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A Propósito de Quase Tudo: opiniões, factos, política, sociedade, comunicação

Aqui vocês, podem encontrar de tudo um pouco: sociedade, ambiente, comunicação, crítica, crónicas, opinião, política e até gastronomia, com apoio de fontes fidedignas.

Lisboa é um perigo e Medina quer lá saber

31.07.21 | Manuel_AR

 

Moda das trotinetes elétricas pode causar problemas a peões

Em Julho escrevi neste blogue sobre os candidatos à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas e Fernando Medina a este último considerei que é o candidato dos biciclistas e trotinetistas tendo-me referido à anarquia daqueles veículos pela cidade de Lisboa. 

Hoje, ao ler na Revista Sábado de 29 de julho a coluna de opinião de Nuno Rogeiro, reparei com agrado que não estou sozinho no mesmo sentimento. Escreve então o autor que a "Falta a fiscalização do uso de trotinetes elétricas, com muitos acidentes. Cruzamento suicida de bicicletas e trânsito automóvel, com faixas mal instaldas, tudo agravado por elemntos metálicos fora do lugar. A Av. Almirante Reis, por exemplo é a balbúrdia."

 

A promoção duma amnésia histórica: acerca de um artigo de Ana Sá Lopes

26.07.21 | Manuel_AR

O editorial de hoje , 26 de junho de 2021, do jornal Público escrito por Ana Sá Lopes tem a vantagem de nos possibilitar refletir sobre algo que, na maior parte das vezes, passa ao lado de alguns das direitas que usam palas no olhos que os obriga a olhar apenas num só sentindo esquecendo-se do papel ativo que tiveram nos desenvolvimentos do terrorismo no pós 25 de Abril, (não  esquecer o MDLP), muitos deles andam por aí utilizando a democracia que o dito cujo dia lhes trouxe para o boicotar logo que lhes oferçam condições para isso.

O editorial esclarece isso mesmo e ajuda e contribui para evitar a amnésia história que muitos pretendem.

 

Editorial

Obrigada, Presidente Eanes (sobre Otelo)

A direita gosta muito de se insurgir contra os alegados “donos” do 25 de Abril. O problema – e agora veio ao de cima mais uma vez na morte de Otelo Saraiva de Carvalho – é que demasiadas pessoas de direita nunca se sentiram à vontade com o 25 de Abril (e passaram o sentimento aos filhos).

Já que o nosso Presidente da República em funções se sente mais à vontade a elogiar Marcelino da Mata do que a prestar homenagem a Otelo Saraiva de Carvalho, é fundamental agradecer ao antigo Presidente Ramalho Eanes ter vindo lembrar duas coisas básicas: “A ele [Otelo] a pátria deve a liberdade e a democracia. E esta é dívida que nada, nem ninguém, tem o direito de recusar.” Depois do texto confuso com que Marcelo decidiu “evocar” Otelo Saraiva de Carvalho no dia da sua morte, é um bálsamo saber que há um ex-Presidente da República, que abandonou as funções em 1986, capaz de sentido de Estado no momento da morte de um homem decisivo para a nossa liberdade. É evidente que Ramalho Eanes é um homem do 25 de Abril e Marcelo Rebelo de Sousa não é – talvez isto também ajude a explicar que o “filho do governador colonial” esteja mais à vontade para fazer a homenagem a Marcelino de Mata do que para “evocar” Otelo.

Ramalho Eanes não silencia o papel de Otelo nas FP-25 e é claro a condenar os “desvios políticos perversos, de nefastas consequências”. Por esses “desvios políticos perversos”, Otelo passou cinco anos em prisão preventiva. Sim, Mário Soares pressionou PS e PSD a aprovarem a amnistia – mas também tinha sido Mário Soares a pressionar para o regresso de António Spínola a Portugal (esteve exilado no Brasil e em Madrid), outro cabecilha de uma organização terrorista, o MDLP, só que neste caso era terrorismo de extrema-direita. Quando morreu, em 1996, o homem do MDLP teve direito a luto nacional. Otelo, parece que por vontade expressa do primeiro-ministro imediatamente aceite pelo Presidente da República, segundo diz o Expresso, não terá.

