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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

“Unir Portugal” ou uma espécie de “União Nacional”?

22.12.23 | Manuel_AR

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De Montenegro só temos o vazio absoluto. O slogan Unir Portugal não basta! Soa-nos a “União Nacional”.

Depois do “Agora Portugal”, lema de campanha do PSD em 2019, com Rui Rio na liderança, o lema da atual campanha do PSD-Partido Social Democrata é “Unir Portugal”. O lema “Unir Portugal” centra-se dos líderes das oposições de direita nas ofensas e injúrias aos dirigentes do PS. Centram-se unicamente nos ataques pessoais aos opositores e não no debate quanto a soluções e objetivos programáticos. Demonstram a agressividade típicas de quem não tem razão nem propostas e, por isso, grita alto contra tudo como manobra de distração por falta de conteúdos programáticos e soluções para os problemas que existem e ressuscitam elementos, entretanto desparecidos do combate político com soluções passadistas, como Cavaco Silva (1985 a 1995). Já lá vão entre 29 e 38 anos. Por favor, tenham dó!

A dificuldade para as direitas divididas é que não lhes restam muitas opções. Se estivermos atentos às suas intervenções e declarações facilmente verificamos que o seu palavreado para atrair potenciais eleitores situa-se agora como estando próxima da esquerda. Até já o partido CHEGA, pela voz de Ventura, fala em aumento dos salários e das pensões.   

Num artigo do Público, António Barreto questionava, antes das eleições internas no PS, o que fariam Pedro Nunes Santos ou Luís Carneiro quando um deles fosse eleito e caso um deles chegasse a ser primeiro-ministro. Havendo já um secretário-geral do PS eleito as perguntas poderão ser dirigidas agora a quem ganhou as eleições, Pedro Nunes Santos. Contudo, essas perguntas podem ser feitas, não a Pedro Nunes Santos, mas a Luís Montenegro.

Permito-me usar aqui as perguntas que António Barreto dirigia aos candidatos à liderança do PS, mas que agora podem ser destinadas aos dois líderes candidatos a primeiro-ministro.

As perguntas são o que pretendem eles fazer para acudir ao desastre do Serviço Nacional de Saúde? Como pretendem lutar contra a crise da habitação? Que farão a favor da igualdade social? Quais são as suas ideias e os seus planos para tratar da instabilidade e da ineficácia da educação? Como querem tratar do investimento privado? Quais são as suas políticas para a justiça, a segurança e as polícias? Como explicam a profunda crise, inédita nas últimas décadas, nos serviços públicos?

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Ora, são exatamente estas as perguntas que sobretudo devemos fazer a Luís Montenegro que deve responder para sabermos o que fará se chegar a primeiro-ministro, em vez de andar a desferir ataques a tudo quanto mexe desde António Costa, PS até ao terminante Governo que já é apenas de gestão.

Não se perca muito tempo a pensar. Luís Montenegro, não sabe, não diz, e parece que não quer que se saibam as respostas. Do outro lado, de Pedro Nunes Santos, pelo menos, já temos uma simulação, um diagnóstico, ainda que superficial quando fez a sua intervenção de vitória da eleição para líder do PS.

Há comentadores de política que afirmam que Luís Montenegro tem, mais do que uma vez, dito o que pretende para o país. Não sabemos quando, nem porque via. Não ouvimos, não vimos nem quando nem onde ele o terá dito ou escrito. O que ouvimos sobre o assunto é apenas um silêncio ensurdecedor. O que ouvimos e sabemos de facto, é está a fazer uma campanha paupérrima com insistência em ataques pessoais aos seus opositores, baseado no passado e pouco virado para o futuro com uma retórica semelhante à do seu opositor do CHEGA.

Pedro Nunes Santos avançou, embora em termos genéricos, no que se irá fundamentar para a resolução dos problemas que ele não nega que existem. É a frontalidade contra a omissão e o receio de Montenegro que não diz claramente ao que vai ou ao que vem. Sabemos apenas da sua aliança com o CDS/PP fazendo desenterrar a AD-Aliança Democrática(?) que nada de novo terá para oferecer ao país e às pessoas.  Será mais do mesmo, o do passado, quiçá na senda de Passos Coelho. Não sabemos, mas todo o cuidado é pouco.

