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Uma comunicação social livre e independente são bases fundamentais para a democracia sem a qual deixaríamos de ter um escrutínio do poder.
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Uma comunicação social livre e independente são bases fundamentais para a democracia sem a qual deixaríamos de ter um escrutínio do poder.
Numa altura em que se aproximam as eleições e em que os militantes, simpatizantes e comentadores próximos do PSD deveriam mostrar apoio vemos precisamente o contrário, o ataque sistemático ao líder social-democrata como o mostra por exemplo o editorial de Amílcar Correia no jornal Público. Talvez seja por os “portistas” se recordarem da polémica que, em 2003, houve entre Rui Rio e Pinto da Costa e que podem ver aqui e aqui.
Os que atuam às claras ou nos “esconderijos” do partido contra Rui Rio são os “filhos feitos e paridos” por Pedro Passos Coelho durante os anos em que liderou o PSD e foi governo de maioria absoluta com a ajuda do CDS.
Os apoiantes de Pedro Passos Coelho, e ele próprio, após as eleições de 2015, foram apanhados desprevenidos por uma nova maioria que nasceu na Assembleia da República.
Passos Coelho em 2011 rodeou-se de uma nata do tipo neoliberal, casta partidária que considerou, na altura, ser superior, para servir os seus interesses de transformar o PSD num partido de direita abandonando a social democracia. Sobre isto já escrevi em outros posts.
Da reviravolta que se deu ao nível dos acordos parlamentares entre as esquerdas, em maioria na Assembleia da República, esperavam, então, o descalabro para Portugal para, tal quais abutres esfaimados tomarem novamente o poder.
Com as suas esperanças fracassadas, viraram a sua frustração contra Rui Rio que tomou posse do partido com as estruturas e os nichos partidários e parlamentares herdados do passado, contra os quais nada ou pouco poderia fazer.
Chegou agora a altura para entrar em ação e renovar o partido para seguir outro rumo, é isso que custa aos herdeiros do partido de Passos Coelho. Queixam-se estes de Rio não fazer oposição ao Governo. Pois é, se não faz oposição é porque, internamente, há forças de bloqueio que estão mais preocupadas em fazer oposição interna ao líder Rui Rio, escamados pela perda de poder e influência no partido, do que em ajudá-lo a fazer oposição ao Governo.
Estes que o censuram e criticam parecem continuar a viver no passado desconhecendo que, na atual conjuntura, a oposição a fazer não pode ser a mesma que faziam em 2 de maio de 2011 quando Passos Coelho escrevia no Twitter “Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português.” E recorde-se o que aconteceu depois.
É natural que um líder partidário que tenha projetos e orientações diferentes procure rodear-se de elementos que lhe sejam leais e perfilhem o mesmo projeto.
A chusma que Rui Rio está a substituir é aquela em que apenas olha para o seu umbigo e não para o país e cuja oposição a fazer é sempre a do bota-abaixo, mesmo o que seja bom para o país. O PSD está mal porque foi essa chusma que o pôs mal, não foi Rui Rio, por mais que gritem ao quatro vento que foi ele que fará o partido perder as eleições. São esses que ele agora está a substituir e que contribuíram para perder as eleições e colocaram o partido na situação em que se encontra, assim como fizeram na altura ao país.
À medida que o calor do verão avança e o outubro das eleições se aproxima há acontecimentos a ocorrer e coincidências de facto, tais como greves dos ditos motoristas de matérias perigosas, as ameaças de greves dos professores, conservadores e oficias de registo, Inspetores da PJ, mestres da Soflusa, dos médicos, etc.
Acrescentemos ainda: o bastonário da ordem dos médicos quer mais médicos e melhores vencimentos, os sindicatos e a ordem dos enfermeiros reivindicam mais salários e mais enfermeiros, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, reivindica mais recursos humanos e maiores vencimentos para os militares, esperem acho que me estou a esquecer de outros casos!… Bem, talvez, mas não interessa...
A maioria destes sindicatos intitulam-se de independentes, pois claro, como aquele sindicato recém-formado “gerido” por Pedro Pardal Henrique, um advogado que não sabe o que é conduzir um camião de matérias perigosas, e que acena com cenouras aos verdadeiros condutores para os manipulare com finalidade políticas e, quando não, partidarismo obscuro, e manifesta oposição ao Governo. Basta ler as suas últimas declarações. Com o seu discurso demagógico, de “falinhas brandas”, tenta convencer quem o ouve. E os seus argumentos foram já divulgados pela SIC Notícias num vídeo onde afirma: “Este ano é ano de eleições, em outubro. Se nós não conseguirmos fazer nada este ano, (no próximo ano) eu acho um bocado difícil. Mas eu estou convosco até ao fim”, disse Pedro Pardal Henriques no congresso nacional que se realizou no primeiro fim de semana deste mês.