 Jornal Público (2).png

Leia o jornal Público

A direita gosta muito de se insurgir contra os alegados “donos” do 25 de Abril. O problema – e agora veio ao de cima mais uma vez na morte de Otelo Saraiva de Carvalho – é que demasiadas pessoas de direita nunca se sentiram à-vontade com o 25 de Abril (e passaram o sentimento aos filhos). O facto de muitos dirigentes políticos de direita, incluindo Cavaco Silva, se recusarem a utilizar o cravo na lapela – o símbolo popular do 25 de Abril – é todo um tratado de semiótica.

Quem se espanta com a violência verbal que anda no Twitter devia conhecer o meu “liceu” nos anos 80: a fractura dos defensores do 25 de Abril contra aqueles que apenas aprenderam a “viver habitualmente” com o 25 de Abril estava tão exposta naquela época como hoje. Na verdade, a única novidade é a existência de redes sociais.

Devemos agradecer profundamente a Otelo o 25 de Abril. Mas também devemos estar gratos às várias lideranças dos partidos de direita pelo facto de terem conseguido “integrar” muitos dos desolados do 25 de Abril na democracia. São dívidas históricas.

  

Paulo Rangel o político que atira pedras aos telhados dos vizinhos

Ou a forma de denegrir os adversários pela destruição do caráter

22.07.21 | Manuel_AR

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Não percebo como numa rua quase deserta de Bruxelas, à noite, alguém captou as imagens video que andou a circular pelas redes que de sociais pouco ou nada têm. O visado, Paulo Rangel, esclareceu através do Twitter que foi há anos após um jantar de amigos.

Não importa o que faz ou não parte da sua vida privada, porque ninguém tem nada com isso. Não foi cometida nenhuma infração, nem abuso da integridade de terceiros nem tão pouco ofensas. O que acho estranho é que, numa situação como esta, após um jantar, à noite, em Bruxelas numa rua quase deserta alguém estava à espreita para o filmar. Alguém das suas relações estaria à espreita para o tramar? Se foi, só o tramou anos depois. Quem foi aguardou, até porque sabia que, segundo alguns dizem,  a vingança serve-se fria. Para mim isto é muito estranho! Terá sido coincidência, dirão alguns. Não creio em coincidências como esta.

Não tenho grande simpatia pelos pontos de vista de Paulo Rangel devido à forma como tece o discurso nos seus comentários e dabates. São baseados  numa semântica plena de retórica sofista, empregando, deliberadamente, argumentos falsos com aparência de verdadeiros.

De qualquer modo vamos ao que está em causa. São absolutamente desprezíveis e repugnantes  o autor do vídeo, seja ele quem for, e o/os motivo/os o levaram a tal.

Acerca do video que andou a circular pelas redes sociais  sobre um comportamento pontual do político Paulo Rangel do PSD li um artigo que Carlos Esperança publicou no blog Estátua de Sal que pelo seu estilo de escrita aliciante vale a pena ler aqui.

Paulo Rangel – O algoz tornou-se vítima de um facto irrelevante

(Carlos Esperança, 21/07/2021)

Muitos portugueses souberam do vídeo divulgado sobre o eurodeputado Paulo Rangel através do próprio. É uma cena de um homem bêbedo em sucessivos ziguezagues numa rua deserta, demasiado estreita, para cambalear à vontade.

Não me merece qualquer reprovação. Quem nunca se embebedou que atire o primeiro copo. Duvido mais dos que nunca cometeram um exagero ou transgressão do que dos santos, e não restem dúvidas de que foi cobarde e pusilânime quem o filmou e, alguns anos depois, o expôs à execração pública.

O argumento mais canalha para justificar a divulgação de cenas privadas é a justificação, de que tem interesse público, tudo o que se relaciona com figuras públicas. É falso, e diz mais sobre o bufo do que sobre a vítima.