O ritmo e conteúdo do discurso de vitória de Pedro Nunes Santos foi o do costume. O do seu tom/entoação habitual das intervenções assim como o ritmo coloquial e informal. O seu estilo de comunicação é dirigido de modo que todos o compreendam, mostrando uma qualidade marcante, carismática em todas as situações com que é confrontado, seja em discursos, seja em entrevistas ou em diálogo.

Ele foi claro, embora genérico, ao declarar o seu pensamento e o que pretendia para o país. Embora o discurso possa ter um conteúdo mais ou menos panfletário lá estão contidos objetivos fundamentais, a dúvida está na possibilidade da sua exequibilidade a prazo.

Luis Montenegro do PSD ouviu o discurso de vitória de Pedro Nuno Santos e disse que "tudo espremido, não sai nada." Talvez tivesse apenas ouvido algumas frases que lhe interessavam, com perdas de informação das restantes. Devia ler o discurso escrito para fazer uma análise mais pormenorizada. Outra coisa não se esperava da direita, mas não é menos verdade que as intervenções de Montenegro são um vazio e uma incógnita sobre o que pretende para o país e para os portugueses.

Nós, os que os elegemos, apenas conhecemos algumas coisas dispersas e que a oposição do PSD, o que ouvimos são apenas ataques pessoais que apenas servem de distração por omissão de propostas objetivas que tenha para o país. Quanto a Nunes Santos já as conhecemos, foram feitas com substância numa continuidade de evolução tendente a melhorar o que esteja, e está, de facto mal.

De Montenegro só temos o vazio absoluto. O slogan Unir Portugal não basta! Soa-nos a “União Nacional”.

Pluma caprichosa ou harpia desconcertante

18.12.23 | Manuel_AR

Clara Ferreira Alves-Harpia.png

Falemos primeiro sobre as harpias na mitologia grega mito que tem várias descrições e interpretações. A que apresento pareceu-me a mais adequada à minha pretensão. No mundo da mitologia grega as harpias eram génios maus, monstros alados com corpo de pássaro e cabeça de mulher com garras afiadas que atormentavam as almas com perversidades incessantes. Representavam a inquietação e as provocações da maldade. Eram vistas como má sorte, pois podiam fazer estragos na vida das pessoas. Se uma pessoa ou objeto desaparecesse repentinamente no ar, a conclusão comum seria que uma harpia os levou nas suas garras afiadas.

Falemos então sobre a relação que faço com as harpias. Às quintas-feiras, no Eixo do Mal, um programa de comentário da SIC Notícias, há um elemento que, na maior parte das vezes, consegue ser detestável de tão arrogante. É senhora de si e convicta das suas indiscutíveis certezas.  

Do ponto de vista da psicologia convicção é a forte crença de que um comportamento é correto, moral e consistente com os valores de cada um. Consiste numa espécie de certeza sobre si e sobre o seu próprio comportamento. É o sentimento de certeza sobre alguma coisa que, quando se acredita, ou pensa que se acredita, pode fazer agir por ressentimento ou arrogância com base nas próprias certezas. Quando a convicção é de ressentimento ou arrogância pode levar no sentido da desvalorização de alguém.

Clara Ferreira Alves tem convicções que, por vezes, demonstram um cinismo irritante e talvez seja essa a sua intenção. O modo como se expressa e o sorriso desdenhoso possuído de absoluta certeza revela o tamanho do seu ego na mesma medida com que ataca as pessoas que critica porque detesta.