A juntar, a isto começaram os incêndios graves que surgiram desta vez, sem mais nem porquê, nas regiões de Vila de Rei, Sertã e Mação, todos eles em autarquias geridas com grandes maiorias PSD nas eleições de 2017 e cujo autarcas declinam quaisquer responsabilidades e apontam o dedo ao Estado e, consequentemente, ao Governo. E agora é Alijó no distrito de Vila Real.
São tudo meras coincidências. Nada disto tem a ver com oposição ao Governo nem com eleições nem com maiorias, nada disso! Está tudo no meu mundo da ficção!
Assim como temos a época do natal, a época da páscoa, a época de férias passou a haver também a época dos incêndios, nome pomposo com que, desde maio, os noticiários anunciam pomposa e anualmente o flagelo antecipado.
É uma espécie de publicidade de aviso aos incendiários e aos pirómanos que alguns insistem ser os maluquinhos das aldeias, e aos outros, os que, inadvertidamente e sem querer, fizeram queimadas, lá no alto dos montes circundantes, em locais afastados das suas terras donde retiraram os entulhos secos.
Desde os incêndios na zona de Papilhosa e Pedrógão Grande no distrito de Leiria em 2017 que na “época dos incêndios” as ignições se iniciam estrategicamente em pontos para que, auxiliados pelo tipo de tempo, se encaminhem para locais onde possam por em perigo povoações e pessoas.
Sempre tive uma teoria sobre os incêndios em Portugal. Na sua maioria os incêndios, talvez mais de 90%, são estrategicamente colocados e obedecem a regras e orientações muito bem delineadas no espaço, no tempo, na estratégia e cujo móbil é a desestabilização e a insegurança com intenções pró-política.
Segundo o jornal Público o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, registou este domingo a “estranheza” das autoridades e dos autarcas face à ignição de cinco incêndios “separados por poucos minutos”.
Para os casos em Portugal deve haver uma rede criminosa com objetivos delineados. Terrorismo é, para mim, o termo adequado. Terrorismo não é apenas executado pelos que disparam indiscriminadamente ou os que se fazem explodir com um engenho junto a locais públicos movimentados. Este tipo de terrorismo é uma espécie de guerra de guerrilha que raramente é ganha por quem a combate devido à rapidez dos ataques e da mobilidade dos atacantes.
Podemos considerar o tipo de terrorismo incendiário e em termos mais amplos como um ato de violência com o objetivo de produzir reações emocionais desproporcionais generalizadas, como o medo e ansiedade, que provavelmente influenciam atitudes e comportamentos. Tem uma violência sistémica e bastante imprevisível e geralmente é dirigida contra alvos simbólicos. É uma a violência destinada a transmitir mensagens e ameaças como forma de comunicação para poder ganhar controle social. Estes não são pirómanos, são terroristas incendiários.
Acho que, quer à esquerda, quer à direita do espetro político se sabe que assim é, mas ninguém na política teve ainda a coragem para o denunciar. Será que não seria a altura de colocar alguns incêndios fora do âmbito da negligencia e passar a considerar estes como crime organizado contra a segurança do Estado e da Nação?
A despesa pública não é como um curso de água que ao ser impedido procura outro sulco. Se não se lhe barrar o caminho seguirá por outro, acabando por desaparecer num afluente qualquer seguindo em direção ao mar onde se perde, se, entretanto, não se evaporar e infiltrar pelo caminho. Se queremos reter a água num futuro de seca só com barragens.
A estratégia pré-eleitoral da direita, que se prevê que continue quando a campanha abrir oficialmente, procura fazer oposição baseando-se numa configuração que possa criar impacto emocional nas populações.
Como os indicadores macroeconómicos como o crescimento económico, o défice, a dívida e as finanças pública e a despesa estão controlados interessará sobremaneira à direita que a despesa aumentasse e a receita diminuísse.
Como já há justificações convincentes para fazer oposição procura pretexto como os transportes, a saúde e o SNS, os hospitais, as maternidades e a pediatria, descobre centros hospitalares de psiquiatria com problemas, entre outros, para, juntamente com as suas irmandades, transformar tudo em casos políticos, tendo em vista as eleições, para fazer campanha anti Governo.