Este caso é, aliás, inócuo para a reputação do político e não me parece que lhe retire votos em eleições. Pode provocar sorrisos, e não é mais ridículo do que tirar as catotas do nariz nas sessões do Parlamento Europeu.

Dito isto, e subscrevendo o desabafo de Paulo Rangel, num tweet do próprio, não posso deixar de recordar ao arruaceiro das terças-feiras, no jornal Público, os assassínios de carácter que semanalmente faz a adversários políticos.

A razão que ora lhe assiste como vítima perde-a semanalmente como algoz, na aptidão para a chicana e nos ataques ad hominem, contra adversários. 

Não se conhece a Paulo Rangel o pudor republicano que o iniba de ampliar campanhas onde os casos pessoais servem, à míngua de argumentos, para denegrir figuras públicas dos partidos concorrentes, nem qualquer ato de solidariedade para com vítimas políticas de campanhas orquestradas para as destruir.

Exige-se a Paulo Rangel, não tanto a Nuno Melo, mais próximo do fascismo, que não se envolva em campanhas negras, e que, de vez em quando, se indigne com a imprensa ao serviço da pior direita, quando divulga conversas íntimas de arguidos, que o STJ manda destruir, por ausência de interesse processual, e que algum magistrado venal se esquece de cumprir, para acabarem na primeira página de um qualquer pasquim.

A razão que ora tem é a que perde no sectarismo que o acompanha e no silêncio a que se remete quando as vítimas são outras.

Paulo Rangel não precisa de solidariedade pelas cenas vulgares que não são infamantes, precisa de se solidarizar com os adversários vítimas da devassa da intimidade através da exposição pública da intimidade e que, ao contrário de uma simples bebedeira, destroem a família, a reputação e a carreira política do visado.

Quanto a quem é capaz de expor cenas privadas de quem quer que seja, que não lesam o país nem têm relevância penal, apenas denigrem os autores, herdeiros dos que nos espiavam nos cafés, escutavam telefonemas ou violavam a correspondência durante a ditadura.

Muitos portugueses souberam do vídeo divulgado sobre o eurodeputado Paulo Rangel através do próprio. É uma cena de um homem bêbedo em sucessivos ziguezagues numa rua deserta, demasiado estreita, para cambalear à vontade.

Não me merece qualquer reprovação. Quem nunca se embebedou que atire o primeiro copo. Duvido mais dos que nunca cometeram um exagero ou transgressão do que dos santos, e não restem dúvidas de que foi cobarde e pusilânime quem o filmou e, alguns anos depois, o expôs à execração pública.

O argumento mais canalha para justificar a divulgação de cenas privadas é a justificação, de que tem interesse público, tudo o que se relaciona com figuras públicas. É falso, e diz mais sobre o bufo do que sobre a vítima.

Este caso é, aliás, inócuo para a reputação do político e não me parece que lhe retire votos em eleições. Pode provocar sorrisos, e não é mais ridículo do que tirar as catotas do nariz nas sessões do Parlamento Europeu.

Com Carlos Moedas teremos o paraíso na cidade de Lisboa

16.07.21 | Manuel_AR

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A campanha pré-eleitoral para as autarquias começa a levantar fervura, em Lisboa prevê-se que irá entrar em ebulição com o confronto entre os dois protagonistas, Carlos Moedas e Fernando Medina. O primeiro é o homem das pessoas, o segundo o homem da Lisboa verde centrado nas bicicletas e nas trotinetas.

Desde que Medina resolveu fazer crescer e espalhar bicicletas e trotinetas de aluguer por toda a Lisboa o desregramento e o desrespeito com a circulação das ditas foi aumentando na mesma proporção. É frequente um cidadão ao deslocar-se calmamente pelo passeio que lhe está destinado para circular encontrar uma trotineta abandonada, caída ou estacionada, no meio do passeio na qual se arrisca a tropeçar, caso se distraia.   

