto, seja criando mecanismos (fiscais ou outros) que incentivem empresas, fundações e cidadãos particulares a consumir, a apoiar e a financiar projetos de media, seja ainda, e crucialmente, separando a função de financiador do Estado da função de decisor da alocação concreta dos fundos que pode e deve ser assegurada pela sociedade civil através de associações, fundações ou até empresas, desde que diversificadas e com estruturas de governação adequadas.”
Em qualquer das soluções apresentadas corre-se o risco de uma corrida de empresas para obterem algumas vantagens, mesmo as que não necessitassem, que se reorganizariam para a obtenção desses fundos e apoios recorrendo a qualquer uma daquelas soluções.
No atual estado em que se encontram os meios de comunicação verificam-se casos como o noticiado em maio de uma investigação que deu lugar a um despacho do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto (DIAPRP),, em que o Ministério Público (MP) diz que o autarca Eduardo Vítor Rodrigues “determinou a outorga pelo Conselho de Administração da GAIURB [empresa municipal], de modo arbitrário, sem qualquer requisição de despesa, manifestação de necessidades ou proposta de contratação de serviços e/ou fornecimentos de bens emanada pelos respetivos serviços, contratos públicos com o Grupo Global Media”. Segundo o jornal ECO, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que por acaso é do Partido Socialista, era assim suspeito de contratar de forma ilegal e arbitrária meios de comunicação do Grupo Global Media para promoção da autarquia e dele próprio.
Segundo o Observador na altura foi emitido um comunicado em que “Os membros eleitos do Conselho de Redação da TSF manifestam, assim, o vivo repúdio pelas acusações de alegado envolvimento da direção editorial e da redação em alegadas operações de promoção de imagem, sublinhando que o trabalho desenvolvido pelos profissionais da TSF é regido sempre pela ética e deontologia do jornalismo”. E mais adiante “Sobre as notícias que têm sido divulgadas sobre o tema, o CR do JN classifica de “noticiário assente numa visão, errónea, de que, de algum modo, um acordo comercial com uma autarquia, legítimo e devidamente registado no Portal BASE, seria uma porta aberta ou uma banca self-service de notícias para algum autarca”.
A democracia não pode viver sem uma comunicação livre e independente e também fora do controle do Estado. No entanto, o aproveitamento de empresas jornalísticas, grosso modo, por possíveis interesses políticos, por vezes até por simpatias partidárias, incluem na sua agenda setting factos que possam induzir na opinião pública proveito ou desagrado em relação a partidos ou governos por vezes apresentados como factos por vezes conjeturados.
Basta estarmos atentos e fazermos leituras dos alinhamentos e dos conteúdos dos jornais dos canais televisivos, sobretudo em épocas pré-eleitorais, para nos apercebermos do marketing por parte das empresas dos media. É uma espécie de jornalismo empenhado na defesa de determinada causa ou ideologia e, por vezes, percebido como declaradamente partidário, fugindo aos princípios éticos da profissão que devem presar objetividade, isenção, clareza, verdade, interesse público. Se assim não for oferecem riscos à própria democracia, isto à parte dos artigos de opinião cujos interesses possam manifestar pontos de vista diversamente ideológicos e por vezes tendencialmente partidários.
Quando o corporativismo jornalístico e os donos de empresas de comunicação se pretendem esquivar a responsabilidades, o culpado, o bode expiatório, é sempre o Estado, ou porque não fez o que devia ter feito, ou porque fez o que não devia ter feito, e quando é assim, normalmente, a oposição de direita coloca-se sempre em ambos os lados ou do que mais lhe interessa.
O que não se pretende de todo é que casos como este ou outros aconteçam.
Das intervenções do líder do PSD, e outros do mesmo partido, verifica-se, de facto, um vazio de propostas. A única coisa que ouvimos são ataques ao seu adversário PS e a pessoas. Seleciona frases e palavras soltas, descontextualizadas, proferidas nas intervenções dos seus adversários e limitam-se apenas a repeti-las e a comentá-las. Pobreza de argumentos para ganhar eleições! Nisso são o IL e o CHEGA exímios. Se um nada nos diz sobre as suas intenções para governar, o outro limita-se a gritar e a propor comissões parlamentares. Se este dois fossem governo o que fariam? Não sabemos. É a escuridão total. Para essa gente do tipo IL, CHEGA, e com o PSD a ir ao arrasto, tudo está mal, mas nada sabemos sobre o que farão para que seja o melhor para o país e para as pessoas.
Quem ler este “post” pensará de imediato: este é do PS, ou é do BE ou é do PCP ou de qualquer outro. Não sou de nada. Sou independente o que tenho são os olhos e os ouvidos bem abertos.