Luís Osório, jornalista e escritor, afirmou em abril deste ano que “A sua agenda é a dela própria, das suas obsessões, preconceitos e valores – como se ela fosse a única pessoa do mundo e todos fossemos personagens do seu próprio filme. Uma arrogância que na escrita a transporta para uma dimensão de excelência. E nós com ela”. Subscrevo esta afirmação de Luís Osório sobre a escrita de Ferreira Alves. No entanto, para mim, é uma espécie de harpia que ataca segundo os seus caprichos e convicções que para ela são transformados em certezas e predições definitivas.

A superficialidade de algumas das suas afirmações oralizadas não são prova de facto, são prova de ódios estimados. As suas afirmações no último “Eixo de Mal” são, este sim, factos da aversão que tem a António Costa. Clara Ferreira Alves pretende ser uma comentadora que sai fora da caixa, que quer pensar diferente da corrente dos seus colegas. Talvez para conseguir audiências dos que se encontram na gama partidária e simpatizante da Iniciativa Liberal e do Chega que agridem António Costa que não se resumem apenas na discordância com as políticas do Governo, mas também por sentimentos da já tradicional inveja portuguesa da capacidade política de Costa e da sua aceitação em contexto europeu. Clara Ferreira Alves parece envolver-se também neste sentimento dando folego aos líderes daqueles dois partidos.

Também sinto alguma invejazita da Clara quando leio algumas das suas crónicas apenas por que não sei, nem consigo, escrever como ela. Não é por isto que deixa de fazer parte do mundo das harpias modernas (que não são como as da mitologia grega), que estão sempre à espreita para atacar os seus oponentes e de quem não gostam, como são alguns políticos e jornalistas que podemos descrever como sendo de natureza agressiva e predatória.

Contas certas: Prof. Cavaco! Diga-nos mais sobre este conceito que diz não existir

08.12.23 | Manuel_AR

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O Prof. Cavaco Silva precisa mais de repousar do que fazer política falsa e populista apenas por vingança e não por convicção. Entrou em desvario político quando disse que as “contas certas” foram uma manobra de diversão.

Os argumentos de Cavaco são inspirados pelos pontos de vista das extremas-esquerda esquecendo-se que o governo de José Sócrates foi criticado por ser despesista porque aumentou muito a dívida pública, o défice orçamental e as despesas do Estado e que pediu a demissão em 2011 depois de o Parlamento rejeitar o seu plano de austeridade.

A crise financeira em Portugal teve um impacto negativo na economia, no emprego, na dívida pública e nas condições de vida da população. Portugal teve de pedir um resgate financeiro à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional em 2011 o que implicou medidas de austeridade e reformas estruturais1.

É importante notar que Cavaco Silva, em várias ocasiões, criticou os governos socialistas, incluindo o de José Sócrates. Por exemplo, afirmou que o governo do PS liderado por José Sócrates “deixou o país na bancarrota” e o governo de António Costa, apesar dos apoios europeus, "vai deixar ao próximo Governo uma herança extremamente pesada". Que herança? As contas certas?

Aníbal Cavaco Silva parece ter entrado em delírio político e esquecimento próprios da idade causada por arteriosclerose porque se esqueceu de que   os seus governos nada foram de especial porque nas mesmas circunstâncias se uma qualquer personagem de banda desenhada fosse primeiro-ministro entre 1985 e 1995 os resultados não seriam muito diferentes e talvez esta última possibilidade nos tivesse poupado ao governo cavaquista. 

Cavaco Silva que disse estar fora das funções políticas sabe como o povo tem memória curta, mas convém recordar convém recordar as cargas policiais que estudantes do secundário e das universidades levaram, convém recordar que polícias foram obrigados a confrontar outros polícias no Terreiro do Paço, no famoso episódio de secos contra molhados.

Segundo o DN há cerca de 34 anos uma manifestação de polícias foi reprimida com bastonadas, cães e canhões de água, ficando conhecida como "secos e molhados". Os polícias manifestaram-se para exigir, sobretudo, liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa, melhores vencimentos e instalações.