O incentivo à deslocação por velocípedes e trotinetas com total desprezo pelas pessoas que não têm possibilidade de pedalar pelas “vias verdes” das duas rodas também tem um objetivo lucrativo para a empresa Gira que pertence à EMEL que oferece esses serviços por esta Lisboa que não é para todos.

Carlos Moedas não nos fala de pedalar por Lisboa, apresentou o programa para a cidade, mas, como os de qualquer outro candidato, o programa é eleitoralista e inexequível num período de um mandato. Moedas promete uma dúzia de medidas (à dúzia é mais barato) que sabe não poder cumprir a curto prazo se, porventura, chegar a ganhar as eleições. Promete a Lua e o Sol às pessoas, vende-lhes esperanças e ilusões.

Faz olhinhos e sorrisos aos idosos, à cultura, aos automobilistas no que se refere ao estacionamento, prometendo diferenciar os moradores na cidade dos não moradores nos preços do estacionamento cobrados pela EMEL que seja 50% mais barato na cidade. Quer fazer a transição para uma cidade verde com a criação de um seguro de saúde para pessoas maiores de 65 anos com dificuldades económicas e tornar os transportes públicos gratuitos para "avós e netos" (maiores de 65 e menores de 23). Será para alimentar as companhias de seguros privadas? Quanto ao Parque Mayer disse que tem de ser um centro nacional de Cultura, que reúna espetáculos profissionais e espaços de aprendizagem artística, chefs a começar e os melhores chefs do país a aprender e a cozinhar e espaços de co-work. Isto tudo em quatro anos?

 Caso seja eleito, promete, irá também reduzir a taxa de IRS na capital, devolvendo aos lisboetas nos primeiros cem dias de mandato os "32 milhões de euros que vão para a Câmara de Lisboa" e propõe isenção de IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) para jovens até 35 anos que comprem habitação própria em Lisboa.  Mas, afinal, não se tem falado na desertificação do interior e proposto incentivos para quem para lá se instalar?

Mas, há mais, pasme-se, um teatro em cada freguesia (porque, segundo o programa do candidato, "o setor cultural em Lisboa tem um problema crónico de falta de espaços acessíveis para quem está a começar").

Moedas disse que quer ainda "ligar a cidade ao Tejo desde Algés até ao Cais do Sodré", o que poderá passar pelo "enterramento parcial da linha ou um metro de superfície". "Sei que o enterramento total daquela linha é impossível, mas também sei que há partes que podem ser enterradas. Este projeto é essencial para a cidade", frisou. Mas atentem: Moedas diz que quer, mas, ao mesmo tempo, diz que o enterramento total daquela linha é impossível. Isto é, quer, mas não pode então não vale a pena prometer se não pode.

O grande banquete que Carlos Moedas oferecerá aos cidadãos da cidade de Lisboa continua e não para quando diz que irá também lançar um programa de apoio monetário à reabertura de empresas encerradas por causa da pandemia: "Os empresários precisaram de ser protegidos e a Câmara Municipal falhou-lhes. Agora, precisam de ter uma oportunidade para se voltarem a pôr de pé. O cheque Recuperar + oferece um apoio a fundo perdido para que quem investe a Lisboa volte a ter uma hipótese de criar valor na cidade, esclareceu.

O programa eleitoral deste candidato encabeça uma coligação com o CDS, PPM, MPT e Aliança, mas o que de Carlos Moedas não disse é com que dinheiro irá fazer frente às promessas e às despesas da Câmara?

O que tenho escrito sobre a candidatura de Carlos Moedas mantem-se, é uma candidatura de algum modo populista nas suas propostas ao mesmo destituída de carisma, vazia e preenchida para o momento de acordo com as necessidades e é previsível que pode mudar. A candidatura é ainda caracterizada por uma miopia no que se refere ao que é gerir uma Câmara como a de Lisboa. Não basta o currículo do candidato e a sua movimentação nos corredores das burocracias e das assessorias, sem contacto com as pessoas, com o povo, para tornar forte esta candidatura. A comunicação social poderá ter um papel num projeto populista. Um líder e o seu programa só é populista se os media lhe derem espaço necessário para a sua construção.