É aceitável que critiquem o que o Governo do seu principal opositor fez, mas nós precisamos de saber o quê e como farão para retificar o que acham que foi mal feito. Falar da TAP, do caso, X ou do caso Y que vieram no tempo da política e não da justiça não basta.
Tudo isto torna a campanha do PSD paupérrima, porque não é esclarecedora. É a campanha do repete, repete, a que já não se atende. Neste caso já não funciona citação da célebre frase de Joseph Goebbels, ministro da propaganda dos nazis de que uma "Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade". Luís Montenegro tem optado por não apresentar medidas que concretizará se for primeiro-ministro.
Pretende confundir os eleitores com o que o anterior Governo fez ou não fez, ou fez mal, e, para isso, centra-se nas questões trazidas à praça pública pelos media. Mas os media deixaram de merecer a confiança do povo que já são sabe em que acreditar, no que é, ou não, verdadeiro. Os media entraram numa espécie de regime do tipo real news com uma pitada de fake news.
Pretendem que, nós eleitores, votemos como se fossemos jogar numa espécie de roleta e que escolhamos às escuras sem sabermos o que pretende o líder do PSD para o país nem ao que vai fazer se for governo, tanto mais quando o PSD se transformou numa AD com toque bolorento.
Já passaram as festas de Natal e do Ano Novo e o seu início desde já promete ficar cada vez mais corrompido pelo debate confronto político que se degrada à medida que se aproximam as datas das eleições previstas para este ano, penso eu.
Pelo início deste novo ano nada faz prever que mude, diz o meu oráculo. Comentadores políticos com a redundância assumida aceleram nas suas teses. São horóscopos que defendem com argumentos bem delineados, mas enganadores e intencionalmente dirigidos para defesa dos seus pontos de vista. Imaginam estes oráculos cenários, os piores possíveis, críticas a todas as políticas, sem exceção, de quem cessa funções e preconizam o nascer de sóis resplandecentes e alinham com a execução das promessas dos que se perfilam para a obtenção do poder, mesmo sabendo que elas são inexequíveis por um governo que pertença às suas filiações ou simpatias partidárias.
Os vaticínios que me são transmitidos são cantos enaltecidos e apologéticos. São promessas transitórias das direitas e das extremas-direita a elevarem-se na imprensa e nos espaços televisivos das notícias selecionadas e rigorosamente alinhadas com o que foi “dito”, mais do que o não “dito” e omitido, pelas intervenções dos responsáveis partidários das oposições de direita, tendencialmente contra o ainda Governo que cessa as suas funções exatamente a 7 de janeiro do presente ano.
O meu oráculo diz-me que os media recorrerão ao passado martelando e martirizando os ouvidos e os olhos dos telespectadores com as “maldades” várias do governo anterior e as mesmas “tags” (etiquetas) de sempre: corrupção, compadrio, favores, peculato, acompanhadas com fragmentos de peças do passado com casos e figuras mostrados insistentemente e escolhidos a dedo consoante os interesses partidários e orientações das vozes dos donos para garantia de influência mediática, em favor dos seus interesses partidários.
A saúde, sobretudo as urgências hospitalares, cuja principal causa está da epidemia gripal, terão diariamente palco, até à exaustão, nas aberturas dos jornais televisivos, como se isso fosse resolver os problemas que a direita não se atreve a dizer como resolver, porque sabe que não o conseguirá.
Segundo o meu oráculo, as oposições, sobretudo as de direita, com a cooperação de denominados jornalistas de investigação, irão à busca de casos triviais mesmo que criticáveis são lançados para a opinião pública como sendo casos extraordinários mostrados ao modo de investidas dramáticas.
O PCP fará dessas trivialidades ouvidos moucos porque, para eles, os desse partido, não são esses os principais problemas de que o país e o povo enfermam. Para eles o povo, os trabalhadores, os salários e as pensões são uma espécie de cassete em contínuo.
Dizem-me os meus oráculos que neste novo ano, até às eleições, continuarão comentadores e “opinadores” de serviço, sobretudo os simpatizantes da direita a direcionar as suas críticas pessoalizadas aos atores do adversário que mais os faz tremer. No entanto passam a achar que os jornalistas devem escavar, para escavacar a vida pessoal dos políticos, mas apenas quando calha a outros que não os da sua simpatia político-partidária. Se assim não for passarão logo a defender o escrutínio justiceiro pelos media e a considerar que esse deve ser também o seu papel. Assim falam porque Montenegro ultimamente está sob suspeita. João Miguel Tavares assim escreveu primeiro num ato de justificação, e depois Paulo Rangel do PSD a entrar no ato da defesa do líder.