E também convém recordar que, no governo do Prof. Cavaco, o dinheiro que veio de Bruxelas para aplicar na conversão e modernização da nossa agricultura foi mal aproveitado os jipes apareciam em vez de terras cultivadas. Incentivou a monocultura do eucalipto, investiu em centenas de quilómetros de autoestradas (não foi de todo mau), mas e se desinvestiu na ferrovia. Foi no seu tempo que o novo-riquismo floresceu.

Agora Cavaco Silva olha para os outros, mas assobia para o lado. Em 1995 o défice público era de -5,2% em percentagem do PIB, atualmente é de -0,3% (nº provisório).

E então, e as contas certas?

Para complementar este discurso das contas certas podem consultar aqui.

 

Porque não te calas? Não somos todos totós!

06.12.23 | Manuel_AR

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O que escrevo na parte final do texto sobre as contas certas mostra que o Prof. Cavaco sabe muito bem não ser verdade  o que diz , mas serve para fazer de nós tótós.

Os ex-presidentes-Presidentes Cavaco Silva e Luís Montenegro talvez não tenham percebido que estão a prejudicar o PSD devido aos ímpetos do guru Prof. Cavaco.

Com ressentimentos em relação ao passado e ao situar-se nas trevas da “sua” economia e nos espaços bolorentos do seu entendimento do que é a moderna governação, tenta também enganar-nos. Curioso é que o Prof. Cavaco teça afirmações absurdas, urdidas durante os seus intervalos de letargia política. Senão vejamos. Esclareço desde já que, o que escrevo adaptar-se-ia a qualquer governo, fosse de que partido fosse em função se ao mesmo fossem dirigidas absurdas acusações opinativas.

Afirma aquele douto e ex-professor de economia que as “contas certas” foram uma armadilha montada pelo Governo socialista para “com sucesso, desviar a atenção dos órgãos de comunicação social…”. Parece ser uma afirmação sectária com alguma pinta de senilidade.

A primeira questão que Cavaco Silva não explica é se deve, ou não, qualquer governo defender contas orçamentais certas. Parece que do ponto de vista de Cavaco Silva, ao defender-se o primeiro pressuposto é uma armadilha distrativa para desviar a atenção dos governados e quem não defende o segundo pressuposto cai no despesismo e é criticado na mesma.

Segunda questão: ficamos sem saber se, conforme o ponto de vista do especialista Cavaco Silva, o Governo socialista deveria deixar, ou não, derrapar as contas públicas.

Terceira questão:  caso as contas públicas tivessem derrapado o que diria Cavaco Silva, nas circunstâncias atuais, sobre as contas do Governo?

Quarta questão: é a dúvida que nos levanta a afirmação de Cavaco Silva quando escreveu que “Nos capítulos sobre política orçamental dos tratados de Finanças Públicas, “contas certas” é um conceito que não existe”, e acrescenta “o que estará subjacente à expressão vaga e nebulosa “contas certas” inventada pelo poder socialista?” O conceito pode não existir, mas o que de certeza existe é o equilíbrio das contas públicas, o que vai dar no mesmo que sempre é recomendado. Então, e a redução da dívida pública que também foi diminuída também não interessa?

Expliquem-me por favor para ver se eu entendo: então ele e os seus seguidores da oposição de direita PSD andaram anos a criticar os governos socialistas pelo despesismo do Estado com alertas sobre a bancarrota por que o Estado, por falta de recursos financeiros, pudesse vir a não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras. Agora o acerto das contas, as ditas contas certas são coisa que não existe?

Veja-se  o que disse o ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva em maio de 2023 durante o discurso no Encontro Nacional do PSD: “os dados ‘vergonhosos’ movidos pelo PS foram salvos pelo antigo primeiro-ministro Pedro Passo Coelho que “Tirou o país da bancarrota”. Mas, então o país estava na bancarrota porque tinha contas certas ou foi por que menosprezou o problema das contas certas?

Afirmou ainda que “o governo do PS liderado por José Sócrates “deixou o país na bancarrota” e o governo de António Costa, apesar dos apoios europeus, “vai deixar ao próximo Governo uma herança extremamente pesada”. Mas, então, mais uma vez em que ficamos? Como diz o povo é preso por ter cão e preso por não ter? Não sou economista, mas o meu conhecimento penso ser suficiente para contra-argumentar escritos que facilmente caem no populismo.