Lisboa factos associações e outras circunstâncias alheias

09.07.21 | Manuel_AR

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O escrutínio do poder político é básico numa democracia liberal e é uma das mais importantes funções do jornalismo, daqui se infere que a defesa da liberdade de imprensa concomitantemente com os valores e os princípios por que se guia a atividade jornalística não se coadunam com dependências e seguidismos. Contrariamente a estes princípios parece ser o que se está a verificar com a pré-campanha para as eleições autárquicas.

Não tenho informação suficiente para apontar casos concretos e objetivos que fundamentem o não seguimento daqueles princípios, mas ao ler e ver notícias que surgem nos media proliferam situações em que a perceção que eu tenho e, provavelmente, muitos outros terão que são tentativas de conotações de notícias com factos políticos a elas alheias. São, sobretudo, casos pessoais e partidários que só remotamente terão entre eles qualquer associação.

A exploração de factos extrapolíticos associados a outras circunstâncias com objetivos de “facilitação” de campanha partidária, numa espécie de deixa teatral para a atuação político-partidária, são frequentemente alimentados pelos media durante dias com elementos que nada acrescentam aos casos, mas que dão às oposições matéria para os manter vivos na opinião pública.

Tirando Fernando Medina não há outro candidato moderado e do centro político para Lisboa, o que é pena. Para mim, Fernando Medina é o candidato dos quilómetros de ciclovias da pseudo ecologia lisboeta, da liberalização da impunidade dos ciclistas e das trotinetas que passam os semáforos vermelhos, que entram em sentido contrário, que circulam pelos passeios desrespeitando os peões que têm que se afastar pela intromissão abusiva do espaço que lhes está destinado. Quem tem que se afastar é também o automobilista, tal é a força que se lhes dá, até no Código da Estrada.

Caso lamentável também é a ciclovia da Av. Almirante Reis a partir da Alameda Afonso Henriques em direção à baixa que obrigou ao estreitamento das faixas de rodagem dos automóveis tornando impossível a circulação de viaturas de emergência como ambulâncias e carros de bombeiros que têm que subir para a faixa da ciclovia para poderem passar a fila imensa de viaturas. É no que dá a obsessão pelas bicicletas. Gostaria de saber em quanto contribuíram as ciclovias para a redução de viaturas automóveis, quando há cada vez mais jovens a pedir para tirar a carta de condução automóvel. Ou será para conduzirem bicicletas, trotinetas e até skates, como já de tem visto por esta cidade?

Todavia não se pense que alguma coisa irá mudar votando em Carlos Moedas e nos seus associados da direita. Não, não vai!

Situemo-nos agora na interação da Câmara Municipal de Lisboa com as embaixadas no que diz respeito às intenções de realização de manifestações que eram entregues nos governos civis e a partir de 2011, e que, com a sua extinção, passaram a ser entregues nas câmaras municipais.

A circunstância do grave incidente do envio dos nomes de promotores de manifestação às embaixadas veio imediatamente parar aos media. Desconhece-se através de que canais, mas sabe-se que, até aqui, mal ou bem, eram efetuados os mesmos procedimentos desde há muito.

Como é conhecido, na grande maioria dos casos a informação sobre o que envolve figuras públicas resulta de fugas de informação e de outras formas de acesso privilegiado concedido a jornalistas que cultivam fontes bem colocadas em diversas instituições.  São relações alimentadas durante muito tempo, criando cumplicidades e interesses comuns. A notoriedade e visibilidade que se quer dar a algumas personalidades deve-se sobretudo ao apoio que conseguem dos media. Alguns deles tornam-se depois colaboradores de órgãos de comunicação social que alimentaram antes enquanto fontes.