O primeiro coloca em comparação Pedro Nunes Santos com Luís Montenegro porque, escreveu ele, que “Como eleitor, essas informações interessam-me, porque me ajudam a construir o perfil de um candidato”. Para tal desenvolve sobre os bens pessoais de cada um como sendo indicadores indispensáveis do perfil dos candidatos, Para Miguel Tavares parece que o perfil dos políticos em evidência de avaliasse pelos bens pessoais que possuem ou já possuíam ou como se o miserabilismo fosse o perfil adequado para o exercício da atividade política. Compara o que um tem e gosta com o que o outro tem e gosta, tornando-se óbvio e claro qual a intenção e o objetivo.
Torna-se evidente a desculpabilização de Montenegro por Rangel já que atribui a culpa ao Governo. Vejam-se as perguntas e as respostas:
“O inquérito teve origem em denúncias anónimas. Há aqui uma mão invisível para atrapalhar a vida do líder do PSD?”
“Acho que há. Isto começou a surgir quando houve grandes problemas com o Governo.”
“Faz essa associação?”
“Estou a fazer uma associação puramente objetiva. A verdade é que aconteceu. Ao mesmo tempo é uma coincidência temporal, mas depois cada um interpreta como quiser. Mas o que mais admirei na posição de Luís Montenegro foi a não-vitimização, aguardar o inquérito e não fazer pressões para que decorra depressa ou devagar ou à tarde ou à noite.”
À pergunta sobre se “O líder do Chega dizia que Luís Montenegro tem de dar uma explicação cabal sobre o que está em causa no inquérito, inclusivamente mostrar os documentos. Como é que responde a isso? Luís Montenegro disse que não ia mostrar nada e entregar ao Ministério Público”.
“Uma comunicação social responsável não devia dar palco a esse tipo de populismo. É evidente que as vidas das pessoas, especialmente os seus detalhes, não têm que estar na comunicação social.”
Afirma o meu oráculo que o fator da crise das democracias, e também no caso português, é a política democrática estar sujeita a uma transformação pela sucessão contínua entre os media e a política. A autonomia das decisões políticas fica em risco e é condicionada pelos mecanismos dos media.
o domínio da política democrática pela sua transformação num contínuo político-mediático, que diminui a autonomia da decisão política e a torna cada vez mais dependente dos mecanismos da comunicação social e da sua evolução.
A atual necessidade de rapidez competitiva entre os media leva necessariamente à falta de rigor, à agressividade, à culpabilização antes da prova, à falta de racionalidade no que é escrito, dito e mostrado leva ao superficial, ao vulgar que arrasta neste círculo vicioso a própria política.
Verifica-se um fenómeno que é o de não se ter a política, os partidos e os políticos temos uma espécie de mescla o que é política, partidos e políticos com os media, neste caso considerando a imprensa, a rádio e a televisão que se influenciam mutuamente pela opinião pública.
Não foi o meu oráculo que me murmurou ao ouvido que “os factos, as opiniões, as interpretações são moldados por mecanismos mediáticos em que participam políticos e jornalistas, cada vez mais com uma cultura de acção semelhante e dependente de efeitos comunicacionais tais como a novidade, o timing, o tipo de resposta, a rapidez, a frase assassina, a falta de estudo e de rigor. As redes sociais e novas formas de acesso àquilo que passa por ser informação…”, foi Pacheco Pereira que escreveu no Público.
O meu oráculo diz-me que os que escrevinham artigos de opinião nos principais órgãos de comunicação, assim como os comentadores de serviço que são inspirados por “divindades intermediárias” irão traçar destinos maléficos, ou benéficos, consoante os interesses, tendentes a influenciar os votantes nas próximas eleições. Uns irão assinalar os recados enviados indiretamente nas intervenções da mais alta individualidade da nação que irão tomar como críticas ao Governo já em processo de demissão, mesmo que não o sejam e irão continuar a responsabilizá-lo por nada fazer. Utilizarão estribilhos muito queridos às esquerdas radicais e farão críticas, sem apresentarem soluções, centrando-se nos discursos do acesso à saúde, habitação e educação à qual acrescentam a justiça cuja reforma não lhes interessa, mas que nas bancadas gritam por não ter sido feita. Ouço eu. E, quando chegados ao poder, nada fazem. Interessa-lhes que tudo se mantenha na mesma, penso eu.