A greve dos médicos e dos enfermeiros que, os sindicatos e também o Bastonário da Ordem dos Médicos dizem ter a pretensão da melhoria da qualidade do SNS, não são mais do que greves políticas em que as promoções e os aumentos salariais são a via para mobilizar os trabalhadores filiados nesses sindicatos.
A direita fez desaparecer do seu espectro político o discurso da necessidade de uma articulação entre as esferas público-privada e de racionalização da despesa pública em saúde. Agora pede cada vez mais investimento e despesa pública, forma de “arrombar” com tudo o que se conseguiu nestes quatro últimos anos.
São semanas consecutivas nas televisões com reportagens sucessivas, entrevistas a todos quantos possam contribuir para o descrédito das pastas e do próprio Governo. Repetem até à exaustão as mesmas peças televisivas recuperando algumas do passado recente e procuram outros que possam ter impacto na opinião pública
Este tipo de “atitude carraça” da direita de se fixar sobre alguns aspetos menos positivos, que os há e sempre houve, assim como os houve nos idos anos de 2011-2015 onde se desinvestiu na saúde e noutros setores, A saúde esteve nessa altura, de facto, num caos, mas os órgãos de comunicação social, os noticiários televisivos, davam-lhe menos relevância, incidência e divulgação.
A oposição virulenta iniciou-se com as reivindicações dos professores e com a greve cirúrgica dos enfermeiros cuja sua bastonária ex-adjunta do Secretário de Estado da Saúde no XV Governo Constitucional de 2002 a 2004 com Durão Barroso. Ana Rita Cavaco, militante e dirigente do PSD, fez-se eleger como bastonária da Ordem dos Enfermeiros e foi a cara da pior greve de sempre em Portugal. No seu currículo, deverá passar a constar, o cancelamento de duas mil cirurgias que não podem ser reprogramadas nos próximos anos.
A direita que sempre foi reservada sobre o investimento público clama agora pela falta dele. Um dos grandes desejos da direita é que o país se afunde novamente em gastos e despesas, por isso, não vê com bons olhos a contenção da despesa pública e o controle orçamental apertado por parte das Finanças o que é normal. Até nas nossas casas o fazemos ao destinarmos reservas no final do mês, verba para a compra ou arranjo de algo necessário o que não quer dizer que se corra de imediato a gastar o dinheiro todo de uma só vez.
Nestas coisas de cativações e finanças públicas os dito especialistas da direita arranjam sempre forma de observarem os fenómenos com um olhar mais largo e à medida do seu interesse.
A despesa pública não é como um curso de água que ao ser impedido procura outro sulco. Se não se lhe barrar o caminho seguirá por outro, acabando por desaparecer num afluente qualquer seguindo em direção ao mar onde se perde, se, entretanto, não se evaporar e infiltrar pelo caminho. Se queremos reter a água num futuro de seca só com barragens.
A inveja portuguesa manifesta-se, daqui e dali, do interior ao litoral, em todos os níveis sociais, entre as freguesias de todo o território nacional e associada ao bairrismo nas grandes cidades.
Os dicionários da língua portuguesa apresentam vários significados para a palavra inveja. Vou utilizar um dos que me pareceu mais adequado ao contexto sobre o qual vou entediar alguns possíveis leitores.
Um dos conceitos de inveja, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, é "desejo de possuir algo que outra pessoa possui ou de usufruir de uma situação semelhante à de outrem (geralmente acompanhado de animosidade face a quem detém o objeto de cobiça e de vontade de que esse outrem o não tivesse)". É, afinal, o desgosto ou pesar pelo bem dos outros.
Infelizmente a inveja ganha particular intensidade em Portugal. As figuras ímpares da nossa literatura têm-na referido e "denunciado" ironicamente. A personificação da inveja é, não raras vezes, manifesta por “personalidades” da política, da cultura, do jornalismo e do comentário político e toma por vezes um semblante com a gravidade duma atitude associada à hipocrisia e, em alguns casos, acrescida do habitual pedantismo próprio daqueles que penduram palavras em vez de ideias, como se fossem os únicos capazes de o fazer e de que todos os outros são obviamente incapazes.
A expressão “dor de cotovelo” pode ser também usada em momentos de inveja ou ciúme quando alguém próximo consegue vantagens ou promoções que o deixam de fora.
A inveja em política traduz-se em ambição não apenas pessoal, mas também em relação aos sucessos políticos de elementos de um partido em relação a outro, ou seja, ambição ao ver num outro partido algo que se desejaria para aquele a que se pertence ou com que se simpatiza.