Há vantagens e desvantagens do que ao equilíbrio orçamental diz respeito, assim, os déficits públicos referem-se à diferença entre as receitas e os gastos do governo em um determinado período. Existem vantagens e desvantagens associadas em função do contexto económico e político quando se analisam esses aspetos em função dos tempos de recessão ou desaceleração económica. Os déficits podem ser usados para financiar gastos públicos que estimulem a atividade económica e podem incluir investimentos em infraestrutura, programas de emprego e outros estímulos à economia como financiar investimentos em projetos de infraestrutura, educação e investigação, o que pode contribuir para o crescimento económico a longo prazo e para melhorar a competitividade do país.

Por outro lado, alguma flexibilidade orçamental permite ao governo responder a situações imprevistas, como desastres naturais, crises económicas ou emergências em saúde pública.

Em períodos de baixas receitas fiscais devido a recessões os déficits podem ser usados para manter a prestação de serviços públicos essenciais, evitando cortes severos que poderiam prejudicar a qualidade de vida.

No outro prato da balança encontramos as desvantagens dos déficits:

Endividamento, isto é, déficits frequentes podem levar a um aumento da dívida pública cujo pagamento de juros sobre essa dívida pode consumir parte significativa do orçamento do governo a longo prazo, limitando a capacidade de investir em outras áreas.

Inflação, quando circula muito dinheiro e o aumento nos níveis de preços pode prejudicar o poder de compra dos consumidores e afetar negativamente a economia.

Custos futuros quando o aumento contínuo de déficits pode resultar em custos significativos para o governo e o pagamento da dívida pode tornar-se pesado e levar os governos a ter que implementar medidas impopulares, como aumentos de impostos ou cortes de gastos. Veja-se no tempo de Passos Coelho resultado das políticas atribuídas a José Sócrates.

Necessidade de depender de crédito de empréstimos para financiar déficits e dependência de credores o que pode limitar a autonomia política e económica. Isto o Prof. Cavaco sabe muito bem, mas quer fazer de nós totós.

Por outro lado, é de salientar que a avaliação dos déficits públicos deve ser feita considerando o contexto específico de cada circunstância do país e internacionais. O equilíbrio entre vantagens e desvantagens muitas vezes depende da forma como os déficits são utilizados e da capacidade do governo em gerir suas finanças de maneira sustentável.

Mais ainda, Cavaco Silva recorre a outros economistas para defender a sua tese das ‘contas certas serem um bluff’, (palavra minhas). Um deles que já participou em eventos do BE e PCP, o que não traz mal nenhum, mas que o define como um economista de esquerda, apesar de se auto intitular como social-democrata radical.

Em agosto de 2018 o economista Ricardo Paes Mamede numa entrevista disse: “Sou economista social-democrata radical”. Na mesma entrevista afirmou que “Cavaco teve uma sorte enorme. Ele não é responsável por esse boom, e a parte em que é responsável mais-valia que não o fosse. É um momento verdadeiramente extraordinário na economia internacional, há uma quebra substancial do preço do petróleo, uma desvalorização forte do escudo face ao dólar, taxas de juro baixas e isso em simultâneo com a entrada de Portugal na então CEE, que significa um afluxo enorme de investimento direto estrangeiro ao país, de fundos europeus de coesão, para não falar do facto de que em 83 e 85 se esteve numa crise financeira profunda para haver o ajustamento externo, quando se sai da crise a tendência é para que haja crescimento. Cavaco Silva foi basicamente um sortudo dos diabos”.

Aqui está o que pensa da política cavaquista que enganou o povo durante os seus governos, mas que pretende agora enganá-lo com os seus argumentos falaciosos.