Quando as direitas usam nas suas intervenções aqueles slogans fazem-me recordar as palavras da canção de Sérgio Godinho (1974), palavras de ordem da extrema-esquerda após o 25 de Abril, estimulantes à rebelião popular,
Só há liberdade a sério
Quando houver
A paz, o pão, habitação
Saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
Só lhes falta acrescentar:
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir
E quando pertencer ao povo o que o povo produzir
Recuperar e revigorar o passado passará a ser o foco das direitas que, vendo reduzir ou desaparecer o seu espaço eleitoral, vão juntar-se na mesa para decidirem e tecerem estratégias para o banquete eleitoralista no sentido de obterem uma maioria parlamentar, ou senão, ocuparem o poder e dividir pelouros num futuro governo.
Uma Aliança Democrática versão 2024, PSD+CDS+PPM, parece destinada ao fracasso e poderá não ter efeito significante nos resultados eleitorais, digo eu. A dinâmica dos saudosos Francisco Sá Carneiro, Diogo Freitas do Amaral e Gonçalo Ribeiro Telles, quando a política era mesmo política e não era induzida pelos media, falha nesta AD forçada com líderes, especialmente como o do CDS, não vai resultar.
Poderemos vir a ficar surpreendidos ao percebermos o efeito marginal que esta aliança terá no eleitorado se mantiver o até agora discurso partidário pela negativa e pelo ataque sem nada para oferecer, sem programa claro e objetivo, com as promessas do costume se forem um potencial governo utilizando as mesmas capacidades retóricas populistas próximas do CHEGA.
O meu prenúncio para a justiça, e mais concretamente, para o desempenho do Ministério Público e da PGR não é animador devido à série de coincidências que se tem verificado entre o tempo da política e o tempo da justiça. A PGR não faz política, mas há muitas formas de manifestar os seus pareceres sobre política e as circunstâncias e as ocasiões e a forma como lança para a comunicação social o que está a investigar, e a escolha do tempo para o fazer pode vir a dar lugar a dúvidas sobre os métodos de que se serve.
Precisamente na véspera do dia da demissão do Governo que se limitará à prática dos atos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos os media tornam público dados que consideram serem novos e, estranhamente, sobre António Costa, exatamente no dia do início do 24.º Congresso Nacional do Partido Socialista. Estranhas coincidências na justiça, disse-me o oráculo.
Na política internacional continuarão muitos continuarão a perorar nas redes sociais (mas também alguns generais comentadores de política de guerra), talvez dissimuladamente defensores da invasão da Ucrânia pelo ditador Putin, a que tecem elogios.
E acrescenta o oráculo porque aquelas pessoas são contra o imperialismo ocidental, mas que, ao mesmo tempo, apoiam o imperialismo estalinista de Putin na Rússia, digo eu. Estes mesmos também dizem ser defensores do povo palestiniano, sem que saibamos se, afinal, estão do lado da ala militar para a libertação da Palestina, o Hamas, organização, pró-terrorista que dizem estar do lado do povo e que, por isso, praticam atos terroristas e porque são contra os EUA. Esta organização é entendida por muitas nações como terrorista, e controla a Faixa de Gaza de maneira autoritária, dizem alguns analistas.
A pitonisa que profetisa o oráculo que consultei disse-me que o povo judeu, após o fim do holocausto e depois do Estado de Israel ter sido criado, graças à proposta da ONU de dividir o território da Palestina em duas nações, passou de vítima a agressor. São agora apontados por genocídio dos palestinianos, dizem uns, é o direito à defesa que a isso os obriga, dizem outros.
Israel ocupa indevidamente o território que devia ser de ambos os povos, no conceito de dois povos dois estados. Através duma violência que dizem ser pacífica, como se qualquer violência é pacífica, e a que chamam colunatos, expressão invasiva de território potencial e possivelmente palestiniano. Diz-me o meu oráculo que em novembro deste ano os EUA e o Mundo poderão estar em perigo se um certo senhor de perfil ditador nazi venha a ocupar o cargo mais importante daquele país. Contudo, e pelo seu passado no anterior mandato o senhor Trump diz uma coisa e o seu contrário num curto espaço de tempo, digo eu.
Em 2022 elogiou as ações de Putin em relação à Ucrânia e reconheceu a independência de duas províncias separatistas da
Ucrânia, além do envio de tropas russas para entrar no país e para supostamente proteger os enclaves, disse ele, a ação de Putin era “genial” e Putin entraria na Ucrânia como um pacificador, dizia ele, condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia, que estava orando pelos ucranianos, passou ele a dizer, talvez por estratégia eleitoral, sobre isto o meu oráculo nada diz.
Para a Paz entre Israel e Palestina teve um plano em 2020 rejeitado pelos palestinos, propunha ele e uma solução de dois estados para o conflito, como ele resolveria o conflito face aos atuais cenários, ele não diz.