A grande motivação exógena para esta minha ação escrita sobre a inveja em política foi, mais uma vez, um artigo de opinião do douto escritor, cronista, comentador e dito ex-jornalista, João Miguel Tavares no jornal Público. Não…, não…, a minha postura para com ele não tem sido sempre discordante. Algumas vezes tenho sido pela concordância.
O artigo de João Miguel Tavares, como seria de esperar, mais uma vez, enferma da patológica assombração in vitae de José Sócrates, que nunca disfarçou nem conseguiu ainda sublimar. Assim, tudo e todos quantos estiveram próximos, ligados ou até afastados dele, mas o conhecem ou conheceram, ainda que não participassem em nada de quanto seja culpado, serve para lançar farpas. Como bom que é a escrever, lança mão a recursos linguísticos para tornar os textos mais expressivos e sugestivos para construção de reais ficções buscando ligações de factos para tentar arrolar para a esfera pública o enxovalho, a dúvida, a desconfiança.
JMT considera-se um virtuoso do comentário e da opinião que, devido às suas convicções liberais de direita, parece ter sempre o olho da direita tapado com uma pala, qual Camões, para tudo quanto venha, mesmo que seja bom, do lado daquela esquerda que mais o incomoda e desconsola, fazendo jus à espécie de áurea política virtuosa e justiceira que o envolve e o impele a ver a política pelo olho descoberto.
No que se refere à política os textos de JMT fazem-me recordar uns tercetos de um poema de Gomes Leal, “Sátiras Modernas”, que versam assim:
“Teus brados de amor pátrio, e os farrapos banais |
Dessa tua elegante e pompadour retórica, |
São lixo… entulho… pó… caruncho… nada mais!” |
E mais estes:
“VIRTUDE, moça ideal que morreu de anemia, |
Fica bem na oração de um tribuno violento, |
E lê-se em folhetins dos jornais, dia a dia!...” |
Desta feita o alvo do ataque insidioso, pleno de mexeriquice, como não podia deixar de ser, foi para Pedro Silva Pereira por ter sido eleito para vice-presidente do Parlamento Europeu, e, por isso, teve direito, nada mais nada menos, do que a quatro longos parágrafos de infamação mais ou menos adoçados pelo habitual azedume pessoal do autor.
E vejam só, como se fosse uma notícia de lesa Pátria até a revista Sábado de hoje traz uma nota a dizer que o filho de Pedro Silva Pereira chumbou num exame! Por causa disso a nação está em risco no Parlamento Europeu!
Vão, mas é, tratar-se.
Como também não podia deixar de ser, Miguel Tavares, para que não o acusassem de unilateralidade e de ter um olho só virado para quem é de esquerda, mesmo que moderada, recorre à crítica simples e breve em dois parágrafos apenas, suavemente orientada ao eurodeputado do PSD Álvaro Amaro indiciado no âmbito da “Operação Rota Final” por uma alegada rede de favores na atribuição de contratos públicos.
Assim, ficará quite, já ninguém tem nada a dizer, pois então! Não venham cá dizer que eu, João Miguel Tavares, que tenho uma pala no olho direito por ser um encartado liberal de direita apenas critico um lado, nada disso!
Perguntam os leitores onde é que isto tem a ver com a inveja. O tipo não explica dirão alguns! Vou explicar.
Se recuássemos no tempo até 2004 veríamos Durão Barroso na altura primeiro-ministro a ser eleito pelo Parlamento Europeu para a presidência da Comissão Europeia tendo abandonado o país que entregou a pasta de primeiro-ministro a Santana Lopes como se tal fosse uma coisa vã, para se “pirar” para Bruxelas que ali é que estava a dar.
Na altura não faltaram elogios, dos comentadores, jornalistas e políticos da direita a dizerem que era um orgulho para Portugal e para os portugueses a eleição de Durão Barroso tal como fez Manuela Ferreira Leite que reagiu com "grande e duplo orgulho" à vitória de Durão Barroso. Era um prestígio e um orgulho para Portugal, diziam, "por ter um português que mais uma vez conseguiu vencer" e orgulho partidário por "não poder esquecer que ele é membro do partido social democrata".
Quando da entrada de Mário Centeno para presidente de Eurogrupo apesar de também ser prestígio para Portugal a mesma direita, não fez alarido, antes pelo contrário, fez todo o possível por denegrir a pessoa e o cargo que ocupava.
Uma nota final: que critérios o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa seguiu para designar João Miguel Tavares para presidir à comissão das comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal?! Os discursos de JMT mais pareciam próximos do tempo em que Pedro Passos Coelho foi primeiro-ministro em 2011.