Sobre as contas certas o Prof. Cavaco sabe muito bem não ser verdade o que diz, mas serve para fazer de nós totós. É pena que alguns ainda acreditem

Dignidade e elevação, mas, porém, todavia, contudo

04.12.23 | Manuel_AR

Cavaco e despesa pública.png

Mas, por outro lado, Cavaco parece sugerir, inclusive, que nas pensões e nas áreas sociais e para causar ainda mais dificuldades do aquelas que aponta quando escreve que “o processo legislativo orçamental vigente é, ele próprio, fonte de desperdício e bastante prejudicial à eficácia da política orçamental na prossecução dos seus verdadeiros objetivos e proceda à sua reforma".

Eis o antigo e acabado ex-Presidente Cavaco Silva ao surgir na ribalta da política terá subjacente a sua ânsia de vingança contra o Partido Socialista e, sobretudo, contra António Costa a quem nunca perdoou ter conseguido um acordo entre com as esquerdas BE e PCP que lhe retirou a hipótese da governação PaF (PDS-CDS).

Cavaco Silva teria afirmado em tempo que iria afastar-se da vida política após o fim do seu mandato. O ex-presidente da República não teria intenção de intervir ou comentar os assuntos nacionais, preferindo dedicar-se à sua família e aos seus projetos pessoais. Mas, aqui está ele de novo a fazer propaganda partidária, desta vez não se abstendo de dizer asneira, o que vem contrariar a sua convicção profunda de “nunca me engano e raramente tenho dúvidas”.

Eis que escreveu um artigo de opinião no jornal Público, (será que haveria outros jornais que o teriam aceitado?), é possível que sim, mas ficamos sem saber. Mas uma coisa ficámos a saber desse douto economista que faz afirmações que pasmam mesmo quem não percebe nada de economia.

Então não foi que o ex-Presidente escreveu no artigo que “as 'contas certas' foram a armadilha que o governo socialista montou para, com sucesso, desviar a atenção dos órgãos de comunicação social e dos analistas e cronistas políticos dos graves problemas do país, que são da sua inteira responsabilidade, e condicionar a atitude dos agentes do espaço político em relação ao debate do Orçamento”.

Portanto, as contas públicas certas são uma “armadilha”. Será só para as do Governo que cessou funções ou será também uma armadilha para todos os que lhe sucederem?

Isto são teses de um Prof. de Economia?

Isto é o mesmo se qualquer um de nós pensasse que, quando tenta acertar as contas lá de casa, isto é, fazer com que o orçamento doméstico não fique desequilibrado é apenas para desviar as atenções dos vizinhos e dos credores?

Então, reduzir ou eliminar o déficit público são manobras para enganar os outros!  Podemos então colocar algumas hipóteses sob a forma de perguntas, como por exemplo:

  1. Se o PSD ou qualquer combinação de direitas for Governo e se optarem por ter políticas orçamentais de contas certas, estarão também, como diz o douto Prof. Cavaco, a “desviar a atenção dos órgãos de comunicação social e dos analistas e cronistas políticos dos graves problemas do país” e da sua incompetência?
  2. Se não tiverem políticas orçamentais com déficits e sem contas certas, estarão na mesma, nesse caso, a desviar as atenções dos tais “órgãos de comunicação social e dos analistas e cronistas políticos” da sua incompetência porque passarão a falar apenas do déficit excessivo para desviar as atenções da sua competência?

Deve ser esta a hipótese de Cavo Silva quando escreve que “espera agora que o Governo saído das eleições antecipadas coloque o saldo orçamental no seu devido lugar.”, isto é, passarmos a ter déficits?

Mas, por outro lado, Cavaco parece sugerir, que nas pensões e nas áreas sociais se causem ainda mais dificuldades do aquelas que aponta porque escreveu que “o processo legislativo orçamental vigente é, ele próprio, fonte de desperdício e bastante prejudicial à eficácia da política orçamental na prossecução dos seus verdadeiros objetivos e proceder à sua reforma".

O disparate do Ex-Presidente Cavaco chegou à meta e passou em primeiro lugar.

Vamos rever a gora a sua política no passado.