Porquê agora a questão da informação às embaixadas? Parece evidente que a razão parece ser óbvia: prende-se com o aproximar das eleições autárquicas e da respetiva campanha eleitoral que a pedra no sapato da oposição de direita é Fernando Medina.  

Por causa de um caso que saiu pela porta das traseiras da Câmara para entrar pela porta dianteira dos media, a oposição a Fernando Medina que devia ser feita enquanto debate entre candidatos autarcas também passou para os deputados da Assembleia da República.   É fácil de perceber. Quem tem esse papel da oposição em Lisboa, Carlos Moedas, ainda não conseguiu fazer. A sua candidatura que junta a direita tresmalhada e desorientada não se tem conseguido afirmar.

O problema de Carlos Moedas para ser eficaz na oposição é desconfiar-se se ele conseguiria mandar numa estrutura das dimensões da Câmara Municipal de Lisboa? Se Moedas lá estivesse teria notado o referido procedimento para o alterar ou teria ele tomado alguma iniciativa? Cá por mim duvido!

A fraqueza de um candidato também se pode avaliar pelos seus argumentos sólidos que não apenas os casuais que os media lhe colocam na mão e ficar-se por aí. Que iniciativas, que projetos, ou pelo menos um, que pretenda realizar e o coloque, se for eleito, como promessa ao eleitorado para Lisboa. Moedas pode ser uma boa pessoa e bom um político, mas de interiores.

Como escreveu Daniel Oliveira, com quem raramente concordo, não há comparação entre um autarca e um ministro em caso de demissão, “Os ministros não são eleitos. Como tal, não é perante os eleitores que respondem. É perante primeiro-ministro. E ele responde perante o parlamento. O Presidente da Câmara é eleito – é, seja qual for a maioria existente, o primeiro da lista mais votada. Em caso de crime, responde perante os tribunais. Em caso de responsabilidade política, só pode responder perante os que o elegeram. Isso não os torna inamovíveis. Mas torna as consequências das suas demissões diferentes das de um ministro.”

A oposição de direita, que tem agora Fernando Medina como alvo tratando-o como se fosse um perigoso denunciante e aleado secreto de Putin ou de um outro qualquer populista autocrático por causa do caso das embaixadas, pede a sua demissão a três meses das eleições que não tem qualquer significado, o que seria até um pouco mais plausível exigir se estivéssemos a meio do mandato perante um acontecimento grave, mas não se está a exigir nada que tivesse resultados objetivos, a não ser que isso implicasse ou evitasse a sua recandidatura.

A perda de mandato e interdição de candidatura conforme estipulado pela Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais atualizada em 2013, o que não está em causa. Quem exige que Medina não se recandidate por causa deste caso apenas quer tirar aos eleitores o poder democrático de avaliar as suas responsabilidades políticas. E essas, ao contrário das criminais, só eles podem avaliar.

Então o pedido de demissão de Medina pela oposição não é mais do que a mostra das fragilidades do candidato da oposição porque o que seria de esperar era que Fernando Medina se recandidatasse para ir a votos fragilizado facilmente era enviá-lo para o escrutínio e responsabilização política e consequente derrota eleitoral. O que a desorientada associação de direita sabe é que a única candidatura que o poderia vencer tem baixíssimas probabilidades de sucesso e por isso explora a situação até ao seu extremo folego admitindo a sua incompetência para o fazer.

Justiça corrupção e poder dos magistrados

06.07.21 | Manuel_AR

Sinto-me pouco à vontade para comentar e dar opiniões sobre questões relacionadas com a justiça e os seus magistrados, a não ser casos corriqueiros evidentes, porque a falta de bases nessa área é muita ainda que possa conhecer o que os media vão dizendo por aí, e mesmo assim sem me arriscar a não ser a de demonstrar alguma perplexidade com algumas situações de circunstância.

Mas, há uma coisa com que não concordo: sindicatos de juízes, polícias, militares e outros que tais. Não me perguntem porquê, é mais uma questão de intuição que tenho da possibilidade do aproveitamento político e partidário.

Os sindicatos são permeáveis a intromissões partidárias, mesmo os que colocam na sua epígrafe “sindicato independente dos…” porque esses ainda são os mais permeáveis, apesar de simulados pela palavra independente.   

Sobre os magistrados e a corrupção há um artigo do blogue Estátua de Sal que resolvi colocar aqui e que vale a pena ler.

O combate à corrupção e a República de magistrados

(Carlos Esperança, 01/07/2021)

Se não forem criados o sindicato de membros do Governo e o de deputados da AR, para responderem aos sindicatos de magistrados judiciais, ou não se extinguirem os últimos, é de temer que a democracia seja confiscada pelo poder judicial.

Se um governante ou um qualquer deputado pusesse em causa a jurisprudência, exigia o dever de cidadania a execração do energúmeno, o que ainda não aconteceu.

Sendo a sugestão de leis e a condenação das que existem arma de arremesso partidário, urge estar atento ao único poder não escrutinado.

Quando nos habituamos às movimentações do sindicato do Ministério Público para ser o sindicato a escolher o/a PGR, e se atreve a apreciar e censurar o superior hierárquico de todos os seus sócios, é de temer que a investigação possa escolher alvos e tornar-se seletiva, ma são ainda piores as posições do sindicato dos juízes, através do presidente da ASJP, quinzenalmente, às quartas-feiras, no jornal Público.

O Sr. Manuel Soares, presidente da ASJP, escreveu no jornal onde é colunista, em 30 de junho de 2021, um artigo de opinião assustador.

Sob o sugestivo título, “Dizer uma coisa e fazer outra”, (Ver aqui), o presidente da ASJP, temendo a imbecilidade do povo, começa por dizer: “Com tanto falatório sobre a criminalização da ocultação de riqueza adquirida em funções públicas, múltiplas declarações do PR, do PM, da ministra da Justiça e dos partidos políticos, (…) é grande o risco de (…) engolir o primeiro rebuçado que apareça bem embrulhado”.

A seguir convida os leitores a irem ao essencial, com dois exemplos, segundo a opinião douta do esclarecido sindicalista, para criminalizar o titular de cargo público: ‘a quem é prometida a entrega de um milhão de euros para receber três anos depois de terminar funções e o que recebe um milhão de euros e os esconde na conta de um amigo ou numa sociedade offshore’.

Até pode ter razão, mas essa é competência dos legisladores, não dos julgadores, e só os primeiros são escrutináveis. A sua opinião sobre os partidos bons e maus em relação ao acolhimento do que ele julga dever ser votado é que assusta, considerando bons o PCP, BE, PAN, PEV, IL e CDS-PP e maus o PS e o PSD, o que é inaceitável, como o seria se invertesse a qualificação dos partidos.

O douto sindicalista considera ‘risíveis as desculpas’ do PSD e PS, onde a atitude tardia e acanhada do PS e as palavras dúbias e incomodadas do PSD para não aprovarem a lei que ele considera justa, o incomodam.

Referindo-se às posições dos dois partidos, entende que “com argumentos desta espécie, é difícil manter a discussão num nível sério” e, em desvario, agride Rui Rio, troçando da sua palavra ‘corruptozito’ para referir a ‘corrupçãozinha’, e alega que, no combate à corrupção, “a atitude tardia e acanhada do PS e as palavras dúbias e incomodadas do PSD já faziam adivinhar que não vinha aí grande coisa”, e termina num ataque insólito, aos eleitores: “O povo refila muito, mas na hora do voto parece que gosta de ser enganado.” [sic]

Tudo o que denigra os partidos passou a ser legítimo e pode um juiz entrar no combate partidário? Ou estaremos perante o futuro líder da criação de um movimento zero de juízes ou de juízes pela verdade?

É assustador ver um juiz a ignorar a separação de poderes e, ungido por uma qualquer divindade, em campanha contra a democracia!